O tema “vingança da natureza” apresenta vários tipos de filmes, com características básicas ligeiramente diferentes. Nessa matéria, vamos apresentar alguns dos filmes em que os animais (ou plantas) começam a se comportar violentamente contra os humanos sem motivos aparentes. Ou melhor, sem que seja apresentada uma ação direta dos humanos contra a natureza, por exemplo, alterando o meio ambiente de forma a causar mutações, como ocorre nos filmes dos anos 1950 envolvendo energia atômica.
Ratman's Notebooks (Lancer Books, 1968).
O melhor e mais bem elaborado exemplo continua sendo Os Pássaros, comentado na matéria anterior, mas muitos filmes surgiram nos anos seguintes. Um dos exemplos, ainda que imperfeito, é Calafrio (Willard, 1971), dirigido por Daniel Mann, com enredo baseado na história Ratman’s Notebooks (1968), de Stephen Gilbert.
Bruce Davison, com Ben e Socrates, em Calafrio (Bing Crosby Prod.).
Bruce Davison interpreta Willard, um homem que tem sua vida afetada pelo comportamento da mãe que não o deixa em paz (interpretada por Elsa Lanchester, famosa por sua interpretação em A Noiva de Frankenstein, em 1935), e o patrão (Ernest Borgnine), que Willard desconfia ter matado seu pai para ter o controle das finanças da família. Ele e a mãe moram em uma mansão, mas o maior interesse de Willard são os ratos que infestam a casa e com os quais começa a ter um relacionamento bem próximo, em particular o rato branco que ele chama de Sócrates e um rato preto que ele chama de Ben. E os ratos começam a atender seus pedidos, sendo utilizados como instrumentos de vingança. Mas os ratos, liderados por Ben, têm outras ideias e Willard acaba sofrendo com isso.
O filme não é exatamente um primor, mas foi um sucesso imenso de bilheteria, abrindo caminho para mais filmes do gênero, e para a sequência Ben, O Rato Assassino (Ben, 1972), dessa vez com direção de Phil Karlson. E, como o título diz, traz de volta Ben, dessa vez liderando centenas ou milhares de ratos que causam uma série de problemas na cidade. Ele cria uma amizade com o jovem Lee Montgomery, que o ajuda quando a polícia parte para cima da rataria. O filme não fez tanto sucesso quanto o anterior, mas ficou famoso pela música título, cantada por Michael Jackson, que se tornou um sucesso e foi incluída no segundo disco solo do cantor.
A história ainda teve uma refilmagem em 2003, A Vingança de Willard (Willard), com direção de Glen Morgan e Crispin Glover no papel central, mas não acrescenta muito ao original.
MAIS FILMES DO GÊNERO
A INVASÃO DAS RÃS (Frogs, 1972)
Direção de George McCowan.
(American International Pictures/ Thomas-Edwards Productions).
Um dos mais famosos filmes do gênero nos anos 1970, com recepção dividida da crítica, e com a presença do veterano Ray Milland no papel principal, o milionário Jason Crockett, que vive em uma mansão cercada por um pântano. E ele odeia todo tipo de insetos e répteis, o tipo de vida predominante em um pântano, de modo que manda espalhar produtos químicos para acabar com os animais.
Mas é claro que os animais começam a se revoltar, aparentemente liderados pelas rãs, e invadem a propriedade causando uma série de acidentes fatais com as pessoas que se encontram na mansão, aguardando as festividades do 4 de Julho e do aniversário de Jason, os parentes que cercam o milionário como abutres.
O crítico Phil Hardy (em The Encyclopedia of Science Fiction Movies) disse que “Este é um dos melhores do ciclo de filmes ‘vingança da natureza’ que irromperam nos anos 1970, na onda de um interesse renovado pela ecologia”. Para ele, o sucesso do filme está na decisão dos produtores em simplesmente filmar rãs, tartarugas, lagartos e outros em seu habitat natural e intercalar essas sequências com filmagens em tamanho real dos animais invadindo a casa isolada do milionário. “Além disso”, diz Hardy, “ao invés de tentar explicar o estranho comportamento das criaturas, o filme simplesmente determina que as rãs estão em guerra. O resultado é um filme que é convincente tanto como uma visão horripilante do que pode acontecer quanto como uma alegoria no estilo de Os Pássaros”.
TUBARÃO (Jaws, 1975)
Direção de Steven Spielberg.
Roy Scheider, em seu primeiro encontro apavorante com o tubarão (Zanuck/Brown Productions/ Universal Pictures).
Além de ter se tornado um clássico do cinema de terror, Tubarão também foi um dos maiores influenciadores dos filmes do gênero, com repercussões ainda hoje. Dezenas de imitações, sempre inferiores, foram produzidas nos anos seguintes, às vezes com tubarões, outras vezes com outros animais, mas sempre seguindo o padrão de eventos alinhavado por Spielberg e seus roteiristas, Carl Gottlieb e Peter Benchley, este último o autor do livro de 1974 no qual o filme foi baseado.
É verdade que Spielberg já tinha alcançado reconhecimento por seu sensacional Encurralado (Duel, 1971), mas foi com Tubarão que ele chegou ao topo e deu início a uma série de filmes bem sucedidos, tanto de crítica quanto de bilheteria.
Em uma análise mais fria, Tubarão talvez não devesse ser considerado um filme na linha “vingança da natureza”, uma vez que o gigantesco tubarão branco da história faz o que se espera de um tubarão: mata e devora o que tiver para ser comido no oceano, inclusive pessoas. No entanto, ele geralmente é considerado nesse gênero não apenas pela influência que teve nas centenas de filmes subsequentes, mas também porque, pelo menos em parte do filme, pode ser percebida uma ação quase inteligente na perseguição do tubarão ao pequeno barco, o que talvez não seja um tipo de ação natural do animal. O crítico Phil Hardy (na enciclopédia Horror, 1985) lembrou que, em seu filme Encurralado, Spielberg trabalhou com arquétipos Junguianos, uma característica que só é percebida em Tubarão no último terço do filme. “Aqui”, ele disse, “com o monstro fazendo sua primeira aparição excitante e com a câmera inquietantemente sugerindo que os caçadores podem, de fato, ser os caçados, Tubarão deixa as considerações de best-selling para trás e novamente junta-se a Jung”.
Robert Shaw, Roy Scheider e Richard Dreyfuss.
O filme ainda é muito ajudado pelas interpretações de Roy Scheider, Richard Dreyfuss e Robert Shaw, além da trilha sonora excepcional de John Williams, que conseguiu criar o clima necessário para os ataques do tubarão com apenas algumas notas.
O sucesso do filme, é claro, originou sequências, todas muito inferiores, quando não patéticas, começando com Tubarão 2 (Jaws 2, 1978), dirigido por Jeannot Szwarc, com Roy Scheider, Lorraine Gary e Murray Hamilton interpretando os mesmos personagens. E a história é fraca, com mais um tubarão ameaçando a localidade de Amity e, mais uma vez, o prefeito tentando impedir o xerife de tomar as devidas providências.
Na sequência veio Tubarão 3 (Jaws 3-D, 1983), com direção de Joe Alves, e Dennis Quaid e Louis Gosset Jr. no elenco. Originalmente, foi exibido no cinema em três dimensões, e a história segue os eventos após um tubarão entrar no Sea World, na Flórida, e começar a matar pessoas. O bicho é morto, mas em seguida surge sua mãe, que começa a espalhar o terror no local.
A última sequência oficial foi Tubarão 87 – A Vingança (Jaws: The Revenge, 1987), também conhecido como Tubarão 4: A Vingança, com direção de Joseph Sargent e, mais uma vez, Lorraine Gary, além de contar com Michael Caine no elenco. A ação volta para Amity, com Gary como a viúva do xerife, convencida de que um grande tubarão branco quer se vingar de sua família, sentimento que só aumenta quando o filho mais jovem é morto pelo tubarão. Alguns críticos entendem que o filme está na lista dos piores de todos os tempos.
GRIZZLY, A FERA ASSASSINA (Grizzly, 1976)
Direção de William Girdler.
(Hollywood West Entertainment).
Também conhecido como Killer Grizzly. Nitidamente feito na cola do sucesso de Tubarão, mas trocando o animal por um urso com mais de cinco metros de altura e, como diz o título, matando pessoas em um parque estadual na Georgia. O único que consegue deter a fera é o guarda florestal interpretado por Christopher George; de um helicóptero, ele explode o bicho com uma bazuca.
O crítico Phil Hardy disse que “Existem pistas de mensagens ecológicas e maquinações políticas, mas esses temas nunca são devidamente desenvolvidos, e os efeitos especiais são, na melhor das hipóteses, rotineiros”.
Apesar de tudo, o filme se deu bem financeiramente, com um orçamento de cerca de 750 mil dólares, e um faturamento nas bilheterias de quase 40 milhões.
Uma sequência foi produzida em 1983, Grizzly II: Revenge, com direção de André Szöts, e também conhecido como Grizzly II: Predator e Grizzly II: The Concert. Este último título devido ao fato da ação se passar no Parque Yellowstone, que vai sediar um grande concerto de rock. Um caçador ilegal mata um urso e fere sua mãe, que mata o caçador e começa uma matança em série no parque, ameaçando atacar a multidão que se reúne para o show.
Entre os mortos pela ursa estão três jovens interpretados por George Clooney, Laura Dern e Charlie Sheen, todos em início de carreira. Por alguma razão, o filme não foi exibido até 2020, quando ressurgiu com algumas modificações.
ABELHAS SELVAGENS (The Savage Bees, 1976)
Direção de Bruce Geller.
Gretchen Corbett (Alan Landsburg Productions/ Don Kirshner Productions).
Filme produzido para a televisão, dessa vez com as “vilãs” sendo abelhas assassinas que ameaçam as pessoas durante o Mardi Gras, o carnaval de Nova Orleans. Tudo começa quando um cargueiro vindo do Brasil chega ao porto com toda a tripulação morta ou desaparecida. O xerife local, interpretado por Ben Johnson, encontra seu cachorro morto e, quando o leva ao legista descobre que ele foi atacado por um enxame de abelhas africanas.
A partir daí começam as tentativas do xerife e de um especialista em abelhas africanas para tentar contê-las, evitando que matem mais pessoas e que se espalhem pelas colônias das abelhas locais. O problema é resolvido, mas é claro que uma abelha sobrevive, indicando que o terror deve começar novamente.
O crítico Michael Weldon disse que o filme, apesar de ser uma pequena produção, é melhor do que os filmes com abelhas que viriam na sequência, em particular O Enxame e Ataque Final, ambos de 1978, mas que isso não significa grande coisa.
O filme ainda teve uma sequência inferior, também feita para a TV, Terror Out of the Sky (1978), com direção do veterano Lee H. Katzin, mas o filme não funciona.
PESADELO NO CAMPO (Squirm, 1976)
Direção de Jeff Lieberman.
(Squirm Company).
Também conhecido como A Noite do Terror Rastejante, título certamente traduzido da chamada do cartaz do filme. Em uma pequena cidade dos EUA, um cabo de força se rompe e, quando entra em contato com a terra faz com que o comportamento dos vermes se altere. E a região tem milhões de vermes, que começam a complicar a vida das pessoas, formando verdadeiros rios, invadindo casas, saindo pelos encanamentos e matando pessoas. Sim, os vermes conseguem morder e matar pessoas, comendo suas peles.
O filme teve como um dos pontos altos os bons efeitos especiais de Rick Baker, e bons momentos de terror e suspense. O crítico Phil Hardy disse que a direção de Jeff Lieberman foi bem organizada, com humor negro o suficiente para superar os problemas do enredo absurdo. Segundo Hardy, as verdadeiras estrelas do filme não são os atores, mas os próprios vermes, que nunca são vistos atacando os humanos, mas cuja simples presença é assustadora.
Os críticos Tom Hutchinson de Roy Pickard (em Horrors, 1983) seguem na mesma linha de Phil Hardy, dizendo que “Os efeitos de horror em Squirm não são explícitos, apesar do fato de que o filme é uma pequena produção. Ao invés disso, muito do terror é surpreendentemente contido, com os restos oscilantes de um cadáver cheio de vermes visto apenas brevemente e, depois, em silhueta”. Talvez, mas existem cenas de vermes saindo pela pele das pessoas que são bem explícitas.
O ATAQUE DAS FORMIGAS (It Happened at Lakewood Manor, 1977)
Direção de Robert Scheerer.
Suzanne Somers sendo atacada pelas formigas (Thai Occidental Productions).
Outra produção para a TV, também conhecida como Ants e Panic at Lakewood Manor.
Formigas extremamente agressivas atacam dois homens que trabalhavam na reforma do hotel Lakewood. Eles tentam avisar as pessoas da presença das formigas, mas acabam sendo enterrados vivos. Posteriormente, seus corpos são encontrados, e as formigas começam a surgir em vários locais, atacando e matando pessoas com seu veneno. Descobrem que existe um imenso formigueiro no local e que as formigas são incrivelmente venenosas e resistentes a inseticidas.
O elenco tem a presença da veteraníssima Myrna Loy como a proprietária do hotel.
A LONGA NOITE DE TERROR (The Pack, 1977)
Direção de Robert Clouse.
(Warner Bros.).
Também conhecido como The Long, Dark Night. Ainda que alguns críticos tenham dito que o filme é bem dirigido, é mais um que explora de forma pouco criativa o tema “vingança da natureza”, apresentando matilhas de cães que se tornam selvagens e ameaçam os moradores de uma ilha. A maioria dos cães foi deixada no local para morrer, e parece que querem vingança. Mas nada funciona nesse filme bem ruinzinho.
A MALDIÇÃO DAS ARANHAS (Kingdom of the Spiders, 1977)
Direção de John ‘Bud’ Cardos.
William Shatner e Tiffany Bolling (Arachnid Productions).
A presença marcante no filme é a de William Shatner, o que acabou chamando bastante a atenção do público e tornou o filme um dos mais conhecidos dos anos 1970, na linha “vingança da natureza”. E, também, muito melhor do que seria de se esperar do diretor John ‘Bud’ Cardos.
A história se passa no Arizona, e Shatner interpreta um veterinário que, após ser chamado para verificar um bezerro doente, que morre em seguida, envia uma amostra de sangue para um laboratório em uma universidade, descobrindo que ele foi morto por uma dose imensa de veneno de aranha.
Eventualmente, descobre-se que hordas de tarântulas estão se reunindo para atacar animais, uma vez que os pesticidas mataram sua fonte natural de alimentação. E não demora muito para que comecem a atacar pessoas e conseguem manter uma pequena cidade como sua reserva de alimento, partindo em busca de mais provisões humanas.
Phil Hardy disse que se trata de um filme superior na linha “revolta da natureza”, entendendo que ele supera tantos outros filmes do gênero devido ao seu comprometimento com os personagens, mais do que com os estereótipos, a direção inventiva de John Cardos, e o roteiro astuto e bem humorado de Richard Robinson e Alan Caillou”. Para Hardy, o filme prefere seguir uma sensação de terror crescente e não se prender a repentinos efeitos chocantes.
E tem um final inesperado. “Certamente”, diz Hardy, “o final com a cidade e seus habitantes preservados para alimentação futura, enquanto as aranhas saem à procura de novos pastos, chega mais próximo do tom de Os Pássaros, de Hitchcock, do que muitas variações desse tema”.
Peter Nicholls (em The Encyclopedia of Science Fiction) disse que, “Em sua forma modesta, este é um dos melhores filmes do ciclo de vingança da natureza. (...) Começando devagar e construindo até o apocalipse local, o filme é feito de forma nítida, as massas de aranhas (em tamanho normal) são verossímeis, e o final, ainda que claramente ecoando Os Pássaros, de Hitchcock, oferece um suspense de uma ameaça genuína, com sua visão de uma cidade inteira encasulada nas teias de aranhas, com seus habitantes agora preservados como alimento”.
O ENXAME (The Swarm, 1978)
Direção de Irwin Allen.
(Irwin Allen Productions).
Tinha tudo para ser um sucesso. Direção do especialista Irwin Allen – criador das séries Perdidos no Espaço, Túnel do Tempo e Terra de Gigantes, além de outros sucessos do cinema e TV; um elenco de primeira, com grandes nomes – Michael Caine, Katharine Ross, Richard Widmark, Richard Chamberlain, Olivia De Havilland, José Ferrer e Henry Fonda são alguns deles. Roteiro de Stirling Silliphant, outro veterano do cinema que roteirizou histórias para a série Alfred Hitchcock Apresenta (1956-1959), para o clássico da FC, A Aldeia dos Amaldiçoados (Village of the Damned, 1960), para as séries clássicas Cidade Nua (Naked City, 1958-1963) e Rota 66 (Route 66, 1960-1964), entre tantos outros sucessos. A história original é de Arthur Herzog III, The Swarm (1974), bem recebida pelos críticos. A música é de Jerry Goldsmith; os efeitos especiais de L.B. Abbott.
Katharine Ross e Olivia De Havilland.
Tinha tudo, mas nada funciona. No livro, abelhas africanas que sofreram uma mutação invadem Nova York. No filme, a ação muda para o Texas, quando enxames das abelhas aniquilam um abrigo da Força Aérea, depois atacam um helicóptero, e logo começam a atacar e matar civis, ameaçando Houston, enquanto o especialista Michael Caine tenta encontrar uma forma de eliminar as abelhas. Uma lástima de filme que, algumas vezes, já foi citado entre os piores de todos os tempos da FC.
UM LONGO FIM DE SEMANA (Long Weekend, 1978)
Direção de Colin Eggleston.
Briony Behets e John Hargreaves(Dugong Films).
A vingança da natureza aqui vem de várias formas, quando o casal Peter (John Hargreaves) e Marcia (Briony Behets), com problemas sérios em seu relacionamento, resolve passar alguns dias em uma praia distante. Além de terem discussões constantes, eles cometem uma série de ações contra a natureza, começando quando Peter joga um cigarro pela janela do carro e isso causa a morte de um canguru.
Depois de se instalarem em uma praia, eles acabam destruindo um ovo de águia, matam um peixe-boi, vários pássaros e cortam árvores. A natureza começa a revidar e Peter é atacado por uma águia e por um gambá. Quando a tensão entre o casal aumenta, Marcia resolve roubar as chaves do carro e sair, deixando Peter sozinho. Ele se arma com uma arma subaquática, que é disparada durante a noite. Pela manhã, Peter encontra Marcia empalada pelo arpão, com o carro abandonado e coberto por teias de aranha. E Peter também tem um fim trágico, quando resolve pedir carona a um caminhão, cujo motorista é atacado por um pássaro e perde o controle do veículo, atropelando e matando Peter.
O filme não é muito conhecido, no Brasil ou em outros países, mas é bastante respeitado pela crítica. O ecologista e arquiteto Matt Hickman disse, no site Treehugger, que, apesar de existirem muitos filmes de terror que lidam com o tema “a natureza revida”, é um tanto raro que se encontre todo um ecossistema aterrorizando humanos, e não apenas um grupo específico de animais. De fato, não por acaso o cartaz original do filme vinha com a frase “Seu crime foi contra a natureza; a natureza os considerou culpados”.
Esse é mais um dos exemplos do crescimento do cinema australiano nos anos 1970, melhor exemplificado pelo sucesso mundial de Mad Max (1979).
Uma refilmagem foi produzida em 2008, Isolados (Long Weekend), com direção do australiano Jamie Blanks, e também conhecido pelo título Nature’s Grave. Traz Jim Caviezel e Claudia Karvan nos papéis do casal Peter e Carla (acharam melhor mudar o nome dela?). Segue basicamente a mesma linha de ação do original.
AREIA SANGRENTA (Blood Beach, 1980)
Direção de Jeffrey Bloom.
(Compass International Pictures/ Empress Film Production Corporation/ Shaw Brothers).
Depois de Tubarão aterrorizar quem queria tomar banho de mar, essa produção B inventa uma ameaça que impede que se chegue ao mar. Trata-se de uma criatura que vive embaixo da areia e ataca as pessoas, sugando-as sem deixar qualquer traço.
O xerife local tentar descobrir o que está acontecendo e acabar com o problema, e um cientista entende que se trata de algum tipo de mutação, mas nada jamais é explicado. Descobrem o local onde o ser se esconde e o xerife resolve explodi-lo. Mas, como o cientista pensava, o bicho e capaz de se regenerar e, depois de voar em pedaços, centenas de novos seres começam a se desenvolver.
Um filme bem ruinzinho.
O ÚLTIMO TUBARÃO (L’Ultimo Squalo, 1981)
Direção de Enzo G. Castellari.
(Film Ventures International/ Horizon Film/ Last Shark/ Montoro Productions Ltd./ UTI).
Também com os títulos The Great White e The Last Jaws. Nem precisa dizer qual foi a inspiração para essa produção ítalo-americana fraquinha com as presenças de James Franciscus e Vic Morrow. Na verdade, “inspiração” foi a palavra errada: trata-se de uma cópia descarada.
Tem um tubarão branco que começa a atacar pessoas em uma praia onde vai acontecer um festival de wind-surf; tem um prefeito que se recusa a aceitar que existe um perigo e não quer cancelar o evento; tem um especialista em tubarões e um caçador profissional de tubarões que acabam indo atrás do bicho quando não há mais como esconder o que está acontecendo; e o velho homem do mar acaba sendo morto. Um lixo.
RAZORBACK, AS GARRAS DO TERROR (Razorback, 1984)
Direção de Russell Mulcahy.
(UAA Films Limited/ McElroy & McElroy/ Western Film Productions).
Também conhecido como Razorback, o Javali Assassino e O Corte da Navalha. É o primeiro filme do diretor Russell Mulcahy, que ficaria mais conhecido com seu segundo filme, Highlander, o Guerreiro Imortal (Highlander, 1986). No entanto, ele já era famoso na indústria musical por ter dirigido dezenas de vídeo clips de artistas famosos. E este filme é mais um exemplo do cinema de terror australiano da época.
O razorback do título é um porco selvagem gigantesco que aterroriza uma aldeia australiana, atacando e comendo pessoas, além de causar uma série de estragos.
O crítico Phil Hardy disse que o filme é visualmente impressionante e particularmente notável por ser o primeiro filme de Mulcahy. “Com sua forte imaginação visual e tremenda energia narrativa, Razorback lembra nada menos do que Mad Max 2 (1981), com o qual divide o diretor de fotografia Dean Semler”.
No Brasil, foi lançado em VHS (VTI, como O Corte da Navalha) e em DVD (London).
A COISA (The Stuff, 1985)
Direção de Larry Cohen.
A "coisa", brotando do chão (Larco Productions).
Aqui a vingança da natureza ocorre de forma bem diferente e inexplicada, em um dos filmes mais estranhos do gênero nos anos 1980. O que não é de se estranhar, considerando os filmes anteriores de Larry Cohen – Nasce Um Monstro (1974), Foi Deus Quem Mandou (1976), A Volta do Monstro (1978) e Q – A Serpente Alada (1982).
Apesar de ter recebido uma acolhida apenas razoável da crítica, o filme acabou sendo bem visto pelo público, especialmente após o lançamento em vídeo.
Não apenas a comida preferida, mas a única comida.
Sem qualquer explicação, repentinamente começa a jorrar de dentro da Terra um material cremoso, branco, e com um sabor delicioso. Rapidamente, uma empresa se aproveita para comercializá-lo com o nome “The Stuff”, a coisa. Depois de experimentar, ninguém consegue deixar de comer, tornando-se viciados. Mas, aos poucos, percebe-se que as pessoas começam a ser transformadas, de certa forma, naquilo que comem. Michael Moriarty interpreta um investigador industrial que tenta descobrir o que está acontecendo, uma vez que ninguém sabe o que “A Coisa” contém ou como surgiu.
Mais uma vez, Larry Cohen consegue atacar a sociedade de consumo norte-americana e, ao mesmo tempo, introduzir tanto elementos de terror quanto de humor.
Peter Nicholls disse (em The Encyclopedia of Science Fiction) que “The Stuff é um fast-food viciante e pegajoso que, apesar de passivo, em todos os outros aspectos é um monstro tradicional; esse filme de monstro é, do jeito de Cohen, atípico. (...) Esse é um filme tolo e não muito bem organizado, que ocasionalmente surpreende com momento de verdade e até de terror verdadeiro”.
Phil Hardy disse que “Dirigido com segurança por Cohen (...) o filme evita efeitos especiais de alta tecnologia em nome de inteligência e elegância, se é possível falar de elegância no contexto de um filme em que bocas escancaradas repugnantes cheias de uma substância pegajosa branca são ocorrências normais. Em resumo, uma pequena obra-prima”.
ARACNOFOBIA (Arachnophobia, 1990)
Direção de Frank Marshall.
Jeff Daniels, em sua casa infestada (Hollywood Pictures/ Amblin Entertainment/ Interscope Communications/ Ricardo Mestres Productions).
Um dos bons filmes na linha “vingança da natureza”, misturando ainda alguns ingredientes das histórias da linha “mundos perdidos”. Uma expedição à Amazônia encontra um local inóspito onde vive um tipo desconhecido e letal de aranha que, sem querer, acaba sendo levada em um caixão para uma pequena cidade dos EUA. Lá, mistura-se e procria com aranhas locais, gerando uma prole numerosa e fatal, para desespero do médico local (Jeff Daniels), em cujo celeiro elas proliferam e que tem pavor de aranhas.
Esse é o primeiro filme dirigido por Marshall, até então mais conhecido como produtor de vários filmes de Steven Spielberg, e o resultado foi uma atualização excelente do gênero, movimentado e sempre assustador.
Peter Nicholls ressaltou que Marshall conseguiu elaborar um filme de monstro quase perfeitamente coreografado. “Dirigido a adultos mais do que a adolescentes”, diz Nicholls, “o filme é tanto sobre os horrores da vida em uma cidade pequena – visto sob a perspectiva do novo (aracnofóbico) doutor na cidade – quanto sobre os horrores das aranhas assassinas”. Para o crítico, o filme é sofisticado, com observações sarcásticas e mais do que adequadamente assustador, e “certamente, o melhor filme de invasão de aranhas já feito”.
A CRIATURA DO CEMITÉRIO (Graveyard Shift, 1990)
Direção de Ralph S. Singleton.
(Paramount Pictures/ Sugar Entertainment Ltd./ JVC Entertainment Networks/ Graveyard Productions).
Mais um dos muitos exemplos de como as pessoas que escolhem títulos no Brasil não se dão ao trabalho de pesquisar muito. Não tem nada a ver com cemitério, uma vez que a expressão “graveyard shift” significa “turno da noite”. O filme é baseado no conto Turno do Cemitério, de Stephen King, publicado no livro Sombras da Noite (Night Shift, 1978), e para variar a história original é bem melhor do que o filme, que mostra uma verdadeira infestação de ratos em uma fábrica, com direito a um rato simplesmente gigantesco.
No Brasil, lançado em VHS e DVD (Lk-Tel).
INVASÃO MORTAL (Deadly Invasion: The Killer Bee Nightmare, 1995)
Direção de Rockne S. O’Bannon.
(St. Francis of Assisi Pictures/ Von Zerneck-Sertner Films/ World International Network).
Também com o título Deadly Invasion. Produção feita para a TV, e entre os piores do gênero. De novo, surgem as abelhas africanas, que se multiplicaram e começam a atacar pessoas na Califórnia.
ANACONDA (Anaconda, 1997)
Direção de Luis Llosa.
Jon Voight (Cinema Line Film Corporation/ Columbia Pictures/ Iguana Producciones/ Middle Fork Productions/ Skylight Cinema Foto Art).
Uma produção de 45 milhões de dólares, com estrelas no elenco: Jennifer Lopez, Ice Cube, Jon Voight, Eric Stoltz, Owen Wilson. As filmagens foram feitas no Amazonas e os efeitos especiais tiveram a ajuda do especialista Steve Johnson. O filme foi um sucesso de bilheteria, mas é muito ruim.
Uma expedição ao Amazonas, liderada pelo antropólogo Stoltz, está realizando um documentário enquanto procura por uma tribo perdida, mas encontra um homem perigoso (Voight) que dirige um pequeno navio. Ele ganha a confiança de quase todos e, enquanto diz que os está ajudando a encontrar a tribo, está na verdade à procura da anaconda – mais conhecida como sucuri – uma gigantesca serpente do rio que ameaça suas vidas.
A história é cheia de furos e clichês, e a cobrona não convence ninguém, especialmente quando ataca com uma velocidade impossível para uma cobra daquele tamanho.
Kari Wuhrer.
John Stanley, em Creature Features: The Science Fiction, Fantasy and Horror Movie Guide (2000) disse que Anaconda é “Um filme realmente assustador que deveria agradar o público de terror para o qual ele foi feito, mesmo que tenha seus erros e falhas. Quem liga, quando você tem uma serpente gigante do Amazonas com 12 metros que parece ter um ressentimento pessoal contra o especialista em cobras Jon Voight; e quem liga se Voight exagera terrivelmente?”. Bom, algumas pessoas certamente ligam.
Como rendeu alguma grana para os produtores, resolveram fazer algumas sequências, ainda piores que o original. O segundo foi Anaconda 2 – A Caçada pela Orquídea Sangrenta (Anacondas: The Hunt for the Blood Orchid, 2004), com direção de Dwight H. Little e a ação transferida para Bornéu, e as anacondas protegendo o local onde procriam e onde se encontra a orquídea do título que, supostamente, guarda o segredo da vida eterna. Anaconda 3 (Anaconda: Offspring, 2008) foi produzido para TV e teve direção de Don E. FauntLeRoy, com o eterno David Hasselhoff. Também para TV, Anaconda 4 (Anacondas: Trail of Blood, 2009) teve o mesmo diretor do anterior, e anacondas geneticamente alteradas. E, acreditem, ainda mais um filme, Pânico no Lago: Projeto Anaconda (Lake Placid Vs Anaconda, 2015), também para TV, com direção de A. B. Stone, que é o famoso crossover, o cruzamento da série com a série Lake Placid, comentada abaixo.
Todos muito ruins. No Brasil, lançados em DVD (Sony).
PÂNICO NO LAGO (Lake Placid, 1999)
Direção de Steve Miner.
O primeiro da série de seis filmes de terror criados por David E. Kelley, produtor e roteirista mais conhecido pelas séries Ally McBeal, Chicago Hope e Justiça Sem Limites. É uma produção com alguns cuidados técnicos e um bom elenco que inclui Bridget Fonda, Bill Pullman, Oliver Platt e Betty White.
A ação segue os eventos em um lago, Black Lake, com os ataques de um crocodilo com mais de nove metros, que há anos vem sendo alimentado por uma mulher.
John Stanley disse que entre os filmes de “monstros gigantes em um lago”, esse é o único com um final feliz para a criatura. O crocodilo, com mais de 15 metros, é de uma espécie do Pacífico que, de alguma forma, foi parar nesse lago no Maine, no norte dos EUA.
Brendan Gleeson (Fox 2000 Pictures/ Phoenix Pictures/ Rocking Chair Productions).
Seja como for, o filme faturou algum dinheirinho nas bilheterias, o que rendeu mais cinco sequências, todas feitas para TV: Pânico no Lago 2 (Lake Placid 2, 2007), com direção de David Flores; Pânico no Lago 3 (Lake Placid 3, 2010), com direção de Griff Furst; Pânico no Lago: O Capítulo Final (Lake Placid: The Final Chapter, 2012), com direção de Don Michael Paul; o já citado Pânico no Lago: Projeto Anaconda; e Pânico no Lago: O Legado (Lake Placid: Legacy, 2018), com direção de Darrell Roodt. Como se vê, o tal do “capítulo final” não era o capítulo final, e os filmes são todos muito ruins.
No Brasil, lançado em DVD.
CROCODILO (Crocodile, 2000)
Direção de Tobe Hooper.
Caitlin Martin (Flat Dog Corporation/ Millennium Films).
Parece que era a temporada dos crocodilos, e mais um filme muito ruim. O diretor Tobe Hooper teve o ponto alto de sua carreira com Poltergeist, O Fenômeno (Poltergeist, 1982) e, depois disso, apenas fez filmes razoáveis, o que não é o caso aqui.
A história se passa em um lago, de novo, no sul da Califórnia, para onde vão alguns amigos passar uns dias de férias, e resolvem roubar uns ovos. A dona é um crocodilo fêmea gigante do Nilo que quer reaver seus ovos e ataca quem quer que fique em seu caminho.
Em 2002, foi lançado Crocodilo 2 (Crocodile 2: Death Swamp), com direção de Gary Jones e, apesar do título, não é uma sequência ao primeiro, a não ser pela presença da mesma crocodilo fêmea, que dessa vez está em um pântano e ataca criminosos e passageiros de um avião que eles sequestraram e que caiu no local. E é outro lixo de filme.
No Brasil, lançado em DVD (California Filmes).
SURF SANGRENTO (Krocodylus, 2000)
Direção de James D.R. Hickox.
(Tapestry Pictures).
Também conhecido como Blood Surf. Definitivamente, era a temporada dos crocodilos, dessa vez com a ação passada na Austrália. Uns idiotas têm a brilhante ideia de filmar algo inusitado que eles chamam de “surf sangrento”, que consiste basicamente em espalhar iscas no mar para atrair tubarões e, então, surfar entre eles. Mas o que surge é um crocodilo de águas salgadas, que começa a comer todos os idiotas envolvidos no projeto.
Um filme horroroso, no Brasil lançado em VHS e DVD (Flashstar).
FÚRIA SANGRENTA (Grizzly Rage, 2007)
Direção de David DeCoteau.
(Peace Arch Entertainment Group).
Feito para TV. Dirigido por DeCoteau, autor de “pérolas” do cinema como Imp – O Invasor do Espaço (Sorority Babes in the Slimeball Bowl-O-Rama, 1988), entre dezenas de outras coisas horrorosas, o filme volta as atenções para o mundo animal, reapresentando um urso fora de controle, e é mais um no aparentemente infindável número de produções do gênero apresentados pelo SyFy Channel.
Aqui, adolescentes acidentalmente matam um bebê urso quando estão na floresta e a mamãe ursa parte para a vingança contra eles.
Esse é um dos filmes da série Maneater, um total de 28 filmes produzidos especialmente para o canal SyFy.
No Brasil, lançado em DVD.
ELO SELVAGEM (Bloodmonkey, 2007)
Direção de Robert Young.
(Thai Occidental Productions).
Outro filme produzido direto para vídeo, da série Maneater, feito para o canal SyFy e, como os demais, muito ruim. Segue a tentativa de um antropólogo (F. Murray Abraham) para encontrar e estudar um novo tipo de primata que ele entende que pode ser o elo perdido com a humanidade.
Como se trata de um filme de terror, os primatas, só revelados ao final, são extremamente violentos e não deixam ninguém vivo.
CORVOS (Kaw, 2007)
Direção de Sheldon Wilson.
(Kaw Productions/ S.V. Scary Films 6).
Outra pequena produção feita para a TV, dessa vez apresentando, como fica claro pelo título, corvos infectados após comerem a carne de vacas doentes. Os corvos resolvem atacar os moradores de uma pequena cidade.
FIM DOS TEMPOS (The Happening, 2008)
Direção de M. Night Shyamalan.
O diretor M. Night Shyamalan ganhou fama internacional com o sucesso de O Sexto Sentido (The Sixth Sense, 1999) e continuou com seu filme seguinte, Corpo Fechado (Unbreakable, 2000), mas depois disso começou a receber algumas críticas por seus filmes seguintes, Sinais (Signs, 2002), A Vila (The Village, 2004) e A Dama na Água (Lady in the Water, 2006), ainda que provavelmente apenas Sinais seja de fato tão ruim quanto a crítica pretende.
Aqui, ele parte para mais uma história assustadora na linha “vingança da natureza”, dessa vez não com animais atacando humanos, mas as plantas. A história inicia no Central Park de Nova York, quando inúmeras pessoas cometem suicídio, e as autoridades imaginam que se trata de um ataque terrorista utilizando uma neurotoxina transmitida pelo ar.
Mark Wahlberg interpreta um professor de ciências que está viajando de trem com sua esposa Alma (Zooey Deschanel), o amigo Julian (John Leguizamo) e sua filha Jess (Ashlyn Sanchez), quando ouvem as notícias sobre os eventos e como os suicídios estão se espalhando rapidamente por toda a região nordeste dos EUA.
Mark Wahlberg, Zooey Deschanel e Ashlyn Sanchez (Twentieth Century Fox/ UTV Motion Pictures/ Spyglass Entertainment/ Blinding Edge Pictures/ Dune Entertainment).
A situação só piora a partir de então, assumindo proporções de fim do mundo, enquanto um pequeno grupo tenta encontrar algum refúgio, percebendo que as plantas, de alguma forma, desenvolveram um poderoso mecanismo de defesa, soltando esporos com neurotoxinas que levam os humanos ao suicídio.
Após algum tempo, a situação se acalma, mas os especialistas acham que pode ser apenas o início de um ataque ainda mais catastrófico que pode assolar todo o planeta. No final do filme, pessoas cometem suicídio em Paris, indicando que as piores previsões estavam corretas, e que as plantas estão reivindicando seu espaço de volta no planeta.
As críticas geralmente desfavoráveis destacaram o fato de que o filme não construiu um clima de suspense muito efetivo. Uma das críticas favoráveis veio de ninguém menos do que Stephen King, escrevendo para a Entertainment Weekly, dizendo que Fim dos Tempos é um filme melhor do que ele esperava, com a vantagem de que M. Night Shyamalan realmente entende o “medo”.
AS RUÍNAS (The Ruins, 2008)
Direção de Carter Smith.
(Dreamworks Pictures/ Spyglass Entertainment/ Red Hour Films/ Internationale Filmproduktion Prometheus).
História baseada no livro As Ruínas (The Ruins, 2006. Ed. Intrínseca), de Scott Smith, também responsável pelo roteiro. A ação segue a viagem de dois casais americanos ao México, indo parar em ruínas maias à procura do irmão de um turista alemão que eles encontram.
Ao chegarem ao local, percebem que os maias que vivem na vila local estão armados e nervosos, o que só piora quando uma das mulheres pisa acidentalmente em uma videira, e os habitantes matam um dos turistas, obrigando os sobreviventes a fugirem e se refugiarem nas ruínas.
Eles percebem que os maias têm um pavor das videiras, chegando a matar uma de suas crianças quando uma videira encosta nele. E, nas ruínas, os turistas começam a perceber que as videiras literalmente tomam conta dos corpos humanos, invadindo e crescendo neles.
O filme não foi exatamente um sucesso de crítica e de bilheteria, mas chegou a receber alguns bons comentários, ainda que o livro de Scott Smith quase sempre seja considerado bem superior à adaptação.
BIRDEMIC: CHOQUE E TERROR (Birdemic: Shock and Terror, 2010)
Direção de James Nguyen.
(Expedition Films/ Moviehead Pictures).
Esse é um daqueles sempre citados entre os piores filmes de todos os tempos – uma listagem que não para de crescer –, realizado com um orçamento de 10 mil dólares e inspirado por Os Pássaros, mas a anos-luz de distância do clássico de Hitchcock.
Pássaros atacam a pequena comunidade de Half Moon Bay, na California (lembram de Bodega Bay?), em particular águias e abutres. A diferença dessas aves é que elas cospem ácido e explodem, uma vez que sofreram mutações terríveis devido ao aquecimento global. Haja!
Não bastasse ter cometido esse filme, o director ainda apresentou Birdemic 2: A Ressurreição (Birdemic 2: The Resurrection, 2013), e Birdemic 3: Sea Eagle (2022).
TERROR NA ÁGUA 3D (Shark Night 3D, 2011)
Direção de David R. Ellis.
Sara Paxton (Incentive Filmed Entertainment/ Next Films/ Sierra / Affinity/ Silverwood Films).
Mais tubarões atacando, em filme fraquíssimo, apresentando um grupo de jovens que vão para uma mansão em uma ilha em um lago e rapidamente descobrem que ele está infestado de tubarões, que fazem uma carnificina. Nada para ser lembrado.
A ISCA (Bait, 2012)
Direção de Kimble Rendall.
(Bait Productions/ Media Development Authority/ Pictures in Paradise/ Blackmagic Design Films).
E ainda mais tubarões. Depois de Tubarão, dezenas ou centenas de produções apresentaram tubarões atacando pessoas, sempre tentando encontrar novas formas. Dessa vez, um tsunami acaba deixando algumas pessoas isoladas em um mercado na Austrália, e com a água vieram também tubarões brancos que caçam os sobreviventes.
SHARKNADO (Sharknado, 2013)
Direção de Anthony C. Ferrante.
(Southward Films/ Syfy/ The Asylum).
Dessa vez realmente foram longe demais. Diz-se que a intenção era fazer uma comédia, seguindo aquela ideia de um filme tão ruim que faz rir. Mas é apenas mais um filme tenebroso realizado para o Canal SyFy que, um dia, já apresentou boas séries.
O título já indica a bobagem que se segue, quando tornados vindos da costa mexicana afetam a costa sul da Califórnia. E com os tornados, vêm os tubarões, atacando tudo e todos, sem qualquer tentativa de explicação minimamente plausível. Em meio ao caos, um ex-surfista e alguns amigos tentam chegar a Beverly Hills, onde mora sua ex-esposa e sua filha.
Aparentemente, o público gostou da porcaria e o filme teve várias sequências igualmente ridículas, com os enredos tornando-se mais e mais absurdos: Sharknado 2: A Segunda Onda (Sharknado 2: The Second One, 2014); Sharknado 3: Oh, Não! (Sharknado 3: Oh Hell No!, 2015); Sharknado 4: Corra Para o 4º (Sharknado 4: The 4th Awakens, 2016); Sharknado 5: Voracidade Global (Sharknado 5: Global Swarming, 2017): O Último Sharknado: Já Estava na Hora (The Last Sharknado: It’s About Time, 2018); todos dirigidos por Anthony C. Ferrante.
LAVALANTULA (Lavalantula, 2015)
Direção de Mike Mendez.
(Cinetel Films/ Syfy).
Como disse acima, o canal SyFy já produziu e apresentou boas séries de ficção científica, mas de uns tempos para cá deu para produzir uma quantidade inacreditável de filmes muito, muito ruins. Como parece que funcionou misturar os nomes em Sharknado, inventaram a Lavalantula, mistura de tarântula com lava, uma vez que as aranhas imensas surgem de uma erupção vulcânica em Los Angeles, uma cidade que parece sofrer muito com esse tipo de catástrofe.
As aranhas respiram lava, sabe-se lá como, infestam a cidade após um terremoto, e um ator decadente faz de tudo para salvar sua família e acaba sendo o herói que salva a cidade. O ator decadente é interpretado por Steve Guttenberg, que já teve melhores momentos.
Para variar, fizeram uma sequência, Lavalantula 2 (2 Lava 2 Lantula!, 2016), dirigida por Nick Simon, com as aranhas surgindo na Flórida, e Guttenberg mais uma vez salvando o dia.