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A Terra Explode

ESPECIAIS/VE FIM DO MUNDO

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data17/05/2015
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As erupções de vulcões têm afetado populações inteiras ao longo da história humana, e sua potência pode ter originado muitas dessas lendas sobre o fim dos tempos.
                                   Vesúvio Visto de Portici (Joseph Wright of Derby, século 18).

Cada vez que um vulcão entra em erupção em algum ponto do planeta, surgem imediatamente as tentativas de interpretar o evento como sinal dos tempos, um aviso de que uma ou mais profecias estão se cumprindo e o fim (ou mudança) está próximo. Quando é o caso de mais de um evento cataclísmico se dar no mesmo ano, essas interpretações aumentam, e os catastrofistas fazem a festa.
Na verdade, tais eventos estão sempre ocorrendo no planeta, em maior ou menor escala, de terremotos arrasadores, com ou sem tsunami, a vulcões, tornados, tufões e outros. E quanto menos preparadas para enfrentar a situação estão as populações e governos, maior o número de vítimas.
Sem considerar as catástrofes às quais a ciência se refere – em particular as que causaram transformações radicais na fauna, flora e geografia do planeta – a mais antiga referência a algo do gênero é, também, a mais conhecida. E lendária.
A Atlântida foi citada por Platão nos diálogos de Timeu e Crítias, escritos por volta de 360 a.C.. Segundo o filosofo grego, Atlântida teria sido uma potência, dominando grande parte do mundo cerca de 9.600 a.C., antes de afundar no oceano em apenas um dia e uma noite, numa catástrofe sem precedentes numa sociedade humana.

Erupção do Krakatoa em maio de 2008 (Foto: Thomas Schiet).

Para os estudiosos, o relato de Platão referia-se a tradições ainda mais antigas, e provavelmente tinha a ver com a erupção da ilha de Santorini, ou Tera (ou ainda Tira), no mar Egeu, provavelmente em 2 mil a.C. Estudos recentes apontam que a erupção deve ter lançado na atmosfera quatro vezes mais partículas do que as da erupção do vulcão Krakatoa, em 1883.
Tanto Krakatoa quanto Tera estão na faixa de 6 a 7 VEI (Volcanic Explosivity Index), método de medição desenvolvido em 1982 para situar a potência das erupções. A tabela vai até 8, na qual estariam os chamados supervulcões.

 

No caso de Tera, a distância no tempo torna mais difícil determinar o real impacto que a erupção provocou, mas alguns historiadores entendem que ela devastou a ilha, juntamente com parte da civilização minoica, estabelecida em Creta e em outras ilhas do Mar Egeu. Também foi estabelecida relação com um período de catástrofes que assolou o Egito, registradas no Papiro Ipuwer, eventos que, por sua vez, também foram relacionados aos relatos no livro do Êxodo, da Bíblia. Por outro lado, assim como ocorre na Bíblia, alguns estudiosos também detectaram no texto do papiro um tom messiânico ou profético.
O Discovery Channel produziu e apresentou uma série de programas a respeito do assunto, com cientistas afirmando que a erupção de Tera não apenas poderia explicar como seria a origem da narrativa das chamadas “dez pragas do Egito” citadas no Êxodo. O impacto sobre a civilização local foi de tal ordem e, na época, de origem desconhecida, que gerou relatos de natureza religiosa e profética. Isso evidencia que a relação entre catástrofes naturais e relatos sobre o fim dos tempos não é algo novo
A erupção do Krakatoa surge em segundo lugar na lista dos vulcões que causaram maior número de mortes: mais de 36 mil. Mas os números envolvendo o evento são sempre lembrados, surpreendentes e colocam a erupção entre as maiores já registradas. Diz-se que provocou o som mais alto jamais ouvido na história da humanidade, tendo sido escutado, segundo algumas fontes, a cerca de 5 mil quilômetros de distância.
Diz-se que, quando ocorreu a maior explosão, o barulho acordou os habitantes do sul da Austrália; calcula-se que a onda de choque resultante das explosões circulou o planeta sete vezes, e ainda eram registradas cinco dias após o evento; as cinzas foram projetadas a 80 quilômetros de altitude.
No ano seguinte à explosão, a temperatura média do planeta caiu em 1,2 graus Celsius. O tsunami formado pela explosão foi sentido até no cabo Horn, no extremo da Terra do Fogo, na América do Sul. Na verdade, o tsunami foi o maior responsável pelo imenso número de mortes, com ondas que chegaram a 40 metros de altura e varreram as ilhas próximas.


Vista aérea da caldeira do Monte Tambora (Foto: JialiangGao/ Wikimedia).

O número um em mortes foi a erupção do Monte Tambora, na ilha de Sumbawa, na Indonésia, em 1815. Algumas fontes citam 92 mil mortos, outras citam mais de 150 mil. Assim como em Krakatoa, os números são surpreendentes. Foi uma erupção 7 na escala VEI, com o som sendo ouvido a milhares de quilômetros de distância. A quantidade de cinzas despejadas na atmosfera terrestre foi de tal ordem que as casas na região desabaram devido ao peso nos telhados. A ilha teve sua geografia radicalmente transformada. O vulcão elevava-se a 3.952 metros, e após a explosão diminuiu para 2.736, enquanto que a superfície da ilha se elevou devido ao acúmulo de cinzas. A coluna de fumaça da explosão chegou à estratosfera, literalmente, subindo a mais de 43 quilômetros.
Grande parte das mortes foi causada pela fome na população da região, uma vez que toda a vegetação foi destruída, além de uma epidemia de cólera que seguiu ao evento.
As cinzas, um dos maiores problemas das erupções vulcânicas, percorreram o mundo e causaram problemas até mesmo nos Estados Unidos. O verão de 1816 ficou conhecido no hemisfério norte como “o ano sem verão”, com um descréscimo de quase um grau na temperatura média. A região nordeste dos EUA teve imensos prejuízos com a perda de safras de milho e outros produtos agrícolas, aniquilados por geadas intermitentes. Diz-se que as pessoas caçavam animais, selvagens ou não, para alimentar suas famílias.

                                                    O Vesúvio, visto das ruínas de Pompeia (Foto: Morn/ Wikimedia, 1998).

Apesar de estar na terceira posição entre as mais poderosas e devastadoras erupções vulcânicas, a do Vesúvio, no ano 79, é certamente a mais famosa, por ter liquidado e soterrado as cidades de Herculano e Pompeia, próximas da atual cidade de Nápoles. Pompeia foi acidentalmente redescoberta em 1749. Na explosão, também foram destruídas as cidades de Estabia e Oplontis, igualmente localizadas nas proximidades do vulcão. Além de ter destruído completamente as cidades, também alterou o curso do rio Sarno.
Calcula-se que na erupção mais famosa em 79, 20 mil pessoas tenham morrido, pegas de surpresa pelo fluxo piroclástico emitido pelo vulcão; algumas fontes citam mais de 30 mil mortes.
O fluxo piroclástico é composto por nuvens de cinza vulcânica e gás, de alta temperatura, que descem a encosta de vulcões em altíssima velocidade. Ao contrário de outras erupções de vulcão, nesta as cidades não foram destruídas pela lava, mas pelos gases e cinzas depositados, posteriormente transformados numa pasta pela inundação que se seguiu, pela água que estava contida numa das crateras do Vesúvio.
As erupções do Vesúvio continuaram depois dessa data. No ano 203, novamente em 472, quando as cinzas chegaram a Constantinopla, e pelo menos outras seis até 1036, quando pela primeira vez houve fluxo de lava. Em 1631, mais uma vez com fluxo de lava, várias aldeias foram atingidas. Em 1944 ocorreu a maior erupção desde então, destruindo várias cidades pequenas nas proximidades.

O Medo do Fim
Os vulcões talvez representem o maior medo da humanidade quando se fala do fim do mundo. Talvez pelo visual de fogo e lavas que nos remetem – ou pelo menos boa parte da população do planeta – às chamas do inferno.
Os especialistas costumam afirmar que os vulcões podem representar ameaças tão temíveis, ou até mais, do que as explosões nucleares que, até o início dos anos 1980, ameaçavam o planeta.
As explosões são tão ou mais violentas, e ainda que não se tenha de lidar com a radioatividade resultante, as cinzas lançadas na atmosfera são perfeitamente capazes de provocar uma situação semelhante à do “inverno nuclear”, bloqueando os raios solares e tornando a vida no planeta impossível. Uma série de explosões vulcânicas em diferentes pontos do planeta teria consequências catastróficas, e talvez por isso eles sejam os preferidos de 9 entre 10 profetas do fim do mundo.

O Inferno de Java
Os vulcões são uma presença constante no cinema. Filme sobre o fim do mundo que se preze, tem de ter uma lava escorrendo aqui e ali. Mais especificamente, o filme Krakatoa, O Inferno de Java (1969), foi um dos mais famosos a tratar do tema, referindo-se, é claro, à erupção do vulcão na Indonésia, em 1883. O título original, inclusive, trazia um erro geográfico, conhecido dos produtores, mas ainda assim mantido; Krakatoa, East of Java, quando na verdade fica a oeste (west) de Java.
Não é um grande filme, mas a apresentação em formato de 70mm, o chamado Cinerama, chamou a atenção pelos efeitos especiais que lhe renderam uma indicação de premiação para a Academia, que perdeu para Sem Rumo no Espaço (Marooned). A história gira em torno da tentativa de um capitão de navio em recuperar uma preciosa carga de um naufrágio, no momento em que o vulcão está para entrar em erupção.
Mais recentemente, dois filmes abordaram diretamente o tema das explosões vulcânicas, ambos em 1997. Em O Inferno de Dante (Dante’s Peak, Universal), o ex-James Bond Pierce Brosnan chega a uma cidadezinha do interior dos EUA para verificar um vulcão que está voltando à atividade. Em Volcano – A Fúria (Volcano, Fox) é a vez de Tommy Lee Jones enlouquecer com o despertar de um vulcão embaixo da cidade de Los Angeles. Este filme lida com um dos grandes temores dos habitantes da Califórnia, sempre envolvida em previsões, às vezes reais, outras não, a respeito do grande terremoto que poderia até mesmo separar parte do estado do continente, devido à “falha de San Andreas”, uma falha geológica que se estende por cerca de 1.300 quilômetros ao longo da Califórnia, e em grande parte responsável pelo imenso número de terremotos na região.

Civilizações Desaparecidas
Ainda que os estudiosos tendam a relacionar a narrativa de Platão a respeito do desaparecimento da Atlântida à erupção de Tera, o texto não traz referências a vulcões, mas sim a terremotos e inundações, com o consequente desaparecimento da ilha no mar.
No cinema, um dos filmes mais conhecidos envolvendo o “continente perdido” foi Atlântida, O Continente Esquecido (Atlantis, The Lost Continent, 1960), de George Pal. E, claro, inventaram um vulcão na ilha.



Atlântida, O Continente Perdido (Atlantis, The Lost Continent).

Ainda mais profundamente incrustado nas lendas do que a Atlântida é o suposto continente desaparecido da Lemúria, cujos últimos vestígios estariam espalhados pelas ilhas do Pacífico. As histórias envolvendo a Lemúria são superlativas. Helena Blavatsky (1831-1891), a fundadora da Sociedade Teosófica em 1875, entendia que os lemurianos já habitavam o planeta há milhões de anos, e eram gigantes.

O mapa proposto por James Churchward, para a suposta localização de Mu (1927).

O pesquisador W. Raymond Drake (1913-1989) – conhecido seguidor das pesquisas de Charles Fort e um dos primeiros a seguir o tema dos extraterrestres que chegaram à Terra em épocas distantes – entendia que os lemurianos evoluíram por milhões de anos na Terra, até conseguir construir naves espaciais.
O engenheiro e inventor inglês James Churchward (1851-1936) também se debruçou sobre a possível existência da Lemúria, ou Mu, entendendo que ali era o lendário “jardim do Éden”, e que mais de 60 milhões de pessoas habitavam o local, no oceano Pacífico, há mais de 50 mil anos. Um cataclismo, com erupções vulcânicas e deslocamentos de terra submarinos, fez com que Mu afundasse. Para ele, as ilhas do Pacífico são o que sobrou do continente.


E Continua Explodindo
No século 20, os vulcões continuaram causando problemas às populações.
Ainda que as erupções de vulcões do século 20 não tenham sido tão “cinematográficas” quanto as de Tambora e Krakatoa, continuaram a fazer suas vítimas e levar pavor às populações.

A erupção do Monte Pelée, em 1902 (Foto: Angelo Heilprin).

O século começou com a explosão do Monte Pelée, na Martinica, no Caribe, em 1902. Com cerca de 30 a 40 mil mortes, é considerada a mais devastadora erupção do século, destruindo completamente a cidade de Saint-Pierre. O vulcão vinha soltando vapores sulfurosos um mês antes da principal erupção, mas como isso tinha ocorrido antes sem maiores problemas, não se deu muita atenção.
Nos dias seguintes, apesar de várias indicações de que uma grande erupção estava para acontecer, as autoridades não tomaram qualquer providência, até que em 8 de maio uma explosão gigantesca varreu a cidade em questão de segundos, com um fluxo piroclástico descendo a encosta do monte com temperaturas superiores a mil graus centígrados. As duas nuvens que se elevaram do vulcão tinham velocidades iniciais calculadas posteriormente em mais de 600km por hora.
O ano de 1902 também marcou a erupção do vulcão Santa Maria, na Guatemala, provocando 6 mil mortes. É tida como uma das quatro maiores erupções do século 20. Outras 5 mil pessoas morreram em 1929, quando parte do domo desmoronou, provocando um fluxo piroclástico.

                                                             Monte Santa Helena, em 1982 (Foto: Lyn Topinka/ CVO Photo Archive).

Em 1912, foi a vez do Novarupta, no Alasca, uma das maiores erupções do século, despejando um volume de lava 30 vezes superior à da erupção do Monte Santa Helena, em 1980. Este último está localizado no estado de Washington, no noroeste dos EUA e, apesar de ter causado menos vítimas – 57 pessoas morreram – é considerado o mais destrutivo em termos econômicos.

 

A erupção do Pinatubo, vista da Base Aérea de Clark (Foto: U.S. Geological Survey/ Richard P. Hoblitt).

Outra grande erupção ocorreu no Monte Pinatubo, na ilha de Luzon, nas Filipinas, em 1991. É considerada a segunda maior explosão vulcânica do século 20, mas dezenas de milhares de pessoas foram evacuadas. No entanto, os danos materiais foram imensos, especialmente devido ao fluxo piroclástico, às cinzas e ao lahar – que é o movimento de uma massa vinda do vulcão, uma mistura de água, destroços e lama, que arrasta tudo em seu caminho.

 

O Nevado del Ruiz, em 1985, após a erupção (Foto: Jeffrey Marso, geólogo da USGS).

A maior tragédia envolvendo erupções mais recentes foi a do vulcão Nevado del Ruiz, na Colômbia, em 1985. O evento ficou conhecido como a “tragédia de Armero”, o nome da cidade mais afetada. O número de mortes chegou a 23 mil, dos 29 mil habitantes da cidade, apesar do governo ter sido avisado com antecedência que deveria evacuar a área.
O pior problema foram as massas de lama (lahar) que desceram do vulcão depois que o fluxo piroclástico derreteu a neve no topo da montanha. Ainda hoje, calcula-se que cerca de 500 mil pessoas ainda estão ameaçadas por possíveis atividades do vulcão, especialmente porque, teoricamente, um lahar que desça a encosta pode se deslocar por até 100 quilômetros. Os especialistas afirmam que o Nevado del Ruiz e o Monte Santa Helena são os vulcões observados com mais atenção no hemisfério ocidental.

Os Supervulcões e a Extinção da Vida
As erupções de supervulcões representaram – e ainda podem representar – modificações extremas no planeta, em alguns casos capazes de extinguir com toda forma de vida.
Seria de se esperar que quanto mais avançasse o conhecimento científico sobre a geologia do planeta, sobre os grandes movimentos tectônicos e erupções vulcânicas, diminuísse em muito o temor popular relacionado a profecias do “fim do mundo” devido a estes desastres naturais. No entanto, pode ter ocorrido o contrário.
Os cientistas, hoje, falam de períodos em que o planeta passou por vários eventos de nível de extinção, com populações inteiras sendo eliminadas. E fala-se sobre a probabilidade disso vir a acontecer novamente.
Um dos temores que se propagam é o dos supervulcões, e ainda mais quando se sabe que o famoso Parque Nacional de Yellowstone, nos EUA, abriga um desses supervulcões.


O lado nordeste da caldeira de Yellowstone; o rio Yellowstone corre pelo Vale Hayden, com a borda da caldeira ao longe (Foto: Ed Austin/ Herb Jones).

O termo supervulcão não é um termo técnico utilizado por geólogos e vulcanologistas, mas apenas uma forma popular de se referir aos vulcões que ejetam volumes de material superior a 1.000 quilômetros cúbicos. Para se ter ideia da grandiosidade do evento, uma erupção como a do Monte Tambora, a maior já registrada, ejetou 160 quilômetros cúbicos de material.
Assim, uma erupção de um supervulcão pode representar catástrofes sem precedentes ou mesmo a extinção da vida em imensas regiões do planeta, ou em todo o planeta. Os cientistas apontam algumas dessas erupções no passado no planeta. A do Lago Toba, localizado na ilha de Sumatra, na Indonésia, por exemplo, ocorreu há cerca de 74 mil anos, com um volume de 2.800 quilômetros cúbicos, e foi responsável pela extinção de 60% da população humana. Acredita-se que o volume de material depositado na atmosfera terrestre provocou um “inverno vulcânico” que pode ter durado até 10 anos, com as cinzas vulcânicas e gotas de ácido sulfúrico obscurecendo o Sol e diminuindo a temperatura geral do planeta.
Teorias mais radicais, como a apresentada no final dos anos 1990 pelo antropólogo Stanley H. Ambrose, da Universidade de Illinois, propunha que o evento reduziu a humanidade a 10 mil ou ainda a apenas mil casais. Alguns cientistas entendem que a queda dramática da temperatura média do planeta também acelerou o desenvolvimento da última era glacial.
A chamada Caldeira de Yellowstone, também chamada de supervulcão de Yellowstone, tem uma cratera com cerca de 70 quilômetros de extensão. A última grande erupção ocorreu há cerca de 640 mil anos, modificando a geografia da América do Norte, e um grande fluxo de lava também ocorreu há cerca de 70 mil anos.
Em tempos mais recentes, os vulcanólogos e geólogos têm dedicado muito atenção, estudos e um acompanhamento das atividades em Yellowstone. Normalmente, são registrados de mil a dois mil pequenos terremotos na região, chegando a 3 na escala Richter. Em 2010, num espaço de 15 dias, foram registrados 1620 pequenos terremotos, com o maior chegando atingindo a magnitude 3.8.
Desde 1923, os geólogos também acompanham o movimento provocado pela pressão do magma abaixo da superfície, que faz com que o Platô de Yellowstone se levante e abaixe alguns centímetros por ano. Entre 2004 e 2008, o platô elevou-se mais de 7 centímetros por ano, o que é mais do que três vezes o que vinha sendo observado até então. No entanto, as autoridades registraram números bem menores a partir de 2009, entendendo que não havia qualquer perigo de uma erupção cataclísmica num futuro próximo.
Nada disso impediu o surgimento de inúmeras especulações em torno do futuro reservado a Yellowstone – e ao planeta como um todo, no caso de uma explosão com mil ou mais quilômetros cúbicos, como foi a de 640 mil anos atrás. Yellowstone passou a ser o local preferido de profecias catastrofistas, principalmente daquelas originadas nos Estados Unidos. Se a falha de San Andreas já era uma indicação de profecias que anunciavam a separação de parte da Califórnia do continente americano, as expectativas cataclísmicas em torno do supervulcão em Yellowstone referem-se à destruição da humanidade. No famoso filme de Roland Emmerich, 2012, o Parque de Yellowstone tem destaque nos eventos catastróficos, ainda que não seja o ponto de partida para a destruição do planeta.

Na Terra do Senhor dos Anéis
O supervulcão do Lago Taupo, localizado na Ilha Norte da Nova Zelândia, entrou em erupção há cerca de 26.500 anos, com um volume de material expelido superior a mil quilômetros cúbicos, o que a transforma na maior erupção dos últimos 70 mil anos. O nome vem do lago formado na caldeira do maior vulcão da região, conhecida como Zona Vulcânica de Taupo, uma região que abrange 350 quilômetros de extensão por 50 de largura.
A região tem vários vulcões ainda ativos, como o Monte Ruapehu, Monte Ngauruhoe ou Whakaari (também chamada White Island), que se manifestam de tempos em tempos. Ruapehu é tido como o vulcão mais ativo do planeta, com pequenas erupções e movimentação de lahar sucedendo-se desde 1945, quase sempre acompanhadas de pequenos terremotos. Pela atividade constante, o vulcão é observado de perto, e muitos avisos já foram emitidos pelas autoridades, o último deles em 2011, quando se verificou um aumento na temperatura da água na cratera.


                                                                  Monte Ruapehu (Foto: James Shook, 2005).

Ainda que sejam motivo de atenção constante, o complexo de vulcões da Nova Zelândia forma imagens maravilhosas, aproveitadas nas filmagens da trilogia de O Senhor dos Anéis, dirigida por Peter Jackson (A Irmandade do Anel/ 2001; As Duas Torres/ 2002; O Retorno do Rei/ 2003), em particular os cumes nevados e cenas no Parque Nacional de Tongariro.
O Monte Ruapehu, por exemplo, foi utilizado para as filmagens de Sam e Frodo em Mordor, a passagem por Emyn Muil. Ruapehu também foi o local escolhido para filmar o Monte Doom, o vulcão no centro de Mordor.
A cena do Portão Negro foi filmada numa antiga mina no Deserto Rangipo, a partir do qual pode-se ver os cumes dos vulcões Ruapehu e Tongariro.