HIMMELSKIBET (1917)
Direção de Holger Madsen.
Também conhecido pelos títulos The Airship, The Sky Ship, 400 Million Miles From Earth. Filme mudo e uma rara produção de FC vinda da Dinamarca, considerada por alguns críticos a primeira aventura espacial do cinema. Apresenta o professor Planetarios, que envia seu filho a Marte, onde ele encontra um povo pacífico. Quando retorna, traz consigo uma marciana e uma mensagem de paz de seu povo. A nave, Excelsior, mais parece um dirigível com asas, mas a mensagem que o filme tentava passar era de paz entre os povos, na época em que a Europa era devastada pela Primeira Guerra Mundial.
Abaixo: Himmelskibet (Nordisk Film).
KOSMICHESKIY REYS (1935)
Direção de Vasili Zhuravlyov.
(Mosfilm).
Também com os títulos The Space Ship e The Cosmic Voyage. O filme conta a história de um cientista que resolve construir uma espaçonave e viajar para a Lua com sua assistente, apesar de encontrar resistência por parte do governo. Segundo as informações, o ponto alto do filme são os cenários gigantescos.
DA TERRA À LUA (Rocketship X-M, 1950)
Direção de Kurt Neumann.
(Lippert Pictures).
Também com o título Expedition Moon. O título em português pode confundir com a história de Júlio Verne, mas não há relação. A produção teve que acelerar para terminar o filme, pois George Pal já estava terminando o seu Destino à Lua. A primeira expedição à Lua sai de seu curso devido a uma chuva de meteoros e vai parar em Marte. Lá, os tripulantes encontram os restos de uma civilização superior à terrestre, provavelmente vítima de um holocausto nuclear, ideia que surgiria em vários filmes da época.
Alguns marcianos sobreviveram, mas regrediram para uma civilização primitiva que ataca os integrantes da expedição. Três sobrevivem e retornam à Terra, mas ficam sem combustível, caem no planeta e morrem, em um final inesperado para os filmes do gênero, especialmente nos anos 1950.
As sequências em Marte apresentam a tintura vermelha, com bom resultado. Michael Weldon informa que, em 1978, foram realizadas novas filmagens e adicionadas ao original, com cenas a cores, e com atores vestidos como o elenco original.
Phil Hardy diz que, quando comparado a Destino à Lua, o filme é claramente mais inclinado para a space opera, mas a direção de Neumann e a fotografia de Karl Struss conseguiram criar uma “poesia pulp” que é mais memorável do que a tentativa de George Pal de fazer um filme com um aspecto de realismo documentário.
Abaixo: Da Terra à Lua, com os astronautas em Marte; e, no interior da nave, Hugh O'Brian, Osa Massen, Lloyd Bridges, John Emery e Noah Beery Jr.
DESTINO À LUA (Destination Moon, 1950)
Direção de Irving Pichel
Baseado no livro de Robert A. Heinlein, Nave Galileu (Ver a matéria A Conquista do Sistema Solar).
Abaixo: Destino à Lua (George Pal Productions).
COLISÃO DE PLANETAS (When Worlds Collide, 1951)
Direção de Rudolph Mate.
(Ver a matéria O Perigo Vem do Espaço, e da Terra).
Abaixo: Colisão de Planetas (Paramount Pictures).
VOANDO PARA MARTE (Flight to Mars, 1951)
Direção de Lesley Selander.
Como vários filmes da década de 1950, esse trabalha em torno da possibilidade de existir vida em Marte, mas com uma história bastante comum. Quando comparada a outros filmes realizados na mesma época, é uma produção fraca, mas mesmo assim com alguns cenários interessantes. Uma expedição terrestre dirige-se ao planeta vermelho, descobrindo que é habitado por uma civilização subterrânea. Os seres não apenas são iguais aos humanos da Terra, mas falam a mesma língua, ou seja, inglês. Lá, os terrestres são mantidos prisioneiros e impedidos de retornar com a notícia, mas são ajudados pela filha do chefe do Conselho Marciano, a versão extraterrestre da Democracia. Consertam o foguete inevitavelmente avariado, e retornam para casa. Diz-se que as filmagens duraram apenas 11 dias, então dá para imaginar o resultado final. O crítico Michael Weldon disse que esse foi o primeiro filme com um voo espacial filmado em cores.
Abaixo: Voando Para Marte (Monogram Pictures).
PROJECT MOONBASE (1953)
Direção de Richard Talmadge.
O roteiro é do conhecido escritor de FC, Robert A. Heinlein, e o filme foi feito a partir dos primeiros episódios da série Ring Around the Moon, que não chegou a ser apresentada. A história se passa no ano “futuro” de 1970, quando os EUA estabeleceram uma estação orbital de onde parte um foguete para a Lua. Mas um espião consegue fazer com que o foguete caia no satélite e apenas um casal sobrevive.
Abaixo: Project Moonbase (Galaxy Pictures Inc.).
SPACEWAYS (1953)
Direção de Terence Fisher.
(Hammer/ Lippert Pictures).
Em 1953, Terence Fisher ainda não tinha atingido a fama que viria principalmente com os filmes de Frankenstein e Drácula, e a produtora, Hammer, ainda estava esquentando. A produção é baseada em peça radiofônica do escritor de FC Charles Eric Maine. Um cientista é acusado de ter se livrado de sua esposa e de outro cientista, amante dela e espião russo, e ele teria conseguido isso literalmente mandando-os para o espaço. Para provar sua inocência, ele parte para o espaço com sua própria amante, para encontrar os corpos que, supostamente, estão em um satélite.
O crítico Phil Hardy diz que Fisher dirigiu o filme de forma bem criativa, escolhendo ângulos estranhos de câmera para aumentar a tensão, mas que os diálogos pobres, as cenas estáticas e os cenários sem imaginação com os foguetes – que incluem filmagens de foguetes V2 e uma cena tirada de Da Terra à Lua, não ajudam muito.
A CONQUISTA DO ESPAÇO (Conquest of Space, 1955)
Direção de Byron Haskin.
(Ver a matéria Ficção em Dose Dupla).
Abaixo: A Conquista do Espaço (Paramount Pictures).
VINTE MILHÕES DE LÉGUAS A MARTE (World Without End, 1956)
Direção de Edward Bernds.
(Ver a matéria Sem Controle).
Abaixo: Vinte Milhões de Léguas a Marte (Allied Artists Pictures).
20 MILHÕES DE LÉGUAS DA TERRA (20 Million Miles to Earth, 1957)
Direção de Nathan Juran.
Michael Weldon diz que é um dos melhores trabalhos de Ray Harryhausen, um dos mestres dos efeitos da época, com o ser que foi chamado de Ymir e que veio de carona em uma nave terrestre retornando de uma missão a Vênus. O ser reptiliano cresce rapidamente, enfrenta um elefante, mata algumas pessoas em Roma, onde a história se passa, e enfrenta os militares do alto do Coliseu. O foguete em si aparece no início do filme, e não é nada demais.
(Ver a matéria Os Invasores).
Abaixo: 20 Milhões de Léguas da Terra (Morningside Productions).
A AMEAÇA DO OUTRO MUNDO (It! The Terror From Beyond Space, 1958)
Direção de Edward L. Cahn.
(Vogue Pictures).
Também conhecido pelo título It! The Vampire From Beyond Space. Segundo se diz, esse filme inspirou a criação de Alien, O Oitavo Passageiro (Alien, 1979), de Ridley Scott. Uma nave espacial está retornando de uma viagem a Marte quando descobre que trouxe consigo uma criatura que começa a matar os tripulantes, uma espécie de vampiro marciano. Segundo o crítico Phil Hardy, o filme funciona bem até o momento final, quando o monstro finalmente aparece e percebemos que se trata de mais um sujeito vestindo uma roupa de borracha. O roteiro é do conhecido escritor de ficção científica, Jerome Bixby.
TERRÍVEIS MONSTROS DA LUA (Missile to the Moon, 1958)
Direção de Richard E. Cunha.
(Layton Film Productions Inc.).
Também com o título Míssil Para a Lua. Um filme muito, mas muito ruim mesmo. Phil Hardy disse que é uma refilmagem inferior de Mulheres-Gato da Lua (Cat Women of the Moon, 1953), que já era bem ruim, e que é mais lembrado por seu enredo e cenários extraordinariamente ineptos. Terrestres viajam à Lua e encontram uma civilização de mulheres que, nessa época, costumavam construir suas cidades por lá. Também encontram alguns seres estranhos, muito mal construídos. As mulheres da Lua são muito bonitas e solitárias. E a nave, para variar, é um foguete tradicional da época.
NEBO ZOVYOT (1959)
Direção de Aleksandr Kozyr e Mikhail Karzhukov.
Também com os títulos The Sky Calls e The Heavens Call. Segundo Phil Hardy, esse é o primeiro filme com grande produção apresentando uma viagem espacial desde Kosmicheskiy Reis, em 1935.
No futuro apresentado, o mundo está dividido em dois grandes blocos, um representado pela União Soviética e o outro pelos Estados Unidos. Ambos enviam espaçonaves para missões, e os americanos, desejosos de serem os primeiros, acabam tendo problemas. Os russos, então, abortam sua missão para salvá-los como bons camaradas que são.
Posteriormente, Roger Corman comprou os direitos do filme para os EUA e fez dele um novo e tenebroso filme, Battle Beyond the Sun, com direção do então iniciante Francis Ford Coppola (com o pseudônimo Thomas Colchart).
Abaixo: Nebo Zovyot (A.P. Dovzenko Filmstudio/ Mosfilm).
VIAGEM AO PLANETA PROIBIDO (The Angry Red Planet, 1959)
Direção de Ib Melchior.
(Sino Productions).
Também com o título Invasion of Mars. O filme conta a aventura de quatro astronautas em Marte, com a narração feita pela dra. Iris Ryan (Nora Hayden), a única sobrevivente do grupo que conta sua história sob a ação de drogas. Ao chegarem, encontraram um planeta fantástico, com florestas estranhas com plantas tentaculares e as mais variadas paisagens, desde desertos até cidades modernas com prédios altíssimos. Enfrentaram também alguns problemas, entre eles um monstro que é uma mistura de aranha com morcego.
Viagem ao Planeta Proibido é um daqueles filmes que despertaram opiniões totalmente opostas. Alguns críticos detestaram o enredo e a direção, considerando-o um dos mais ridículos espetáculos da FC do período, enquanto outras opiniões situam-no entre os mais criativos filmes de FC, principalmente no que se refere aos cenários e uso de uma coloração meio cor-de-rosa, criando um clima de fantasia poucas vezes visto e transformando o filme num trabalho surrealista. Para reforçar esse ponto de vista existe o fato de que a história é narrada pela doutora sob a ação de drogas, o que implica em uma visão alterada da realidade.
ESTRELA SILENCIOSA (Der Schweigende Stern, 1960)
Direção de Kurt Maetzig.
(VEB DEFA-Studio für Spielfilme/ Film Polski).
Também com os títulos: A Primeira Espaçonave em Vênus; Raumschiff Venus Antwortet Nicht; The Silent Star; First Spaceship on Venus; Milczaca Gwiazda; The Astronauts.
Produção conjunta da Alemanha Oriental e da Polônia, baseada em história do excepcional escritor polonês Stanislaw Lem (Astronauci, 1951). A história situa-se em um período em que o mundo vive em paz, quando cientistas descobrem uma mensagem de Vênus referindo-se a um ataque. Assim, a nave Kosmokrator 1 (ou Cosmotrator, na versão em inglês) é enviada ao planeta com uma equipe internacional de cientistas. Lá, descobrem as ruínas de uma civilização avançada que foi destruída, possivelmente por eles mesmos, devido às guerras. O crítico Phil Hardy lembra que “A mensagem pacifista está em harmonia com os filmes dos EUA que seguem o mesmo tema (apoiando campanhas para banir a bomba), como A Hora Final (On the Beach, 1959) e Além da Barreira do Tempo (Beyond the Time Barrier, 1960)”.
O diretor Maetzig foi um dos fundadores do cinema pós-guerra da Alemanha Oriental, e os efeitos especiais são considerados excelentes, do especialista Anatol Radzinowicz. Quando apresentado nos EUA, em 1963, o filme tinha 15 minutos a mais, enquanto a cópia inglesa tinha 31 minutos a menos que a americana e foi produzida pelo cineasta Hugo Grimaldi.
DESTINO: ESPAÇO SIDERAL (Assigment Outer Space, 1960)
Direção de Antonio Margheriti (com o pseudônimo Antony Daisies).
(Titanus/ Ultra Film).
Também com o título Space Men. Esse é o primeiro filme do diretor italiano Margheriti, que mais tarde também usou o pseudônimo Anthony Dawson. Ele fez tantos filmes exatamente iguais uns aos outros, no gênero FC, que muitas vezes fica difícil saber qual é um e qual é outro. Chegava a utilizar os mesmos cenários, roupas, atores e histórias, com alterações mínimas, tentando fazer com as pequenas produções o mesmo que Roger Corman fez na época, mas sem chegar sequer próximo do mestre dos filmes B. Alguns críticos, não se sabe muito bem porque, colocam Margheriti num pedestal, principalmente os europeus, realçando a imaginação dos cenários usados nos trabalhos, mas a verdade é que a pobreza é seu ponto alto, em todos os sentidos. Nesse filme, Rik Van Nutter é um repórter visitando uma estação espacial, no momento em que um foguete se dirige a Terra para destruí-la.
A nave terrestre chama-se BZ88 e, segundo se diz, é uma cópia de uma nave imaginada por Werner Von Braun e que apareceu na revista Colliers, em 1953. Posteriormente, a Walt Disney Productions utilizou uma versão modificada do foguete para o episódio Man in Space (1955) de Disneylândia (Disneyland, 1954-1991).
Abaixo: Desenho da nave, por Fred Freeman, com von Braun ao lado com um modelo do foguete; cena de Man in Space (Walt Disney Productions).
PLANETA BUR (URSS, 1962)
Direção de Pavel Klushantsev.
Também com os títulos Storm Planet, Cosmonauts on Venus e Planet of Storms.
Como costumava acontecer com os filmes soviéticos de FC do período, esse também foi comprado por um produtor americano, no caso Roger Corman, e várias cenas foram utilizadas como base para dois outros filmes, O Planeta Pré-histórico (1965) e O Planeta das Mulheres Pré-Históricas (1966), ao que tudo indica inferiores ao original, ainda desconhecido no Brasil. Três espaçonaves russas dirigem-se a Vênus e apenas duas chegam, sendo que uma desce no planeta, onde enfrenta uma série de problemas e aventuras, com seres estranhos e uma flora não menos, além de contarem com a ajuda de um robô chamado John.
Abaixo: Planeta Bur (Leningrad Popular Science Film Studio).
OS PRIMEIROS HOMENS NA LUA (First Men in The Moon, 1964)
Direção de Nathan Juran.
Uma boa aventura, ajudada em grande parte pelos efeitos do especialista Ray Harryhausen, e baseada em história de H.G.Wells, escrita em 1901. Jeffries é o tradicional professor Cavor, o inglês que conseguiu realizar a primeira viagem a Lua, enfrentando uma série de perigos, inclusive os selenitas que habitam as cavernas do satélite. Muito tempo depois, quando as Nações Unidas enviam o primeiro foguete à Lua, os astronautas encontram uma bandeira inglesa provando sua estada anterior. Na imaginação, é claro.
Abaixo: Os Primeiros Homens na Lua (Columbia Pictures Corporation/ Charles H. Schneer Productions).
O CHOQUE DOS PLANETAS (I Diafanoidi Vengono da Marte, 1966)
Direção de Antonio Margheriti (com o pseudônimo Anthony Dawson).
(Mercury Film International/ Southern Cross Feature Film Company).
Também com os títulos War of the Planets e I Diafanoidi Portano la Morte. Produção italiana do famoso diretor Margheriti, cujos filmes muitos críticos adoram, mas que são produções pobres e sem imaginação, muito parecidos uns com os outros, em particular os “efeitos especiais”, as miniaturas de naves e construções que não convenciam nem nos anos 1960. Aqui, a Terra é atacada pelos seres do título original, os “diafanoides”, seres incorpóreos de Marte. Os terrestres tentam e conseguem resistir a partir de um anel de satélites em miniatura que têm em torno do planeta.
ESTE BRAVO, SELVAGEM E VIOLENTO MUNDO (I Criminali Della Galassia, 1966)
Direção de Antonio Margheriti (com o pseudônimo Anthony Dawson).
(Mercury Film International/ Southern Cross Feature Film Company).
Também com o título The Wild, Wild Planet. Filmado ao mesmo tempo que Choque dos Planetas, o que não é muito difícil de perceber. Muitas luzes piscando, ruídos exagerados e história comum, como sempre. O sistema planetário é governado por grupos rivais. Os malvados ficam em Delphos, aonde chegam os heróis que deverão enfrentar o sujeito que está raptando e miniaturizando líderes mundiais. Margheriti tem seus seguidores na crítica cinematográfica, mas os seus filmes são realmente difíceis de engolir. Phil Hardy diz que o filme é repleto de ideias maravilhosas, algumas copiadas de outros filmes, e que se trata de um dos melhores filmes de Margheriti. Não é!
O PLANETA SANGRENTO (Queen of Blood, 1966)
Direção de Curtis Harrington.
(Cinema West Productions).
Também com o título Planet of Blood. Outro filme realizado a partir de material retirado do filme soviético Nebo Zovyot, comprado por Roger Corman. Uma vampira é encontrada em Marte e levada para uma nave espacial, onde inicia a eliminação da tripulação, como seria de se esperar de uma vampira do espaço. Ela só morre quando se corta em uma briga e sangra sem parar. Mas...deixa alguns ovinhos, que serão levados à Terra para estudos.
AMANHÃ, O ÚLTIMO DIA (Perry Rhodan: SOS aus dem Weltall, 1967)
Direção de Primo Zeglio.
(Produzioni Europee Associate/ Theumer Film/ Aitor Films/ Constantin Film/ Tritone Cinematografica).
Também com os títulos Alarm im Weltall, Quatro Ter Due Uno Morte, Mission Stardust, Orbita Mortal. Uma produção envolvendo a Alemanha Ocidental, Itália, Espanha e Mônaco. Baseado na série de FC e aventura Perry Rhodan, criada pelos escritores alemães de FC, Walter Ernsting e K.H. Scheer, com o pseudônimo Clark Darlton. Os efeitos especiais ficaram a cargo do diretor italiano Antonio Margheriti, o que não ajuda a credenciar o filme. O herói Perry Rhodan retorna à Terra com seus amigos aliens e encontra o mundo em péssimas condições devido à ação dos políticos.
2001: UMA ODISSEIA NO ESPAÇO (2001: A Space Odyssey, 1968)
Direção de Stanley Kubrick.
O filme de Kubrick, baseado no conto A Sentinela (The Sentinel, 1951), de Arthur C. Clarke, tornou-se um dos maiores clássicos do cinema de ficção científica; para alguns críticos, o maior filme do gênero já realizado. E trouxe para o universo da FC alguns elementos que se tornaram ícones, como o monólito negro e o computador HAL 9000 ou as naves que se deslocam pelo espaço sem fazer qualquer ruído.
A nave Discovery One (Metro-Goldwyn-Mayer/ Stanley Kubrick Productions).
Nos livros da série, começando com 2001: Uma Odisseia no Espaço, uma espécie de novelização do filme, expandindo a história do conto original, e com as sequências 2010: Uma Odisseia no Espaço II, 2061: Uma Odisseia no Espaço III e 3001: A Odisseia Final, Arthur C. Clarke apresentou várias naves, além da mais famosa, a Discovery One, que faz a viagem inicial a Júpiter.
A nave Tsien, que surge no livro 2010: Uma Odisseia no Espaço II, não aparece no filme. A nave é de origem chinesa e parte em direção a Júpiter, tentando chegar antes da Cosmonauta Alexei Leonov. A Tsien desce em Europa, mas é destruída pela forma de vida primitiva que está se desenvolvendo no satélite. A Leonov leva o dr. Heywood Floyd para seu encontro com a Discovery One.
Em 2061: Uma Odisseia no Espaço III, são apresentadas as naves Cosmos, Galaxy e Universe. E em 3001: A Odisseia Final, é apresentada a nave Goliath.
(Ver mais sobre os filmes na matéria A Conquista do Sistema Solar).
Abaixo: EVA, extra-vehicular activity, em 2001; Aries Ib, realizando o transporte entre a estação espacial e a Lua, em 2001; Orion III, levando os passageiros para a estação orbital, em 2001. Operada pela Pan Am; a nave Cosmonaut Alexei Leonov, aproximando-se da Discovery One, em 2010 (Metro-Goldwyn-Mayer).
GANGSTERS NA LUA (Moon Zero Two, 1969)
Direção de Roy Ward Baker.
(Ver mais na matéria A Conquista do Sistema Solar).
Abaixo: Gangsters na Lua (Warner Bros./Seven Arts/ Hammer Films).
ODISSEIA PARA ALÉM DO SOL (Doppelganger, 1969)
Direção de Robert Parrish.
Também com o título Journey to the Far Side of the Sun. Produção inglesa de Gerry e Sylvia Anderson, conhecidos pelas séries de TV com os bonecos, como Thunderbirds e Stingray, além dos seriados UFO e Espaço 1999. É um dos poucos filmes da época a abordar o tema dos mundos paralelo e, por isso, chama ainda mais a atenção. O diretor Robert Parrish já era um veterano do cinema com vários bons trabalhos, inclusive três episódios de Além da Imaginação. O personagem central é interpretado por Roy Thinnes, que tinha atingido a fama com seu papel na série Os Invasores. A história apresenta astronautas que partem da Terra em uma espaçonave para explorar um décimo planeta descoberto em uma órbita oposta à da Terra, do outro lado do Sol. Ao chegarem, percebem que se trata de um planeta exatamente igual ao nosso, com a diferença de que tudo é uma imagem ao contrário, como em um espelho. Seus amigos e conhecidos existem, lá, com personalidades opostas, e seus duplos realizam a viagem ao contrário, chegando à Terra ao mesmo tempo.
O crítico John Brosnan disse que o fato de a história ser contada em flashbacks por um personagem que está em um asilo para doentes mentais dá ao filme uma ambiguidade semelhante a de Dr. Caligari.
Os efeitos visuais são do especialista Derek Meddings, que já havia trabalhado com Gerry e Sylvia Anderson, assim como em alguns filmes de James Bond e nos três primeiros Superman (1978, 1980 e 1983).
Abaixo: Odisseia Para Além do Sol (Century 21 Cinema).
SEM RUMO NO ESPAÇO (Marooned, 1969)
Direção de John Sturges.
(Columbia Pictures/ Frankovich Productions).
Baseado no livro Perdido no Espaço (Marooned, 1964), de Martin Caidin, o filme tem a direção do veterano John Sturges, responsável por filmes como Duelo de Titãs (Last Train From Gun Hill, 1959), Sete Homens e Um Destino (The Magnificent Seven, 1960) e Fugindo do Inferno (The Great Escape, 1963). E um elenco de peso com Gregory Peck, Richard Crenna, David Janssen, James Franciscus, Gene Hackman e Lee Grant.
Premiado com o Oscar de efeitos especiais, apresenta momentos interessantes, apesar de alguns clichês. O elenco ajuda muito. Três astronautas americanos em missão em órbita da Terra não conseguem retornar por falha na aparelhagem. Condenados a morrer por falta de ar, não conseguem ajuda imediata devido a um furacão que passa por Cabo Kennedy e impede o lançamento da nave de resgate. Uma nave soviética em órbita acaba ajudando-os no exato momento em que a americana chega, mas um deles morre. Perdeu um pouco do impacto com o tempo, mas não chega a ser um filme ruim.
Phil Hardy disse que o filme dedicou muita atenção aos efeitos visuais, para convencer o público da plausibilidade da situação, e deu pouca atenção ao aspecto dramático da situação.
WAKUSEI DAISENSO (1977)
Direção de Jun Fukuda.
(Toho).
Também com os títulos War of the Planets e War in Space. Produção japonesa da Toho, geralmente tido como uma cópia de Guerra nas Estrelas, situando o início da primeira guerra interplanetária em 1980, quando OVNIs atacam a Terra. Os terrestres lançam uma nave a Vênus em missão especial, onde uma batalha deverá decidir o destino de toda a galáxia.
Phil Hardy é um dos críticos que criticam o filme pela tentativa de ganhar dinheiro com o imenso sucesso que Guerra nas Estrelas tinha obtido no mesmo ano, alguns meses antes. Hardy também informa que a espaçonave utilizada no filme recebeu o nome Uchusenkan Yamato, o mesmo nome da nave de guerra que dá nome à série anime muito popular desde sua estreia em 1974. “A tentativa de Fukuda”, diz Hardy, “permanece como uma pálida, ainda que divertida, versão em segunda mão do filme de Lucas, ao invés de uma elaboração agradável das séries de TV japonesas que se diz terem parcialmente inspirado o filme de Lucas”.
Thomas Weisser e Yuko Mihara Weisser (em Japanese Cinema Encyclopedia) concordam que o filme utiliza efeitos especiais similares, ainda que mais baratos, e personagens muito próximos aos do filme de George Lucas. “Mas o enredo”, dizem, “fraco como é, cobre um novo terreno. Apenas não o faz muito bem”.
TEST PILOTA PIRXA (1979)
Direção de Marek Piestrak.
Também com os títulos Test Pilot Pirx, The Test of Pilot Pirx, Doznaniye Pilota Pirksa. Produção conjunta da Polônia e União Soviética. O filme é baseado nos contos do escritor polonês Stanislaw Lem com o personagem Pilot Pirx, que começaram a ser publicadas em 1965. Aqui, tudo indica que segue o conto The Inquest (no original: Rozprawa, 1968).
O filme recebeu o Asteroide de Ouro no Festival de Trieste de FC, em 1979, e apresenta Pirx, um piloto espacial enviado em uma missão a Saturno, com uma tripulação composta por humanos e robôs, sendo praticamente impossível diferenciar uns dos outros.
Abaixo: Test Pilota Pirxa (Przedsiebiorstwo Realizacji Filmów "Zespoly Filmowe"/ Filmistuudio ''Tallinnfilm''/ Dovzhenko Film Studios).
JORNADA DELTA 3 (The Shape of Things to Come, 1979)
Direção de George McCowan.
Também com o título H.G. Wells' The Shape of Things to Come. Apesar do título, não tem relação com a história de H.G. Wells. Uma guerra nuclear destruiu a Terra e a base lunar passa a ser o último refúgio da humanidade, ameaçada pelo maléfico imperador interpretado por Jack Palance. Os que resistem às suas investidas são ajudados por robôs. Produção canadense para um filme tenebroso.
Abaixo: Jornada Delta 3 (SOTTC Film Productions Ltd./ CFI Investments).
SATURNO 3 (Saturn 3, 1980)
Direção de Stanley Donen.
(Ver a matéria A Conquista do Sistema Solar).
Abaixo: Saturno 3 (ITC Films/ Elliott Kastner Productions).
SOLAR CRISIS (Solar Crisis, 1990)
Direção de Richard C. Sarafian (com o pseudônimo Alan Smithee).
(Asahi Breweries/ Gakken Co. Ltd./ Japan America Picture Company/ Lotte Company).
A produção conjunta do Japão e EUA tem Tim Matheson, Charlton Heston, Peter Boyle e Jack Palance no elenco, e nada disso ajuda. No ano 2050, um problema no Sol ameaça a existência da Terra. A nave espacial Helios é enviada em missão especial para tentar solucionar o problema, levando a bordo uma bomba de antimatéria. Um grupo da Terra planeja sabotar a missão. O filme é baseado no livro Crisis 2050, de Takeshi Kawata. Alguns bons efeitos e a boa concepção futurista de Syd Mead, mas com uma história que não acompanha o visual.
O ENIGMA DO HORIZONTE (Event Horizon, 1997)
Direção de Paul Anderson.
No ano 2047, uma missão de salvamento é enviada além da órbita de Netuno para recuperar a nave experimental Event Horizon, que estava desaparecida, mas reapareceu repentinamente. Junto com a equipe vai o cientista responsável por sua construção. A nave foi projetada para realizar uma viagem instantânea através do espaço, criando uma ruptura na estrutura do espaço-tempo. Mas algo saiu errado e ela viajou para outra dimensão, onde encontrou o mal absoluto. Em seu retorno, com toda a tripulação morta violentamente, trouxe junto uma inteligência; de certa forma, a própria nave se tornou essa inteligência maléfica. A ideia da viagem é interessante, os efeitos são muito bons, mas o desenvolvimento da trama deixa a desejar. A noção do mal habitando outra dimensão é interessante – Lovecraft utilizou-a muito bem em seus livros – mas também não foi bem trabalhada.
Abaixo: O Enigma do Horizonte (Golar Productions/ Impact Pictures/ Paramount Pictures).
PIRATAS DO ESPAÇO (Space Truckers, 1996)
Direção de Stuart Gordon.
(Goldcrest Films International/ Peter Newman/Interal/ Irish Film Industry/ Pachyderm Productions).
No original, “caminhoneiros do espaço”. Futuro indeterminado, com Dennis Hopper fazendo seu papel típico de individualista anárquico, um piloto de nave espacial em choque com uma companhia poderosa. Ao levar uma carga desconhecida para a Terra, ele, seu sócio e a noiva são capturados por piratas espaciais liderados por um gênio que pertencia à companhia e que inventou robôs poderosíssimos, invenção roubada pelo dono da empresa e que agora pretende usar para dominar a Terra. Após alguns fracassos na área da fc, Stuart Gordon tenta mais uma vez, mas sem atingir a mesma qualidade de, por exemplo, Re-Animator. Ainda assim, tem momentos engraçados.
MISSÃO MARTE (Mission to Mars, 2000)
Direção de Brian De Palma.
Como quase sempre ocorre com os filmes de Brian de Palma, parte da crítica adorou e parte odiou o que ele pretendeu que fosse um filme de fc sem os clichês do gênero. Alguns chegaram a dizer que o filme misturava 2001, Contato, O Segredo do Abismo, Apolo 13 e Contatos Imediatos. A história tem início em 2020, quando a NASA se prepara para a missão que levará astronautas a Marte pela primeira vez. O centro das atenções é a planície de Cidonia, onde na época se dizia que existia o rosto de um ser esculpido na rocha. O primeiro grupo a chegar tem problemas, e um grupo de resgate é enviado, descobrindo que o “rosto de Marte” realmente existe, e descobrindo o seu segredo.
Uma das críticas mais severas ao filme refere-se ao suposto ambiente “espiritualista” criado, especialmente nas considerações finais, o que é um exagero. Não há dúvida de que existe uma sensação de reverência por parte dos astronautas, e não é para menos diante das descobertas que fazem. As críticas são injustas. É claro que não se trata de um filme fora de série e muito longe de trazer uma transformação no gênero, como ocorreu com 2001. Mas é um filme muito legal.
Abaixo: Missão Marte (Touchstone Pictures/ Spyglass Entertainment/ Red Horizon Productions/ The Jacobson Company).
O PLANETA VERMELHO (Red Planet, 2000)
Direção de Antony Hoffman.
O “outro” filme sobre Marte do ano, e muito inferior ao de Brian De Palma. Num futuro em que a Terra está agonizando, os terrestres pensam em estabelecer uma colônia em Marte, e uma missão é enviada até lá. No planeta vermelho, as coisas não saem exatamente como o planejado, com equipamentos dando problemas e os astronautas tendo de enfrentar suas dúvidas a respeito do universo. Além do que, percebem que o governo ocultou algumas informações sobre Marte e que suas vidas estão em perigo. A verdade é que não são apenas os equipamentos que não funcionam: o filme é muito ruim, repleto de clichês do gênero e totalmente previsível.
Abaixo: O Planeta Vermelho (Warner Bros./ Village Roadshow Pictures/ NPV Entertainment/ The Canton Company/ Mars Production Pty. Ltd.).
SUNSHINE – ALERTA SOLAR (Sunshine, 2007)
Direção de Danny Boyle.
(DNA Films/ Ingenious Film Partners/ Moving Picture Company/ UK Film Council).
Filme badalado pela crítica, tanto pela presença de Danny Boyle na direção quanto pela história do escritor e diretor Alex Garland. A história começa em 2057, quando o Sol está morrendo e a Terra esfriando perigosamente. Para tentar resolver o problema, a espaçonave Icarus II é enviado ao Sol, após o fracasso da Icarus I, com uma gigantesca bomba nuclear que, espera-se, faça o Sol voltar a funcionar apropriadamente. A nave tem uma equipe de oito pessoas e a viagem envolve uma série de dificuldades, o que inclui desavenças entre os tripulantes e o capitão da primeira nave que é encontrado ainda vivo e enlouquecido, dizendo ter recebido uma mensagem de Deus para enviar toda a humanidade para o Paraíso. Apesar das boas críticas e ótimos efeitos visuais, o filme é bem chatinho.
Abaixo: Sunshine – Alerta Solar.
VIAGEM À LUA DE JÚPITER (Europa Report, 2013)
Direção de Sebastián Cordero.
O relato do título original refere-se às informações gravadas pela tripulação da nave espacial em missão à lua de Júpiter, Europa. A tripulação internacional pretende verificar a possibilidade da existência de vida em Europa, mas a expedição é repleta de problemas. Não apenas perdem um tripulante durante um conserto externo da nave, como perdem o contato com a Terra.
(Wayfare Entertainment/ Misher Films/ Start Motion Pictures).
As filmagens referentes a tudo o que eles encontraram são apresentadas posteriormente, na Terra, pelo centro de controle da missão, depois das comunicações terem sido reestabelecidas e as imagens enviadas à Terra.
Eles conseguem descer em Europa, apesar de estarem no local errado, e iniciam suas explorações, com resultados inesperados e ainda mais problemas sendo enfrentados. A tripulação não sobrevive, mas a Terra fica sabendo que não estamos sozinhos, e tudo o que se imaginava a respeito da vida em nosso sistema solar terá de ser repensado.
O filme segue a linha de produções mais realistas a respeito da exploração espacial, na tradição de 2001 – Uma Odisseia no Espaço. A relação com a história de Arthur C. Clarke fica mais evidente se considerarmos que ele fez referência direta a Europa, quando a mensagem alienígena diz que não devemos tentar descer no satélite jupiteriano.
Certamente não é daqueles filmes de fc que atraem multidões, e não atraiu mesmo. O ritmo não é o das aventuras com porradas, que comandam a produção do gênero atualmente, mas sem dúvida é um filme inteligente, bem feito e agradável.
Abaixo: Viagem à Lua de Júpiter.
PERDIDO EM MARTE (The Martian, 2015)
Direção de Ridley Scott.
O filme é baseado no best-seller Perdido em Marte, de Andy Weir, a respeito do astronauta que é deixado sozinho em Marte, considerado como morto, e que faz de tudo para sobreviver utilizando seus conhecimentos científicos e, ao mesmo tempo, encontrar uma forma de dizer à Terra que ainda está vivo, e esperar que a equipe que estava com ele em Marte, e que agora retorna à Terra na espaçonave Hermes, possa retornar para salvá-lo.
Matt Damon interpreta Mark Watney, o astronauta “marciano”, com menos humor do que o personagem do livro, mas o filme tem a vantagem de não apresentar tantos detalhes e descrições técnicas e científicas quanto o livro.
Abaixo: A espaçonave Hermes em Perdido em Marte (Twentieth Century Fox/ TSG Entertainment ).
AD ASTRA: RUMO ÀS ESTRELAS (Ad Astra, 2019)
Direção de James Gray.
Brad Pitt interpreta o astronauta Roy McBride, que recebe a missão de tentar localizar seu pai, o cientista Clifford McBride (Tommy Lee Jones), que desapareceu quando estava em uma missão nas proximidades de Netuno, procurando evidências de vida extraterrestre.
(New Regency Pictures/ Bona Film Group/ Keep Your Head/ MadRiver Pictures/ Plan B Entertainment/ RT Features/ Regency Enterprises/ Twentieth Century Fox).
Quando Roy é chamado pelo Space Com, o comando espacial dos EUA, todo o sistema solar está ameaçado por ondas de energia devastadoras que, segundo se acredita, têm origem nas experiências do pai do astronauta, que ainda deve estar vivo.
Em geral, o filme teve uma boa recepção pela crítica, mas é arrastado e totalmente centrado no personagem de Brad Pitt e seus problemas psicológicos que, acredita-se, remontam ao seu relacionamento com o pai.
Essa é, provavelmente, a mais longa e certamente a mais cara sessão de psicanálise de todos os tempos, envolvendo a viagem de Roy McBride da Terra à Lua, dali para Marte e, então, para Netuno, com várias mortes pelo caminho.
Abaixo: Ad Astra.