A ideia de que seres extraterrestres tenham chegado à Terra em épocas remotas de nossa história começou a se tornar popular no final dos anos 1960, mais exatamente após o lançamento e imenso sucesso do livro de Erich Von Däniken, Eram os Deuses Astronautas? (Erinnerungen an die Zukunft/ Chariots of the Gods, 1968). A teoria de que os antigos deuses seriam extraterrestres já não era nova, mas a partir de então os livros sobre o assunto proliferaram.
Antes de a ficção científica se tornar um gênero conhecido, devemos considerar as histórias de alienígenas atuando na Terra elaboradas por H.P. Lovecraft.
The Creator, em Marvel Tales, 1935.
Na ficção científica, o tema vem sendo abordado há algum tempo, como se pode verificar no conto The Creator (1935), de Clifford D. Simak, que teve alguns problemas para ser publicado. Segundo Brian Stableford, nos anos 1930, muitas histórias interessantes do gênero não conseguiram espaço nas revistas devido a “tabus editoriais”. No caso da história de Simak, “ela sugere que o nosso mundo e outros podem ser a criação de um alienígena semelhante a um deus (a primeira de muitas considerações de FC do autor sobre temas pseudoteológicos), e foi considerada perigosamente próxima à blasfêmia”, Acabou sendo publicada numa revista semiprofissional de William Crawford, Marvel Tales.
Simak voltaria a fazer referência a extraterrestres atuando no passado remoto do planeta em inúmeras oportunidades (ver o texto Os Mundos de Clifford D. Simak).
Bem mais conhecido é o conto A Sentinela (The Sentinel, 1951), de Arthur C. Clarke, uma das histórias mais famosas da FC e origem do filme 2001: Uma Odisseia no Espaço (2001 – A Space Odyssey, 1968). No conto, os aliens não estão exatamente na Terra, mas tudo leva a crer que estiveram, numa época recuada. E tudo começa com a descoberta do hoje famosíssimo artefato alienígena na Lua, deixado lá por uma raça extraterrestre desconhecida numa época em que a vida no planeta estava em seus primórdios.
O artefato está protegido por um escudo invisível, mas ele é rompido e o objeto é destruído. O homem responsável pela descoberta entende que o artefato era uma sentinela, emitindo um sinal para seus construtores, esperando que a raça que se desenvolvesse no planeta evoluísse o bastante para chegar à Lua e penetrar no escudo protetor. Assim, só restava à humanidade aguardar que os construtores chegassem.
No filme, as imagens desenvolvidas por Stanley Kubrick são mais incisivas, indicando que os alienígenas estiveram aqui e tiveram participação no desenvolvimento da raça humana.
Amazing Stories, 1953 (Capa: Barye Phillips).
Arthur C. Clarke retornou ao tema em 1953, com o conto Encontro ao Amanhecer (Encounter at Dawn, 1953. Publicado originalmente na revista Amazing Stories com o título Encounter in the Dawn). O conto apresenta cientistas de um império intergaláctico que se encontra em seus últimos momento de vida. Eles procuram um planeta que apresenta as mesmas possibilidades para a vida que o seu, e encontram, entrando em contato com um dos seres primitivos de uma aldeia. Dão a ele presentes que os habitantes locais não podem compreender, e têm a ideia de ajuda-los de alguma forma. No entanto, são impedidos de ajuda-los a desenvolver sua civilização, pois são chamados de volta para ajudar seu próprio povo.
Um cientista despede-se do homem da tribo primitiva, que não consegue entender sua linguagem, dizendo que gostaria que no futuro eles não cometessem os mesmos erros que levaram ao fim de seu império, e finalmente partem. O homem primitivo vê sua presença e partida como se se tratasse de deuses. No futuro, naquele local, surgiria a cidade de Babilônia. Singelo, mas efetivo, especialmente numa época em que esses “finais surpresas” não eram tão comuns.
Dynamic Science Fiction, 1953 (Capa: Milton Luros).
No mesmo ano, Clarke publicou o conto Os Condenados (The Possessed. Originalmente publicado na revista Dynamic Science Fiction). Apresenta O Enxame, uma entidade alienígena que se reuniu em um único organismo, fugindo da destruição do sistema planetário em que se encontravam, viajando pelo universo, talvez por milhões de anos, até encontrarem a Terra, o planeta que imaginam que possa ser ideal para eles.
Esses aliens são do tipo parasitário, utilizando outras espécies como hospedeiros, e eles percebem que na Terra não existem espécies inteligentes. Assim, O Enxame de divide, uma parte seguindo adiante em sua jornada em busca de uma raça inteligente à qual possam se unir e controlar, enquanto outra parte permanece por aqui, esperando que alguns dos seres existentes no planeta se desenvolvam e adquiram consciência e inteligência. As duas partes do Enxame combinam de se encontrar num determinado local do planeta caso os que saíram em viagem encontrem o local ideal.
Mas milhões de anos se passam e a outra parte do Enxame não retorna. Os que ficaram escolhem uma raça de seres aos quais se incorporam, mas depois percebem que algo deu errado. Os seres não se desenvolvem como eles esperavam, enquanto que os macacos começam a controlar o planeta. O Enxame fica muito fraco para realizar a viagem até o local combinado, de modo que de tempos em tempos precisam realizar a jornada utilizando os corpos que escolheram para viver.
O conto termina com dois humanos observando os seres, milhares deles, dirigindo-se para o mar que cobriu o antigo local do possível encontro. Na tradução brasileira, eles são descritos como ratos, mas Clarke estava se referindo, é claro, aos lemingues, fazendo uma brincadeira com seus estranhos hábitos migratórios.
(Capa: Mel Hunter).
Outro dos escritores chamados “clássicos” da FC, Isaac Asimov, circundou o tema em Uma Abelha Se Importa? (Does a Bee Care?, 1957. Publicado originalmente na revista If: Worlds of Science Fiction). E, ainda que seu alienígena não tenha chegado à Terra antes do surgimento dos humanos, veio há tempo suficiente para modificar completamente nossa história. Uma forma de vida alienígena é depositada na Terra como um ovo, há 8 mil anos, e se desenvolve com a forma humana.
A história começa no momento em que os terrestres estão construindo uma nave espacial que seguirá em direção à Lua. Nas imediações está o homem que, na verdade, é o alienígena que, sem saber como, e nem mesmo se preocupar com isso, influenciou nossa história levando Newton, Einstein e outros cientistas a descobertas e invenções que colocaram a humanidade no estágio de desenvolvimento tecnológico que possibilitaria as viagens especiais. Seu único objetivo era esse, para poder entrar a bordo, sair da atmosfera terrestre e visualizar claramente um ponto no espaço, a estrela distante para a qual deverá se dirigir, abandonando de vez o estado de larva em que se encontra, no caso, o corpo humano.
Ele retorna ao seu lar, deixando atrás de si um planeta completamente modificado. Ele não se importa com isso, da mesma forma que uma abelha não se importa com o que acontece com a flor depois que ela a visita e segue seu caminho.
Veja a seguir outras histórias sobre alienígenas no passado da Terra, nos livros, no cinema e na TV.
UMA SEPULTURA NA ETERNIDADE (Quatermass and the Pit)
(também em Demônios Ancestrais)
SHIKASTA – CANOPUS EM ARGOS: ARQUIVOS (Shikasta, 1979)
Doris Lessing.
(também em O Bem e o Mal na Literatura e no Cinema)
A COISA (It, 1986)
Stephen King.
(também em Demônios Ancestrais)
OS ESTRANHOS (The Tommyknockers, 1987)
Stephen King.
(Signet).
Em entrevista à revista Fangoria, nos anos 1980, Stephen King disse que Tommyknockers tem a ver com nossa obsessão com invenções, e sugeriu uma relação entre essa história e a de A Coisa, o que pode ser entendido. Em A Coisa, um ser maligno e extraterrestre procura no fundo das pessoas para encontrar o que mais as assusta e também para conhecer seus maiores desejos. Aqui, os alienígenas utilizam a obsessão dos americanos com as invenções – ou simplesmente com o fato de poderem possuir objetos – e transformam esses objetos no centro da destruição da sociedade humana. Não foi a primeira vez que Stephen King utilizou um conceito semelhante, apresentando o excessivo consumismo da sociedade americana como o fonte de sua perdição (como em Christine e em Trocas Macabras, por exemplo).
Os Estranhos nem sempre foi muito bem recebido pela crítica, mas é um livro excelente. No prefácio, King diz que, segundo se sabe, o termo tommyknockers tanto pode significar ogros vivendo em túneis como fantasmas infestando cavernas ou galerias de minas desertas. A noção que ele pretende passar no livro é apresentada aos leitores por meio de estrofes infantis, repetidas de geração a geração e permanecendo fundo no subconsciente das pessoas como representantes de alguma coisa ruim, algo maligno, além de nossa capacidade de imaginação ou na medida exata de nossa imaginação inconsciente, como ocorria em A Coisa. É aquilo que causa o medo sem que se saiba exatamente de onde vem.
Numa primeira abordagem, a história poderia ser vista como um tema comum da ficção científica, uma invasão alienígena, ainda que não exista uma guerra aberta e os extraterrestres em questão já estejam mortos há centenas de milhares de anos. Ou, pelo menos, quase mortos.
Stephen King inventou a cidadezinha de Haven, no Maine – que, posteriormente, foi a localização do bom seriado com o mesmo nome, apresentado no SyFy. É nessa cidade que mora Roberta, Bobbi, e é ela que tropeça em uma nave espacial enterrada numa floresta próxima à sua casa. Ela começa a desenterrá-la, percebendo que se trata de algo fora do comum e muito grande. Quanto mais ela escava, mais alucinante se torna sua ação. E, antes que a escavação termine, a cidade de Haven já está completamente transformada, assim como seus habitantes, a começar por Bobbi.
A nave e os corpos dos aliens em seu interior têm a capacidade de transformar a mente das pessoas, tornando-as muito mais inteligentes, ao mesmo tempo em que causam uma deterioração física acentuada. As pessoas começam a construir objetos fantásticos a partir das coisas mais comuns, com pilhas servindo como fonte de energia quase inesgotável. Muitas mortes e muita violência depois, a cidade está totalmente “tomada” e isolada do resto do mundo, e as pessoas de fora percebem que algo de errado está ocorrendo.
Além de ser uma discussão sobre a obsessão com a tecnologia, como Stephen King disse, a história também pode ser vista como uma discussão sobre o poder e o que ele é capaz de fazer com as pessoas, como as transforma em “estranhos” à raça humana, em alienígenas cujas ações não podem ser aceitas pelos humanos em hipótese alguma.
Tommyknockers - Tranquem Suas Portas (The Konigsberg/Sanitsky Company/ Warner).
A história foi adaptada para a TV, na minissérie Tommyknockers – Tranquem Suas Portas (The Tommyknockers, 1993), com direção de John Power e Jimmy Smits e Marg Helgenberger nos papéis principais. Mas apesar de ser uma produção cara para a época (12 milhões de dólares), não consegue se igualar ao livro, ignorando as críticas à sociedade consumista e à busca pelo poder.
STARGATE (Stargate, 1994)
Direção de Roland Emmerich.
(Le Studio Canal+/ Centropolis Film Productions/ Carolco Pictures).
Apesar de apresentar alguns dos clichês preferidos do diretor Roland Emmerich, o filme traz uma das ideias mais interessantes a respeito da presença de extraterrestres em nosso passado. Roland Emmerich dirigiu o filme dois anos antes do estrondoso sucesso com o tenebroso Independence Day e dois anos depois do sucesso de Soldado Universal (aquele com Jean-Claude Van Damme). A produção custou 55 milhões de dólares e também foi um sucesso de bilheteria, apresentada como uma ficção científica épica, com milhares de extras e cenários grandiosos. Uma expedição arqueológica ao Egito encontra um anel metálico que foi enterrado no local nove mil anos atrás. Os militares não conseguem decifrá-lo durante 90 anos, até que um egiptólogo (James Spader) descobre a forma de o artefato funcionar, percebendo que se trata de um portão dimensional para um planeta distante. Kurt Russell é o coronel que lidera uma expedição através do portal, surgindo na cidade de Ngada. O planeta é muito parecido com o antigo Egito, com escravos e um senhor supremo que nada mais é do que o deus Ra, cultuado no antigo Egito, cujos poderes vêm de tecnologia avançadíssima. Os heróis da Terra acabam liderando as massas escravas numa revolta.
James Spader e Kurt Russell, em Stargate.
A ideia do transporte imediato entre planetas distante não é exatamente uma ideia nova na ficção científica; o escritor Clifford D. Simak apresentou algo parecido em O Planeta de Shakespeare (Shakespeare’s Planet, 1977). O conceito de uma raça avançada que desaparece e deixa suas realizações espalhadas pelo universo também surgiu no clássico A Porta das Estrelas (Gateway, 1977), de Frederik Pohl, ainda que no caso fossem naves espaciais programadas para viajar a determinados locais, e não portais.
Stargate trabalhou muito bem com a ideia de que os antigos deuses egípcios não eram apenas mitos e lendas, mas tinham uma existência real; uma raça que chegara à Terra através do portal, agora esquecido, e escravizara a população local. Novamente ativado, o portal leva um grupo de terrestres a um novo planeta.
O filme iniciou uma franquia com séries para a TV e para a internet, filmes produzidos diretamente para DVD, além de games. No primeiro seriado, Stargate SG-1 (1997-2007), outros portais são encontrados e, da mesma forma que os terrestres encontram raças alienígenas e estabelecem contato com elas, outras raças pretendem utilizar os portais para iniciar o processo de invasão da Terra e nossa dominação. Aliens ruins existem por toda parte; não dá para escapar.
(Acme Shark/ MGM Television/ Pegasus Productions/ Sony Pictures Television).
Stargate Atlantis (2004-2009) seguiu nessa linha, ampliando o tema da intervenção de extraterrestres no passado distante da Terra. Ao final da primeira série, um posto avançado tinha sido descoberto na Antártida, atribuído à raça conhecida como os Antigos. A partir das investigações no local, descobrem que alguns humanos têm o DNA compatível para operar alguns dos instrumentos projetados pelos Antigos. Mais do que isso, localizam a cidade deles que havia na Terra, Atlantis – ou Atlântida – e que partiu daqui para outro ponto do universo. Os militares e cientistas terrestres chegam à cidade pelo portal; ela está localizada na galáxia Pegasus, e lá eles se deparam com uma nova ameaça à Terra e aos humanos, uma raça alienígena semelhante a vampiros.
No lançamento em DVD, o filme recebeu o subtítulo “A chave para o futuro da humanidade”, totalmente dispensável.
O MONSTRO DO ÁRTICO (The Thing, 1951)
(Capa: H. Wesso).
Também com o título The Thing From Another World. O filme ficou mais conhecido do que o conto no qual foi baseado, Who Goes There?, de John W. Campbell Jr., publicado em 1938 na revista Astounding Science Fiction, com o pseudônimo Don A. Stuart. Campbell ganhou fama na ficção científica como o editor da revista, que publicou autores como Isaac Asimov e Robert A. Heinlein.
No conto, cientistas realizando pesquisas na Antártida descobrem uma nave alienígena enterrada no gelo e, segundo acreditam, ela caiu no local há 20 milhões de anos. Eles conseguem encontrar o corpo do alienígena, igualmente congelado, e revivê-lo. O extraterrestre é capaz de assumir a forma, as memórias e a personalidade de qualquer ser vivo que ele mate. Assim, ele logo assume a forma de um cientista que assassina e obriga os demais a lutar por sua sobrevivência.
Depois de muito, eles conseguem eliminar A Coisa, e descobrem que ele estava construindo um aparelho que possibilitaria que deixasse o planeta em sua nave.
O filme gerou algumas discussões entre críticos de ficção científica. Chegou a ser considerado entre os melhores filmes do gênero. Como exemplo, no livro The Encyclopedia of Science Fiction Movies, existe um apêndice no qual alguns nomes conhecidos do gênero elaboraram listas dos 10 melhores filmes do gênero, e o filme consta na listagem do escritor Arthur C. Clarke e do próprio autor do livro, Phil Hardy, além de estar na lista de preferidos dos críticos franceses. Hardy diz que o escritor e diretor Michael Crichton considerou O Monstro do Ártico “o melhor filme de Ficção Científica já realizado”, o que parece um exagero.
(RKO Radio Pictures/ Winchester Pictures Corporation).
Seja como for, Phil Hardy lembra que o filme, que considera maravilhoso, tem sido parcialmente obscurecido por duas controvérsias – uma maior, outra menor – que estão à sua volta desde que foi lançado. A controvérsia menor, segundo Hardy, diz respeito a quem dirigiu o filme? Se foi o diretor a quem foi creditado, Christian Nyby, ou o produtor, Howard Hawks, ele próprio um dos diretores mais consagrados da história do cinema? Hardy entende que essa controvérsia é facilmente esclarecida, dizendo que Hawks comprou os direitos da história de Campbell nos anos 1940, solicitou o roteiro – que foi escritor por Charles Lederer – planejou o filme, ensaiou os atores, supervisionou todas as filmagens e foi o produtor. Nyby, que foi editor de vários filmes de Hawks que, como um favor, para que ele pudesse iniciar sua carreira como diretor, permitiu que ele dirigisse, ainda que sob seu controle absoluto. Não adiantou muito, já que o filme seguinte de Nyby, Taverna dos Perdidos (Hell on Devil’s Island, 1957), foi um fracasso, e ele passou a atuar como diretor de episódios de inúmeros seriados de TV.
Phil Hardy considerou bem mais interessante a controvérsia em torno da recepção que o filme teve entre os críticos e profissionais da ficção científica, o que revelou a grande distância existente entre a ficção científica e o cinema de ficção científica. “Em contraste com a recepção geralmente favorável que o filme recebeu”, diz Hardy, “eles o atacaram selvagemente como sendo, conforme um crítico disse, ‘uma traição radical de sua origem’, ao transformar o alienígena capaz de mudar de forma, de Campbell, em um monstro, e por sua atitude com relação à ciência em geral”. Assim, muitos criticaram o filme por iniciar o ciclo de filmes de FC com monstros que rapidamente suplantou a aproximação documentária/realista de Destino à Lua (Destination Moon, 1950), que tinha sido muito admirado pela comunidade da ficção científica.
Hardy é um dos vários críticos que entendem que o argumento é inapropriado, uma vez que Hawks deixa bem claro que os comentários do personagem jornalista Ned Scott (Douglas Spencer) são claramente apresentados como sendo clichês, descrições rápidas e grosseiras da situação, enquanto que o cientista Arthur Carrington (Robert Cornthwaite) é descrito como um profissional competente. Segundo Hardy, o que a fraternidade da ficção científica temia era que, justamente num momento em que o gênero estava se tornando respeitável, o cinema estava ressuscitando os chamados “monstros de olhos esbugalhados” que marcaram as piores histórias do início da fc. “Neste ponto”, diz Hardy, “eles estavam corretos, mas ao escolher O Monstro do Ártico como culpado, eles interpretaram mal o filme”.
O alienígena que não possui emoções nem sente dor, e que somente pensa em procriar e manter-se vivo, foi apresentado novamente em Alien, O Oitavo Passageiro (1979).
Enigma de Outro Mundo (Universal Pictures/ Turman-Foster Company).
Em 1982, John Carpenter refilmou a história com Enigma de Outro Mundo (The Thing), dando ênfase à abordagem original de Campbell, ou seja, apresentando um alienígena capaz de mudar de forma, mas o filme não teve boa recepção e não foi o sucesso que se esperava, demasiadamente centrado nos efeitos especiais que, cada vez mais, estavam ganhando destaque nos filmes de FC.
A Coisa (Morgan Creek Productions/ Universal Pictures/ Strike Entertainment).
Em 2011, resolveram filmar a história novamente, A Coisa (The Thing), desta vez como a maldita prequel, ou prequela, os eventos que antecederam o filme de Carpenter. A direção foi de Matthijs van Heijningen.
O BESOURO NO FORMIGUEIRO (Zuk v Muravjnike, 1979)
Arkady e Boris Strugatsky.
FANTASMAS (Phantoms, 1983)
(também em Demônios Ancestrais)
Dean R. Koontz.
(Berkley).
O autor mistura ficção científica e terror, com uma história que tem algumas relações – guardadas as devidas proporções criativas – com o tema do livro A Coisa (It, 1986), de Stephen King, ao propor a existência de um ser malévolo e não terrestre que se encontra em nosso planeta desde tempos ancestrais, habitando os subterrâneos de uma cidade do interior dos EUA. Como o palhaço/monstro de King, esse também consegue penetrar na mente dos humanos e criar terrores – ou fantasmas, como é sugerido pelo título – ainda que também dê formas mais reais às suas criações.
As personagens centrais são uma médica e sua irmã adolescente que chegam à cidade onde a médica trabalha, encontrando o local totalmente abandonado. Não demora muito para encontrarem os corpos dos moradores, assassinados por um alienígena de proporções gigantescas que habita o subterrâneo da cidade e que pode assumir a forma que bem entender, além de reproduzir as falas dos humanos, uma vez que adquire a personalidade e os conhecimentos daqueles que consome.
A história foi levada para o cinema em 1998, com o mesmo título, em filme mediano com direção de Joe Chappelle e as presenças do veterano Peter O’Toole, Joanna Going, Ben Affleck e Liev Schreiber.
MALDIÇÃO DA ATLÂNTIDA (The Atlantic Abomination, 1960)
John Brunner.
O MISTÉRIO DE MERCÚRIO (Fire Pattern, 1984)
Bob Shaw.
(Capa: Tim White).
A história propõe uma explicação para o confronto entre o Bem e o Mal na Terra, envolvendo a ação de extraterrestres. A Terra e Mercúrio foram colonizados por seres vindos de outro sistema solar, há tanto tempo que não existe sequer registro desse acontecimento. A população de Mercúrio foi quase totalmente exterminada quando um cometa passou pelo sistema solar, 15 séculos antes de Cristo, modificando a rotação do planeta e impossibilitando a vida, mesmo em suas cidades subterrâneas.
Os sobreviventes desenvolveram imensas capacidades telepáticas e nos últimos três mil anos estão se transferindo para a Terra por meio de um processo mental que lhes permite ocupar corpos terrestres. Como são um povo ético, ocupam apenas corpos que estão prestes a morrer.
A história ainda envolve a atuação de um renegado chamado Príncipe Belzor, que vive na Terra há dois mil anos, trocando de corpo constantemente e atacando aqueles que chegam ao planeta. O personagem central, terrestre, percebe as inúmeras relações entre a aventura em que se envolveu e as ideias religiosas existentes na Terra, com o Príncipe Belzor lembrando o conceito do Príncipe das Trevas, ou Belzebu, agindo como um elemento do Mal no planeta, num momento em que se aproxima o Apocalipse, enquanto outro grupo de “mercurianos” luta contra ele, para salvar a humanidade. Existe até mesmo uma aproximação com alguns conceitos de Philip K. Dick, pressupondo que a humanidade não foi salva com o suplício e morte de Jesus Cristo, mas que ocorreu exatamente o oposto. O Demônio, ou qualquer que seja o nome que ele tenha, não foi expulso do planeta, mas instalou-se na Terra, criando imensas dificuldades para o planeta e seus habitantes.
PARASITAS DA MENTE (The Mind Parasites, 1967)
Colin Wilson.
(Arthur Barker).
Na introdução do livro, Colin Wilson explica sua relação com August Derleth e a literatura lovecraftiana, e como foi instigado por Derleth – um grande amigo de H.P.Lovecraft e um dos principais divulgadores de suas obras – a escrever uma história de terror semelhante às histórias de Lovecraft, o que implicaria na utilização de alguns dos conceitos que a FC acostumou-se a utilizar, ou seja, seres alienígenas poderosos e sua influência na civilização terrestre. Para sorte dos leitores, o desafio foi aceito e a tarefa muito bem cumprida, ainda que o estilo de narração de Colin Wilson seja bem diferente.
As antiquíssimas cidades que Lovecraft costumava utilizar em suas histórias fantásticas – em algumas delas as cidades são o ponto central da narrativa – também aparecem em Parasitas da Mente, mas surgem mais como um artifício para o desenvolvimento de outra ideia, que é a base do livro. Mais especificamente, uma cidade antiquíssima que é descoberta por um arqueólogo no decorrer da história serve apenas para desviar a atenção da humanidade do problema real.
Mais do que qualquer coisa, Wilson desenvolveu a ideia lovecraftiana de um problema de proporções gigantescas, que envolve toda a humanidade, ainda que, ao contrário do beco sem saída em que Lovecraft coloca seus personagens e leitores, Colin Wilson aponta saídas possíveis. No livro, Wilson trabalha com um conceito que ele desenvolveu mais profundamente no seu livro O Oculto, referente ao que chamou de “teoria da faculdade X”. No romance, o nome não é identificado, mas a ideia é muito parecida.
A faculdade consiste, basicamente, nas forças que sempre existiram nos seres humanos, mas das quais não temos consciência. Possuir a faculdade, ou melhor, possuir a capacidade de utilizá-la, seria possuir um maior grau de consciência da existência de uma fonte de energia escondida. Na ficção, os parasitas são uma raça alienígena que chegou à Terra em tempos remotos e aqui se estabeleceu. Eles vivem em um espaço entre a nossa consciência e a fonte de energia que alimenta nossa mente. Não é um espaço facilmente determinável, uma vez que não é exatamente físico. Para Wilson, a humanidade tem uma mente coletiva cujo ponto em comum é exatamente essa fonte de energia.
Os seres parasitas podem estar em qualquer mente humana sem perder o contato com as demais. Para os humanos alcançarem a faculdade é preciso, antes de mais nada, ter consciência da existência da fonte de energia, e, depois, conseguir alcançá-la vencendo a resistência dos parasitas, que farão de tudo para impedir que os humanos obtenham essa energia. As pessoas que conseguem vencê-los adquirem uma força inacreditável, uma força mental que se exprime fisicamente. Para essas, as demais pessoas estão como que “dormindo”, sem conseguir compreender o que está acontecendo em suas próprias mentes e no mundo à sul volta.
(Arkham House. Capa: Frank Utpatel).
A teoria de Wilson – tanto na forma como ela aparece em Parasitas da Mente quanto na forma mais elaborada em O Oculto – foi criada como uma tentativa de explicar os mais variados fenômenos parapsicológicos com uma única noção. Parece que, posteriormente, o escritor modificou algumas de suas opiniões a esse respeito, mas em todo o caso o conceito é muito mais interessante por assumir uma postura de crítica social, o que raramente se vê nesses casos. As pessoas estão “dormindo”, e não foi difícil para Wilson perceber essa situação simplesmente observando o nosso planetinha. Os parasitas que surgem na ficção nada mais são do que uma metáfora para qualquer “demônio” criado por nós mesmos, os demônios que têm de ser enfrentados para que se possa “acordar” para uma vida plena, para tudo o que é realmente possível de ser realizado.
As pessoas que “dormem” preocupam-se com aspectos nada importantes da vida, dedicando sua atenção não à procura e contato com a fonte de força, mas a trivialidades. As guerras e todos os tipos de preconceitos são nitidamente atacados pelo autor. Mais do que isso, o modo de se viver no cotidiano, prendendo-se a rituais diários insípidos e nunca se afastando de determinados modos de pensar e encarar o mundo e o universo. Os parasitas em nossas mentes deturpam nossos objetivos, prendem-nos a modismos e a pensamentos e modos de agir superficiais, imediatistas, que nos dão uma falsa aparência de termos atingido um grande e importante objetivo, quando, na verdade, continuamos cada vez mais presos no mundo das aparências.
Levado às últimas instâncias, esse pensamento liga-se à noção hindu do véu de Maia, que encobre o mundo real, dando aos seres humanos uma falsa aparência de realidade. Philip K. Dick utilizou esse conceito em praticamente toda a sua obra, ainda que de forma diferente. Doris Lessing também utilizou o mesmo conceito na série de livros da série "Canopus em Argos", começando com Shikasta, apresentando os seres que vivem nesse nível, ou seja, nós mesmos, como pessoas cegas, ou que estão em estado de sono constante. Nesse casos, o nível de realidade com o qual os seres humanos têm contato é, para dizer o mínimo, ridículo.
(Panther. Capa: Bob Haberfield).
Preferimos continuar acreditando que o mundo é apenas isso que vemos à nossa volta porque é uma espécie de vício. Para Wilson, toda essa situação é demonstrável pela experiência. Pessoas que “acordam” durante alguns segundos, ou aquelas com um maior grau de percepção que conseguem permanecer “acordadas” por longos períodos, alcançam realizações que, geralmente, são rotuladas como fantásticas. Dessa forma, a história do ocultismo e da parapsicologia estaria repleta de exemplos relacionados a pessoas que “acordaram”. Ele elaborou a ideia de que as capacidades de deslocação no tempo e espaço, os deslocamentos físicos de objetos – fenômenos conhecidos pelos nomes de precognição, telepatia, telecinese e outros – nada mais são do que o emprego, consciente ou não, dessa faculdade humana ainda desconhecida em sua totalidade.
O básico é “acordar” para poder chegar até ela. É perfeitamente possível pensar nos parasitas como coisas reais, que brecam o desenvolvimento mental. Nada mais real do que uma guerra ou os preconceitos sem fim que acompanham a “evolução” da sociedade humana ao longo da História. Ou a onda de consumismo que a humanidade vive hoje em dia. Existem muitas pessoas, entre historiadores e cientistas em geral, que acreditam que as guerras são até mesmo necessárias, criando novos rumos de desenvolvimento tecnológico que, de outra forma, não aconteceriam. Nesse sentido, Wilson pensa da forma correta, não se referindo exatamente a um possível desenvolvimento tecnológico, mas a uma postura mental. A postura mental de “estar em guerra” é um poderoso parasita, e tem acompanhado nossa civilização desde que se tem notícia. Muitos podem até mesmo rebater essa posição acenando com as conquistas científicas e tecnológicas alcançadas pela humanidade. No entanto, o estado de absoluto abandono e precariedade em que se encontra todo o planeta – para não falar do estado de pelo menos dois terços da população humana que nele sobrevive, e de sabe-se lá quantos por cento da população não humana – é um forte e definitivo argumento contra essa postura imediatista. Os avanços científicos e tecnológicos são importantes, mas de nada adiantam se não vierem acompanhados de uma mudança na postura mental.
O que Colin Wilson deixa transparecer em seu livro, na verdade, é bem mais terrível do que os parasitas alienígenas apresentados. Os parasitas aos quais ele está se referindo foram criados e tornados realidade por nós mesmos, de modo que passamos a ser os parasitas de nossas próprias mentes.
Curiosamente, grande parte da crítica especializada em FC e terror não gostou do livro. Alguns, na verdade, abominaram, entendendo que não está à altura de seus melhores trabalhos, em particular fora do campo da FC, como o excepcional O Outsider (The Outsider, 1956. Martins Fontes Ed.). Acho um exagero, e o livro é uma delícia.
VAMPIROS DO ESPAÇO (The Space Vampires, 1976)
Colin Wilson.
(Pocket Books. Capa: Charles Moll).
Ainda que de forma menos elaborada do que seu livro anterior, Parasitas da Mente, aqui Colin Wilson também apresenta o conceito de que seres alienígenas têm visitado a Terra em épocas passadas.
Na espaçonave dos seres vampíricos é encontrado um mapa da Grécia da Antiguidade, de uma época anterior a 1.500 a.C., o que leva os terrestres à conclusão de que os aliens conheciam nosso planeta e já tinham nos visitado pelo menos uma vez. Isso também explicaria as lendas sobre os vampiros que existem em muitos locais do planeta. Posteriormente, ficam sabendo que os aliens vieram de um planeta da estrela Rigel e que podem viver mais de 50 mil anos. E mais: sabem que os extraterrestres tiveram participação no desenvolvimento mental dos primitivos homens das cavernas, atuando diretamente em seus cérebros e provocando sua evolução. Na verdade, eles desenvolveram os humanos como um reservatório da energia vital que eles sugam, como uma reserva para o futuro.
Colin Wilson ainda introduz mais um elemento na história, ligando-a com o conceito da Queda narrada na Bíblia, ao mesmo tempo em que consegue uma solução para o problema dos terrestres no estilo “deus ex-machina”. A situação é resolvida com o surgimento repentino de uma força ainda superior à dos vampiros de Rigel, uma criatura do planeta Karthis, do mesmo sistema solar e, na verdade, pertencente à mesma raça. Esse ser os persegue há mais de mil anos, e fica-se sabendo que, antigamente, os vampiros possuíam as mesmas possibilidades e capacidades energéticas que o ser de Karthis, mas as perderam e substituíram pelo vampirismo, numa espécie de “queda”.
Então, assim como os elementos presentes no inconsciente coletivo da raça humana têm muito a ver com a imagem dos vampiros vivendo nas mentes dos homens das cavernas, essa “queda” de uma posição superior liga-os também à história da luta entre o Bem e o Mal, presente em toda a literatura e conhecimento religioso da raça humana.
FORÇA SINISTRA (Lifeforce, 1985)
Direção de Tobe Hooper.
Mathilda May, a vampira do espaço sugando a vida de um terrestre (Golan-Globus Productions/ Easedram Limited/ London-Cannon Films).
Filme baseado no livro Vampiros do Espaço. Uma raça de alienígenas é encontrada vagando no espaço, aparentemente mortos, dentro de sua gigantesca nave. São trazidos à Terra para estudos e, aqui, despertam e mostram sua força. Eles são vampiros de energia, sugando toda a vida das pessoas e passando de um corpo para outro à vontade. O roteiro de Dan O'Bannon (de Alien) e Don Jakoby apresenta alguns exageros e extrapolações inúteis, como a introdução do cometa de Halley na história. Os efeitos especiais são excelentes, mas o filme apenas razoável, jamais conseguindo captar o clima do livro de Wilson. Destaque para as cenas de destruição e loucura em Londres, lembrando o clima do superior Uma Sepultura na Eternidade, e claro, as cenas de nudez da vampira Mathilda May, que acabaram chamando mais atenção do que a ação em si.
OS DEMÔNIOS DOS SEIS SÉCULOS (Gargoyles, 1972)
Direção de B.W.L. Norton.
(Tomorrow Entertainment).
Filme produzido para a TV. Os gargoyles do título são as gárgulas, seres retratados em várias obras de arte religiosa e que, aqui, são apresentados como seres reais, muito antigos, e que ainda habitam a Terra, escondidos em cavernas no deserto do Novo México, nos EUA.
Cornel Wilde interpreta um pesquisador de antiguidades que, junto com sua filha (Jennifer Salt), descobre a existência dos seres, com os quais entram em conflito, dando início a uma perseguição feroz à espécie. Eles são extremamente inteligentes e seu líder (Bernie Casey) consegue escapar da perseguição juntamente com sua esposa grávida.
É estabelecida uma relação entre a presença dos seres na Terra com as antigas lendas sobre demônios, com os quais se parecem, além de terem asas e serem dotados de uma força imensa. Em certo momento do filme é dado a entender que eles não pertencem originariamente à Terra, tendo chegado ao planeta há muito tempo, antes mesmo dos seres humanos terem se desenvolvido. E, apesar de sua aparência, eles não são exatamente o que os humanos pensam, mas sim uma raça bastante sensível e inteligente, lutando desesperadamente contra sua extinção.
Apesar de ser uma produção modesta para televisão, o filme é muito bom, e ainda conta com as maquiagens das gárgulas feitas por Stan Winston, que iria se tornar um dos principais nomes dos efeitos especiais e maquiagens.
POSSUÍDA PELO DIABO (Demon, Demon, 1975)
Direção de Richard Dunlap. Produção inglesa para a TV, com Bradford Dillman e Juliet Mills, também lidando com a mistura terror, ficção científica e religião. Certamente é um filme de terror, mas com elementos bem claros de FC.
Um arqueólogo enfrenta problemas com sua esposa, que está se submetendo a um tratamento psiquiátrico. Ele tenta recuperar o trabalho do pai dela, também arqueólogo e já falecido, especializado em religiões antigas. A esposa parece estar possuída por uma entidade maligna e o grupo de terapia em vez de ajudar faz com que a entidade se manifeste nela, uma vez que os integrantes do grupo são na verdade adoradores do demônio.
O fato marcante é que os demônios da história são alienígenas, chegados à Terra por volta do ano 20 mil a.C., quando fugiram de seu planeta que estava se destruindo Conviveram com os humanos por algum tempo, mas depois passaram a ser perseguidos, refugiando-se numa dimensão paralela, a partir da qual continuaram a tentar consertar sua nave para prosseguir viagem. Sua aparência foi associada ao Mal e ao Diabo, mas eles dizem que vieram em paz. A produção é modesta, mas traz alguns momentos bem interessantes, ainda que o melhor mesmo seja o desenvolvimento do tema.
HERDEIROS DA MORTE (Il Visitatore, 1978)
Direção de Michael J. Paradise (pseudônimo de Giulio Paradisi).
(Brouwersgracht Investments/ Film Ventures International/ Swan American Film).
Esse filme errático traz um elenco com nomes impressionantes: Mel Ferrer, Glenn Ford, John Huston, Sam Peckinpah, Shelley Winters, Lance Henriksen. E é errático porque consegue alternar imagens fantásticas, muito bem elaboradas, com outras simplesmente medíocres.
A base da história é um tema bastante explorado pelo escritor Philip K. Dick, referindo-se à presença de forças representantes do Bem e o Mal na Terra, e sua atuação entre nós. E, claro, essas forças são apresentados como alienígenas, que entram em conflito em torno de uma criança de oito anos.
O que poderia ser um bom filme é definitivamente estragado por uma cena final de muito mau gosto, para não falar dos clichês ao longo da produção. Talvez se um dos diretores que atuaram como atores – Huston ou Peckinpah – tivesse assumido a direção, o resultado poderia ser diferente.
No Brasil, chegou a ser lançado em VHS. Dizem que o título original é Stridulum, mas na cópia na qual em assisti estava Il Visitatore mesmo.
UMA ESTRANHA EM LOS ANGELES (Alien From L.A., 1988)
Direção de Albert Pyun.
(Golan-Globus Productions).
O diretor é conhecido por uma série de filmes tenebrosos de ficção científica, incluindo uma versão inacreditavelmente ruim de Capitão América, em 1990. Aqui, não é diferente. Kathy Ireland interpreta uma jovem à procura de seu pai, um arqueólogo desaparecido. Ela vai para a África e acaba encontrando uma civilização subterrânea, nada menos do que a Atlântida, habitada pelos descendentes dos alienígenas cuja nave caiu na Terra milhares de anos antes.
O nome da jovem é Wanda Saknussemm, referência ao personagem Saknussemm de Viagem ao Centro da Terra, de Jules Verne. Os habitantes de Atlântida se vestem com o visual punk da época e falam inglês. Terrível.
MISTÉRIO NO SAARA (Il Segreto del Sahara, 1982)
Direção de Alberto Negrin.
(RAI International/ Rai 1/ TF1 Films Prod./ Beta Film).
Minissérie com produção da RAI, e com um bom elenco com Michael York, Ben Kingsley, James Farrentino e Andie MacDowell. A história se passa em 1925, quando um arqueólogo americano parte para o deserto do Saara em busca das lendárias Montanhas Falantes, sobre as quais tinha ouvido falar e das quais obteve informações por meio de um manuscrito. Após uma série de dificuldades e aventuras pelo caminho, descobre que sob a montanha esconde-se o que restou de uma civilização alienígena que chegou ao planeta há milhares de anos.
Além do bom elenco, tem excelentes filmagens do deserto, numa produção bem agradável. Algumas fontes dão a duração como sendo de cerca de 360 minutos; outras, como sendo de 240 minutos. No lançamento em VHS no Brasil (Mega Video), tem apenas 105 minutos.
MONOLITH – A ENERGIA DESTRUIDORA (Monolith, 1993)
Direção de John Eyres.
(EGM Film International/ Moonstone Entertainment).
Filme fraquinho, apesar do elenco mais do que razoável que inclui John Hurt, Bill Paxton e Louis Gossett Jr.. Dois policiais de Los Angeles envolvem-se numa trama complicada ao perseguirem uma cientista russa completamente transtornada que matou uma criança. Logo após sua prisão, ela é retirada da delegacia por agentes federais. Os policiais continuam investigando e encontram um ser alienígena que chegou à Terra há milhões de anos e que tem a capacidade de invadir o corpo dos humanos.
NECRONOMICON: O LIVRO PROIBIDO DOS MORTOS (Necronomicon, 1993)
Direção de Brian Yuzna, Christopher Gans e Shusuke Kaneko.
(Davis-Films/ Ozla Productions).
Filme dividido em três episódios conectados por uma história em comum. Claro que é baseado nas histórias de H.P. Lovecraft, mas apenas levemente, usando e abusando da liberdade de interpretação. A história de ligação traz o próprio Lovecraft pesquisando os terrores do Necronomicon – que, para quem ainda não sabe, não é “o livro proibido dos mortos”, como diz o titulo em português, mas o livro dos segredos terríveis dos seres mais antigo do mundo – e nós vamos vendo as histórias que Lovecraft supostamente escreveria ao ler o livro maldito numa biblioteca proibida.
A produção não chega a ser nada demais, apesar de ser pretensiosa. O alienígena ancestral que surge é Cthulhu, além de uma raça de aliens que vive nos subterrâneos de uma grande cidade e se alimenta do tutano dos seres humanos.
ARQUIVO X, O FILME (The X Files, 1998)
Direção de Rob Bowman.
(Ten Thirteen Productions/ 20th Century Fox Television/ X-F Productions).
O filme, produzido a partir do imenso sucesso do seriado com o mesmo título, também recebeu o nome The X Files: Fight the Future, e traz David Duchovny e Gillian Anderson como as personagens centrais Fox Mulder e Dana Scully, agentes do FBI envolvidos com todo tipo de eventos estranhos e, principalmente, com o chamado arco principal da série, a presença de alienígenas na Terra. A produção é do criador da série, Chris Carter, e o roteiro dele e de Frank Spotnitz.
O longa já começa dando o tom que nos interessa aqui, ou seja, no ano 35.000 a.C., mostrando dois caçadores que encontram uma forma de vida extraterrestre numa caverna; um deles é morto e o outro infectado com s substância conhecida na série como óleo negro. O mesmo óleo infecta um garoto em 1998, quando ele cai em um buraco, no mesmo local.
Mulder (David Duchonvy) e Scully (Gillian Anderson).
O filme situa-se no período ao final da quinta temporada da série, depois que os arquivos X foram fechados pelo FBI. Mulder e Scully envolvem-se na trama que ainda tem o Sindicato, o grupo de pessoas que mantém uma estranha e próxima relação com os seres alienígenas, e o desenvolvimento de um vírus que pode ameaçar toda a vida no planeta.
Entre outras aventuras, os dois vão parar na Antártida, onde existe um centro secreto com centenas, ou milhares, de corpos de extraterrestres, além de uma gigantesca nave espacial.
Parte da crítica odiou o filme, entendendo que a trama é excessivamente complicada ou mesmo implausível. Na verdade, o filme segue exatamente as pegadas da trama central e a mais interessante do seriado, que é justamente a da presença de alienígenas em nosso planeta. Um filme bem dirigido por Bowman, também responsável por vários episódios da TV, com muita ação e bons efeitos especiais.
O SOBREVIVENTE (Survivor, 1999)
Direção de David Straiton.
(Alliance Atlantis Communications/ Chesler/Perlmutter Productions).
Filme bem fraquinho produzido para a TV, imaginando que uma nave alienígena desceu na Terra há um bilhão de anos, com um passageiro ficando preso na lava. Uma prospecção de petróleo no Ártico acaba encontrando o ser, que é despertado e vai atrás dos humanos, é claro. Os aliens são apresentados como tendo sido os responsáveis pelo nosso desenvolvimento, pois queriam nos utilizar como gado. Absolutamente nada de novo, criativo ou bem feito.
ALIEN VS. PREDADOR (AVP: Alien vs. Predator, 2004)
Direção de Paul W.S. Anderson.
(Twentieth Century Fox/ Davis Entertainment Company/ Brandywine Productions).
Uma pirâmide é encontrada enterrada no solo da Antártida e uma empresa decide averiguar. Descobre-se que se trata de uma construção antiquíssima utilizada como local de batalha entre as duas raças alienígenas do título. Alien, O Oitavo Passageiro (Alien, 1979) foi um filme único, hoje visto entre os clássicos da fc e terror; Predador (Predator, 1987) foi um filme bom. A união dos dois é uma perda de tempo para quem gosta de boa ficção científica, mas conquistou muitos fãs.
INDIANA JONES E O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL (Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull, 2008)
Direção de Steven Spielberg.
(Paramount Pictures/ Lucasfilm/ The Kennedy/Marshall Company).
O quarto filme da série com o personagem Indiana Jones, interpretado por Harrison Ford. Não traz quase nada do charme dos três anteriores, com uma história confusa de George Lucas, inclusive com algumas liberdades geográficas. Jones envolve-se na busca por caveiras de cristal, objetos que existem na vida real, mas que no filme são parte de esqueletos completos de cristal de seres alienígenas, que se encontram numa câmara de uma cidade secreta na América do Sul. Diz-se que os alienígenas eram arqueólogos extradimensionais que estudavam as culturas terrestres do passado. Quando o último crânio de cristal é conectado ao corpo na câmara, a abertura para a dimensão ou universo dos aliens se abre e ficamos sabendo que o local é uma imensa nave espacial, ou extradimensional, vai saber.