Existem centenas, talvez milhares de histórias de ficção científica que apresentam os planetas e satélites do sistema solar como centro de seus enredos. Às vezes, mostrando um sistema já totalmente colonizado e com uma avançada exploração mineral e comercial, outras vezes ainda em seus estágios iniciais; às vezes, convivendo pacificamente, outras, entrando em choque violento devido a interesses conflitantes.
Uma parte dessas histórias já foi apresentada e comentada no especial Colonização Espacial, como citado na primeira matéria. Aqui, mostramos apenas um complemento e um guia que pode interessar os leitores.
Capa de Richard Powers (Crest Book, 1958).
DA TERRA À LUA (1865)/ VIAGEM AO REDOR DA LUA (1870)
Júlio Verne.
(Ver a matéria Em Busca de Outros Mundos)
AELITA (1922)
Alexei Tolstoi.
A SÉRIE DE LIVROS COM LUCKY STARR (1952-1958)
Isaac Asimov.
Capa de Wayne Barlowe (Gregg Press, 1978).
A série juvenil de Isaac Asimov situa-se em um sistema solar já devidamente colonizado pelos humanos, com uma série de aventuras do herói Lucky Starr.
Asimov escreveu outras histórias situadas em um sistema solar colonizado, como foi o caso do conto Nós, os Marcianos.
O SISTEMA SOLAR DE RAY BRADBURY
Capa de Michael Whelan (Doubleday, 1990).
Ray Bradbury imaginou o sistema solar, em particular o planeta Marte, de uma forma muito particular e poética, utilizando o ambiente alienígena para apresentar alguns confrontos humanos, interiores e exteriores.
No livro A Cidade Perdida de Marte (I Sing the Body Electric, 1969), coletânea de contos, ele retorna ao tema já explorado em seu livro mais famoso, As Crônicas Marcianas, no conto A Cidade Perdida de Marte (The Lost City of Mars, 1967), publicado originalmente na revista Playboy, contando a história de um milionário que parte em uma expedição marciana em busca de uma lendária cidade perdida, Dia-Sao, que esconderia um terrível segredo. No mesmo livro, o conto Chamada Noturna, a Cobrar (Night Call, Collect) também situa-se em Marte e diz respeito à solidão humana, apresentando um homem que está preso no planeta por muitos anos.
Marte também foi o cenário do conto Eles Eram Morenos e de Olhos Dourados (Dark They Were, and Golden-Eyed), publicado nos livros E de Espaço e em Remédio Para a Melancolia. Originalmente, foi publicado em 1949, na revista Thrilling Wonder Stories, com o título The Naming of Names. É um dos inúmeros contos de Bradbury mostrando a adaptação de colonos terrestres ao novo planeta e, lentamente, transformando-se em marcianos.
O conto Todo o Verão em Um Dia Só (All Summer in a Day, 1954), inserido na coletânea Remédio Para a Melancolia, e publicado originalmente em The Magazine of Fantasy and Science Fiction, apresenta a versão venusiana do autor. Vênus também é apresentado, de forma diferente, no conto A Grande Chuva (The Long Rain), na coletânea Uma Sombra Passou Por Aqui.
O SISTEMA SOLAR DE ARTHUR C. CLARKE
Capa de Ric Binkley (Gnome Press, 1952).
Arthur C. Clarke teve uma abordagem totalmente distinta da visão de Ray Bradbury, procurando ressaltar os aspectos científicos da exploração e colonização dos planetas e satélites do sistema solar.
Em Areias de Marte (Sands of Mars, 1951), ele lida com a colonização do planeta, apresentando ideias a respeito do planeta que, apesar de serem comuns nos anos 1950, hoje são totalmente ultrapassadas, inclusive a possibilidade de existir vida nativa no planeta. Para completar, os humanos estão planejando transformar o satélite Fobos em uma espécie de pequeno sol para Marte, facilitando a adaptação dos colonos.
Nos livros Luz da Terra (Earthlight, 1955) e Terra Imperial (Imperial Earth, 1975), Clarke apresenta um sistema solar já colonizado, com os planetas e satélites começando a assumir uma posição política de destaque, o que causa alguns confrontos.
A atenção com os aspectos científicos, tecnológicos e práticos da vida em outros planetas e satélites pode ser percebida, por exemplo, no livro Os Náufragos do Selene (A Fall of Moondust, 1961), com história situada na Lua, e em alguns contos do autor.
A Lua também é parte daquela que, provavelmente, é a história mais conhecida de Clarke, A Sentinela (The Sentinel, 1951), que originou o filme 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), e os livros seguintes: 2001: Uma Odisseia Espacial, baseado no roteiro do filme escrito por Stanley Kubrick e Clarke; 2010: Uma Odisseia no Espaço II (1982); 2061: Uma Odisseia no Espaço III (1987); 3001: A Odisseia Final (1997). E, assim como a ideia surgida em Areias de Marte, na série, Júpiter é transformado em uma pequena estrela propiciando o desenvolvimento de vida no satélite Europa.
Abaixo: capa de Richard Powers (Ballantine Books, 1955); capa de Gordon C. Davies (Pan Books, 1957); capa de Dean Ellis (Ballantine Books, 1972); capa de Fred Gambino (Gollancz, 1987); capa de Paul Swendsen (Bantam Spectra, 1991).
O SISTEMA SOLAR DE ROBERT A. HEINLEIN
Capa de Steele Savage (Ace Books, 1972).
Robert A. Heinlein também imaginou um sistema solar já devidamente colonizado e utilizou esse ambiente para uma série de histórias de aventuras, como os livros que escreveu para o público juvenil, em particular O Planeta Vermelho (Red Planet, 1949), Entre Planetas (Between Planets, 1951) e A Rapariga de Marte (Podkayne of Mars, 1963).
A Lua também foi enredo de algumas de suas histórias, com destaque para Revolta na Lua (The Moon is a Harsh Mistress, 1966) e A Ameaça da Terra (The Menace From Earth, 1957). No livro que traz o conto e leva o mesmo título, também surge o conto Elevador Para o Céu (Sky Lift, 1953), que não lida diretamente com um planeta, mas apresenta uma viagem de emergência a Plutão, indicando que pelo menos 300 pessoas encontram-se no ex-planeta como uma colônia.
Seu livro mais famoso, Um Estranho Numa Terra Estranha (Stranger in a Strange Land, 1961), apresenta um planeta Marte que é visitado por humanos, e que também tem uma vida nativa (ver também a matéria Novas Religiões). Em O Gato que Atravessa as Paredes (The Cat Who Walks Through Walls, 1985), é citada a existência de Luna City.
Abaixo: capa de W.E. Terry, ilustrando o conto Sky Lift, de Robert A. Heinlein (1953); capa de Danny Flynn (VGSF/Gollancz, 1990); capa de Virgil Finlay, ilustrando a história Podkayne of Mars, de Robert A. Heinlein (1962); capa de Paul Lehr (Avon, 1964).
O SISTEMA SOLAR DE C.S. LEWIS
A apresentação dos planetas do sistema com C.S. Lewis surge na famosa trilogia: Além do Planeta Silencioso (1938); Perelandra (1943) e Uma Força Medonha (That Hideous Strength, 1945).
(Ver também o ensaio O Bem e o Mal na Literatura e no Cinema)
O SISTEMA SOLAR DE POUL ANDERSON
A conquista e colonização do sistema solar surge nas histórias de Poul Anderson principalmente na série que ficou conhecida como A Liga Psicotécnica (The Psychotechnic League). A “história do futuro” esboçada pelo autor nessa série de contos e romances vai bem longe, mas a primeira parte diz respeito à conquista dos planetas do nosso sistema solar.