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CONSTRUÍMOS PARA VOCÊS

ESPECIAIS/VE MIL CIDADES

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data28/12/2015
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Uma cidade pode ser cuidadosamente planejada para cumprir um objetivo específico. Para conter uma pessoa, por exemplo; ou milhões delas; para enganá-las ou apenas para servir de diversão.

Hoje em dia, a noção de realidade virtual já está amplamente difundida, e não apenas nas histórias de ficção científica, mas no mundo real. Ou, pelo menos, no mundo que achamos que é real.
Talvez o exemplo mais conhecido e popular nesse sentido tenha sido o ambiente criado para os seres humanos em Matrix, ainda que o conceito já não fosse novidade na época do filme, em 1999.

Matrix (Warner Bros.).

No entanto, quando falamos de cidades especialmente construídas para uma finalidade específica – seja para dominar, seja para enganar, divertir ou qualquer outro objetivo – não estamos falando apenas de realidade virtual, mas também de ambientes físicos.

Edição da revista Galaxy Science Fiction, de janeiro de 1955 (Galaxy Publishing/Ed Emshwiller).

Um dos primeiros exemplos de cidades construídas surgiu em 1954, com o conto The Tunnel Under the World, de Frederik Pohl, publicado na revista Galaxy Science Fiction. Até onde sei, é inédito no Brasil, e também foi adaptado para o cinema e apresentado no Fantaspoa com o título O Túnel do Submundo (Il Tunne Sotto il Mondo, 1969). O filme marcou a estreia do diretor italiano Luigi Cozzi. Basicamente, é a história de um homem que descobre que a cidade em que vive não é exatamente o que ele pensava. A fábrica de produtos químicos na qual ele trabalhava explodiu e todas as pessoas, ele inclusive, morreram. Um empresário reconstruiu o local em miniatura e as pessoas também foram reconstruídas como pequenos robôs. Assim, passam a fazer parte de um programa que visa testar suas reações a campanhas publicitárias intensivas. Frederik Pohl já havia elaborado uma crítica mordaz ao mundo da publicidade em sua colaboração com C.M. Kornbluth, em Os Mercadores do Espaço.

 

                                                                Capa da primeira edição de Ubik (Doubleday).

Philip K. Dick, que foi um mestre na elaboração de histórias passadas em mundos irreais, criados para ou pelos personagens, começou a esboçar essas realidades com O Homem Mais Importante do Mundo (Time Out of Joint, 1959), livro no qual o personagem central percebe que está vivendo numa cidade falsa, com memórias implantadas em sua mente. É um tema que o autor utilizaria várias vezes e de formas diferentes nos anos seguintes, em particular com o excepcional Ubik, e que tem relação com sua visão gnóstica de que existe uma realidade além daquela que podemos perceber imediatamente; em momentos específicos, ou devido a algum tipo de interferência, é possível ter lampejos dessa realidade e, em alguns casos, conseguir fugir do mundo construído à nossa volta e chegar ao mundo real.

13º Andar (Columbia Pic.).

O conceito desenvolvido por Frederik Pohl, da criação de um mundo para pesquisa publicitária, foi ampliado por Daniel F. Galouye em 1964, no livro Simulacron-3. Galouye introduz ainda a noção de que é possível que não apenas o mundo onde se passa a história seja um mundo criado com um objetivo específico, mas que o mundo supostamente real e responsável pela criação do mundo virtual também tenha sido criado a partir de outra realidade. Assim, abre-se a possibilidade da existência de um número virtualmente infinito de mundos e de observadores.
A história rendeu duas excelentes adaptações, a primeira, para a televisão alemã, com O Mundo Por Um Fio, dirigido por Rainer Fassbinder e lançado no Brasil em 2014. A outra adaptação surgiu em 1999, no mesmo ano de Matrix, com 13º Andar (The Thirteenth Floor). Apesar de ter passado despercebido nos cinemas, é excelente e quem ainda não conhece deve procurar.

 

Esse conceito de vivermos num mundo irreal, criado por alguém, é retomado em Viagens de Ijon Tichy, de Stanislaw Lem. O personagem central, Ijon Tichy, surge em diversas histórias do escritor polonês, sempre como o narrador e, às vezes, diretamente envolvido nos acontecimentos. Nesse livro, ele entra em contato com o professor Corcoran, um homem que vive afastado da sociedade, uma vez que ele não acredita que as pessoas sejam reais. Ele criou cérebros artificiais e conectou-os a um computador que fornece bilhões de informações; assim, apesar dos cérebros não possuírem um corpo, eles imaginam seus corpos e o mundo que os cerca. Obcecado com esse conceito, Corcoran pensa que ele próprio pode ser criação de alguém semelhante a ele, em outro universo, e que tudo o que está à sua volta é produto de sua imaginação. E, no mundo que ele criou, um cientista tem o mesmo pensamento a respeito do seu mundo, e resolve criar um mundo artificial em seu laboratório imaginário. E assim sucessivamente, ao infinito.

Com uma existência bem mais real em nosso mundo é a cidade de Delos, construída no meio do deserto, especialmente para a diversão de seus visitantes, em Westworld, Onde Ninguém Tem Alma (Westworld, 1973). O filme foi um sucesso de bilheteria e, no geral, bem recebido pela crítica, no primeiro trabalho como diretor do escritor Michael Crichton, também responsável pelo roteiro.

Westworld (MGM).

Para quem ainda não conhece a história, o parque de diversões para adultos construído em Delos oferece aos visitantes três ambientes: a Roma antiga, a Idade Média e o velho oeste americano. As pessoas pagam, vão para o local e misturam-se aos “moradores” locais, androides construídos de forma tão perfeita que são confundidos com humanos, e que foram programados de modo a não causar nenhum mal aos humanos. As atividades podem incluir sexo, combates mortais (para os androides, é claro) e o que mais se possa imaginar.

Richard Benjamin e James Brolin, no velho oeste de Westworld (MGM).

Como o mundo não é perfeito, uma espécie de vírus começa a se espalhar entre os androides, alterando seu funcionamento e a forma como interagem com os humanos, até chegar ao ponto de um turista ser morto por um androide numa luta de espadas.
A partir daí é ladeira abaixo, culminando na perseguição do pistoleiro do velho oeste (Yul Brynner) a um dos turistas sobreviventes (Richard Benjamin).

Yul Brynner sendo consertado em Westworld. Não adiantou muito.

 

Ano 2003 - Operação Terra (Aubrey Company/Paul N. Lazarus III/ American International).

Uma sequência foi produzida em 1976, Ano 2003 – Operação Terra (Futureworld), dessa vez com direção de Richard T. Hefron e sem a participação de Michael Crichton, com Peter Fonda no papel central e Yul Brynner mais uma vez como o pistoleiro do velho oeste, apesar do ambiente no oeste ter sido abandonado e substituído pelo temático futureworld, o mundo do futuro.
Delos vai ser reaberta e dois repórteres são convidados para visitar o local antes dos turistas chegarem. Um deles (Fonda) descobre que existem outros interesses que vão muito além da diversão, envolvendo clonagem e a tentativa de controlar o mundo substituindo líderes mundiais por androides.

Ainda houve uma tentativa de levar a história para a TV, com a série Beyond Westworld (1980), com história parecida com a de Ano 2003, mas o seriado resistiu apenas cinco episódios.

Uma nova série Westworld está programada para estrear em 2016, pela HBO.

 

Na esteira do sucesso de Westworld, em 1976 surgiu Bem-Vindos à Cidade Sangrenta (Welcome to Blood City. Também conhecido como Bem-Vindos à Cidade Maligna), dirigido por Peter Sasdy, diretor húngaro radicado na Inglaterra, mais conhecido por seu trabalho na televisão e por alguns filmes da lendária Hammer, nos anos 1970.
Essa produção anglo-canadense aproveita o sucesso do cenário do velho oeste de Westworld, assim como seu pistoleiro fora de controle, e apresenta um grupo de pessoas numa cidade do velho oeste, divididas em três categorias: escravos, cidadãos e a lei. Esta última é representada pelo xerife, interpretado por ninguém menos do que Jack Palance, bem doidão.
Porém, ao contrário de Westworld, aqui as pessoas estão na cidade apenas em sua mente, conectadas a um computador que controla todas as ações, e elas são violentas, e as pessoas podem realmente morrer. O objetivo é que a última pessoa a ficar viva na experiência deverá fazer parte de um grupo de assassinos a serviço do governo.

A ideia de transferir a mente das pessoas para um mundo criado, virtual, voltou a aparecer em 1982, com Tron – Uma Odisseia Eletrônica (Tron), produção da Walt Disney, com direção de Steven Lisberger, e Jeff Bridges no papel principal. Ele é o sujeito que é “digitalizado” por um raio laser do computador e transferido para o interior deste, que á apresentado como um universo a parte, composto por circuitos integrados e impulsos eletrônicos e seres inteligentes. Ele é o “usuário”, visto por alguns dos habitantes desse mundo como um deus, e ele recebe a missão de lutar contra um programa nocivo que controla toda a empresa na qual ele trabalhou, roubando o trabalho de outros programadores e cientistas. Bridges é ajudado por Tron (Bruce Boxleitner) no combate aos programas malvadões.

Tron (Walt Disney Prod./ Buena Vista).

O filme não chegou a ser um imenso sucesso de público. A maior atração foi, sem dúvida, o aspecto visual, que teve a participação de Jean Giraud, mais conhecido como Moebius, e Syd Mead, um dos responsáveis pelo visual de Blade Runner. Por outro lado, a história é decepcionante, prendendo-se à tradicional luta entre o Bem e o Mal, e pouco mais do que isso.
Com o tempo, o filme não só ganhou o status de cult, arrebanhando muitos seguidores, como abriu espaço para uma série de produtos como jogos e revistas em quadrinhos.
O próprio Steven Lisberger produziu a sequência em 2010, Tron: O Legado (Tron: Legacy), também pela Walt Disney Pictures, com direção de Joseph Kosinski, que dirigiria o bom filme Oblivion, em 2013. Jeff Bridges e Bruce Boxleitner repetem seus papéis, com história situada 20 anos após o desaparecimento de Bridges. Seu filho acaba sendo transportado para o mundo virtual e envolve-se nos problemas que estão ocorrendo ali.

Tron, o Legado (Walt Disney Pic.).

Mais uma vez, a história é o ingrediente menos importante no filme, totalmente centrado nos efeitos visuais. O filme original teve um orçamento de 17 milhões de dólares; a sequência, 170 milhões, o que dá uma ideia muito boa de como o cinema de ficção mudou desde então, com valores absurdos sendo alocados para as grandes produções. Em 2012 ainda surgiu uma série de animação, Tron: Uprising.

Projeto Casablanca (PBS).

Em 1983, outra mente foi parar num mundo virtual, em Projeto Casablanca (Overdrawn at the Memory Bank), produção para a TV baseada em conto como o mesmo título, de John Varley, publicado originalmente na revista Galaxy Science Fiction, em 1976, e depois na coletânea The Persistence of Vision (1978).
O filme, rodado em vídeo, fez parte de um projeto audacioso da WNET Channel 13 New York e a New Jersey Public Television, que queria produzir uma série de ficção científica utilizando obras famosas e de qualidade. Projeto Casablanca foi o terceiro e último filme da série, cancelada por falta de dinheiro, após ter produzido The Lathe of Heaven (1980), baseado no excepcional livro O Flagelo dos Céus (The Lathe of Heaven, 1971), de Ursula K. Le Guin, e Between Time and Timbuktu (1972), baseado em contos de Kurt Vonnegut Jr. E a recepção da crítica ao filme, dirigido por Douglas Williams, foi péssima.
Raul Julia interpreta o técnico em computação Aram Fingal, vivendo num mundo futuro controlado pela empresa Novacorp. Ele se refugia de sua vida sem atrativos em exibições constantes do filme Casablanca, apesar de a arte ser proibida nesse futuro. Ele acaba sendo punido e mandado para um mundo virtual e, depois de algumas confusões, ele se vê no mundo de Casablanca e consegue ter acesso ao computador que controla tudo o que acontece no mundo.

De volta às cidades construídas no mundo real, um destaque é O Show de Truman – O Show da Vida (The Truman Show, 1998), o sensacional filme dirigido por Peter Weir, com Jim Carrey no papel título e Ed Harris como Christof, o criador do reality show e idealizador da cidade construída unicamente para abrigar Truman, desde seu nascimento. E também é destaque o título original em português, uma bobagem imensa, posteriormente encurtado para O Show de Truman.

O Show de Truman  (Paramount).

Provavelmente, o filme permanece até hoje como uma das maiores e mais contundentes críticas aos chamados reality shows, chegando ao extremo dos produtores terem direitos sobre a própria pessoa, Truman Burbank, nascido na cidade de Seaheaven, na verdade o maior estúdio jamais construído, fechado por um domo, a chamada arcologia, um ambiente capaz de prover seus habitantes de tudo o que necessitam. Claro que, no caso, os habitantes, com exceção de Truman, são atores, alguns convivendo com ele desde seu nascimento.

A cidade construída para Truman (Paramount).

O drama é que Truman é um sujeito totalmente enganado por um sistema que só pensa no lucro absurdo obtido com o programa; tudo que aparece na cidade está à venda. Seus pais não são seus pais, os amigos são pessoas fingindo que são amigos, e até a esposa foi escolhida a dedo entre as atrizes disponíveis, apesar de Truman ter se apaixonado por outra mulher.
O próprio Jim Carrey chegou a dizer que o filme pode ser visto como uma comédia romântica, sobre o poder do amor e como ele modifica as pessoas. Mas o que sobressai mesmo é a crítica ácida ao poder da mídia, em particular a TV, e de como a publicidade sem limites é capaz de alterar nossa concepção do mundo, do que é certo e do que é errado.

Truman encontra o seu destino, o fim da cidade de Seahaven (Paramount).

Ao longo da história, várias vezes são mostradas as reações do público ao que ocorre em Seahaven e na vida de Truman, como os telespectadores ficam obcecados com uma realidade construída para eles, sem mostrar tanta preocupação com o fato de Truman ser a pessoa mais iludida do planeta e ter sua vida inteiramente controlada por forças que ele desconhece, com seu livre-arbítrio, uma característica intrínseca a qualquer ser humano, sendo constantemente impedido pelas ações dos controladores do espetáculo.
Talvez o único ponto fora da curva é a pálida reação final de Truman, ao saber que tudo em sua vida é uma imensa mentira. Fora isso, é um filme excepcional.

Quem não se deu muito bem na elaboração de uma cidade foi o diretor M. Night Shyamalan, com A Vila (The Village, 2004). Ele vinha de dois bons trabalhos com O Sexto Sentido (The Sixth Sense, 1999) e Corpo Fechado (Unbreakable, 2000), e um ruinzinho com Sinais (Signs, 2002).

A Vila (Touchstone Pic./ Buena Vista Pic.).

Tá bom, não é bem uma cidade, como o título do filme já diz, mas uma cidadezinha. No caso, Covington, aparentemente uma localidade do século 19, na Pennsylvania, com um segredo. Os habitantes estão sempre com medo de criaturas desconhecidas que habitam a mata que cerca a cidade. Para mantê-las longe, elaboraram um sistema de vigia e torres, ainda que, segundo se diz, eles conseguiram uma espécie de paz com os seres; ninguém se aventura na floresta, e os seres ficam longe da vila.
Ninguém tem permissão para deixar o local, nem mesmo para buscar medicamentos, e as demais cidades são vistas como locais ruins, doentias, repletas de pessoas más.
Claro que, tratando-se de um filme de Shyamalan, já se esperava uma virada na história, o que realmente ocorre. Ficamos sabendo que o local foi fundado nos anos 1970 para fugir dos males do século 20, entre eles a violência urbana. A vila foi cercada por um muro e mantida isolada do mundo, de modo que os habitantes que foram nascendo no local foram mantidos na ignorância do mundo ao seu redor, imaginando que aquela vida do século 19 era a real, e as criaturas terríveis da floresta nada mais eram do que alguns dos moradores fantasiados.
O filme teve críticas que variaram de péssimo a incompreendido. Não é que se trate de um filme ruim; apenas não é bom.

O mesmo não se pode falar de Matrix, talvez o filme mais comentado do final do século 20 e, ainda hoje, um dos grandes momentos da ficção científica moderna. O primeiro filme, é claro, porque as sequências nada acrescentaram à história; pelo contrário, fizeram de tudo para diminuir o impacto do filme original. Matrix Reloaded (2003) e Matrix Revolutions (2003) – cujos títulos originais sequer foram traduzidos no Brasil – são sequências pálidas a uma ideia original muito boa e repleta de referências excelentes. Reloaded poderia muito bem ser chamado “como arruinar uma boa ideia fazendo uma sequência absolutamente imbecil”. Tudo o que foi apresentado em Matrix foi jogado fora; todas as excelentes referências a religiões, física quântica, universos paralelos, filosofias orientais, etc. Trata-se de um filme de ação com cenas longuíssimas e chatas de lutas, umas exatamente iguais às outras, intermináveis.
Nem seria necessário dar sequência à história, que fecha de forma admirável no primeiro filme, indicando o que poderia ocorrer adiante, mas sem especificar. E entre o número impressionante de cenas mal articuladas e desnecessárias, chamou a atenção a grande festa na cidade subterrânea de Zion. Quando ficam sabendo que as máquinas estão chegando para acabar com a existência de todo mundo, o que as pessoas fazem? Uma grande festa, uma rave orgiástica, numa cena ridícula que mais parece um comercial interminável.
O pior é que o filme foi apenas a primeira parte da segunda parte, ou algo do gênero, porque no mesmo ano ainda viria Revolutions. Qualquer discussão projetada pelo primeiro filme perdeu-se numa campanha de marketing gigantesca que, como quase toda campanha do gênero, favorece o superficial.

O ambiente virtual tem sido muito utilizado na FC, especialmente na comparação com o ambiente real, como no caso do excelente Nevasca, com suas referências ao Metaverso, termo inventado pelo autor Neal Stephenson para se referir ao que ele acredita que deverá ser o futuro da internet.

 

Life on Mars (20th Century Fox Television/ ABC Studios).

Uma série que também utilizou o recurso do mundo virtual foi Life on Mars (2008/2009), em sua versão americana, baseada na excelente série inglesa com o mesmo título (2006/2007), porém com um final e uma premissa bastante diferente. Segue a vida do detetive Sam Tyler, da cidade de Nova York, no ano de 2008, que após ser baleado, acorda no ano de 1973, ainda em Nova York, sem entender muito bem o que aconteceu.
Nessa versão americana, na verdade ele está a bordo de uma nave em direção a Marte, no ano de 2035, e sua mente está vivendo numa mundo virtual elaborado pelo computador de bordo. Quem ainda não tinha assistido e ainda pretendia assistir à série, se ferrou, porque já contei o final. E é um final mais fraquinho do que o do original britânico, mas o mais legal das duas séries foram as músicas de época resgatadas como pano de fundo.

Em 2005, ainda vale destacar a cidade criada em A Ilha (The Island), dirigido por Michael Bay, com Ewan McGregor e Scarlett Johansson nos papéis principais.

Scarlett Johansson e Ewan McGregor, em A Ilha (Warner Bros./ DreamWorks).

Não teve uma recepção das mais calorosas, seja pelo público, seja pela crítica, mas é um filme legal. Ewan McGregor é Lincoln Six Echo, morador de uma comunidade do futuro, aparentemente utópica, mas que aos poucos vai se revelando algo mais. Os moradores não podem sair da cidade, pois é dito que o mundo lá fora está contaminado. De tempos em tempos, um morador é selecionado por uma Loteria para ir para “A Ilha”, um local paradisíaco, o último local não contaminado do planeta. No entanto, Lincoln começa a perceber a verdade por trás do mundo ideal que construíram para ele, e descobre que as pessoas na cidade são clones, com seus órgãos sendo usados por ricaços do mundo exterior. Ele consegue fugir com sua amiga Jordan (Scarlett Johansson), conhecendo o mundo e aquele de quem ele foi clonado.

A cidade construída para isolar seus habitantes, em A Ilha (Warner Bros./ DreamWorks).

O filme é bem interessante, com boas ideias a respeito do possível futuro da clonagem humana e de como esse conhecimento seria inevitavelmente dominado e utilizado pelos poderosos em seu benefício.