Também publicado pela Argonauta nº 33, com o mesmo título, e pela Editora Globo (2003). Outro livro de RB que assumiu o status de clássico, só chegando ao Brasil 32 anos após sua publicação. Muitos críticos colocam-no ao lado de obras como 1984 e Admirável Mundo Novo, em sua visão de uma sociedade futura totalmente esmagada pela repressão e pela supressão da cultura e do direito de pensar. Num futuro indeterminado, os bombeiros têm como função primordial localizar e queimar todo tipo de livros, absolutamente proibidos pelo poder fascista. Montag, um bombeiro, torna-se um rebelde ao guardar os livros que deveria queimar e lê-los, começando assim a mudar seu ponto de vista sobre como deve ser a sociedade e qual deve ser sua função nela. Por ele percebe-se a futilidade da vida e como as pessoas aprendem a viver com amenidades e pensamentos sem importância. RB mostra sua noção de que é impossível apagar-se a individualidade. A solução que encontrou para a continuidade da revolução pacífica de um grupo de resistentes é que cada um “torna-se” um livro, decorando-o e, assim, mantendo-o intacto diante da violência. Como em outros trabalhos, RB usa bastante de imagens simbólicas e metáforas, com resultados soberbos. Ao contrário de muitas obras do gênero, Fahrenheit 451 não envelheceu. De certa forma pode-se dizer que se tornou ainda mais atual, ao antever a superficialidade, a falta de imaginação, o descaso com a cultura e as mentiras cuidadosamente programadas. Foi filmado em 1966 por François Truffaut, e o filme também se tornou um clássico do cinema.
(Capa: Lima de Freitas).