O Pink Floyd, em show de 1973, nos EUA (Foto: Erik Calonius/ National Archives at College Park).
Uma característica importante do rock nos anos 1970 foi o surgimento, em particular na Europa, de uma série de bandas enquadradas na denominação geral de “rock progressivo”. É uma classificação bem aleatória, uma vez que tinha entre seus representantes bandas de rock com as mais variadas influências – jazz, música erudita, funk, música medieval e ainda mais – e com as mais variadas origens e propostas.
É comum analistas e historiadores do rock apresentarem o Pink Floyd como uma das primeiras bandas a abrir caminho para o rock progressivo, provavelmente ao mesmo tempo em que Soft Machine e Moody Blues. Em seu livro Beyond and Before: Progressive Rock Since the 1960s (2011), Paul Hegarty e Martin Halliwell citam The Beatles, The Beach Boys, The Doors, The Pretty Things, The Zombies, The Byrds, The Grateful Dead e Pink Floyd como precursores do rock progressivo. E outros pesquisadores citam ainda mais influências.
Seja como for, a difusão de um tipo de rock mais experimental e aberto a outros ritmos e formas musicais foi rápida em toda a Europa. Em 1969, por exemplo, formava-se a banda francesa Magma, a banda multinacional Gong, também sediada na França, enquanto os ingleses do Nektar estabeleciam sua base de operações na Alemanha, país onde também surgia a banda Can. E na Inglaterra elas proliferaram.
E, como não podia deixar de ser, muitas dessas bandas tiveram a ficção científica como inspiração, ou para a composição de algumas músicas, ou para toda sua produção musical, como no caso da francesa Magma.
Segundo Adam Roberts e Charles Shaar Murray, o rock progressivo, ou prog rock, foi um fenômeno principalmente dos anos 1970, com bandas “(...) apreciadoras de canções muito longas, musicalmente complexas e liricamente pretensiosas que, frequentemente, inspiravam-se na FC. (...) parte do apelo do ‘prog’ é sua forma hospitaleira de construir mundos, a criação de textos com elementos de ficção científica ou de fantasia que os ouvintes podem explorar, nos quais podem se perder e, de certa forma, habitar. A música do Yes, associada à paisagem alienígena da arte de Roger Dean que ilustra as capas de seus discos, é um bom exemplo disso”.
Gilli Smyth e Daevid Allen, com o Gong, em 1974 (Foto: Tim Duncan/ Wikimedia).
O Gong certamente está entre os principais grupos que surgiram na Europa nessa época, ainda que jamais tenha atingido o mesmo status das grandes bandas britânicas. Tinha influências musicais variadas e elaborou uma mitologia própria complexa misturando ficção científica com pensamentos espirituais.
Foi formado pelo guitarrista australiano Daevid Allen e pela inglesa Gilli Smyth, na França. Allen foi um dos fundadores do Soft Machine, em 1966, e estava impedido de reentrar na Inglaterra após uma turnê, com seu visto tendo expirado. Smyth também estava em Paris, lecionando na Sorbonne, mas a fundação do Gong em 1967 foi interrompida pelas manifestações de 1968, após as quais Allen e Smyth fugiram para a ilha de Majorca, na Espanha.
De volta a Paris, eles seguiram com a ideia da banda e, em 1969, gravaram seu primeiro álbum, Magick Brother, lançado em 1970 e às vezes apresentado com o título Magick Brother/ Mystic Sister. No álbum, além dos dois fundadores, participam Didier Malherbe (flauta e sax) e Rachid Houari (bateria).
Adam Roberts disse que o álbum tem uma vibração particularmente mágica e, sem dúvida, sonhadora, inaugurando a chamada “mitologia Gong”, apresentando o ser do espaço, uma fada ou duende, que viajou à Terra a partir de seu mundo, o Planeta Gong, para poder cantar “canções verdes”.
O segundo disco, Camembert Electrique (1971), não faz parte da série mais famosa referente ao planeta Gong, mas traz a música Radio Gnome, relacionada às aventuras alienígenas na Terra. O terceiro álbum, Flying Teapot (1973), é o primeiro da trilogia (posteriormente, quadrilogia) chamada Radio Gnome Trilogy, ou Radio Gnome Invisible Trilogy. Nesse terceiro disco já participa o guitarrista inglês Steve Hillage, além de vários músicos convidados. A trilogia seria completada com Angel’s Egg (1973) e You (1974), com a presença do baterista Pierre Moerlen, que teria bastante influência no grupo e chegaria a ter sua própria versão do Gong, do baixista Mike Howlett e da percussionista Mireille Bauer. A quadrilogia só seria completada em 2009, com o disco 2032.
Como Adam Roberts diz, a trilogia explica a história da fada maconheira (em inglês, pothead) em detalhes, e é uma mistura de história fantástica idiota com elementos mais relacionados à ficção científica. Claro que o “idiota” fica por conta de Roberts e, de qualquer forma, musicalmente o Gong é excepcional. “Inclui”, diz Roberts, “voos entre a Terra e o Planeta Gong, tanto por meio de espaçonaves como por êxtase induzido por drogas”, o que envolve também voos nos bules de chá mágicos citados no título do terceiro álbum da banda. “Um desconcertante conjunto de personagens vem e vai, e a linha narrativa não é das mais fáceis de seguir, embora no centro esteja uma figura chamada ‘Zero o Herói’, cujo destino é ativar o ‘terceiro olho’ de cada habitante da Terra transmitindo a música alienígena do Gong por meio da Invisible Opera Company of Tibet”.
Steve Hillage, com o Gong, em 1974 (Foto: Tim Duncan/ Wikimedia).
A partir de 1974 o Gong tomou direções diversas. Daevid Allen disse que “um campo de força invisível” impedia que ele continuasse tocando com o grupo, e ele saiu, juntamente com Gilli Smyth. O baterista Pierre Moerlen formaria uma nova encarnação, pouco relacionada com os trabalhos anteriores. Smyth e Allen lançariam um álbum ao vivo, Floating Anarchy (1977) com o nome Planet Gong, e com Allen apresentando-se com o nome Dingbat Alien; e Gong Est Mort, Vive Gong (1977), também gravado ao vivo e do qual participam Pierre Moerlen, Steve Hillage, Didier Malherbe e Mike Howlett. E os dois fundadores também se apresentaram com os nomes Mother Gong, Daevid Allen’s Gong, Classic Gong, Acid Mothers Gong e The Invisible Opera Company of Tibet, nome tirado da trilogia Radio Gnome.
Em 1992, Daevid Allen lançou Shapeshifter, retomando o nome Gong e sem a presença de Gilli Smyth; o personagem Zero retorna como centro das músicas e, no final, ele morre. Em 2000, foi a vez do álbum Zero to Infinity, que narra a viagem do espírito de Zero em direção ao cosmo. E no álbum 2032 boa parte dos músicos originais retorna para contar a história do encontro final entre a Terra e o planeta Gong, na data mencionada.
O Magma, fundado pelo baterista Christian Vander em 1969, é um caso à parte, tanto pelo fato de ter inventado um idioma quanto por ter desenvolvido uma história de fc que se estendeu por alguns discos do grupo. Segundo Jason Heller, “(...) Vander inventou toda uma cosmologia sci-fi a partir do nada. Junto disso, ele inventou um idioma completo, batizado de Kobaïan, a partir do mundo alienígena que ele concebeu para o cenário de suas canções, Kobaïa”.
O primeiro disco, Magma (1970), posteriormente rebatizado como Kobaïa, foi chamado por Heller de uma alegoria emocionante. “Nele”, diz Heller, “nossa civilização avançou imensamente ao longo dos séculos. Mas apesar de todo seu domínio de tecnologia e viagem espacial, seu coração espiritual tornou-se vazio. Semelhante ao êxodo que Paul Kantner descreveu em Blows Against the Empire, os humanos partem em uma espaçonave com o objetivo de encontrar um mundo mais esclarecido – no caso, Kobaïa. A história continuou ao longo dos álbuns seguintes do Magma, mas eventualmente Vander soltou uma grande revelação: Kobaïa não era um mundo alienígena, afinal. ‘Nós batizamos aquele outro mundo de Kobaïa. Mas, recordando isso, hoje, Kobaïa refere-se à Terra...Nós estávamos descobrindo que, na verdade, estávamos falando sobre a história do planeta Terra’. É uma reviravolta que lembra o episódio de Além da Imaginação, de 1960, Atirei Uma Flecha no Ar (I Shot an Arrow Into the Air), no qual astronautas fazem um pouso de emergência em um asteroide árido, para apenas mais tarde descobrirem que estão no deserto de Nevada”.
Maxim Jakubowski também cita, entre as bandas francesas, o grupo Heldon, liderado pelo guitarrista Richard Pinhas. Segundo o crítico, a banda deve muito a Norman Spinrad e a Philip K. Dick, “(...) cujos romances são explicitamente ilustrados nos álbuns tensos e repetitivos”. O nome Heldon foi tirado do livro de Norman Spinrad, O Sonho de Ferro (The Iron Dream, 1972. Mais sobre o livro em Os Mundos Alternativos), situado em um mundo alternativo no qual Hitler não se torna o líder nazista, mas um escritor que publica o livro “O Senhor da Suástica”, com ação centrada no país imaginário chamado Heldon.
Os discos realmente têm músicas com títulos como Ubik, como o livro de Philip K. Dick, ou Mutant Monkey, ambas no álbum Only Chaos Is Real (2001); ou Les Soucoupes Volantes Vertes (Os Discos-Voadores Verdes), Le Retour des Soucoupes Volantes e Le Fils des Soucoupes Volantes, no álbum Interface (1977); Dr. Bloodmoney (provavelmente como o livro de Philip K. Dick, Depois da Bomba [Dr. Bloodmoney], 1965. Ver mais em O Que Fazer Depois do Fim do Mundo), do álbum Third – It’s Always Rock and Roll (1975); ou Back to Heldon, em seu disco de estreia, Électronique Guérrilla (1974). Mas como a música é basicamente instrumental, as referências ficam um tanto vagas.
Em 1978, Richard Pinhas lançou o disco Chronolyse, como um álbum solo, e diretamente inspirado pelo livro Duna, de Frank Herbert. Os títulos das músicas são bem claros a esse respeito: Variations Sur le Theme de Bene Gesserit (variações sobre o tema das Bene Gesserit), Duncan Idaho e Paul Atreides, todas personagens importantes da história clássica de Herbert. Ele foi acompanhado pelo baixista Didier Batard e pelo percussionista François Auger.
Pinhas foi bastante influenciado pelo guitarrista Robert Fripp, do King Crimson – em seu segundo álbum, Heldon II – Allez Teia (1975), a primeira música chama-se In the Wake of King Fripp; mais específico do que isso impossível. Mas também nota-se a influência de música eletrônica em geral, com muita utilização de sintetizadores, ou das colaborações entre Fripp e Brian Eno, às vezes lembrando mais as “viagens” do grupo alemão Tangerine Dream.
E por falar em alemães, a banda Amon Düül II foi considerada por vários críticos de rock como uma das responsáveis pela onda de grupos da Alemanha, no que foi chamado de krautrock, mais uma denominação genérica abordando vários tipos diferentes de música, incluindo as bandas Neu!, Can, Kraftwerk, Tangerine Dream, Ash Ra Tempel, Popul Vuh e Faust.
A banda Amon Düül II surgiu da comunidade artística Amon Düül, em Munique, e foi fundada por Chris Karrer, Dieter Serfas, Falk Rogner, John Weinzierls e Renate Knaup-Krötenschwanz. Em seu disco de estreia, Phallus Dei (1969), teve a presença de Peter Leopold na bateria e Dave Anderson no baixo. Jason Heller lembra a passagem do baixista inglês Dave Anderson pela banda, antes de juntar-se ao Hawkwind, dizendo que ele ajudou a evocar uma constelação de ritmos influenciados pelo Pink Floyd e a tecer o objetivo de levar o ouvinte a outros lugares e tempos. Heller lembra que o crítico Lester Bangs comparou o Amon Düül à escrita de William S. Burroughs.
Jason Heller diz que em seu disco de 1971, Tanz der Lemminge, o Amon Düül II traz uma música mais diretamente inspirada pela fc, em H.G. Wells’ Take-Off. No disco Vive La Trance (1973), destaca-se a música Apocalyptic Bore, com referência a UFOs e à possibilidade de explorar o passado devido à invenção dos robôs “tempo-contínuo”. E seu álbum Hijack (1974) inclui as músicas Explode Like a Star e Archy the Robot, este último um homem mecânico que luta e vence o mal.
Outro grupo importante no desenvolvimento do rock alemão, o Can, teve sua passagem pela ficção científica. Formado em 1968 por Holger Czukay, Irmin Schmidt, Michael Karoli e Jaki Liebezeit, além do vocalista americano Malcolm Mooney (depois de 1970, Damo Suzuki), o Can “insinua-se na direção das paisagens sci-fi”, como disse Jason Heller, em seu quarto álbum, Future Days (1973).
O ano de 1968 também viu nascer a banda alemã Guru Guru, que “(...) prestou homenagem à vida extraterrestre em 1970 e 1971”, disse Heller, “com suas canções UFO e Spaceship – a última contendo o que soava como transmissões de rádio assustadoras despedaçadas por estática, assim como passagens ambientais que poderiam ser as vozes de quasares curiosos. Ou, pelo menos, os efeitos sonoros de um filme B transformado em prog”. Heller também cita a banda alemã Dzyan, geralmente mais associada ao jazz-rock, com seu disco de 1973, Time Machine, totalmente instrumental, “(...) mas seus ritmos enganadores e mutáveis metaforicamente descrevem a confusão espantada e a revelação da viagem no tempo. De forma semelhante, Humanoid Robot Show, de 1973 (do álbum Full Horn), da banda alemã Cornucopia, surge como um pesadelo distorcido de alguma invasão androide”.
O grupo alemão Tangerine Dream, formado por Edgar Froese em 1967, foi um dos principais influenciadores da música eletrônica. E apesar das músicas longas e instrumentais, muitas vezes associadas pela crítica ao “space rock”, não são muitas composições ligadas à ficção científica. A banda teve várias formações, a mais conhecida possivelmente sendo com Froese, Christopher Franke e Peter Baumann.
Adam Roberts destaca o segundo álbum, Alpha Centauri (1971), no qual Froese desenvolveu o que chamou de Komische musik. “Os títulos das faixas (Sunrise in the Third System; Fly and Collision of Comas Sola; Alpha Centauri)”, diz Roberts, “nos ensinam a ler a música como uma narrativa de uma jornada através do espaço”. E o disco seguinte, Zeit (1972), “(...) é um álbum mais lento e mais atmosférico”, diz Roberts, “uma composição inspirada na viagem no tempo, que foca na proposta da viagem no tempo em si de preferência a destinos históricos ou futurísticos”.
Jason Heller também fala sobre Alpha Centauri, dizendo que a composição instrumental transformou Alpha Centauri, a estrela mais próxima do nosso Sol, em um objeto de culto, usando seus sintetizadores para “(...) produzir a mais convincente metáfora musical para o espaço exterior, até então”.
Klaus Schulze, que tocava tanto no Ash Ra Tempel quanto no Tangerine Dream nos anos 1970, também fez sua viagem musical pela ficção científica com seu segundo disco, Cyborg (1973), refletindo o gosto declarado do músico pela ficção científica. Jason Heller diz que ele se baseia em uma visão clássica do gênero referente a híbridos de humanos e androides, com músicas como Chromengel (anjo de cromo) e Neuronengesang (neuro-canção), que “(...) foram escritas e gravadas basicamente em sintetizadores, evocando uma simbiose entre o instrumento e seu operador em um futuro distante. Como o próprio Schulze disse, o sintetizador é ‘um parceiro de diálogo para o músico’, e quando o está tocando, ‘você deve ser simultaneamente racional e emocional’.”
Heller diz ainda que Schulze nomeou alguns de seus trabalhos a partir de seus livros favoritos, encenando apresentações ao vivo de peças com os títulos The Andromeda Strain (a partir do livro de Michael Crichton, O Enigma de Andrômeda) e Make Room! Make Room! (a partir do livro de Harry Harrison, À Beira do Fim. Ver mais em Gente Saindo Pelo Ladrão). Em 1976, ele teve participação no álbum Go, do grupo com o mesmo nome, formado por Steve Winwood, Stomu Yamashta e Michael Shrieve, que traz as músicas Space Theme, Space Requiem e Space Song. Segundo informa Heller, no ano seguinte “(...) Schulze começou a organizar concertos em locais nos quais ele sentia serem bem mais propícios para sua música do que salas de concerto: planetários”.
A capa de Dune foi elaborada pelo próprio Schulze, fotografando uma cena do filme Solaris, na televisão.
Em 1979, Schulze lançou o álbum Dune, baseado no livro Duna de Frank Herbert e, apesar de não ter sido utilizado na trilha sonora do filme de David Lynch, ele “(...) mantém-se como uma impressionante interpretação sônica de um dos textos mais amados da fc”, como disse Heller. E, no mesmo ano, Schulze lançou outro disco de ficção científica, Time Actor, no qual usou o pseudônimo Richard Wahnfried, com histórias referentes a invenções e viagem no tempo.
Em 1969, surgia outra banda alemã com bastante influência da ficção científica: Eloy. Fundada pelo guitarrista, cantor e compositor Frank Bornemann, a banda teve nome inspirado pelos Eloi, personagens do clássico A Máquina do Tempo, de H.G. Wells. O disco de estreia, em 1971, tem o nome da banda e uma música também chamada Eloy. O segundo disco, Inside (1973), também tem a longa faixa Land of No Body, ocupando todo o lado 1, com a história de um êxodo interplanetário; “(...) é sobre escapar de nosso planeta moribundo na esperança de que uma colônia em um novo mundo possa mostrar-se mais avançada e esclarecida”, disse Jason Heller. Adam Roberts disse que a música é sobre inteligências incorpóreas deixando a Terra para explorar o espaço. O lado 2 do disco traz a música Future City, “(...) um aviso sobre alienação urbana e superpopulação”.
O disco de 1974, Floating, traz a longa faixa The Light From Deep Darkness que, Segundo Roberts, “(…) delineia escalas de tempo cósmicas”.
A partir dessa data, o Eloy produziu uma série de discos conceituais, alguns voltados para a ficção científica, outros com uma mistura de gêneros, mas tendendo mais para a fantasia. Em Power and the Passion, por exemplo, é contada a história do filho de um cientista que usa uma droga que o leva à Paris do ano 1358. Poderia entrar na linha de muitas histórias do gênero utilizando drogas, mas a forma pela qual o personagem retorna ao seu tempo é por meio das artes mágicas.
Adam Roberts ressalta o álbum Ocean (1977), considerado por muitos seu melhor trabalho e um sucesso de vendas, dizendo que é uma adaptação com características de ficção científica do mito da Atlântida. E o disco Planets (1982) “(...) dramatiza uma batalha entre o Bem e o Mal no ‘planeta Salta, no sistema solar de Hel’, história que teve sequência no disco Time to Turn (1982).
O Eloy separou-se em 1984, mas retornou em 1988 com o álbum Ra, com as músicas Voyager of the Future Race, que traz uma história admonitória sobre um tratamento para imortalidade, e Invasion of a Megaforce, imaginando um futuro um tanto sombrio para o planeta. O tema de uma catástrofe ecológica seria desenvolvido no disco The Tides Return Forever (1994). E, em 1998, surgiria Ocean 2: The Answer, uma sequência ao álbum Ocean.
Outro grupo ligado ao rock progressivo foi o Nektar, formado por músicos ingleses, porém sediado na Alemanha, começando seus trabalhos em 1969 com Roye Albrighton, Allan Freeman, Derek Moore e Ron Howden, além de considerar os artistas Mick Brockett e Keith Walters como integrantes da banda, responsáveis pela iluminação e efeitos especiais.
Seu primeiro disco, Journey to the Centre of the Eye (1971), segundo Jason Heller, é um dos primeiros álbuns do rock com um conceito de ficção científica, “(...) narrando uma viagem de um astronauta a outra galáxia, com alteração de consciência, após ele ser abduzido por aliens quando se dirigia a Saturno”. Adam Roberts diz que a viagem é para outra dimensão, a partir da qual o astronauta pode testemunhar a destruição nuclear da Terra.
O Nektar teria sucesso comercial com seu disco Remember the Future (1974), outro disco conceitual sobre um jovem cego que entra em contato com um extraterrestre chamado Bluebird. Como em seu primeiro disco, os dois lados compõem uma única música e história. Segundo Jason Heller, no disco “(...) o grande maquinismo do espaço-tempo em si torna-se o instrumento, refletindo o tipo de ‘astrofísica-encontra-metafísica’ apresentada por escritores como Arthur C. Clarke e Roger Zelazny”.
Adam Roberts diz que talvez o melhor disco do Nektar seja Recycled (1975), que ele considerou um conceito musicalmente hábil, inspirado pelo movimento ambientalista nascente nos anos 1970, e que profetizava um mundo futuro desgastado e poluído no qual apenas a energia reciclável estaria disponível para a humanidade. Para Jason Heller, as faixas Cybernetic Consumption e Automaton Horoscope mostraram que o prog ainda tinha muito a dizer por meio da ficção científica. Para a maioria dos fãs, eu imagino, Remember the Future continua imbatível.