Nas histórias, também ocorrem viagens e deslocamentos temporais que independem de atividades humanas ou de máquinas construídas pelos cientistas. Às vezes, pessoas e/ou objetos são simplesmente deslocados no tempo, com explicações sendo fornecidas ou não para os eventos. Outras vezes, surgem portais temporais, pelas mais diversas razões, e as pessoas podem passar por esses locais, indo para o passado ou futuro, por vontade própria ou levados por forças às quais não podem resistir. Ou a própria natureza do tempo pode passar por alterações sobre as quais os humanos não têm qualquer controle. Ou ainda, o deslocamento temporal poderia ocorrer a partir da utilização de um campo gravitacional que distorça o tempo e o espaço em suas proximidades, como os buracos-negros.
Na ficção científica, esses recursos têm sido utilizados, assim como torções no espaço-tempo e outras anomalias.
Um filme que utilizou esse recurso foi Vinte Milhões de Léguas a Marte (World Without End, 1956), dirigido por Edward Bernds. Astronautas retornam de uma missão a Marte e atravessam uma “torção no tempo”, chegando à Terra do ano 2508, depois de o planeta passar por uma guerra nuclear devastadora.
Reunião de conselho, com terrestres do passado e do futuro, em Vinte Milhões de Léguas a Marte (Allied Artists Pictures).
A superfície do planeta ficou para seres mutantes, enquanto uma sociedade humana desenvolveu-se nos subterrâneos, com uma sociedade equilibrada e democrática que aboliu o uso de armas, mas que se tornou estéril, o que irá provocar o fim da raça humana. A chegada dos homens do passado faz com que as pessoas resolvam lutar por seu direito de viver na superfície.
Rod Taylor, antes de ser o viajante do tempo em A Máquina do Tempo, despertando a atenção de Shawn Smith, uma das "garotas de Vargas".
Não chegou a ser um grande sucesso, mas é um filme interessante, especialmente pela participação do grande ilustrador Alberto Vargas, que foi responsável pelo figurino e decoração – o peruano Vargas ficou internacionalmente conhecido como o desenhista das pin-ups da revista Esquire e, posteriormente, da Playboy.
Outra “torção” no tempo surgiu no filme Além da Barreira do Tempo (Beyond the Time Barrier, 1960), dirigido por Edgar G. Ulmer. Certo! Não é bem uma “torção”, mas uma barreira, como diz o título, seja lá o que isso signifique.
Robert Clarke interpreta o Major William Allison, um piloto de testes que rompe a tal barreira ao experimentar um protótipo num voo suborbital, e vai parar no ano 2042. Quando ele retorna à sua base na Terra, o que encontra é um planeta devastado por uma praga, causada pelo rompimento da camada de ozônio, por sua vez provocado por excessivos testes nucleares. Como em Vinte Milhões de Léguas a Marte, a radiação causou mutações e obrigou os sobreviventes a se refugiarem no subsolo; a maioria das pessoas não fala e não escuta, além de terem se tornado estéreis. Por outro lado, desenvolveram capacidades telepáticas.
Os humanos são governados por um sujeito que se apresenta apenas como O Supremo (Vladimir Sokoloff), e ele tem a ideia de casar o major com sua filha, a Princesa Trirene (Darlene Tompkins), o que não era uma ideia nada desagradável, para falar a verdade. Mas o piloto consegue retornar ao seu próprio tempo, iniciando então uma campanha contra a realização de testes nucleares.
O piloto de testes começa a perceber que algo está muito errado (Miller Consolidated Pictures).
A história tem vários dos clichês da produção cinematográfica de ficção científica da época, mas apresenta alguns cenários bem interessantes. Na verdade, é um filme bem melhor do que seria de se esperar de uma pequena produção dos anos 1950. Em The Encyclopedia of Science Fiction Movies, Phil Hardy entende que se trata de uma pequena produção, com efeitos pobres, mas acrescenta que o que eleva o nível do filme é a “direção atmosférica” de Ulmer, com o mundo subterrâneo do futuro sendo visualizado como uma série de aparentemente intermináveis catacumbas; além, ele diz, da concepção do personagem de Clarke, preso e virtualmente sem poder, num mundo em que ele não escolheu viver. “É essa visão fatalista”, diz Hardy, “que torna o final – como aquele de O Homem do Planeta X (The Man From Planet X, 1951, também dirigido por Ulmer) – bem menos positivo do que aparenta ser”.
Muito antes que a ficção científica se tornasse comum no cinema, William Hope Hodgson escreveu A Casa Sobre o Abismo (1908. Também com o título A Casa à Beira do Abismo), que, entre outros temas, lida com um deslocamento temporal. Até onde se sabe, esse foi o único livro de Hodgson publicado no Brasil, e é um dos momentos mais importantes da literatura fantástica.
Ele narra não apenas encontros aterrorizantes com seres fantásticos saídos das profundezas da terra, mas também uma viagem de milhões de anos no futuro. Tudo começa quando dois pescadores resolvem passar uma temporada num local desolado da Irlanda, numa localidade que sequer consta nos mapas. Em suas andanças pela região, seguem o curso de um rio que, repentinamente, desaparece na terra, correndo nas profundezas para tornar a surgir mais adiante, despencando por um abismo profundo.
À beira desse abismo encontram as ruínas do que deveria ter sido uma casa enorme, agora quase irreconhecível. E, em meio aos escombros, encontram o livro que narra as aventuras do último morador do local, e que é transcrito para os leitores. A própria casa parece possuir qualidades únicas, funcionando como uma espécie de portal, uma ligação com outros mundos ou outras dimensões. Sentado numa das salas, o personagem vê o mundo desaparecer à sua volta, enquanto uma paisagem alienígena surge do nada, um mundo onde ele consegue deslocar-se com extrema facilidade, como se ali ele não fosse inteiramente composto de matéria, e onde encontra uma réplica exata de sua própria casa na Terra.
O ponto alto das aventuras se dá com uma das mais estranhas viagens no tempo já realizadas. Da janela de sua sala, sentado numa poltrona, ele vê os anos passarem em segundos, os séculos em minutos, como se toda a casa estivesse sendo transportada e, com ela, a Terra e o próprio sistema solar. Vê o Sol atingir seu ponto máximo da existência e definhar, a Terra congelar, e todos os planetas aproximarem-se de uma estrela de luz verde que, supostamente, deve estar no próprio centro do universo, ou do tempo.
A semelhança com a obra de H.P. Lovecraft não está tanto na forma como trabalha o terror ou nos seres que apresenta, uma vez que Lovecraft foi mais longe do que qualquer outro até então, mas na visão do que seja o terror. Para ele, o que causa mais espanto, o que é capaz de deixar as pessoas sem voz e com os cabelos brancos, é a vastidão do espaço, o infinito, o vazio onde nada pode existir e que ao mesmo tempo é a fonte de toda a vida; é o tempo que só pode ser medido em milhões de anos, diante do qual nossa rápida existência nada representa. O terror é saber que, diante desses espaços, tempos e forças incomensuráveis, a única coisa que podemos fazer é sentar, observar e esperar que sejamos poupados.
A narração da viagem até o final dos tempos mostra alguma semelhança com o clássico A Máquina do Tempo, de H.G. Wells, escrito 13 anos antes, mas enquanto H.G. Wells procurava o racionalismo, o científico, Hodgson enveredou por um lado nitidamente mais místico. A máquina de Wells era construída por um cientista, especificamente para aquela função, e seu corpo era transportado para o futuro. Já a casa sobre o abismo ninguém sabe quem a construiu, ou como, e o que significa a sua cópia em outra dimensão, e o corpo de seu proprietário não é realmente transportado, mas seu espírito ou sua mente.
H. P. Lovecraft, comentando sobre o livro (em O Horror Sobrenatural na Literatura), entendeu que se trata do melhor trabalho do autor. “As viagens do espírito do narrador”, escreveu Lovecraft, “através de incontáveis anos-luz de espaço cósmico e de ilimitados ciclos de eternidade, e de como ele assiste à destruição final do sistema solar, constituem algo de quase único na literatura corrente. E por toda a parte manifesta-se o poder do autor de sugerir vagos terrores emboscados no cenário natural”. Lovecraft completa dizendo: “Não fossem alguns toques de sentimentalismo vulgar, o livro seria um clássico de primeira água”.
Lovecraft realmente se incomodava com os “toques de sentimentalismo” na literatura fantástica, como demonstra em diversas críticas ao longo de seu ensaio. Terry Pratchett, comentando sobre o livro (em Horror: 100 Best Books), também fala sobre esse aspecto da obra: “A linguagem é aquela forma pomposa e trabalhada que faz com que muitos textos de terror antigos sejam tão tediosos para ler. Os pequenos toques Tennysonianos de romance são nauseantes. Isso não importa. São apenas cascas na ferida; ignore-as”. Segundo Pratchett, o livro foi o Big Bang em seu universo particular como leitor e, posteriormente, como escritor de ficção científica e fantasia.
No clássico A Luz e as Trevas (Lest Darkness Fall, 1941), de Lyon Sprague De Camp, um raio é o responsável pela viagem no tempo do arqueólogo Martin Padway, do século 20 para a Roma do ano 535. A história foi publicada originalmente como um conto, na revista Unknown, em 1939.
A história combina o tema das viagens no tempo com o da história alternativa da Terra. Ao se ver na Roma antiga, depois de superado o trauma do deslocamento temporal, Padway percebe que tem uma chance de modificar o rumo dos acontecimento, especialmente a partir de seu imenso conhecimento da história.
Capa da primeira edição (Henry Holt and Company).
Antes do seu deslocamento, ele estava conversando com um professor que lhe falava acerca de sua teoria sobre as pessoas que desapareciam e que, segundo ele, simplesmente caíam no tronco do tempo”, escorregavam pelo tempo, até pararem em determinado ponto, a partir do qual criariam uma nova ramificação da História. Sua presença irregular naquele momento seria o suficiente para modificar a História. Ele dizia que a História é uma teia tetradimensional com pontos fracos, que seriam as áreas de junção, ou os pontos focais; ou seja, lugares como Roma ou Istambul, nos quais se interceptam as linhas de vários acontecimentos famosos.
Em Roma, Padway sabe que o mundo daquela época vive o que chama de “crepúsculo da civilização clássica ocidental”, e que a Idade Média, ou Idade das Trevas, está se aproximando. De modo que decide inventar algo que possibilite uma mudança dessa situação. Começa ganhando dinheiro destilando bebida e, depois, desenvolve a tipografia, elaborando um pequeno jornal de amenidades que vende em Roma.
Seus passos seguintes o obrigam a envolver-se com a política, modificando o rumo da guerra que está para chegar, libertando os escravos e elegendo um novo rei, amigo seu.
Um alfaiate aposentado chamado Joseph Schwartz é a vítima de uma viagem no tempo não desejada, em 827 Era Galáctica, de Isaac Asimov (relançado no Brasil pela Editora Aleph com o título Pedra no Céu).
A história começa em Chicago, em 1949, com dois acontecimentos consecutivos que, imediatamente, lançam a aventura para um futuro distante. Um acidente incompreensível num instituto de pesquisas nucleares libera um raio que pega o alfaiate Joseph Schwartz em cheio enquanto andava pela calçada, levando-o para a Terra do futuro. Já nas primeiras páginas é possível perceber que se trata de um dos momentos iniciais do Império Galáctico – cuja capital era Trantor – que Asimov já vinha apresentando nos anos anteriores na série de histórias que compuseram a trilogia Fundação.
(Ilustração de Peter Elson).
O momento é justamente o ano 827 da Era Galáctica, quando o Império já é imenso e cresce sem parar, e a origem terrestre da humanidade já se perdeu. Um arqueólogo está iniciando suas pesquisas no planeta com a intenção de provar – contra tudo o que a arqueologia tradicional acredita – que a Terra foi o centro de expansão da humanidade, um planeta que na época tinha grandes áreas radioativas e pequena população vivendo sob os preceitos rigorosos de uma Sociedade dos Anciões.
Asimov imaginou uma situação política sutil, na qual a Terra já passou por três revoluções contra o Império, e o atual Procurador do Império no planeta teme que uma nova revolta esteja crescendo. A chegada do arqueólogo com suas ideias de situar a Terra como o centro da humanidade pode piorar a situação. Para complicar, um cientista terrestre inventa uma máquina – o sinapseador – capaz de ampliar a capacidade mental das pessoas e “ensinar-lhes” coisas. E é justamente esse sinapseador que é utilizado em Joseph Schwartz, que surge falando um idioma que ninguém entende.
É uma trama bem desenvolvida, ainda que inferior ao que foi apresentado na série Fundação.
Capa da primeira edição (Ilustração de Jack Coggins. Ballantine Books).
Outra pobre vítima de um deslocamento inesperado e indesejado é o personagem de O Homem Precipitado no Tempo (The Impacted Man, 1952), de Robert Sheckley. O conto foi publicado originalmente na revista Astounding Science Fiction, e depois na coletânea Inalterado Por Mãos Humanas. A história é narrada em tom de humor, iniciando com uma correspondência trocada entre uma empresa construtora e um supervisor dos trabalhos, e o assunto é a construção da metagaláxia Attla. O supervisor suspende o pagamento pelo serviço porque ocorreu um erro no tempo, um defeito que fez com que um dos habitantes da Terra fosse atingido pelo erro. Assim, o supervisor exige que o defeito seja corrigido antes que o homem terrestre crie paradoxos.
O coitado atingido pelo “defeito” está prestes a deixar seu apartamento quando desaparece ao descer as escadas, surgindo repentinamente em um período da pré-história. A partir de então, suas ações passam a ser controladas – ou talvez se possa dizer “fornecidas” – pelo construtor da tal metagaláxia, sem que o terrestre perceba o que está acontecendo.
É bem provável que o nome mais legal já inventado para uma alteração temporal foi a “infundíbula crono-sinclástica”. Para ser exato, trata-se de uma alteração espaço-temporal e é elemento central no livro As Sereias de Titã, de Kurt Vonnegut Jr., sem dúvida a mais sarcástica e bem humorada história de ficção científica de todos os tempos.
A “infundíbula” é, segundo a narração, um daqueles lugares onde todo tipo de verdades existem ao mesmo tempo. O milionário Winston Niles Rumfoord e seu cão Kazak ficam presos ao fenômeno ao viajarem em sua nave da Terra à Marte. Assim, ele passa a conhecer o passado e o futuro e, de tempos em tempos, materializa-se em diferentes locais e momentos, fazendo previsões do futuro que, apesar de serem mentiras, acabam tornando-se realidade.
Capa da primeira edição (Ilustração de Richard Powers. Del Books).
Rumfoord só pode ter uma existência sólida em Titã, local onde também se encontra um robô do planeta Tralfamadore – também citado em Matadouro Número 5. A nave do robô quebrou há centenas de milhares de anos, e ele está preso lá porque não tem a peça de reposição; como já conseguiu entrar em contato com os tralfamadorianos, espera pacientemente que a peça seja entregue.
A sucessão de eventos bizarros é sensacional, como a eclosão de uma guerra entre a Terra e Marte. Os marcianos são terrestres, levados para o planeta para formar um exército dos mais estranhos no qual ninguém sabe quem realmente dá as ordens e os soldados utilizando chapéus com antenas, pelas quais lhes são transmitidas instruções hipnóticas. A ideia é fazer com que o ridículo exército marciano invada a Terra e seja completamente destruído, não pelos militares terrestres, mas pelas pessoas comuns, que se armam e combatem os invasores, que descem no planeta sem qualquer previsão ou organização, aterrando nos quintais das pessoas e sendo mortos ou presos.
Rumfoord também está por trás do estabelecimento de uma nova religião que surge na Terra devido aos sentimentos despertados após a guerra. A religião recebe o nome de Igreja de Deus, o Absolutamente Indiferente, que propõe que Deus existe, sim, mas que não liga a mínima para o que acontece no universo, e menos ainda com os seres humanos.
Ainda é dito que os seres de Tralfamadore influenciaram a história da Terra, sabe-se lá como, fazendo com que nossa civilização evoluísse a ponto de que a tal peça necessária para o conserto da nave do robô chegasse a ele em Titã, para que ele pudesse prosseguir sua viagem. Mas, na verdade, a viagem do robô consistia em entregar uma mensagem ao universo, e à Terra. A mensagem é: Felicidades! Assim, tudo o quer aconteceu na Terra, desde o surgimento dos seres humanos até agora, serviu apenas ao objetivo dos alienígenas de levaram uma mensagem de felicidade ao universo, numa viagem de milhões de anos.
Os seres de Tralfamadore teriam uma existência mais complexa no livro Matadouro Número 5, no qual o personagem Billy Pilgrim é assolado por suas lembranças da Segunda Guerra Mundial. A narrativa e feita de forma não-linear, uma vez que Billy está, ao que tudo indica, sendo transportado pelo tempo, não apenas tendo lembranças, mas sendo levado para frente e para trás no tempo pelos tralfamadorianos. Segundo Billy, os habitantes de Tralfamadore o colocaram numa espécie de zoológico, e para eles é fácil deslocar-se no tempo e no espaço pois, segundo dizem, todos os tempos existem no mesmo momento.
Vonnegut consegue criar uma história em que drama e momentos tensos convivem em perfeita harmonia com o humor e o sarcasmo típicos do melhor de sua produção.
A história foi adaptada para o cinema em 1972, em Matadouro Cinco (Slaughterhouse Five), com direção de George Roy Hill, e Michael Sachs no papel de Billy Pilgrim, e Valerie Perrine como a jovem atriz de filmes adultos Montana, com quem Billy fica preso no “zoológico” de Tralfamadore. O filme recebeu o Prêmio do Júri, no Festival de Cinema de Cannes, em 1972, e também os prêmios Hugo e Saturn.
Valerie Perrine e Michael Sachs, em sua "prisão" em Tralfamadore, em Matadouro Cinco (Universal Pictures/ Vanadas Productions).
Certamente, entre o melhor que o cinema de ficção científica produziu nos anos 1970. Ainda assim, nem sempre a crítica foi favorável ao filme, como Phil Hardy (em The Encyclopedia of Science Fiction Movies), para quem o filme não tem a mesma qualidade de pesadelo que o livro de Vonnegut. Segundo Hardy, o filme é o pior da ficção científica com grande orçamento, com o diretor George Roy Hill oferecendo uma denúncia tradicional da insanidade da guerra, enquanto Vonnegut elaborou uma visão absurda da vida, na qual o horror do bombardeio de Dresden encontra paralelos na existência de pesadelo do personagem central, que se torna preso no tempo.
Uma alteração drástica no tempo foi criada por Brian W. Aldiss em seu Frankenstein Libertado, em 1973. No mundo de 2020 imaginado pelo autor, o mundo enfrenta uma crise devido a um confronto entre os blocos do Ocidente, América do Sul e Terceiro Mundo, com armas nucleares sendo utilizadas no espaço e na Lua, o que causa uma ruptura na estrutura do espaço-tempo. Dessa forma, trechos inteiros do planeta passam a ser transferidos para outro período de tempo, o que impossibilita que a guerra continue a acontecer, mas também desorganiza a sociedade de forma brutal.
(Ilustração de Paul Bacon. Fawcett Publications Inc.).
O personagem central, Joseph Bodenland, é um ex-conselheiro presidencial, que decide investigar uma torção do tempo que surgiu perto de sua casa. Mas seu próprio tempo desaparece enquanto está no local, e de repente ele está na Suíça do passado, onde encontra o jovem Victor Frankenstein e o monstro que ele criou, assim como encontra com Byron, Percy Shelley e Mary Shelley, que está de fato escrevendo uma história sobre Frankenstein, mas que não tem conhecimento de sua existência real. Temos não apenas deslocamentos no tempo, mas linhas temporais alternativas se misturando.
O mais interessante no livro, e o que parece ser a discussão central, é a atuação da ciência no mundo, ou seja, a validade do desenvolvimento científico como forma de trazer felicidade às pessoas. Com o truque da alteração temporal, Aldiss coloca frente à frente o futuro tecnológico – Bodenland é transportado cm seu carro movido a energia nuclear e com suas armas – e o momento em que esse desenvolvimento tecnológico começou; ou melhor, o personagem Frankenstein tornado real, como representante de tudo o que a ciência viria a ser depois dele. Para Frankenstein, não cabe a ele fazer julgamentos morais sobre a utilização que será dada ao invento em si. Cabe a ele, cientista, transformar em realidade o que imaginou ser possível, alcançar o conhecimento e a realização. Por outro lado, isso não impede que ele seja constantemente assolado por sentimentos de culpa.
Bodenland quer detê-lo, fazer com que desista de sua criação, que até mesmo altere seu modo de pensar, mas ele próprio é atacado pela incerteza e percebe que, na contabilização dos progressos científicos, frequentemente esquecemos as coisas boas, o progresso social e cultural, a melhoria do nível de vida, a higiene e tantas outras coisas. Depende muito do ponto de vista; quando se vê preso numa cela imunda, sem quaisquer direitos, ele percebe a diferença, uma vez que no século 21 isso nunca seria possível – ou, convenhamos, seria mais difícil de acontecer. Trata-se, na verdade, de uma das mais antigas e dificilmente solucionáveis questões a respeito do progresso científico e tecnológico.
A perseguição ao monstro passa por diversos tempos e espaços, num clima de delírio e fantasia, com Bodenland percebendo que podem existir muitos anos de 1816, e muitos de 2020. Ele pensa que “não havia nem futuro nem passado, só o céu nebuloso de um infinito número de estados presentes”.
Não é muito simples definir alguns conceitos presentes no livro. Sempre é possível interpretar a própria presença do monstro como o resultado final da experimentação científica. Ele não tem culpa de ser o que é, mas mesmo assim é perseguido. Aqueles que o criaram, ou os homens que desenvolveram a ciência, apavoram-se diante dos resultados e culpam a criação, e não a si mesmos. E, uma vez libertado, ou seja, uma vez criado, não existe retorno possível: ele está solto no mundo, e o que deve ser transformado é a atitude, ou seja, os próprios criadores.
A história foi levada às telas com Frankenstein, O Monstro das Trevas (Frankenstein Unbound, 1990), com direção de Roger Corman, o rei dos filmes B dos anos 1960, e aqui com uma produção um pouco maior, mas que teve uma recepção péssima nas bilheterias.
O elenco tem os excelentes John Hurt, Raul Julia e Bridget Fonda, com a história seguindo de perto o original, mas sem a mesma profundidade. Ainda assim, não justifica a recepção ruim que teve com o público e com a crítica, em particular numa época em que a média dos filmes do gênero estava bem abaixo do que Corman apresentou aqui.
Segmentos de tempo alternativos também convivem com o passado, presente e futuro numa das mais radicais alterações temporais já apresentadas na literatura de ficção científica, em Tempestade no Tempo, de Gordon R. Dickson. Também é um livro que apresenta explicações a respeito do que realmente está acontecendo com a natureza do tempo-espaço praticamente incompreensíveis para leigos.
(Ilustração de Jeff Adams. Bantam Book).
O personagem Marc Despard se vê no centro dos eventos que atingem a Terra, a tempestade no tempo do título, linhas de descontinuidade temporal que se deslocam pelo planeta transformando tudo por onde passam. E o mundo está habitado por poucas pessoas, sem que se saiba se elas morreram ou simplesmente desapareceram, indo para outros tempos. A Terra torna-se um local estranho, e todo tipo de seres podem ser encontrados, assim como paisagens totalmente modificadas pelas linhas de descontinuidade. E esses seres e locais podem pertencer ao futuro ou a um passado remoto ou mesmo alternativo.
Marc não apenas foi uma das pessoas que restou no planeta como, ao deslocar-se entre as linhas, encontra outras pessoas e criaturas, e se torna aquele que será capaz de remediar a situação. Posteriormente, fica sabendo que o problema ameaça não apenas a Terra, mas o universo inteiro.
Forças militares também passaram alguns momentos difíceis com as alterações temporais. Um dos mais conhecidos foi no filme Nimitz, De Volta ao Inferno (The Final Countdown, 1980), dirigido por Don Taylor, com um elenco de estrelas como Kirk Douglas, Martin Sheen, Katharine Ross, James Farrentino e Charles Durning.
O crítico Phil Hardy disse que o filme tem todas as características de um filme feito para televisão, mas com orçamento milionário, com produção da companhia do próprio Kirk Douglas.
O imenso porta-aviões Nimitz, sob o comando de Kirk Douglas, encontra-se em manobras no Pacífico quando atravessa uma estranha tempestade e surge repentinamente em 1941, pouco antes do ataque japonês a Pearl Harbor. Seu problema é resolver se deve ou não interferir no curso da história, uma vez que seria capaz de ganhar a guerra sozinho. Mas antes que se decida, uma nova torção no tempo faz o navio retornar ao presente.
O filme teve a cooperação da Marinha dos EUA, é claro, já que o Nimitz é um porta-aviões real, e o resultado final ficou muito parecido com uma propaganda militarista, com muitas imagens de aviões e armamentos. Poderia ser uma boa história, caso fosse em frente, mas a opção de “resolver” o problema simplesmente fazendo o Nimitz retornar à sua época é muito simplista.
O Nimitz passa pela alteração temporal (The Bryna Company).
Uma novelização da história foi escrita por Martin Caidin, no Brasil publicada pela Editora Record com o título O Nimitz Volta ao Inferno (The Final Countdown, 1980). Caidin ficou mais conhecido pelo livro Perdido no Espaço (Marooned, 1964), base para o filme Sem Rumo no Espaço (Marooned, 1969), que ganhou o Oscar de Efeitos Especiais; mas principalmente como roteirista da série O Homem de Seis Milhões de Dólares (The Six Million Dollar Man, 1974/1978), por sua vez inspirada em livros de sua autoria.
Uma história semelhante é a da produção japonesa Sengoku Jietai, com direção de Kosei Saito. Já li em algum lugar que o filme japonês foi inspiração para Nimitz, mas existem discrepâncias quanto à data de produção: algumas fontes citam 1979; outras, 1981 (Também conhecido pelos títulos Time Slip e G.I. Samurai).
Seja como for, o filme traz Sonny Chiba como o tenente à frente de uma tropa com 40 homens, tanques e um helicóptero, que atravessa uma fenda no tempo e surge no Japão do século 16, diante de guerreiros samurais. O líder dos samurais convence o tenente a ajudá-lo a vencer batalhas e obter a supremacia no país, ideia com a qual ele concorda uma vez que tanto ele quanto seus soldados estão muito desanimados por estarem longe de seu próprio tempo. O tenente imagina que, alterando o rumo da história e criando um paradoxo, pode ser que eles sejam transportados de volta. No livro Japanese Cinema Encyclopedia - Horror, Fantasy, Science Fiction, os autores Thomas Weisser e Yuko Mihara Weisser dizem que “o que o líder não levou em consideração é que a História tem uma forma de reescrever a si mesma”.
Guerreiros do passado e do futuro, em Sengoku Jietai (Kadokawa Haruki Jimusho).
Phil Hardy diz que o filme não chega a ser o prazer surrealista que o enredo sugere que poderia ter sido, destacando os cortes estranhos e excessivos e uma terrível trilha sonora com rock suave ocidental. No entanto, Thomas Weisser e Yuko Mihara Weisser explicam que a versão original japonesa é mais grandiosa, com uma trilha sonora marcante e com 145 minutos de duração. Foi na versão em inglês que as coisas mudaram, com 35 minutos sendo cortados e as baladas rock sendo introduzidas na trilha sonora.
No filme Projeto Filadélfia (The Philadelphia Experiment, 1984. Também com o título Um Passo Para o Futuro), dirigido por Stewart Raffill, a Marinha dos EUA também está envolvida na alteração temporal.
A história é baseada no livro O Navio Invisível (The Philadelphia Experiment – Project Invisibility, 1979. Editora Record), de Charles Berlitz e William L. Moore, que entra aborda a suposta experiência que teria sido realizada em 1943, com o destroyer USS Eldridge tendo sido tornado invisível, teleportado da Filadélfia para Nova York, para outra dimensão e para outro tempo. O assunto sempre foi considerado nada mais do que uma das inúmeras histórias falsas que acabam ganhando a fama de verdadeiras.
Seja como for, o filme é bem interessante, imaginando que a Marinha dos Estados Unidos está realizando testes com seus navios, em 1943, para tentar torná-los invisíveis aos radares inimigos. Algo dá errado e o experimento abre um buraco no tempo, com o navio desaparecendo. Dois tripulantes, os marinheiros David Herdeg (Michael Paré) e Jim Parker (Bobby Di Cicco), vendo que algo está errado, pulam do navio, mas vão parar no ano de 1984. Nesse ano, a experiência foi realizada novamente, pelo mesmo cientista que havia tentado em 1943. No passado, o buraco no tempo se fechou, mas em 1984 ele permanece aberto, sugando a energia do planeta.
(New World Pictures/ Cinema Group/ New Pictures Group).
O filme teve uma sequência em 1993, mas que lida com universos paralelos mais do que viagens no tempo. E teve uma nova e piorada versão para a TV em 2012.
MAIS OBRAS SOBRE ALTERAÇÕES TEMPORAIS
A ÚLTIMA CIDADE DA TERRA
PASSAPORTE PARA O ETERNO
(Conto “Escape”)
PASSAGEM PARA O FUTURO (The Time Travelers, 1964)
Direção de Ib Melchior.
(Cal Cine/ Dobil Productions).
No ano de 1964, cientistas acidentalmente criam um portal no tempo e são jogados para o ano de 2079, onde encontram uma sociedade devastada pela guerra nuclear, mas que resiste bravamente aos problemas que surgiram. Vivem em túneis embaixo da terra e seu desenvolvimento científico chega a ser impressionante. Estão construindo um foguete com o qual pretendem viajar até Alpha Centauri, sendo ajudados por androides, que também combatem os inevitáveis mutantes que vivem na superfície. Uma produção modesta, porém muito interessante, com bons cenários e história bem desenvolvida.
REGRESSO AO PASSADO
TIMESLIP (1970-1971)
Criação de James Boswell e Ruth Boswell.
(ATV).
Seriado britânico para o público jovem. Duas crianças descobrem uma anomalia, chamada “barreira do tempo”, que torna possível que eles viajem no tempo, para o passado e o futuro.
VIAGEM FANTÁSTICA (The Fantastic Journey, 1977)
(Bruce Lansbury Productions/ Columbia Pictures Television).
Seriado que teve 13 episódios apresentados. Um grupo de pessoas está realizando uma viagem de barco na região do Triângulo das Bermudas quando encontra e atravessa um estranho nevoeiro esverdeado. Eles chegam a uma ilha repleta de portais para diferentes tempos, dimensões e mundos, através dos quais passam, tentando retornar ao seu próprio tempo. Uma ideia muito interessante, em produção mais do que razoável.
FORAS DA LEI (Outlaws, 1986/1987)
Criação de Nicholas Corea
(Mad Dog Productions/ Universal Television).
Seriado em que um grupo de pistoleiros veteranos é transportado no tempo quando um raio cai sobre eles, de 1886 para 1986, juntamente com o xerife que os perseguia. No futuro, dedicam-se a fazer o papel de xerifes, ajudando as pessoas de várias formas. Durou apenas 12 episódios.
O EXTERMINADOR DO PASSADO (Time Stalkers, 1987)
Direção de Michael Schultz.
(Newland/Raynor Productions Inc./ Fries Entertainment).
Feito para a TV, também apresentado com o título Manipuladores do Tempo, e baseado no livro The Tintype, de Ray Brown. William Devane é um professor universitário apaixonado pelo velho oeste que percebe uma impossibilidade numa velha foto: um pistoleiro (Klaus Kinski) que carrega uma arma moderna. Tudo se explica quando uma mulher do futuro surge em sua vida, dizendo que o homem da foto é um cientista do futuro que viajou ao passado com a intenção de alterar o rumo dos acontecimentos. Devane acaba indo ao encontro dele.
UMA LOUCA VIAGEM NO TEMPO (A Switch in Time, 1988)
Direção de Paul Donovan.
(Norstar Entertainment/ Salter Street Films International/ Shapiro-Glickenhaus Entertainment/ Simcom Limited).
O filme acabou sendo mais conhecido pelo título Norman’s Awesome Experience, para colar no sucesso de Bill & Ted’s Excellent Adventure. Três pessoas são transportadas no tempo após um experimento de um cientista ter alguns problemas. Eles vão parar na Roma antiga e usam seus conhecimentos para obter poder na sociedade. O cientista, Norman, chega a criar sua própria cidade. Em ritmo de comédia, mas fraquinho.
REVIVENTE (Replay, 1988)
Ken Grimwood.
Editora Gutenberg
O livro foi publicado no Brasil sem muito alarde e repercussão na mídia, mas teve uma boa acolhida quando lançado nos EUA. A história apresenta um homem que morre aos 43 anos de idade, mas acorda de volta ao seu corpo em 1963, com 18 anos. A partir daí, ele revive os eventos de sua vida, porém com a memória do que já tinha vivido. Ele tenta alterar alguns eventos em sua vida para impedir o ataque cardíaco que o matou em 1988, mas não importa o que faça, ele morre. E revive mais uma vez em 1963, dessa vez um pouco mais tarde, e novamente tenta impedir que sua morte ocorra em 1988, sem sucesso. Isso ocorre várias vezes, cada vez com ele acordando mais adiante no tempo.
Eventualmente, ele conhece uma mulher que está passando pelas mesmas experiências, e os dois tentam encontrar mais pessoas como eles, e até mesmo tentam chamar a atenção do governo, para que cientistas se interessem e estudem o caso.
O livro ganhou o World Fantasy Award em 1988 e foi muito bem recebido pela crítica, e com razão. É uma delícia.
OS LANGOLIERS (The Langoliers, 1990)
Stephen King.
Uma das quatro histórias publicadas em Depois da Meia-Noite. Dez passageiros a bordo de um avião dormem e, quando acordam, percebem que estão sozinhos; todos os demais desapareceram. Enquanto estavam dormindo, alguma coisa aconteceu e só eles parecem ter sido poupados. Em terra, encontram um mundo sem pessoas, talvez distorcido por alguma falha no tempo, ou então eles é que foram transformados em fantasmas, num espaço que está sendo literalmente comido por seres estranhos – os langoliers, ou como quer que os chamem – praticamente bocarras imensas que se deslocam engolindo o que encontram pela frente.
Fenda no Tempo (Laurel Entertainment Inc./ Spelling Films International/ Worldvision).
Stephen King compôs a história com sua perícia habitual, abrindo uma porta para o desconhecido, colocando um grupo de pessoas diante do inevitável confronto e aumentando o suspense ao desenvolver outros conflitos entre o grupo, enquanto eles tentam de todas as maneiras retornar ao seu mundo normal. Tudo indica que eles estão num tempo sem tempo, nem passado, nem futuro.
A história foi adaptada para uma minissérie e lançada em vídeo no Brasil com o título Fenda no Tempo (The Langoliers, 1995), com direção de Tom Holland.
CORRENDO CONTRA O TEMPO (Running Against Time, 1990)
Direção de Bruce Seth Green.
(Coastline Partners/ Finnegan-Pinchuk Productions/ MCA Television Entertainment).
Feito para TV a cabo. Um professor de história viaja no tempo para tentar impedir o assassinato de Kennedy e, consequentemente, impedir a continuação da guerra do Vietnã, na qual seu irmão morreu. Mas as coisas não saem como ele esperava. A namorada vai atrás, mas pouco consegue fazer para impedir os problemas. O cientista responsável pela máquina do tempo também resolve ir atrás dos dois para resolver a questão. Nem perto das complicações e paradoxos criados na série De Volta Para o Futuro, e ainda longe das melhores viagens no tempo da literatura de FC. Baseado no livro A Time to Remember (1986), do roteirista e produtor de cinema Stanley Shapiro, falecido no mesmo ano.
MEIO-DIA E UM (12:01 PM., 1990)
Direção de Jonathan Heap.
Kurtwood Smith (Chanticleer Films).
Sensacional curta-metragem com Kurtwood Smith, que chegou a ser indicado ao Oscar de Melhor Curta, e que chegou ao Brasil pela TV por assinatura. Foi baseado no conto com o mesmo título, de Richard Lupoff, publicado em The Magazine of Fantasy & Science Fiction, em 1973. Inicia às 12:01 horas, quando Myron Castleman (Smith, o vilão de Robocop e o pai de That '70s Show) está na rua, no meio do trânsito. Uma hora depois, ele se vê novamente no mesmo local, e repete exatamente tudo o que aconteceu antes. Ele está preso numa alteração do espaço- tempo que faz com que viva num círculo em que os eventos se repetem eternamente. Ao que tudo indica, o filme inspirou a comédia de fantasia Feitiço do Tempo. Muito bom. Foi lançado em vídeo juntamente com outros dois curtas, com o título Jornada do Desespero. O mesmo Jonathan Heap escreveu também o roteiro do filme para TV Meia-Noite e Um, igualmente inspirado no conto de Lupoff.
MEIA-NOITE E UM (12:01, 1993)
Direção de Jack Sholder.
(Chanticleer Films/ Fox West Pictures/ New Line Television).
Adaptação do curta para a TV. Jonathan Silverman é o sujeito que sofre os efeitos de uma experiência científica realizada por Martin Landau e fica preso numa dobra do tempo, vivendo sempre o mesmo dia. Na verdade, o mundo inteiro fica preso numa repetição do tempo, que sempre retorna ao mesmo momento a partir da meia-noite e um. Silverman é o único que percebe o que está acontecendo e tem de convencer a cientista envolvida no projeto do que está ocorrendo, para tentar mudar os acontecimentos. Inferior ao curta-metragem que o originou.
FEITIÇO DO TEMPO (Groundhog Day, 1993)
Direção de Harold Ramis.
Bill Murray, tentando passar a conversa em Andie MacDowell (Columbia Pictures).
Comédia, romance e fantasia, com Bill Murray como um homem do tempo que é enviado para fazer a cobertura do tradicional Dia da Marmota numa cidade da Pensilvânia, e enfrenta tudo o que pode acontecer de errado, num dia terrível. Só que, para completar a história, no dia seguinte ele acorda e é novamente o Dia da Marmota, e tudo acontece de novo. Ele se vê preso no tempo, e começa a modificar suas atitudes, até então rabugentas, primeiro aproveitando que nenhum mal pode lhe acontecer para se aproveitar das pessoas. Depois, mortalmente entediado com a repetição eterna daquele dia, chegando a se suicidar várias vezes, de diferentes formas, e sempre acordando novamente no mesmo dia. Até que se apaixona por sua produtora (Andie MacDowell) e modifica sua vida e sua relação com as pessoas da cidade que odiava. Foi um dos filmes mais bem recebidos pela crítica em 1993.
GOODNIGHT SWEETHEART (1993/1999)
Criação de Maurice Gran e Laurence Marks.
Seriado inglês da BBC. Comédia que apresenta o personagem Gary Sparrow (Nicholas Lyndhurst) que descobre um portal no tempo que o leva para a Londres da época da Segunda Guerra Mundial. Como sua vida conjugal não vai nada bem, ele começa a viver uma vida dupla, nos anos 1990 e nos anos 1940, quando conhece uma mulher por quem se apaixona. Ele aproveita seu conhecimento do futuro para obter vantagens, inclusive se fazendo passar por um compositor de sucesso, utilizando as músicas dos Beatles; e também tem sucesso com sua loja nos anos 1990, pois traz objetos do passado para vender.
A CASA DO LAGO (The Lake House, 2006)
Direção de Alejandro Agresti.
(Warner Bros./ Village Roadshow Pictures/ Vertigo Entertainment).
Refilmagem da produção da Coreia do Sul, Il Mare (2000), dirigida por Lee Hyun-seung. O filme teve sucesso relativo nas bilheterias, e nem tanto com a crítica, principalmente devido ao enredo complicado e às inconsistências da história. Keanu Reeves e Sandra Bullock são as pessoas envolvidas numa troca de correspondências por meio de uma caixa de correio numa casa à beira de um lago, na qual os dois moraram. Por algum motivo jamais explicado, eles estão separados por dois anos de diferença, mas a caixa de correio ignora o tempo, e eles se apaixonam por carta.
INVASORES PRIMITIVOS (Primeval, 2007/2011)
Criação de Tim Haines e Adrian Hodges.
(ITV Productions/ Impossible Pictures/ M6 Films/ Pro 7/ Treasure Entertainment).
Seriado britânico em que anomalias temporais surgem em vários locais da Grã-Bretanha, e através desses portais surgem criaturas do passado e do futuro, invadindo o presente. Um cientista reúne um grupo de especialistas para estudar o evento e capturar as criaturas que ameaçam a sociedade.
Em 2012/2013 surgiu Primeval: New World, dessa vez uma produção entre Canadá e Inglaterra, com ação centrada em Vancouver, e as anomalias temporais surgindo pelo Canadá. A nova série durou 13 episódios.
TRIÂNGULO DO MEDO (Triangle, 2009)
NOVEMBRO DE 63 (11/22/63)
11.22.63 (2016)
Sarah Gadon e James Franco (Carpenter B/ Bad Robot/ Warner Bros. Television).
Minissérie em oito episódios, criada por Bridget Carpenter e baseada no livro de Stephen King, com James Franco no papel principal. Ele é o professor que recebe de seu amigo uma missão fantástica: tentar impedir que o presidente Kennedy seja assassinado. O amigo, dono de uma lanchonete, lhe mostra que um depósito da lanchonete é, na verdade, um portal no tempo, levando aos anos 1960.
O livro é melhor, com personagens mais profundos e complexos, mas a minissérie não é ruim.
PRECOCE (Premature, 2014)
Direção de Dan Beers.
Katie Findlay, John Karna e Craig Roberts (FilmNation Entertainment/ Resnick Interactive Development).
A comédia é, na verdade, uma reedição da história de Feitiço do Tempo voltada para adolescentes, sem Bill Murray e sem a classe da direção de Harold Ramis. Aqui, o jovem estudante Rob Crabbe (John Karna) revive inúmeras vezes seu dia, sempre acordando em sua cama no instante em que tem uma ejaculação. Percebendo que seu dia está se repetindo, ele começa a agir de maneira alucinada, fazendo coisas que normalmente não faria. Ele só consegue sair da roda do tempo repetido quando percebe que está apaixonado por sua amiga.
ARQ (2016)
Direção de Tony Elliott.
Robbie Amell (Lost City/ XYZ Films/ MXN Entertainment/ Netflix).
Robbie Amell interpreta um cientista que inventou um aparelho chamado ARQ, que deveria ser uma máquina de movimento perpétuo, mas que na verdade está fazendo com que um mesmo período de tempo se repita. O cientista levou a máquina para sua casa e vai revivendo o mesmo período, acordando ao lado de sua ex-namorada enquanto um grupo de pessoas entra na casa para tomar o aparelho. Ele sempre é morto, mas acorda sabendo mais do que está acontecendo e em quem pode confiar.