Além de ser um dos mais considerados autores relacionados ao teatro do absurdo, BV tem seu nome ligado à FC e ao fantástico, assim como ao surrealismo. Em O Arranca Corações ele elabora uma mistura de fantástico com surrealismo, construindo metáforas e imagens alucinantes para contar a história de um psiquiatra que está vazio, como diz, e que precisa psicanalisar as pessoas para preencher e ganhar uma personalidade. Instala-se numa casa de uma pequena aldeia, onde os acontecimentos sem sentido sucedem-se, desde a presença de uma mulher autômato, até os estranhos trigêmeos que crescem rapidamente até obterem a capacidade de voar, sempre superprotegidos por uma mãe tão alucinada que manda construir um muro de “nada” ao redor da casa, para que eles não possam sair. As pessoas da aldeia têm um comportamento absurdo; nada é proibido a eles, uma vez que toda sua vergonha é despejada numa única pessoa. Para completar, o tempo flui de maneira completamente diversa, com os nomes dos meses confundindo-se. Uma obra divertida, com algumas metáforas referentes à forma como a sociedade está estruturada, mas que pode não agradar aos leitores que preferem um tipo de narração mais contida ou tradicional. Diz-se que BV foi um dos grandes inspiradores do surgimento da new wave da FC inglesa.