Artigos

Ficção em Dose Dupla

DVD

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data24/07/2012
fonte
A Cult Classic traz duas produções clássicas de George Pal – A Conquista da Lua e A Conquista do Espaço.

O filme A Conquista da Lua (Destination Moon) foi lançado no Brasil originalmente com o título Destino à Lua, com direção de Irving Pichel e produção do lendário George Pal.
Apesar de ser uma produção datada, tem seu lugar de honra nos filmes de ficção científica, entre outras coisas por ser frequentemente apontada como a primeira produção moderna do gênero.


O filme foi lançado em 1950 e, de fato, antes disso, o gênero tinha poucas abordagens que chegassem próximas ao que se fazia na literatura de ficção científica. Este foi baseado na história Rocketship Galileo (1947), de Robert A. Heinlein, um dos mais famosos autores de ficção científica da época, e que também foi corresponsável pelo roteiro.
Lee Zavitz ganhou o Oscar de Efeitos Especiais, em 1950, ainda que hoje em dia esse trabalho não chame a atenção. O artista plástico Chesley Bonestell (1888-1986) também colaborou com ilustrações de fundo, e ele não era pouca coisa: considerado o “pai da moderna arte espacial”, Bonestell, é visto também como um dos grandes incentivadores do programa espacial norte-americano. Seu trabalho é constante nos filmes de ficção científica da época.
Outra atração do filme é a presença inusitada do Pica-Pau. O personagem criado por Walter Lantz é utilizado por um grupo de empresários para explicar detalhes da planejada viagem à Lua.



George Pal contratou físicos, astrônomos e engenheiros para tentar retratar a superfície lunar da forma mais realística possível. O físico e engenheiro alemão Hermann Oberth (1894-1989), um dos pioneiros na construção de foguetes e da astronáutica, forneceu informações com relação a como o foguete deveria parecer; ele já tinha trabalhado como consultor para Fritz Lang em A Mulher na Lua (1929).
A história é simples, e traz um conceito presente em várias obras de Robert A. Heinlein, de que a iniciativa privada é que irá dirigir todas as atividades espaciais no futuro. Aqui, um cientista consegue o apoio de financistas para construir sua nave e viajar à Lua.
Também se percebe o ambiente de “guerra fria” entre os EUA e URSS, presente em vários filmes do gênero, especialmente nos anos 1950. Nesse caso, os militares apoiam a viagem à Lua para estabelecer lá uma base “antes que outros o façam”.

A outra produção de George Pal, A Conquista do Espaço (Conquest of Space) foi dirigida por Byron Haskin em 1955. Haskin é outro nome conhecido nos filmes do gênero; dirigiu A Guerra dos Mundos (War of the Worlds, 1953), Da Terra à Lua (From the Earth to the Moon, 1958), Robinson Crusoé em Marte (Robinson Crusoe on Mars, 1964) e Os Poderosos (The Power, 1968). Também dirigiu vários episódios da série clássica Quinta Dimensão (The Outer Limits).
Originalmente, o filme era para ser uma sequência a A Conquista da Lua, baseado no livro The Mars Project (1952), do famoso Wernher von Braun. Elementos do livro acabaram sendo utilizados, mas os cortes de orçamento no projeto modificaram a ideia original, e a base para o filme foi o livro Conquest of Space (1949), do escritor científico Willy Ley, com ilustrações de Chesley Bonestell.
A história situa-se num futuro distante, quando já existe uma estação em órbita da Terra, na qual está sendo construída uma nave para realizar o primeiro vôo a Marte. A viagem acontece, mas surgem problemas quando o capitão começa a ter estranhas ideias a respeito dos terrestres terem ou não o direito de visitar o planeta.
No geral, a recepção ao filme não foi das melhores. Até mesmo com relação aos efeitos especiais a crítica se dividiu, apesar da participação de John P. Fulton, um veterano, responsável pelos efeitos de filmes clássicos como Frankenstein (1931), O Homem Invisível (1933) e A Noiva de Frankenstein (1935).
O filme foi um fracasso financeiro e, para alguns críticos, representou o fim da carreira de George Pal, mas isso é um exagero. É verdade que, anteriormente, Pal havia produzido filmes clássicos e de grande sucesso como Colisão de Planetas (When Worlds Collide, 1951), A Guerra dos Mundos e A Selva Nua (The Naked Jungle, 1954, com Charlton Heston e Eleanor Parker). Mas, depois disso, teve pelo menos três filmes bem sucedidos e bem recebidos pela crítica: A Máquina do Tempo (The Time Machine, 1960), As 7 Faces do Dr. Lao (The Seven Faces of Dr. Lao, 1964) e Os Poderosos (The Power, 1968), o primeiro com direção do próprio George Pal, e também considerado entre os clássicos da ficção científica, também ganhador do Oscar de Efeitos Especiais em 1961.