Livros

Apanhador de Sonhos, O (Dreamcatcher) – 2001, Stephen King. Editora Objetiva (2001), 654 páginas.

SK volta ao tema dos extraterrestres, que já havia abordado em Os Estranhos (Tommyknockers) e, como naquele livro, também com uma invasão. Pode-se dizer que se trata de Alien na Terra, e a referência é tão clara que a infestação alienígena que toma conta dos humanos é chamada de Ripley, o nome da personagem interpretada no filme por Sigourney Weaver. SK utiliza-se de um recurso que usou em A Coisa (It), centrando a história em amigos que, na infância, passaram por um acontecimento que modificou suas vidas, e que terá influência no futuro. O acontecimento é o encontro com Duddits, um jovem excepcional a quem salvam de estudantes que o ameaçavam, tornando-se então seus amigos. Duddits tem uma capacidade mental fora do comum e, de certa forma, infeta-os com o mesmo poder, tornando suas mentes e sua conexão telepática acima do comum. Essa capacidade será de utilidade no momento em que uma nave alienígena cai na Terra, mais exatamente próximo ao local em que eles estão realizando sua caçada anual. A área é isolada e um grupo de operações especiais do exército entra em ação, comandado por um militar neurótico que chama a si mesmo de Kurtz, em outra referência explícita ao cinema, no caso ao filme Apocalipse Now e ao personagem interpretado por Marlon Brando. Os aliens carregam uma espécie de vírus, o byrus, ou Ripley, que afeta os terrestres e amplia seus poderes telepáticos; e, nos casos extremos, desenvolve-se como um animal em seus estômagos, crescendo e abrindo caminho através de seu corpo, como o alienígena do cinema. Traz a dose habitual de violência e aventura, mas a verdade é que se trata de um tema absolutamente comum na FC. O destaque, como sempre, é que SK consegue transformar uma história comum num momento acima da média, exclusivamente devido à sua competência ao narrar histórias, mesclando diversos tempos e acontecimentos aparentemente sem ligação uns com os outros. Mas ainda é inferior a Os Estranhos, que trabalhava em torno de metáforas mais interessantes a respeito da sociedade de consumo norte-americana.