Artigos

SÓ A TERRA PERMANECE

Séries de TV

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data26/03/2025
fonte
Um fim de mundo em ritmo diferente.
Jessica Frances Dukes e Alexander Ludwig (Amazon MGM Studios/ Lighthouse Productions/ Insider Entertainment/ Guy Walks into a Bar Productions).

Para os que já estão acostumados com os filmes e séries mostrando todo tipo de apocalipse mundial, a minissérie da MGM, Só a Terra Permanece, pode ser uma decepção. Afinal, nas últimas décadas a humanidade tem sido devastada nas telas por zumbis – muitas vezes, talvez até demais – vírus de todo tipo, às vezes transformando os humanos em criaturas muito parecidas com os zumbis, mas que recebem outros nomes, problemas ambientais e muitos outros.
O que eles geralmente têm em comum é que apresentam muita ação e, quase sempre, bastante violência, com mortes, brigas, guerras, mutilações e todo tipo de destruição.
Bom... Só a Terra Permanece segue em outra direção, ainda que tenha seus momentos de tensão e, sim, mortes, afinal, a Terra é devastada por um vírus desconhecido que mata quase toda a população. Ninguém é transformado em outra coisa, a não ser em sobreviventes.
A produção é baseada no livro homônimo de George R. Stewart, Earth Abides, publicado em 1949, uma época bem diferente da atual, com o mundo ainda se recuperando de uma guerra devastadora (ler mais sobre o livro aqui). E, ainda que não tenha sido o primeiro livro do gênero, foi um dos primeiros a tratar de temas ecológicos, com a natureza recuperando seu espaço no planeta, e a nova e pequena sociedade humana que tenta se estabelecer sendo obrigada, aos poucos, a deixar para trás as máquinas e o modo de pensar da antiga civilização, adaptando-se ao novo planeta no qual vivem.

                                     Birkett Turton, Luisa d'Oliveira e Hilary McCormack: mais sobreviventes juntam-se ao grupo.

O ritmo da narrativa é lento, como a vida que os sobreviventes levam após o fim da civilização que tinha como marca a rapidez com que as coisas aconteciam. As pessoas precisam estar atentas ao que acontece à sua volta, pois não têm mais a quem recorrer quando os problemas surgem. E eles surgem, é claro, inclusive com os próprios humanos sobreviventes, uma vez que os canalhas não deixam de ser canalhas apenas porque o mundo acabou.
A narração é centrada no personagem Isherwood Williams, interpretado por Alexander Ludwig, provavelmente mais conhecido pelo personagem Bjorn Lothbrok, da série Vikings. É ele que, aos poucos, organiza um pequeno grupo de sobreviventes que encontra ao longo dos anos, começando com Emma (Jessica Frances Dukes), que se torna sua esposa e também uma força motivadora na comunidade.
Vi várias críticas sobre a produção e em quase todas, senão todas, o principal motivo de não gostarem é o ritmo lento, a falta de cenas de ação. Bem, nada a fazer quanto a isso, em uma época em que a audiência mais jovem está acostumado com outro tipo de narrativa.
Seja como for, é uma minissérie que vale a pena ser vista.