Também publicado pela Martin Claret (2002), L&PM (2006) e Companhia das Letras. Ainda que normalmente não seja considerado entre as obras da literatura de terror, O Processo é, sem dúvida, uma história fantástica entre as mais aterrorizantes já escritas, além de uma referência inevitável para uma série de obras futuras que trabalharam o chamado horror psicológico, em que os fantasmas e o sobrenatural são menos importantes do que a reação dos personagens. A obra de FK abre possibilidades múltiplas de interpretação, algumas pretendendo que se tratava de uma crítica social, mostrando o indivíduo arrasado pela máquina estatal, sem qualquer possibilidade de escolha, sem qualquer alternativa senão deixar-se levar pelos absurdos que se acumulam em ritmo aterrorizante. A maioria dos críticos modernos percebe que sua obra vai muito além desse ponto de vista, estendendo-se a uma visão do ser humano diante de uma existência sem sentido. Aqui, o personagem central é levado a um tribunal para ser julgado por um crime que jamais é explicitado, de modo que é impossível a defesa, colocando o personagem diante de um mundo em que, aparentemente, não existe lógica ou uma sequência racional de acontecimentos, um universo em que causa e efeito não são devidamente organizados, como num verdadeiro pesadelo que não se sabe onde começa e que não tem qualquer perspectiva de terminar. O Processo permanece até hoje como uma das principais referências para a literatura de horror, e é uma leitura indispensável. Foi filmado como O Processo (The Trial) em 1962, com direção de Orson Welles, e em 1992 com direção de David Jones.