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Artigos
O MUNDO POR UM FIO
DVD
autor
Gilberto Schoereder
publicado por
Gilberto Schoereder
data
31/01/2014
fonte
Cult Classic lança produção para a TV alemã, de 1973, com direção de Rainer Werner Fassbinder, baseada no livro Simulacron 3.
Quando dirigiu
O Mundo Por Um Fio,
o conhecido diretor Fassbinder já vinha trabalhando para a televisão alemã e, no ano anterior, tinha dirigido com sucesso, para a tela grande, As Lágrimas Amargas de Petra von Kant.
Aqui ele adapta o livro de Daniel F. Galouye,
Simulacron-3,
que foi levado ao cinema mais recentemente em
O 13º Andar (The Thirteenth Floor,
1999), filme muito bom, mas que teve sua recepção e entendimento prejudicado por ter sido lançado quase ao mesmo tempo em que
Matrix,
de modo que parte da crítica entendeu que as histórias eram semelhantes. As semelhanças existem, mas a história de Galouye é de 1964, e traz o tema dos mundos virtuais.
Aparelho que permite conectar-se com o mundo virtual criado pelo Simulacron.
Em
O Mundo Por Um Fio
não existem os efeitos especiais de
O 13º Andar,
e muito menos de
Matrix,
mas o tema é tratado de forma mais do que competente. A ideia básica é que cientistas desenvolvem um programa de computador capaz de “criar” um ambiente virtual extremamente sofisticado e detalhado, com o objetivo de explorar situações futuras e aplicar os melhores resultados possíveis ao nosso mundo e sociedade.
Os problemas começam a surgir quando o cientista responsável pelo projeto morre em circunstâncias estranhas, e o que assume em seu lugar passa a desconfiar que o seu (nosso) próprio mundo não é exatamente o que se pensa. Como o Simulacron é um programa que cria um mundo virtual, com a simulação de todos os aspectos do comportamento humano, imagina-se que isso possa proporcionar o desenvolvimento de consciência. Assim, o cientista imagina se as “pessoas” elaboradas pela programação serão humanos como nós, e se teriam consciência de estarem sendo manipulados. E, se é assim, o que impede que nós mesmos sejamos criação de outra mente, de outro programa, de outro mundo. E assim sucessivamente, ao infinito.
Reais ou imaginários, os personagens simplesmente compõem um pano de fundo para a ação principal.
Sem utilizar efeitos especiais, Fassbinder trabalhou com jogos de espelhos. É provável que em nenhum outro filme existam tantos espelhos e superfícies reflexivas quanto neste. Os reflexos estão por toda a parte, as pessoas sendo duplicadas, triplicadas, imagens reproduzindo-se ao infinito. O próprio cientista introduz o conceito de que somos cópias, ou reproduções, ao pedir ao Secretário de Estado que se observe num espelho e diga o que vê. Claro, todos acham que ele está louco. Em alguns momentos, não se sabe muito bem qual é a imagem real, ou original; a câmera pode iniciar uma sequência a partir dos personagens ou a partir de suas imagens nos espelhos. O diretor reforça a ideia de um mundo artificial pela postura dos figurantes e, às vezes, até mesmo de personagens centrais. Quando não estão no centro da ação, da cena, eles ficam parados em posturas estranhas, como manequins, ou em atividades sem muito sentido para a trama, como se estivessem ali apenas para ajudar a compor o ambiente.
Certamente, não é um filme que vá agradar aos fãs de ação ininterrupta; ele é tudo menos isso. No entanto, é um trabalho de força e profundidade, que merece atenção.
O Mundo Por Um Fio (Welt am Draht, Alemanha Ocidental, 1973)
Direção de Rainer Werner Fassbinder Com Klaus Loewitsch, Barbara Valentin, Mascha Rabben, Karl Heinz Vosgerau, Wolfgang Schenk, Guenter Lamprecht, Ulli Lommel, Adrian Hoven, Ivan Desny, Joachim Hansen.
205m
DVD Cult Classic