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ALGUNS FILMES COM CIENTISTAS LOUCOS E SEUS MONSTROS

ESPECIAIS/VE ALGUNS MONSTROS

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data12/07/2019
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(Hammer)


FRANKENSTEIN


FRANKENSTEIN (1910)
Direção de J. Searle Dawley.

Charles Ogle no papel da criatura (Edison Manufacturing Company).

Primeira versão para o cinema, um curta-metragem com 16 minutos, com produção de Thomas A. Edison. Durante muitos anos acreditou-se que não existiam mais cópias do filme, mas uma cópia foi descoberta em meados dos anos 1970.
O doutor Frankenstein é interpretado por Augustus Phillips, enquanto Charles Ogle interpreta o monstro resultante de suas experiências no sentido de criar um ser humano perfeito. Quando é trazido à vida, o monstro foge, reaparecendo na noite do casamento do doutor com Elizabeth (Mary Fuller), e luta com o cientista. Ao ver-se refletido num espelho, o ser foge mais uma vez, horrorizado consigo mesmo.


LIFE WITHOUT SOUL (1915)
Direção de Joseph W. Smiley.
Primeira versão em longa-metragem de Frankenstein, de Mary Shelley, situando a história em 1915 e com os nomes dos personagens alterados. O dr. Frankenstein virou dr. William Frawley (William A. Cohill), e o monstro é chamado apenas de ‘A Criação’, interpretado por Percy Standing, que recebeu muitos elogios da crítica na época. Ao que se sabe, todas as cópias foram perdidas.


FRANKENSTEIN (Frankenstein, 1931)
A NOIVA DE FRANKENSTEIN (Bride of Frankenstein, 1935)
Direção de James Whale.

Colin Clive e Dwight Frye, construindo o monstro (Universal).

Os dois filmes são frequentemente citados entre as melhores versões para o cinema da história de Mary Shelley, com Boris Karloff com uma interpretação do monstro que ficou marcada na história, assim como a maquiagem de Jack Pierce para o monstro e os efeitos especiais de John P. Fulton. Colin Clive interpreta o doutor nos dois filmes, e Elsa Lanchester é a noiva na segunda produção. Dwight Frye, que no primeiro filme é o assistente corcunda de Frankenstein, na sequência interpreta o assistente do Dr. Pretorius (Ernest Thesiger), outro doidaço que cria pequenos seres, os homunculi.
O crítico e historiador do cinema de ficção científica e terror, Phil Hardy, diz (em The Encyclopedia of Science Fiction Movies) que o filme de James Whale tem uma força e poesia apenas igualada pelas quatro versões dirigidas por Terence Fisher para a Hammer.
O roteiro original foi escrito tendo em mente Bela Lugosi como o monstro, com o roteiro adaptando uma peça de Peggy Webling. Segundo Phil Hardy, “(...) com uma concepção do monstro bem mais romântica”. Porém, após os testes de filmagem com Lugosi, os produtores resolveram mudar a aproximação, apresentando um monstro mais ameaçador e macabro. Assim, não apenas Lugosi foi substituído, mas também o diretor Robert Florey, substituído por James Whale, “(...) cuja forte compreensão do macabro e habilidade para criar um mundo de pesadelo estilizado (...) foi essencial para o sucesso do filme”.

Boris Karloff e Elsa Lanchester, em A Noiva de Frankenstein (Universal Pictures).

A Noiva de Frankenstein geralmente é considerado um filme melhor que o original e, frequentemente, entre os melhores do terror. Para Phil Hardy, o filme representa “(...) o que só pode ser visto como o passo decisivo na criação do gênero monstro”.
O escritor John Scalzi (em The Rough Guide to Sci-Fi Movies) disse que os dois filmes são importantes porque são a origem de um tema recorrente nos filmes de ficção científica: que o excesso de confiança na ciência nos deixa abertos para a vingança nas mãos do que criamos. Segundo Scalzi, a forma moderna pela qual o monstro de Frankenstein foi apresentado, como um idiota confuso que só consegue rosnar, está longe de representar o personagem desenvolvido por Mary Shelley e também pelos dois filmes, com a interpretação “imortal” de Boris Karloff. Segundo o escritor, a atuação de Karloff não deixa qualquer dúvida de que a criatura é inteligente o bastante para perceber as indignidades pelas quais passa desde o momento em que é trazido à vida.
“No primeiro filme”, disse Scalzi, “o monstro não conhece momento de alegria – ele é ameaçado pelo fogo assim que se movimenta pesadamente na tela (ao que ele reage violentamente), e é claramente mal interpretado e desprezado por seu criador. No segundo filme, é permitido que ele tenha um amigo por pouco tempo, na figura de um eremita cego, e ele fica tão radiante de alegria pelo primeiro sinal de bondade mostrado a ele em sua vida breve e terrível, que ele chora, o que certamente não é o que se poderia esperar do monstro que agora conhecemos das paródias e comerciais. O monstro irá chorar novamente quando percebe que a noiva feita para ele não vê nada além de terror quando olha para ele”.


O FILHO DE FRANKENSTEIN (Son of Frankenstein, 1939)
Direção de Rowland Lee.

Boris Karloff, Bela Lugosi, Basil Rathbone e Edgar Norton (Universal Pictures).

Devido ao imenso sucesso de público e crítica de seus dois primeiros filmes baseados em Frankenstein, a Universal aproveitar e iniciar mais uma série de filmes. Aqui, Boris Karloff interpreta o monstro pela última vez, e o filme ainda traz Bela Lugosi – que tinha sido a primeira escolha para o papel – interpretando Ygor, um sujeito que foi enforcado por roubar túmulos, mas que sobreviveu e utiliza o monstro revivido para matar os que o condenaram. Basil Rathbone interpreta o filho do dr. Frankenstein.

 


A ALMA DE FRANKENSTEIN (The Ghost of Frankenstein, 1942)
Direção de Erle C. Kenton.

                                               Bela Lugosi, Lon Chaney Jr. e Janet Ann Gallow (Universal Pictures).

Posteriormente lançado no Brasil com o título (melhor) O Fantasma de Frankenstein. A Universal continuou querendo faturar em cima do personagem, mas com filmes inferiores. Dessa vez, Lon Chaney Jr. interpreta o monstro, com Bela Lugosi repetindo seu papel como Ygor.
Phil Hardy lembrou que o personagem do monstro mudou radicalmente, deixando de ser a criatura patética que se esforçava para obter humanidade para tornar-se nada mais do que uma pesada máquina de matar, presa nos enredos enrolados dos roteiristas da Universal, situação da qual só conseguiu se livrar com os filmes de Terence Fisher para a Hammer.


FRANKENSTEIN ENCONTRA O LOBISOMEM (Frankenstein Meets the Wolfman, 1943)
Direção de Roy William Neill.

Bela Lugosi, Lon Chaney Jr., Patric Knowles e Ilona Massey (Universal Pictures).

Já pelo título é possível perceber que a Universal estava apelando cada vez mais, tentando manter vivo (ou revivido) o sucesso dos personagens monstruosos de seus filmes anteriores. Lon Chaney Jr. é o sujeito quer vai à procura do dr. Frankenstein, acreditando que pode curá-lo de sua licantropia. Bela Lugosi interpreta o monstro, mas foi substituído por um dublê na maioria das cenas, pois já estava bem doente.

 

 

 


A CASA DE FRANKENSTEIN (House of Frankenstein, 1944)
Direção de Erle C. Kenton.

                                                                                                         Boris Karloff e Glenn Strange (Universal Pictures).


Também com o título A Mansão de Frankenstein. A Universal enlouqueceu de vez e resolveu reunir seus maiores monstros a partir de um roteiro inicial de Curt Siodmak. Boris Karloff interpreta um médico louco, Lon Chaney Jr. é o lobisomem, John Carradine é Drácula, Glenn Strange é o monstro de Frankenstein, revivido por Karloff.

 

 

 

O FRANKENSTEIN DA HAMMER


A MALDIÇÃO DE FRANKENSTEIN (The Curse of Frankenstein, 1957)
Direção de Terence Fisher.
A VINGANÇA DE FRANKENSTEIN (The Revenge of Frankenstein, 1958)
Direção de Terence Fisher.
O MONSTRO DE FRANKENSTEIN (The Evil of Frankenstein, 1964)
Direção de Freddie Francis.
E FRANKENSTEIN CRIOU A MULHER (Frankenstein Created Woman, 1966)
Direção de Terence Fisher.
FRANKENSTEIN TEM DE SER DESTRUÍDO (Frankenstein Must Be Destroyed, 1969)
Direção de Terence Fisher.
O HORROR DE FRANKENSTEIN (The Horror of Frankenstein, 1970)
Direção de Jimmy Sangster.
FRANKENSTEIN E O MONSTRO DO INFERNO (Frankenstein and the Monster From Hell, 1974)
Direção de Terence Fisher.

Peter Cushing e Robert Urquhart (Hammer).

As adaptações da famosa produtora inglesa, Hammer, começaram com o sensacional A Maldição de Frankenstein, reunindo Peter Cushing, como o doutor Victor Frankenstein, e Christopher Lee, como a criatura. Os dois se consagraram como os maiores nomes de sua época nos filmes de terror – e eles ainda se encontraram como Van Helsing e Drácula, respectivamente, em O Vampiro da Noite (Dracula, 1958), e mais uma vez juntos em A Múmia (The Mummy, 1959), ambos da Hammer e dirigidos por Terence Fisher.
O roteiro ficou a cargo de Jimmy Sangster – que dirigiria O Horror de Frankenstein.

Christopher Lee como a criatura em A Maldição de Frankenstein.

Essa primeira produção marcou uma completa reestruturação do tema no cinema. O centro das atenções passou a ser o cientista e não mais a criatura. Ao mesmo tempo, Frankenstein deixa de ser encarado como um louco para ser mostrado como um pesquisador sério, completamente dedicado ao seu objetivo, porém frio e racional. A história é narrada por ele mesmo, enquanto aguarda sua execução pela morte de sua esposa, na verdade morta quando ele lutava contra o monstro.
É uma diferença substancial com relação aos filmes da Universal, e ainda mais por ser um filme colorido, e utilizar muito bem as cores, criando um clima que, às vezes, beira o surrealismo.

Peter Cushing e Francis Matthews, em A Vingança de Frankenstein (Hammer).

O crítico Phil Hardy disse que a sequência, A Vingança de Frankenstein, foi ainda mais impressionante. Traz Peter Cushing novamente como Frankenstein, e Michael Gwynn substitui Christopher Lee como a criatura; Sangster foi o roteirista mais uma vez. No Brasil, também foi apresentado com o título A Revanche de Frankenstein.
O cientista estava prestes a ser executado quando é salvo da morte por seu auxiliar e consegue dar continuidade a seus experimentos, assumindo o nome de Dr. Stein e dirigindo um hospital de caridade.
Segundo Phil Hardy, ao contrário do personagem do primeiro filme, aqui Frankenstein é mais misericordioso, mais humano, “(...) mais uma vítima dos preconceitos que seu trabalho inspirou do que de suas inclinações sádicas”, escreveu Hardy. “Assim, são os outros que transformam sua criação em um animal assassino. Essa transformação de Frankenstein em herói, vista tanto na apresentação do personagem, elaborada por Fisher, quanto no enredo, com Cushing atraindo Francis Matthews para o seu lado (Matthews interpreta o dr. Hans Kleve, que depois transplanta o cérebro de Frankenstein em um novo corpo, para que ele possa viver novamente), e a transformação dele em um flagelo da burguesia, é a grande contribuição de Fisher para a mitologia de Frankenstein”.

                     Peter Cushing e Kiwi Kingston em O Monstro de Frankenstein (Hammer).

Em O Monstro de Frankenstein, a Hammer substituiu Fisher por Freddie Francis, com roteiro de Anthony Hinds, e Cushing repetindo o papel do Barão Frankenstein. O filme marca uma mudança de ponto de vista, com a narrativa concentrada no monstro e, segundo o crítico Phil Hardy, foi dirigido com mão de chumbo, escolhendo para o papel do monstro o ex-lutador Kiwi Kingston, que surge com uma aparência bem parecida com o monstro dos filmes da Universal, que detinha os direitos de imagem; como a produtora americana envolveu-se na produção, é possível que tenha liberado a utilização da imagem “tipo Karloff” que tanto marcou a criatura.
“O pior”, diz Hardy, “é que o roteiro de Hinds, escrito com o pseudônimo de John Elder, revê os piores clichês dos últimos filmes da série da Universal”. Isso significa que os aldeões perseguem o monstro, e que Frankenstein tem de procurar ajuda, encontrando um especialista em hipnotismo (Peter Woodthorpe) que o ajuda a reviver o monstro, que estava congelado, mas Woodthorpe utiliza a criatura para roubar a matar para ele.
“O resultado”, segundo Hardy, “incluindo o clímax previsível no qual Frankenstein e o monstro são engolfados pelas chamas, enquanto os aldeões observam, é um filme definitivamente medíocre”. Provavelmente é o filme mais fraco da série inglesa.

Peter Cushing e Susan Denberg em E Frankenstein Criou a Mulher (Hammer).

Na sequência surgiu E Frankenstein Criou a Mulher, novamente com Terence Fisher na direção e Cushing como o barão Frankenstein, que parte para experiências mais complicadas. Ele transfere a alma de um homem morto por um crime que não cometeu para o corpo de sua linda namorada, que havia se suicidado após sua morte e foi revivida pelo doutor. O que acontece é evidente. Ela/ele decide vingar-se dos responsáveis pelo engano. Apesar do enredo alucinante, é mais um bom trabalho de Fisher.
A mulher é interpretada por Susan Denberg (a austríaca Dietlinde Zechner), ex-modelo da Playboy; no filme, sua voz foi dublada, pois os produtores entenderam que seu sotaque austríaco era muito evidente.
O crítico Phil Hardy disse que, como o título sugere, o filme introduz na série com Frankenstein os temas sexuais que marcaram os filmes da série com Drácula, como O Beijo do Vampiro (Kiss of the Vampire, 1963), tendo como resultado uma obra irregular, poderosa, mas com uma mistura instável de imagens poéticas e choques viscerais, ainda que seja o filme visualmente mais bonito da série dirigida por Fisher.
Seja como for, apesar do enredo alucinante, é mais um bom trabalho de Terence Fisher.

          Peter Cushing, Freddie Jones e Simon Ward em Frankenstein Tem de Ser Destruído (Hammer).

O quinto filme da série, Frankenstein Tem de Ser Destruído, mais uma vez reúne Cushing e Fisher, agora com um roteiro de Bert Batt, e é o que Hardy considerou “a mais romântica versão do mito de Frankenstein e um dos maiores trabalhos de Fisher”. Segundo o crítico, o centro do filme não é a criação do monstro, mas a incapacidade do monstro (Freddie Jones) de viver em seu novo corpo depois que sua esposa (Maxine Audley) foge aterrorizada após encontrar-se com ele. O caso é que, nesse filme, Frankenstein apenas transplantou o cérebro de um homem no corpo de outro.
Apesar da crítica favorável de Phil Hardy, o filme é inferior aos dois primeiros, ainda que seja um bom trabalho.

Ralph Bates em O Horror de Frankenstein (Hammer).

Em O Horror de Frankenstein, Ralph Bates assume o papel de Frankenstein, com direção e roteiro de Jimmy Sangster, que modifica completamente a história. O monstro foi interpretado por David Prowse, que seria o Darth Vader de Guerra nas Estrelas.
Apesar de posteriormente ter adquirido a reputação de cult, o filme é bem inferior aos demais, com Frankenstein abandonando seu papel de cientista e sendo apresentado como um conquistador e criminoso que utiliza o monstro para eliminar as testemunhas de seus assassinatos.

Peter Cushing, David Prowse, Shane Briant e Madeline Smith, em Frankenstein e o Monstro do Inferno (Hammer).

A série da Hammer terminou com Frankenstein e o Monstro do Inferno, marcando o retorno de Peter Cushing como Frankenstein, e de Terence Fisher, em seu último trabalho como diretor.
Esse sétimo filme de Frankenstein da Hammer foi muito criticado por uns e elogiado por outros, entrando na lista dos cult, principalmente devido às cenas surreais compostas pelo diretor. Frankenstein dessa vez dirige um asilo de loucos, onde outro cientista é internado e acaba ajudando-o a construir um ser (novamente David Prowse).

 

 

E MAIS FRANKENSTEIN


O CASTELO DE FRANKENSTEIN (Frankenstein 1970, 1958)
Direção de Howard Koch.

Boris Karloff (Aubrey Schenck Productions).

Boris Karloff, que interpretou o monstro de Frankenstein em 1931, agora é um descendente do barão, tentando refazer as experiências de seu antecessor. A história se passa logo após a Segunda Guerra Mundial, na qual Frankenstein foi torturado pelos nazistas. Para suas experiências ele utiliza energia atômica e, é claro, cérebros e partes de corpos humanos. A produtora Allied Artists tentou surfar na onda do sucesso do Frankenstein da Hammer, mas o filme é muito pobre.
 


DRACULA VS. FRANKENSTEIN (1970)
Direção de Al Adamson.

Zandor Vorkov (Independent-International Pictures).

Também conhecido pelos títulos Blood of Frankenstein e They’re Coming to Get You. Adamson certamente está bem lá em cima na lista de piores diretores de todos os tempos, e aqui cometeu mais uma atrocidade, ainda que trabalhando com bons atores. J. Carroll Naish é o dr. Frankenstein, em uma cadeira de rodas e diretor de um museu de horrores; Lon Chaney Jr. é um zumbi decapitador de mulheres; Zandor Vorkov é Drácula, que obriga o doutor a reviver seu monstro. E Regina Carrol é a irmã de uma das mulheres decapitadas que procura (e consegue) vingança contra os vilões da história.


A MULHER DE FRANKENSTEIN (La Figlia di Frankenstein, 1971)
Direção de Mel Welles.

                                                      Rosalba Neri (Condor International Productions).

Também conhecido pelo título Lady Frankenstein. Joseph Cotten, aceitando praticamente qualquer tipo de filme, interpreta o barão Frankenstein, que morre cedo no filme. Mas sua filha Tania (Rosalba Neri, com o pseudônimo Sara Bey), também cirurgiã, coloca o cérebro de um amigo no corpo de um sujeito bem dotado. Um cartaz em inglês do filme tem a seguinte frase: “Apenas o monstro que ela fez pode satisfazer seus estranhos desejos”. É um filme horroroso, que chegou a ser lançado em VHS no Brasil. O crítico Michael Weldon disse (em The Psychotronic Encyclopedia of Film) que cenas do monstro horrendo usando uma calça listrada carregando mulheres nuas e uma cena do “monstro bonito” transando com sua criadora na mesa de operações, tornam o filme uma curiosidade divertida, antecipando o Frankenstein de Andy Warhol, o que também não é grande mérito para o filme.
Para variar, o título em português não bate com o original, com o título em inglês e com a história.


FRANKENSTEIN DE ANDY WARHOL (Carne per Frankenstein, 1973)
Direção de Paul Morrissey e Antonio Margheriti.

Udo Kier e Arno Jürging, e Dalila Di Lazzaro e Srdjan Zelenovic como as criaturas (Compagnia Cinematografica Champion).

Também conhecido pelo título Flesh for Frankenstein. No Brasil, em DVD, com o título Carne Para Frankenstein. Andy Warhol não teve absolutamente nada a ver com o filme. Como Morrissey era muito próximo de Warhol, o nome do artista foi utilizado em algumas apresentações como forma de chamar a atenção, e foi com esse título que estreou no cinema no Brasil.
Um dos destaques foi a utilização do sistema 3-D Space Vision, desenvolvido pelo diretor Arch Oboler. O resultado é uma enxurrada de sangue, vísceras e morcegos voando na cara dos espectadores. Além, é claro, da ênfase para cenas de sexo.
Udo Kier interpreta Frankenstein, e Monique Van Vooren sua irmã e esposa. O barão quer criar uma nova raça de seres e, para tal, cria não apenas um homem artificial, mas também uma mulher, com quem ele deverá procriar. A irmã/esposa consegue seduzir tanto o monstro quanto um servo (Joe Dallessandro).
Às vezes, o nome do diretor italiano Antonio Margheriti aparece dividindo os créditos com Morrissey, mas muitos críticos e até mesmo atores do filme garantem que Margheriti não dirigiu qualquer cena. O filme acabou rendendo um bom dinheiro de bilheteria, principalmente considerando que foi produzido por menos de 500 mil dólares, e tem muitas cenas grotescas e até engraçadas, mas funciona mesmo apenas como curiosidade.


A VERDADEIRA HISTÓRIA DE FRANKENSTEIN (Frankenstein: The True Story, 1973)
Direção de Jack Smight.

                                                                                               (Universal Television).

Produção da TV inglesa com cerca de três horas de duração, com excelente elenco, e que chegou a ser exibida nos cinemas europeus em versão reduzida. Uma boa apresentação para o filme é a do crítico Michael Weldon: “Talvez não a ‘verdadeira’ história, mas uma excelente versão épica da lenda”. Certamente, não é o mais fiel, mas é um bom filme.
Frankenstein é interpretado por Leonard Whiting, criando sua criatura (Michael Sarrazin) com a ajuda do dr. Clerval (David McCallum). James Mason interpreta o doutor Polidori, que deseja a criação de uma mulher para fazer companhia à criatura, e eles fazem isso usando a cabeça da mulher por quem o monstro estava apaixonado (Jane Seymour).
O crítico Phil Hardy disse que os roteiristas (Christopher Isherwood e Don Bachardy) procuraram redefinir e expressar um aspecto do romance de Mary Shelley que faltava nas várias adaptações para o cinema: o relacionamento entre Frankenstein e a criatura. Essa possibilidade, segundo Hardy, foi intensificada devido às semelhanças visuais entre os dois atores. “Assim”, diz Hardy, “Sarrazin torna-se não o outro – os sonhos de Frankenstein, ampliados –, mas seu duplo sombrio, cuja desintegração física após seu ‘nascimento’ – ele nasce não como uma massa mutilada de humanidade, mas como um lindo inocente – compara-se ao colapso emocional de seu mestre que, repugnado com sua criação, a rejeita”.


O JOVEM FRANKENSTEIN (Young Frankenstein, 1974)
Direção de Mel Brooks.

Gene Wilder, Peter Boyle, Marty Feldman e Teri Garr (Gruskoff-Venture Films/ Crossbow Productions/ Jouer Limited/ 20th Century Fox).

Provavelmente, é o melhor filme de Mel Brooks, e uma das grandes comédias da época, numa paródia irrepreensível ao clássico Frankenstein. Filmado em preto e branco e utilizando alguns dos cenários originais do filme de James Whale (1931), Brooks conseguiu recriar o clima apropriado, recheando a história com piadas excelentes e situações engraçadíssimas, principalmente com o monstro (Peter Boyle) e o doutor (Gene Wilder).
Brooks conseguiu até mesmo utilizar alguns dos cenários originais de Frankenstein (1931), recriando o laboratório do doutor a partir dos desenhos de produção originais; da mesma forma, o monstro, em uma interpretação brilhante e hilariante de Peter Boyle, apresenta muita semelhança com o monstro de Boris Karloff.


THE ROCKY HORROR PICTURE SHOW (The Rocky Horror Picture Show, 1975)
Direção de Jim Sharman.

Tim Curry, Nell Campbell e Patricia Quinn (Twentieth Century Fox/ Michael White Productions).

Rocky Horror é um dos maiores fenômenos cult do cinema em todos os tempos, sendo exibido por muito tempo em Nova York, mas pouco conhecido no Brasil na época. O que caracterizava as apresentações era a audiência, que ia ao cinema vestida a caráter, interpretando os personagens e participando ativamente. Musical, comédia, FC, horror, tudo misturado na história baseada em Frankenstein, que aqui se transforma em Frank-N-Furter (Tim Curry), um travesti alucinado que planeja criar o objeto sexual masculino perfeito. Susan Sarandon e Barry Bostwick formam um casal que tem seu carro quebrado próximo da mansão e são introduzidos em seu mundo.


A PROMETIDA (The Bride, 1985)
Direção de Franc Roddam.

Sting e Jennifer Beals (Colgems Productions Ltd./ Columbia Pictures/ Delphi III Productions/ Lee International Studios).

Refilmagem fraquinha de A Noiva de Frankenstein (1935), com o músico Sting interpretando Frankenstein, Clancy Brown como o monstro, e Jennifer Beals, vinda do sucesso de Flashdance, como a noiva prometida ao monstro, mas que o doutor pretende traçar ele mesmo.

 

 


FRANKENSTEIN DE MARY SHELLEY (Frankenstein, 1994)
Direção de Kenneth Branagh.

Kenneth Branagh e Robert De Niro (TriStar Pictures/ Japan Satellite Broadcasting/ IndieProd Company Productions/ American Zoetrope).

Além do destaque de Branagh dirigindo e também atuando como Frankenstein, e do elenco que traz Robert De Niro como o monstro, Helena Bonham Carter, Aidan Quinn, Tom Hulce, Ian Holm e John Cleese, o filme tem produção de Francis Ford Coppola e roteiro de Frank Darabond.
Claro que um problema constante nas produções do cinema que adaptam a obra de Mary Shelley é que elas sempre se apresentam como a versão mais próxima do livro, o que nunca são, é claro.
O filme é muito bonito, as locações excelentes, bons efeitos, interpretações precisas, mas o filme jamais decolou, o que talvez explique não ter sido um grande sucesso de público e crítica.


 

O ESTRANHO CASO DO DR. JEKYLL E MR. HYDE


DR. JEKYLL AND MR. HYDE (1908)
Direção de Otis Turner (não confirmado).
Essa é foi primeira adaptação para o cinema do clássico de Robert Louis Stevenson, curta-metragem com 16 minutos e com produção de William N. Selig. Não existem mais cópias do filme e os atores são desconhecidos, seguindo uma adaptação da peça teatral de Luella Forepaugh e George F. Fish.


O MÉDICO E O MONSTRO (Dr. Jekyll and Mr. Hyde, 1920)
Direção de John S. Robertson.

John Barrymore e Louis Wolheim (Famous Players-Lasky Corporation).

Essa é a mais conhecida versão do cinema mudo, com John Barrymore interpretando o dr. Jekyll. O filme utilizou a estrutura de uma peça teatral de 1897, de Richard Mansfield, e ainda introduziu o personagem Lord Henry, de O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, apresentando-o como Sir George Carew (Brandon Hurst), um homem cínico que encoraja Jekyll a seguir com suas experiências para tentar separar o bem e o mal na personalidade humana.
O crítico Phil Hardy disse que o filme segue a tradição da ficção melodramática vitoriana, que associa o mal ao desejo sexual. E, apesar da atuação muito elogiada de John Barrymore, a verdadeira estrela do filme é o diretor de fotografia Karl Struss, que já havia trabalhado com Griffith e Murnau.


O MÉDICO E O MONSTRO (Dr. Jekyll and Mr. Hyde, 1931)
Direção de Rouben Mamoulian.

                                                                                                    Miriam Hopkins e Fredric March (Paramount Pictures).

A primeira das duas versões “clássicas” após a fase do cinema mudo, rendendo um Oscar a Frederic March no papel principal. O diretor de fotografia Karl Struss, responsável pela versão de 1920, também foi escolhido por Mamoulian.
O crítico Phil Hardy disse que essa é a mais explícita adaptação da história de Stevenson, evitando a visão moralista geralmente apresentada por Hollywood, com o diretor e os roteiristas Samuel Hoffenstein e Percy Heath deixando claro que Hyde é mais do que o gêmeo malévolo do Dr. Jekyll. Segundo Hardy, Mamoulian usa a tradição da ficção melodramática vitoriana de forma diferente das demais adaptações da obra. Nessa tradição, a atividade sexual é considerada um mal e somente tolerada quando m cavalheiro deixa sua classe social e entra nos caminhos das classes mais baixas da sociedade, mas o diretor utiliza essa situação para expor as repressões nas quais a sociedade está baseada. “Assim”, diz Hardy, “as atividades de Hyde não são vistas apenas como monstruosas (e, portanto, excitantes), mas como as conclusões lógicas da frustação dos desejos naturais de Jekyll, como visto em uma das primeiras cenas, quando o desejo de Jekyll de se casar o quanto antes é visto como sendo indecente pelo pai (Halliwell Hobbes) de sua noiva (Rose Hobart). Para resumir, o filme trata menos sobre o bem e o mal e mais sobre natureza e civilização”.


O MÉDICO E O MONSTRO (Dr. Jekyll and Mr. Hyde, 1941)
Direção de Victor Fleming.

Spencer Tracy (Metro-Goldwyn-Mayer).


A segunda versão “clássica”, geralmente considerada inferior à de 1932, com direção de Fleming que vinha dos sucessos de O Mágico de Oz (1939) e E O Vento Levou (1939). O papel central foi interpretado por Spencer Tracy, com elenco que ainda tem Ingrid Bergman e Lana Turner. Segundo Phil Hardy, o que era uma história sombria transformou-se numa história de amor com “muito brilho e pouca substância”.
 

 


A FILHA DO MÉDICO E O MONSTRO (Daughter of Dr. Jekyll, 1957)
Direção de Edgar G. Ulmer.

                                                                                                                  Gloria Talbott e Arthur Shields(Film Venturers).

O título brasileiro é demais. É como se Jekyll e Hyde tivessem acasalado e um dos dois (sabe-se lá qual) teria dado à luz uma filha (Gloria Talbott). Segundo Phil Hardy, até então essa foi a versão menos ortodoxa da obra de Stevenson, com Talbott recebendo a herança de um pai que ele não conheceu. É seu tutor, Dr. Lomas (Arthur Shields) que lhe diz quem ele era ninguém menos do que o dr. Jekyll. Quando mortes começam a ocorrer as suspeitas recaem sobre ela, mas foi o tutor quem roubou a fórmula e se transforma numa espécie de lobisomem.


O MONSTRO DE DUAS FACES (The Two Faces of Dr. Jekyll, 1960)
Direção de Terence Fisher.

Paul Massie, como o doutor Jekyll (Hammer Films).

Também com o título O Monstro de Duas Caras. Versão da Hammer, ainda em seu período fértil. Terence Fisher, que já havia se notabilizado pelas adaptações de Frankenstein e Drácula, aqui continua o que Phil Hardy chamou de sua “(...) exploração das atrações ambíguas do mal”. Fisher conseguiu elaborar uma visão diferenciada da obra ao apresentar a personalidade Hyde não como um monstro propriamente dito, mas como o oposto de Jekyll, um homem com desejos mundanos, voltado para sua própria sexualidade e procurando o prazer.
“Paul Massie interpreta tanto o barbado Jekyll quanto o barbeado e amoral charmoso Hyde”, explica Hardy, “em uma das mais inteligentes adaptações do conto vitoriano de Stevenson”.
Também conhecido pelos títulos House of Fright e Jekyll’s Inferno.


O SORO MALDITO (I, Monster, 1971)
Direção de Stephen Weeks.

                                                                                Christopher Lee (Amicus Productions/ British Lion Film Corporation).

Versão inglesa da história de Stevenson, agora pela produtora Amicus, uma das grandes rivais da Hammer, com a dupla Christoper Lee e Peter Cushing. Os nomes foram mudados, de modo que Jekyll virou o dr. Marlowe, que injeta em si mesmo uma droga desinibidora que origina o surgimento de uma personalidade violenta chamada Blake. Cada vez que utiliza droga, a personalidade resultante se torna mais terrível. Cushing interpreta um advogado e amigo de Marlowe, que Blake tenta matar.
 


O MÉDICO E A IRMÃ MONSTRO (Dr. Jekyll and Sister Hyde, 1971)
Direção de Roy Ward Baker.

Martine Beswick, admirando a versão Hyde do doutor Jekyll (Hammer Films).

A produtora Hammer retorna ao tema, com uma transformação até então inédita. Ralph Bates é o dr. Jekyll, realizando suas experiências para eliminar seu lado malévolo, e Hyde, o resultado de sua transformação, é uma linda e sensual mulher (Martine Beswick), que também é responsável por uma série de assassinatos de mulheres, uma vez que o doutor precisa de hormônios femininos para realizar suas experiências. Dessa forma, o filme acrescenta a história de Jack, O Estripador.
Phil Hardy disse que, apesar do bom trabalho de Roy Ward Baker, o maior problema do filme é o roteiro de Brian Clemens. Enquanto O Monstro de Duas Faces, de Terence Fisher, foi realmente subversivo, “(...) esse filme propõe indiscretamente o clichê de que uma mulher sensual é tudo o que a moralidade vitoriana dizia que era: as ameaçadoras forças transgressivas da natureza rebelde, não controladas pelos limites da civilização, tornam-se o mal encarnado”.


AS DUAS FACES DO TERROR (Dr. Jekyll and Mr. Hyde, 1980)
Direção de Alastair Reid.

                                                                                                                       David Hemmings e Lisa Harrow (BBC).


Produção inglesa para a TV, da BBC, com o papel central interpretado por David Hemmings, mais conhecido por sua atuação no clássico Blow Up (1966), de Michelangelo Antonioni. Não está entre as versões mais conhecidas ou respeitadas, mas também está longe de ser a pior.

 


O SEGREDO DE MARY REILLY (Mary Reilly, 1996)
Direção de Stephen Frears.

Julia Roberts e John Malkovich (NFH Productions/ TriStar Pictures).

Baseado no livro Mary Reilly (Mary Reilly, 1990. Editora Rocco), de Valerie Martin. O filme traz Julia Roberts como a criada Reilly, e John Malkovich como o dr. Jekyll/ Hyde, com a história de Stevenson sendo recontada a partir do ponto de vista de Mary Reilly, uma criada da mansão de Jekyll por quem tanto o médico quanto seu alter ego se interessam.
Ocorre um confronto entre a inocência quase absoluta da jovem empregada e a malícia do cientista, que deseja conhecer mais profundamente a si mesmo, e a violência absoluta do seu lado ruim, só aplacada quando entra em contato com a bondade da criada. O filme conseguiu encontrar uma abordagem nova e interessante para um dos temas mais antigos do gênero.

 


A ILHA DO DR. MOREAU


A ILHA DAS AMAS SELVAGENS (Island of Lost Souls, 1932)
Direção de Erle C. Kenton.

Charles Laughton e Hans Steinke (Paramount Pictures).

A mais famosa versão da história de H.G. Wells, apesar do autor ter criticado o filme por ter transformado o dr. Moreau, que deixou de ser um homem gentil para tornar-se um monstro sádico. Ainda assim, a atuação de Charles Laughton como o cientista realizando experiências em sua ilha recebeu muitos elogios. O filme também foi ajudado pelo roteiro excelente de Waldemar Young e Philip Wylie, escritor de ficção científica mais conhecido por seu livro When Worlds Colide (1933), que foi adaptado para o filme Colisão de Planetas (1951). Outro destaque é a direção de fotografia de Karl Struss (já citado em O Médico e o Monstro).
O crítico Phil Hardy disse que Moreau é apresentado mais como um homem tranquilo, e menos como cientista louco, apesar de estar tentando se passa por deus ao acelerar o processo de evolução.
Michael Weldon (em The Psychotronic Encyclopedia of Film) disse que este é, “(...) provavelmente, o melhor filme de terror já realizado. Nenhum outro filme tem tantas caras assustadoras diferentes quanto esse. A atmosfera (na maioria, criada em estúdio) é fora do comum”.
O filme provocou algumas reações violentas na época, inclusive com sua exibição sendo banida em alguns países, inclusive na Grã-Bretanha, onde só pode ser exibido em 1958.
A obra de H.G. Wells ainda foi adaptada em 1977 e 1996, em filmes inferiores ao de Erle C. Kenton.

 


CRIATURA SANGRENTA (Terror Is a Man, 1959)
Direção de Gerardo de Leon e Eddie Romero.

(Lynn-Romero Productions/ Premiere Productions).

Os diretores filipinos de Leon e Romero são conhecidos por seus filmes com baixíssimo orçamento e pouca imaginação – ou, às vezes, imaginação demais. Aqui, eles fazem uma cópia da história de H.G. Wells, com roteiro de Harry Paul Harber que não dá o crédito a Wells. Segundo Phil Hardy, o filme deu início a uma série de coproduções entre os Estados Unidos e as Filipinas, na linha do terror.
A história muda os nomes, apresentando o dr. Girard (Francis Lederer) que realiza experiências em sua ilha, na qual vai parar um náufrago (Richard Derr). O cientista capturou um tigre e, após cerca de 200 operações, conseguiu transformá-lo em um ser semelhante a um humano (Flory Carlos). O filme é um daqueles trash, muito, mas muito ruim mesmo.
Também conhecido pelo título Blood Creature. No Brasil, foi lançado em DVD duplo, juntamente com o inacreditável O Lobisomem no Quarto das Garotas (Lycanthropus; ou Werefolf in a Girl’s Dormitory, 1961).
Eddie Romero voltaria a dirigir uma adaptação da história de Wells em A Revolta dos Monstros (Twilight People, 1972. Também com o título A Ilha dos Monstros), outra coprodução EUA-Filipinas, com a participação da produtora de Roger Corman. O cientista louco transforma animais em pessoas, ou quase isso, em sua ilha remota. Tem uma mulher pantera, homem antílope, homem morcego (não “aquele”, é claro) e, acreditem, até uma mulher árvore. Um horror.

 


MAIS CIENTISTAS LOUCOS


GO AND GET IT (1920)
Direção de Marshall Neilan e Henry R. Symonds.

(Marshall Neilan Productions).


O tema central foi chupado de Os Crimes da Rua Morgue, de Edgar Allan Poe. Um cirurgião – louco, é claro – transplanta o cérebro de um prisioneiro no corpo de um macaco fortíssimo, que começa então a perpetrar os crimes de vingança que o prisioneiro havia planejado.
Segue o básico da época, com os clichês habituais referentes às criações do médico louco, ainda que alguns críticos, como Phil Hardy, tenham dito que é uma produção acima da média dos filmes semelhantes da época.


 

 


A BLIND BARGAIN (1922)
Direção de Wallace Worsley.

                                                                                           Lon Chaney e Raymond McKee(Goldwyn Pictures Corporation).


Um dos destaques do filme é a interpretação de Lon Chaney como o dr. Arthur Lamb, e também como o homem-macaco, resultado de suas experiências com o objetivo de desenvolver um soro rejuvenescedor. Outros seres disformes também foram criados e são mantidos cativos em jaulas.
O diretor Worsley e Lon Chaney estariam reunidos mais uma vez no ano seguinte em O Corcunda de Notre Dame, considerada a melhor atuação da carreira de Chaney.



O HOMEM SEM ALMA (Dr. Renault’s Secret, 1942)
Direção de Harry Lachman.

J. Carrol Naish (Twentieth Century Fox).


Um filme sem maiores atrativos, apresentando George Zucco como o cientista louco que transforma J. Carrol Naish em um homem-macaco, como parte de suas experiências visando acelerar o processo de evolução.

 

 


O JACARÉ HUMANO (The Alligator People, 1959)
Direção de Roy Del Ruth.

                                    Richard Crane, em processo de transformação (Associated Producers).


O crítico Phil Hardy disse que o mais triste desse filme é o fato de ter sido o último trabalho do diretor de fotografia Karl Struss, “um dos mais imaginativos de Hollywood”, ganhador do Oscar por seu trabalho em Aurora (Sunrise, 1927), de F.W. Murnau.
Beverly Garland, uma atriz com inúmeras atuações em filmes de ficção científica nos anos 1950, interpreta a esposa do sujeito transformado em homem-jacaré devido às experiências do cientista louco (George Macready).


THE KILLER SHREWS (1959)
Direção de Ray Kellog.

(Hollywood Pictures Corporation).


Os shrews do título são musaranhos (pequenos mamíferos que se alimentam de insetos) transformados em gigantescos canibais devido às experiências do cientista um tanto louco. Os animais conseguem escapar de seu cativeiro durante uma tempestade e causam os problemas de praxe.

 


A MULHER VESPA (The Wasp Woman, 1959)
Direção de Roger Corman.

                                                                                                     (Film Group Feature/ Santa Cruz Productions Inc.).


Susan Cabot interpreta a mulher que administra uma empresa de cosméticos e decide tentar de qualquer maneira o rejuvenescimento, que um cientista (Michael Marks) consegue obter utilizando enzimas de vespas. Ela rejuvenesce, mas como seria de se esperar nessa época difícil, à noite transforma-se num monstro, meio-mulher meio-vespa, assassinando pessoas. Acaba morrendo quando salta de uma janela e descobre que não pode voar. Um filme abaixo do que Roger Corman fez de melhor.


THE MAD DOCTOR OF BLOOD ISLAND (1968)
Direção de Eddie Romero e Gerardo de Leon.

(Hemisphere Pictures).


Também com o título Tomb of the Living Dead. Mais uma coprodução EUA/Filipinas, com os dois diretores de filmes tenebrosos apresentando um médico louco, como diz o título, inventando uma droga baseada na clorofila, com o objetivo de obter a juventude eterna. Clçaro que ele experimenta em outra pessoa, que se torna um monstro assassino, uma criatura-clorofila, seja lá o que isso signifique.


 

 


SSSSS, O HOMEM COBRA (Sssssss, 1973)
Direção de Bernard L. Kowalski.

                                                                           Dirk Benedict (Universal Pictures/ Zanuck-Brown Productions).

Também com os títulos Ssssnake e, no Brasil, apenas como O Homem-Cobra.
Strother Martin é um cientista que estuda as cobras e deseja realizar algumas experiências inéditas. Para isso, utiliza-se do jovem estudante que vai trabalhar com ele (Dirk Benedict), ministrando-lhe injeções especialmente preparadas que fazem com que ele se modifique lentamente, transformando-se num ser meio homem, meio cobra. É um filme acima da média das produções menores da época, com maquiagem interessante a cargo de John Chambers, conhecido por seu trabalho em O Planeta dos Macacos (1968).


PÂNICO (Bakterion, 1982)
Direção de Tonino Ricci (com o pseudônimo Anthony Richmond).

(Arco Films/ European Film Distribuzione/ Nuova Glassia Films).

Também com o título Panic. Produção conjunta Itália-Espanha que conseguiu conjugar o que havia de pior dos filmes dos anos 1950 e 1960, às vezes sendo tão ruim que se torna interessante. É impossível assistir ao filme sem rir muito, tamanha a quantidade de clichês e cenas mal estruturadas. Um cientista está trabalhando numa fórmula secreta e é infectado pelo produto, tornando-se um monstro e matando pessoas para o almoço e jantar. Um absurdo total, ainda que não tenha sido essa a intenção. No Brasil, lançado em VHS (Poletel).
 


GUERRA PELA MORTE (Death Warmed Up, 1984)
Direção de David Blyth.

                                                                                        (Tucker Production Company/ New Zealand Film Commission).

Também com o título O Neurocirurgião Louco, certamente não tão louco quanto o título original do lançamento em VHS (F.J. Lucas). Um médico louco típico, realizando experiências terríveis em sua ilha remota, como o Dr. Moreau, criando vários seres disformes e assassinos. A produção da Nova Zelândia tem alguns bons momentos e tomadas de cena interessantes, quando não se preocupa tanto com o sangue e as tripas que se esparramam pela tela.



À BEIRA DA LOUCURA (Edge of Sanity, 1989)
Direção de Gérard Kinoine.

Anthony Perkins (Allied Vision/ Hungarofilm/ Allied Cine Group Pic II).

Anthony Perkins interpreta um sujeito bem perturbado, um papel que marcou sua carreira após Psicose (1960). O enredo mistura a história do dr. Jekyll com a de Jack, O Estripador, com Perkins como o pesquisador Dr. Henry Jekyll, realizando experiências com cocaína, o que acaba provocando sua transformação em Jack, “O Estripador” Hyde. Já chegando ao final de sua carreira (ele morreu em 1992), Perkins merecia um filme melhor.
 


CARNOSSAURO (Carnosaur, 1993)
Direção de Adam Simon.

                                                       Diane Ladd, cuidando de seus filhotes (New Horizons Picture).

Produção da empresa de Roger Corman, com história baseada no livro Carnosaur, de John Brosnan (1984, com o pseudônimo Harry Adam Knight), que odiou a versão para o cinema. Realmente, o filme é tosco. Aproveitando que Steven Spielberg iria lançar Parque dos Dinossauros, a produtora de Roger Corman fez esse filme às pressas. O interessante é que o livro de Brosnan antecede o livro de Michael Crichton em seis anos.
Aqui, Diane Ladd é uma cientista doidaça fazendo experiências genéticas com galinhas, modificando os óvulos e construindo um ser gigantesco e demoníaco, o Carnossauro, que foge do laboratório e começa a destroçar corpos. A ideia mais ampla da cientista é destruir a raça humana e dar espaço para os dinossauros. No livro de Brosnan, o cientista envolvido na manipulação genética entende que eles poderão repovoar a Terra após o que ele considera ser a inevitável Terceira Guerra Mundial.
O filme ainda gerou várias sequências, ainda piores que o original.