Publicado por: Martin Claret; Companhia das Letras; Ediouro. A maioria dos críticos costuma referir-se à dificuldade em determinar exatamente do que trata a obra de FK, mas sem dúvida os elementos fantásticos estão presentes, em alguns momentos compondo obras de terror mais eficientes do que alguns livros de terror modernos, ainda que a violência apresentada seja de natureza muito diferente. Como em
O Processo e
A Metamorfose, mas aparentemente com objetivos diferentes, em
O Castelo mais uma vez surge um personagem – K. – completamente isolado. Ele é um agrimensor que chega a uma pequena aldeia, dominada por um imenso castelo, tanto no aspecto físico quanto no aspecto das tradições e sistema de castas que é mantido em nome do poder do castelo. O personagem não consegue entender-se com os habitantes locais e tem muita dificuldade para penetrar nos meandros do que acontece ali, uma sociedade marcada por um sistema de relações absolutamente incompreensíveis que, por mais que K. se movimente e tente entender, parece ser impenetrável. Para muitos estudiosos da obra do autor, pode-se entender essa opressão como a relação do homem moderno com a sociedade extremamente complexa e, ao mesmo tempo, hipócrita, fazendo com que seus personagens tentem desesperadamente encontrar uma saída para problemas, crimes, culpas ou pecados que, na maioria das vezes, eles sequer sabem quais sejam. O resultado é um sentimento de opressão, de impotência e de terror poucas vezes visto na literatura mundial. Talvez menos conhecido que as outras duas obras citadas,
O Castelo não fica muito atrás na elaboração desse clima fantástico. Kafka morreu em 1924, antes de terminar a obra.