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O escritor e editor John W. Campbell escreveu certa vez a respeito das dificuldades que se apresentam na construção de uma história de ficção científica, e entre elas ele citou a elaboração do cenário no qual a ação irá se desenrolar.
Em outras palavras, quem acompanha uma história que se passa na Terra, em uma cidade qualquer, no tempo atual ou mesmo no passado, não terá muita dificuldade em visualizar o ambiente. Mas quando se trata de compor uma história no futuro, no espaço, em uma cidade repleta de elementos que não existem em nosso mundo e em nosso momento, ou situada em um planeta desconhecido, o autor da história terá de desenvolver seu ambiente com muito mais cuidado, mais detalhes e, provavelmente, mais explicações. Qualquer que seja o mecanismo de um futuro imaginado, ele não possibilita a formação de uma imagem instantânea, da mesma forma que o meio ambiente no qual a história se desenvolve é totalmente alheio ao conhecimento do público.
Foto: FreeImages.com/ David Cowan.
Hoje em dia essa tarefa pode ser mais fácil para um escritor, uma vez que o público já vem sendo inundado pelas imagens da ficção científica durante muito tempo, em particular com os filmes e séries do gênero.
Na Introdução ao livro A Verdadeira História da Ficção Científica (The History of Science Fiction, 2016. Editora Seoman), de Adam Roberts, o escritor e crítico brasileiro Braulio Tavares lembra que “Na FC, não basta imaginar um planeta remoto ou um mundo futuro onde vigoram leis diferentes das que regem nosso planeta. É preciso projetar essas leis em formas concretas. Não importa que se trate de novas relações sociais, novos contextos e conceitos tecnológicos, naturezas diferentes, civilizações diversas: na FC, essas coisas não existem ‘em abstrato’; é preciso recriá-las visualmente. Ambientes extraordinários, criaturas bizarras, objetos inesperados – é necessário descrever tudo isso de maneira concreta”.
Foto: FreeImages.com/ Fred Fokkelman.
E é claro que, às vezes, as descrições necessárias dos planetas que surgem nas histórias são apenas superficiais, apresentando um ou outro elemento que compõe o mundo em questão para em seguida introduzir o tema central. Ou podem ser utilizados apenas como uma forma de dizer ao leitor que os personagens estão muito, muito distantes da Terra. Mas em outros momentos o planeta pode agigantar-se e fazer com que o tema gire em torno de si, como nos clássicos Duna ou Solaris.
Seja como for, a apresentação de um ou vários planetas em uma história – e também dos satélites, as luas que, frequentemente, servem de habitação às mais diversas raças – compõe um dos elementos básicos, estruturais, da ficção científica. Os planetas são tão comuns no gênero quanto as naves espaciais que levam os personagens, humanos ou não, até eles; ou quanto os extraterrestres, robôs e tantos outros elementos. Como dissemos, eles podem ser o cenário principal ou apenas um pano de fundo e, em geral, quando vistos como um subtema do gênero, eles se mesclam com vários outros subtemas, como o da vida alienígena ou o da colonização espacial, para não falar das inúmeras guerras interplanetárias ou interestelares que surgem nas histórias de ficção científica.
Nas matérias a seguir vamos observar alguns desses planetas. Não todos, é claro, porque seria praticamente impossível reproduzi-los aqui. Mas vamos tentar apresentar um cenário geral de quando e como eles surgem nas histórias de ficção científica.
Muitos planetas também são apresentados no especial Colonização Espacial.