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CONTOS DE FADA NA TV

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autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data15/04/2012
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As séries Once Upon a Time e Grimm tentam recriar o ambiente dos contos de fada na televisão.

Um amigo me disse que tinha pensado em assistir à série Once Upon a Time, que estreou recentemente no Brasil pelo canal Sony, mas que ficou com receio quando viu, na chamada, que a obra era dos criadores de Lost. Assim, ao invés de atrair público, a chamada poderia estar afastando audiência – porque, convenhamos, o final de Lost foi horroroso. E, para ser fiel à verdade, Lost foi criado por Jeffrey Lieber, J.J. Abrams e Damon Londelof. Os criadores de Once Upon a Time – Adam Horowitz e Edward Kitsis – fizeram parte da equipe de roteiristas de Lost e, segundo as informações, tiveram a ideia para este Once Upon a Time antes de se juntarem à equipe de Lost.


O elenco principal de Once Upon a Time, em foto promocional.

Mas absolutamente não é o caso de “temer” a nova série por uma possível relação com Lost, ainda que, certamente, ela não seja a “série do ano”, como o canal anuncia. Pelo menos em sua primeira temporada – e nunca se sabe o que os produtores e roteiristas são capazes de fazer para prejudicar um trabalho –, Once Upon a Time se revelou um seriado acima das expectativas deste escriba. Mas vamos com calma, porque isso foi na época em que a série começou. O que começou com média de 12 milhões de espectadores caiu para cerca de 4 milhões na sétima temporada, em 2017, e a qualidade das histórias foi despencando, com tramas cada vez mais exageradas.
No verbete da Wikipedia sobre Once Upon a Time é destacado que, por ser uma produção da ABC Studios, que pertence aos estúdios Disney, essa versão dos contos de fada tem mais a ver com as produções da Disney do que com os contos originais coletados pelos irmãos Grimm ou por Charles Perrault.
O legal é que a série reúne praticamente todos os personagens mais conhecidos dos contos de fada tradicionais, com alterações, algumas suaves, outras nem tanto – basta ficar atento para conhecer a verdadeira natureza da, digamos assim, exótica, exuberante e sensacional Chapeuzinho Vermelho.


Ruby (Meghan Ory, à esquerda) e Mary Margaret (Ginnifer Goodwin), as versões do "nosso mundo" de Chapeuzinho Vermelho e Branca de Neve.

O estranho – ou talvez nem tanto – é que num período de menos de uma semana, em outubro de 2011, foram ao ar nos EUA tanto Once Upon a Time quanto Grimm, igualmente com um pé nos contos de fada tradicionais. Grimm é produção da Universal TV e foi ao ar pela NBC, nos EUA, e está no canal Universal, no Brasil.
A relação com o ambiente dos contos é óbvia no nome, mas nem tanto nas histórias contadas na série, que segue mais por uma linha de histórias de monstros nas quais fica difícil estabelecer uma relação sólida com os contos dos irmãos Grimm. Apesar de cada capítulo abrir com uma citação de suas obras, a base do seriado é o fato de que existem no mundo seres muito diferentes de nós, que apenas algumas pessoas – os Grimm – são capazes de perceber. Pode-se entender que os contos de fadas tradicionais mais tenebrosos tenham nascido da compreensão parcial dessa realidade subjacente.


Eddie Monroe (Silas Weir Mitchell, à esquerda) e Nick Burkhardt (David Giuntoli), lobisomem e caçador estabelecendo amizade em Grimm.

Por outro lado, as histórias de Grimm estão muito mais próximas do ambiente geralmente opressivo dos contos de fadas tradicionais – que, diga-se de passagem, quase sempre são histórias de terror sangrentas.
Os ambientes de Grimm são escuros, com muitas cenas noturnas, com pouca iluminação; até a delegacia de polícia é escura, como a casa do Grimm Nick Burkhardt (David Giuntoli). Em Once Upon a Time as filmagens ocorrem em ambientes mais claros, mais abertos, e a identificação com os personagens clássicos é facilitada pela narrativa que sempre retorna ao ambiente original de fantasia, o mundo em que as pessoas viviam antes de serem transportadas para o nosso mundo pela rainha má e emocionalmente perturbada, Regina Mills (Lana Parrilla).


Regina Mills, como a Rainha Má, em cena com os jovens Hansel (Quinn Lord) e Gretel (Karley Scott Collins).

Tanto em Grimm quanto em Once Upon a Time existem florestas circundando a cidade, mas enquanto na floresta de Once Upon a Time ocorrem basicamente encontros amorosos e, às vezes, pessoas se perdem, na de Grimm corpos são destroçados; é um campo de caça e destruição.
Seja como for, com abordagens bastante diferentes, as duas séries agradaram bastante, e pelo já se sabe que terão uma segunda temporada, o que, numa época em que séries são ceifadas da programação sem a menor cerimônia, já é alguma coisa.