OS VAMPIROS (I Vampiri, 1957)
Direção de Riccardo Freda.
Gianna Maria Canale (Titanus/ Athena Cinematografica).
Um dos bons exemplos do cinema de terror italiano e, segundo se diz, com parte do filme sendo dirigido por Mario Bava, que também assina o roteiro com Freda e Piero Regnoli. Bava ainda foi o responsável pela fotografia e pelos efeitos especiais.
Phil Hardy disse que “O filme extraordinariamente lindo de Freda marca o início do renascimento mundial do terror e antecede todos os demais filmes citados nesse contexto”, como A Maldição de Frankenstein (1957) e Os Olhos Sem Rosto (1959). Segundo Hardy, “A abordagem de Freda para a lenda de Erzsebeth Bathory –situada na Paris contemporânea e apresentando um médico louco (Antoine Balpêtré) que drena o sangue de mulheres jovens para manter a juventude de sua amada Duquesa (Gianna Maria Canale) – mostra que o florescimento dos filmes góticos italianos cresceu a partir de suas próprias raízes e deve pouco aos modelos anglo-saxões”.
O VAMPIRO DA NOITE (Dracula, 1958)
Direção de Terence Fisher.
Christopher Lee (Hammer Films).
Também com os títulos: Horror de Drácula; Horror of Dracula. Um dos grandes momentos da produtora inglesa Hammer e um clássico absoluto do terror, com uma das melhores adaptações da história de Bram Stoker. Terence Fisher e o roteirista Jimmy Sangster conseguiram transformar a história em uma visão da sociedade britânica e sua moralidade cínica.
É um acontecimento relativamente comum no cinema que atores fiquem marcados por um determinado personagem, e foi o que aconteceu com Christopher Lee, o maior de todos os vampiros do cinema. Diz-se que Lee percebeu o que poderia acontecer e chegou a negar-se a representar o personagem no filme seguinte, mas não resistiu ao gostinho de sangue, e acabou encarnando de vez o vampiro.
O Vampiro da Noite é um dos marcos do cinema de terror, e marca igualmente uma das maiores, senão a maior dupla do cinema de terror, com Lee e Peter Cushing, que já haviam atuado juntos em outro marco do cinema do gênero em A Maldição de Frankenstein (1957). Esses filmes significaram não apenas o renascimento do cinema comercial inglês para o mundo, mas uma retomada de grandes temas e realizações para o cinema de terror como um todo. Alterou o conceito que se fazia dos filmes de terror no final dos anos 1950, com uma produção cara e a produtora Hammer entrando em uma fase de criatividade intensa, unindo os aspectos artísticos e comerciais com os quais todo diretor sonha (ou quase todos).
Peter Cushing, improvisando uma cruz .
Terence Fisher firmou-se como o principal diretor desse período, utilizando o sistema Eastmancolor como forma de realçar os contrastes, criando imagens fascinantes, como não havia sido feito até então. O roteiro de Jimmy Sangster – que mais tarde também dirigiu alguns grandes filmes do gênero – segue de perto a história original de Bram Stoker, apresentando as atividades vampirísticas do Conde Drácula e a caçada de que é vítima, movida por seu maior inimigo, o Professor Van Helsing, interpretado por Peter Cushing, o maior Van Helsing do cinema. O Conde apronta em Londres, a grande metrópole da era vitoriana, aterrorizando não apenas jovens inocentes, mas também outras nem tanto.
Fisher e Sangster utilizaram muito bem o motivo histórico, a sociedade inglesa reprimida e conservadora na superfície, mas no fundo doidinha por uma boa e gostosa mordida no pescoço. As forças conservadoras e cristãs – ao contrário do Conde, violentíssimas – são representadas pelo Professor Van Helsing e seus asseclas, aquele grupo de bobões amedrontados que procuram conservar a pureza da virgem, mesmo quando ela já não é mais. Para as mulheres é impossível resistir ao olhar de Christopher Lee. Ele é profundo e hipnotizante, prometendo maravilhas. Os caçadores do vampiro cercam a casa e o quarto da jovem com todo o aparato para deter o avanço do sedutor das trevas, só que não adianta nada, uma vez que ele já se encontra lá dentro, e faz a festa.
Ao contrário das histórias recentes de vampiros (principalmente a série com o vampiro Lestat), não existe o aprofundamento da personalidade do Conde. Ele é o Príncipe das Trevas, e sua função é, em primeiro lugar, sobreviver, em segundo, tendo prazer, e em terceiro, aterrorizar. Além do que ele é um Conde em uma sociedade em que isso já representa apresentação suficiente. Os heróis do filme de Fisher são, na verdade, desesperados, e no fundo querem mesmo é ser o conde, sentindo toda a sensualidade que a entrega à mordida do vampiro representa. Drácula não tem as restrições morais dos cristãos reprimidos da Inglaterra vitoriana, e então manda ver. A história e a liberação dos anos 1960 mostrou que ele estava certo.
Christopher Lee e Carol Marsh.
Phil Hardy disse que Fisher desenvolveu para o filme um realismo poético e sutilmente irônico, e que seu Drácula é o equivalente do século 19 a James Bond, “(...) um homem com todas as qualidades, poder e prazeres que a pequena burguesia culpadamente deseja, uma assustadora representação da aristocracia, da mesma forma que a atual figura do brigão adolescente era uma assustadora representação da classe trabalhadora, vista pelo mesmo olhar”.
Segundo Hardy, parte da força extraordinária do trabalho de Fisher pode ser atribuída às suas profundas raízes na história britânica, na qual a aristocracia é uma casta com considerável poder, na maioria das vezes exercida atrás das portas fechadas, e um poder que deveria ter perdido há muito, mas que ainda assim sobrevive como um fardo voluntariamente assumido pela classe média inglesa do século 19, que não era nem racional, nem forte o suficiente para se livrar dele. Hardy diz que essa aristocracia sobrevive muito após sua morte aparente, alimentando-se dos desejos e expectativas de comerciantes e administradores que desejam status.
A MÚMIA (The Mummy, 1959)
Direção de Terence Fisher.
(Hammer Films).
Mais um dos clássicos do terror da produtora inglesa Hammer, e novamente com Terence Fisher na direção e a presença da dupla Christopher Lee e Peter Cushing, compondo um dos melhores, senão o melhor filme de múmias do cinema de terror.
Christopher Lee interpreta o sacerdote egípcio Kharis que, antes de morrer, tem sua língua cortada, por ter amado a princesa Ananka (Yvonne Furneaux). Muitos anos depois, um grupo de arqueólogos que inclui John Banning (Peter Cushing) e seu pai Stephen (Felix Aylmer) procura pela tumba da princesa. Eles são alertados sobre a maldição que deverá recair sobre aqueles que abrirem o sarcófago, mas eles ignoram o alerta e Stephen não apenas encontra o sarcófago, mas também o Pergaminho da Vida, imediatamente entrando em estado de catatonia.
A história pula para três anos depois, na Inglaterra, quando Stephen desperta de seu estado e diz ao seu filho que, ao ler o Pergaminho da Vida, ele também trouxe à vida o sacerdote Kharis, devidamente mumificado, e que havia sido sentenciado a proteger eternamente a princesa, e que agora iria persegui-los implacavelmente. O caso é que a múmia realmente aparece, é claro, e reconhece na esposa de Peter Cushing, Isobel Banning (novamente Furneaux) a imagem de sua amada princesa.
Hoje em dia, A Múmia e tantas outras produções da Hammer desse período são vistas como filmes com pouca violência explícita, mas na época a reação foi diferente; o filme chegou a receber o rótulo “For Sadists Only” (apenas para sádicos) e críticas um tanto desfavoráveis que o apontavam como a vanguarda de uma onda de produções de terror com violência explícita. Claro, eles não podiam imaginar a violência que viria pela frente e como ela seria comum, não apenas nos filmes de terror.
Hoje, muitos críticos entendem que a maior força do filme está na direção de Fisher e na forma como ele e o diretor de fotografia Jack Asher utilizaram as cores, além do roteiro impecável de Jimmy Sangster. Phil Hardy refere-se à “(...) utilização surrealista da cor”, em particular nas sequências inicial e final do filme, além de um amedrontador sentido de posicionamento de câmeras, o que dá ao filme “(...) uma poesia genuinamente macabra nunca obtida em filmes de múmia antes ou depois.
Tom Hutchinson e Roy Pickard disseram que “O que tornou esse remake de The Mummy consideravelmente mais do que a imitação apelativa que poderia ter sido foi a direção de Terence Fisher, um dos melhores de todos os cineastas que floresceram na Hammer House of Horror”. Ao falarem de remake, eles estavam se referindo ao filme de 1932, dirigido por Karl Freund, com Boris Karloff. No entanto, Phil Hardy é bastante enfático ao dizer que não se trata de uma refilmagem, mas que incorporou elementos dos filmes A Mão da Múmia (The Mummy’s Hand, 1940) e A Tumba da Múmia (The Mummy’s Tomb, 42). Mas também foi influenciado pelos acontecimentos envolvendo a descoberta do túmulo de Tutancâmon por Lord Carnarvon e Howard Carter, em 1923, e a consequente morte de Carnarvon, que deu origem à lenda sobre a “praga do faraó”, que fez sucesso em jornais do mundo inteiro por vários anos.
No Brasil, lançado em DVD.
A GÓRGONA (The Gorgon, 1964)
Direção de Terence Fisher.
Prudence Hyman (Hammer Films).
Mais um da Hammer, e mais um com a dupla Peter Cushing e Christopher Lee sendo dirigidos por Fisher. A história se passa em um vilarejo alemão no início do século 20, com Peter Cushing como o dr. Namaroff, um cientista especializado no cérebro, que é chamado pelo professor Heitz (Michael Goodliffe) para auxiliar na resolução de um mistério que assombra a localidade; seu filho, que se suicidou, foi acusado de cometer um crime contra sua namorada, que foi transformada em pedra. Heitz sabe que seu filho não foi culpado e que algo tenebroso ronda a região, um poder que tem ligação com a antiga mitologia e que assombra o castelo Borski.
Christopher Lee e Prudence Hyman.
O nome da criatura é Megara – algumas vezes apresentada como Megeara, ou Megera – e é uma górgona, uma criatura que surge na mitologia grega em diversas ocasiões, e cujo olhar seria capaz de transformar as pessoas em pedra.
Não tendo muita sorte com o cético Namaroff, ele procura o professor Karl Meister, interpretado por Christopher Lee, tutor de seu filho Paul (Richard Pasco), que vai procurá-lo. Heitz é transformado em pedra ao confrontar a górgona, e o filho acaba se envolvendo com a assistente de Namaroff (Barbara Shelley), diretamente envolvida com os acontecimentos.
Peter Cushing e Barbara Shelley.
Segundo o crítico Phil Hardy “Essa assustadora evocação poética de uma imagem arquetípica para representar o medo da sexualidade feminina é um dos filmes favoritos de Fisher”, além de apresentar o castelo mais úmido e sobrenaturalmente vazio que o diretor já apresentou. Hardy disse que “A fantasia predominante da mãe fálica é executada tão lógica e consistentemente que até uma interpretação psicanalítica não poderia ser mais explícita".
No Brasil, lançado em DVD.
A DANÇA DOS VAMPIROS (Dance of the Vampires, 1967)
Direção de Roman Polanski.
Roman Polanski e Sharon Tate (Cadre Films/ Filmways Pictures).
Um dos melhores filmes de Polanski e provavelmente o melhor filme a combinar comédia e terror. Jack MacGowran interpreta o professor Abronsius, um velhote completamente maluco que vai ao castelo do conde Von Krolock (Ferdy Mayne), um vampiro da Transilvânia. O professor leva consigo seu auxiliar Alfred (o próprio Polanski), apavorado por estar naquela situação, e vai tentar liquidar o vampiro. Claro que nada sai como o planejado.
Polanski e Jack MacGowran.
Nos Estados Unidos o filme recebeu os títulos The Fearless Vampire Killers e Pardon Me But Your Teeth are in My Neck, além de ter introduzido uma sequência inicial com animação para os créditos, ter cortado 16 minutos do filme e dublado algumas vozes, o que foi rejeitado por Polanski, que pediu que seu nome fosse retirado dos créditos. Assim, se alguém for procurar o filme, é melhor não ter essa versão.
Sharon Tate e Ferdy Mayne.
Phil Hardy disse que “Frequentemente descrito como uma paródia, a encantadora reconstrução dos filmes da Hammer favoritos de Polanski é, na verdade, um encontro entre terror e comédia, situado no mundo dos contos de fadas. O filme é um tour de force cinemático impressionante, que é ao mesmo tempo engraçado, assustador e intensamente lírico, e mostra que a compreensão geralmente aceita de que o terror deve ser representado diretamente ou torna-se uma comédia, é falsa, uma vez que tanto as piadas quanto a ansiedade têm raízes no mesmo terreno dos desejos inconscientes, e combinam-se para criar o sentido do estranho. O filme resultante é um dos muito poucos exemplos do misterioso perfeitamente obtidos, delicadamente equilibrado entre o familiar e o bizarro”.
As cenas absurdas e absolutamente engraçadas permeiam o filme, mas ao mesmo tempo os momentos assustadores são muitos. Como disse o crítico Baird Searles, “O castelo do conde von Krolock, repleto de vampiros, é um lugar assustador, e quando um baile de vampiros é organizado, o espetáculo de um sem-número de vampiros levantando de suas sepulturas e dançando com as vestimentas de suas vidas passadas realmente despertam um sentido de assombro aterrorizante”.
No Brasil, lançado em DVD.
MARTIN (Martin, 1976)
Direção de George A. Romero.
(Laurel Productions/ Braddock Associates).
Maravilhosa adaptação das histórias de vampiros aos dias de hoje, centrando-se na hesitação do espectador entre duas noções básicas: o jovem Martin pensa que é um vampiro devido aos seus problemas de adolescência, ou é realmente um vampiro com centenas de anos de idade? Isso não é revelado, mas o tema clássico do vampiro é claramente desmitificado.
Martin (John Amplas) chega à cidade de Pittsburg, onde vai morar em um subúrbio com seus parentes, que realmente acreditam que ele é um vampiro. Ele é recebido na estação de trem (dentro do qual ele retalhou uma mulher para conseguir o sangue e, igualmente, obter o orgasmo enquanto a sugava) pelo parente vestido todo de branco (Lincoln Maazel), que o chama de “nosferatu”. Ele cerca a casa e o quarto de Martin com crucifixos e alho, que Martin arranca, mostrando que aquilo não vale nada para ele.
Martin parece lembrar-se de sua vida passada, em passagens em preto e branco que relembram os antigos filmes de vampiros, com o rapaz fugindo dos aldeões irados com tochas nas mãos. Na cidade, ele conhece uma mulher (Elyane Nadeau) que está farta de sua vida com o marido, e ela o seduz, fazendo com que ele se esqueça um pouco de suas atividades como vampiro. Mas ela acaba se suicidando e o velho parente acusa Martin de tê-la morto, enterrando uma estaca em seu coração, no único momento em que ele não agia como vampiro.
Ao contrário dos vampiros clássicos, Martin “hipnotiza” suas vítimas com injeções, e obtém o sangue não com dentadas, mas com cortes de navalha.
No Brasil, lançado em VHS (LMP).
SEDE (Thirst, 1979)
Direção de Rod Hardy.
(F.G. Film Productions/ New South Wales Film Corporation/ Victorian Film Corporation).
Também com o título Ânsia. Mais um produto do cinema de terror australiano, com uma história muito interessante e repleta de humor negro de boa qualidade, adaptando para os dias atuais as histórias de vampiros.
Um grupo moderno de vampiros procura convencer uma mulher, herdeira de imensa fortuna legada por uma antepassada vampira, a participar de seu grupo, tornando-se ela própria uma vampira. Ela é levada a um local que funciona como uma espécie de reservatório de sangue para o grupo. Modernas máquinas realizam a drenagem do sangue das vítimas, narcotizadas e impassíveis.
Como disse Phil Hardy, é “Uma parábola contemporânea sobre o vampirismo industrialmente regulamentado”, com uma narrativa que segue “(...) o progresso apavorante de uma jovem mulher (Chantal Contouri), que a seita acredita ser descendente de sua fundadora, a Condessa Bathory. O filme enfatiza as qualidades corriqueiras dos detalhes administrativos – o sangue é estocado em garrafas de leite – sem negligenciar os detalhes convencionais das tradições dos vampiros – as presas, a mordida no pescoço e tudo mais...”.
Bons momentos em filme muito interessante e pouco comentado por aqui.
No Brasil, lançado em VHS (MacVideo).
LOBOS (Wolfen, 1981)
Direção de Michael Wadleigh.
(Orion Pictures/ King-Hitzig Productions).
O diretor Michael Wadleigh é mais conhecido pelo documentário Woodstock (197). Aqui, ele desenvolveu o roteiro com David Eyre, a partir do livro The Wolfen (1978), de Whitley Strieber, também autor de The Hunger, que originou o filme Fome de Viver.
Crimes violentos estão acontecendo em Nova York e um detetive (Albert Finney) começa a investigar quando um importante empresário e sua esposa são mortos em um parque. Ele segue pistas e descobre que os assassinos são um grupo de lobos enormes que vivem nos arredores da cidade.
Esses lobos são apresentados como animais míticos, com poderes sobrenaturais, e atacam as pessoas para defender seu território de caça. O industrial em questão era o responsável pela destruição de imensa área nos subúrbios onde os lobos viviam e caçavam. Um filme estranho, mas interessante, desenvolvendo uma relação entre o desenvolvimento acelerado das grandes cidades e a vida na natureza.
No Brasil, lançado em DVD (WB).
ENIGMA DO MAL (The Entity, 1982)
Direção de Sidney J. Furie.
Barbara Hershey (American Cinema Productions/ Twentieth Century Fox).
Baseado no livro A Entidade (The Entity, 1978), de Frank De Felitta, com roteiro do próprio escritor, o filme teve uma recepção bem fria pela maior parte da crítica na época, mas posteriormente chegou a ser reconhecido e, em alguns casos, até mesmo aclamado. Por exemplo, no livro Sidney J. Furie: Life and Films (2015), de Daniel Kremer, o autor diz que o diretor Martin Scorsese considera o filme entre os quatro mais assustadores.
Também é certo que o livro é mais interessante ao apresentar com maior profundidade os problemas psicológicos que a personagem central apresenta, mas o filme lida com as questões de sexualidade e violência contra as mulheres e o faz muito bem.
Barbara Hershey, Melanie Gaffin, David Labiosa e Natasha Ryan.
Barbara Hershey está excelente como a mãe solteira Carla Moran, que mora com os filhos e tem um amante que a visita esporadicamente. Mas sua vida muda radicalmente quando um ser de outra dimensão – um demônio ou um alienígena, isso nunca é deixado claro – invade sua casa e a estupra. Ela não vê ninguém, porque ele não se materializa, mas o ser não apenas existe como continua violentando-a, noite após noite.
Ela procura a ajuda de um psiquiatra, o doutor Sneiderman (Ron Silver), que após examinar o caso conclui que os ataques são perpetrados pela própria Carla, apesar dela apresentar contusões em locais que não poderia atingir. A relação dela com as abordagens psiquiátricas complicam-se cada vez mais, com inúmeras teorias sendo apresentadas para explicar os ataques, e as coisas só começam a melhorar quando ela entra em contato com uma equipe de parapsicólogos, que veem a questão de forma completamente diferente.
O crítico John Stanley, em seu livro Creature Features (2000), diz que o filme lida basicamente com um confronto entre os que acreditam e os que não acreditam, e entre ciência e percepção extrassensorial, com o foco nos personagens, diálogos e tensão “(...) enquanto o diretor Sidney J. Furie mantém uma atmosfera apavorante e se recusa a mostrar a ‘entidade’ em detalhes”.
No Brasil, lançado em DVD.
FOME DE VIVER (The Hunger, 1983)
Direção de Tony Scott.
David Bowie e Catherine Deneuve (Peerford).
O filme foi baseado no livro The Hunger (1981), de Whitley Strieber, e uma das boas adaptações modernas para a lenda dos vampiros. Traz Catherine Deneuve como a vampira Miriam, com milhares de anos de vida, que tem como companheiro John, interpretado por David Bowie, que está envelhecendo rapidamente. Ele foi transformado em vampiro por ela no século 18, e começa a perceber que a promessa que ela lhe fez não é exatamente a verdade, ou seja, ele poderá ter vida eterna, mas não juventude eterna.
Susan Sarandon, como especialista em gerontologia, envolve-se na relação complicada quando é procurada por John para tentar reverter o processo de envelhecimento, tornando-se amante de Miriam, mas recusando sua proposta de se tornar uma vampira e alimentar-se do sangue de outras pessoas.
O filme não teve uma boa recepção por parte da crítica, geralmente sendo apontado como tendo um roteiro confuso e a direção de Tony Scott mais preocupada em apresentar um visual atraente. No entanto, tornou-se um cult do gênero.
No Brasil, lançado em DVD.
Direção de Clive Barker.
QUANDO CHEGA A ESCURIDÃO (Near Dark, 1987)
Direção de Kathryn Bigelow.
(F/M/ Near Dark Joint Venture).
Mais um filme da safra de produções que começou a surgir nos anos 1980 procurando apresentar versões diferentes para as histórias de vampiros. Esse chegou a ser comparado às histórias do vampiro Lestat, da série de livros escritos por Anne Rice a partir de 1976, com Entrevista com o Vampiro. Não chega a tanto, mas é um filme muito interessante.
Adrian Pasdar é Caleb, seduzido pela vampira Mae (Jenny Wright), que se apaixona por ele, Ela o transforma e ele se junta ao seu grupo de vampiros que vagueiam pelo país em uma camionete, mas eles são extremamente violentos, o que desagrada Caleb. Ele não consegue integrar-se totalmente ao grupo porque se recusa a matar para sobreviver, de modo que sua amante o alimenta com seu próprio sangue para que ele não morra.
Um dos pontos que diferenciam o filme dos demais filmes de vampiros é que aqui existe a possibilidade de reverter a situação vampírica por meio de uma transfusão de sangue.
John Stanley disse que esse é “O Bonnie e Clyde dos filmes de terror, evitando os enfeites góticos clichês, assumindo o visual de um filme de gangster rurais, com fotografia relacionada com uma paisagem totalmente norte-americana, e povoado por assassinos sujos que parecem trabalhadores migrantes da era da Depressão”. Segundo ele, a diretora Bigelow criou uma história perturbadora, violenta e sangrenta, que muitos podem achar difícil de assistir. “Uma parábola da inocência exposta ao mal, com Lance Henriksen e Bill Paxton como fascinantemente grotescos membros da gangue”.
No Brasil, lançado em VHS e DVD.
Direção de Stan Winston.