RSC firmou-se como um dos melhores autores da nova geração de escritores de FC no Brasil, sempre procurando elaborar temas mais diretamente conectados à nossa realidade, ou com elementos de nossa cultura que possam ser compreendidos universalmente. Dessa vez, ele imagina um momento em nosso futuro em que a Amazônia não apenas é palco de interesses internacionais, provocando uma guerra contra potências mundiais, mas também é o local escolhido por naves extraterrestres para se mostrarem, ainda que em doses homeopáticas e sem que ninguém saiba exatamente o que os aliens desejam aqui. Nesse fundo, desenrola-se a história do soldado Feitosa, que se perde no meio da mata e passa a ter uma existência completamente diferente, de certa forma fora do tempo, ou num tempo próprio. Afetado por experiências realizadas pelos alienígenas, ele desenvolve uma parte de sua memória como uma criatura viva e, com ela, dirige-se a algum lugar desconhecido no norte do País, sem saber exatamente com que objetivo. A trajetória na selva, em ritmo de sonho, memória ou alucinação, lembra alguns momentos da obra de J.G. Ballard, com uma consistência narrativa que certamente categoriza a obra entre o que de melhor já foi escrito na FC brasileira.