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PODERES ALIENÍGENAS

ESPECIAIS/VE FC E PODERES PSÍQUICOS

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data26/02/2019
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As histórias sobre alienígenas com poderes mentais superiores são bem comuns na ficção científica. Às vezes, em histórias excelentes; outras vezes, em histórias bem ruinzinhas. As piores criações certamente surgiram nas revistas pulp dos anos 1920 e 1930, nas quais, segundo Brian Stableford (The Science Fiction Encyclopedia), os monstros e as invasões alienígenas eram utilizados em abundância unicamente com objetivos melodramáticos. Stableford disse que as histórias com alienígenas ameaçadores deixaram de ser predominantes nas principais revistas após a Segunda Guerra Mundial, mas continuaram a existir “(...) na camada mais baixa do gênero, e especialmente por uma multidão de filmes baratos de monstros feitos durante os anos 1950 e 1960”.
Mas é claro que, em meio aos filmes e histórias ruins, muita coisa boa surgiu. A seguir, apresentamos algumas das melhores e piores histórias com alienígenas com poderes mentais, no cinema e na literatura.

 

NAS PROFUNDEZAS (The Deep, 1952)

Isaac Asimov.

(Capa: Camerage).

Conto publicado originalmente na revista Galaxy Science Fiction e, posteriormente, na coletânea Nós, Os Marcianos (The Martian Way and Other Stories, 1955).
Asimov apresenta um planeta distante da Terra, cujo sol está em processo de esfriamento. Os habitantes mudaram-se para os subterrâneos, aproveitando o calor do núcleo planetário, mas para conseguirem sobreviver deverão se transportar para outro planeta. O escolhido, o planeta X, é a Terra, e um dos seres deverá empreender uma viagem de 10 anos-luz. Só que a viagem é um deslocamento mental, com sua consciência penetrando e dominando um corpo, de modo que ele possa ativar uma “estação receptora”, que possibilitará o teletransporte de sua raça.
O alienígena instala-se na mente de seu hospedeiro na Terra, mas é um bebê e ele tem dificuldade em manipular sua mente. Quando a consciência do alien retorna ao seu planeta, ele diz que jamais poderão se relacionar com a raça nativa do planeta uma vez que, para eles, não há possibilidade de contato com seres que mantêm seus filhos perto de si, que conhecem seus pais e, pior do que tudo, desenvolvem os ovos dentro de seus corpos.

 


E LÁ AO FUNDO VIVEM OS WUBS (Beyond Lies the Wub, 1952)

Philip K. Dick.

(Capa: Allen Anderson).

Conto publicado originalmente na revista Planet Stories e, posteriormente, na coletânea A Máquina Preservadora (The Preserving Machine, 1969). Esse foi o primeiro conto publicado de PKD.
A tripulação de uma nave compra um wub em Marte, um animal alienígena semelhante a um porco. Enquanto a tripulação discute se ele teria um gosto bom para ser comido, o wub simplesmente dirige-se ao comandante e diz: “Francamente, Comandante. Sugiro que falemos de outros assuntos”. O ser, que é de uma raça muito antiga, tem a capacidade de ler mentes, de modo que consegue conversar com os humanos e até mesmo paralisar o comandante quando ele se torna violento. O wub passa a ter várias conversas sobre mitologia e filosofia com um dos tripulantes, mas o comandante ficou com a ideia fixa de matar o ser, e consegue fazê-lo. Mais tarde, o comandante serve a carne do wub na refeição, mas apenas ele come. Quando o tripulante se mostra triste pela morte do wub, o comandante diz para ele não se preocupar, e continua a conversa que eles vinham tendo antes do comandante matá-lo.
 


A DERRADEIRA MANHÃ (No Morning After, 1958)

Arthur C. Clarke.
Conto publicado na coletânea O Outro Lado do Céu (The Other Side of the Sky, 1958. Também em Sobre o Tempo e as Estrelas, com o título Nenhuma Outra Manhã).
Seres Alienígenas entram em contato telepático com um terrestre, um matemático especialista em foguetes e mísseis. A intenção deles é avisar os terrestres que o Sol irá explodir em três dias e que ele deve avisar as autoridades para que a Terra seja evacuada através de portais dimensionais criados pelos extraterrestres, que conduziriam a população para um planeta semelhante à Terra. Só que o homem está amargurado com a vida e completamente bêbado, achando que tanto o contato telepático quando o portal que se abre à sua frente fazem parte de uma alucinação.
Ele diz aos seres que, talvez, o melhor mesmo seja o mundo acabar com uma explosão solar, em vez de ficar aguardando o fim pelo uso das bombas. Os alienígenas desistem e, eventualmente, o Sol explode e a Terra é destruída.
Clarke apresenta um final patético para uma civilização que se comporta de forma patética.


HOMENS SEM MUNDO (No World of Their Own, 1955)

Poul Anderson.


A ALDEIA DOS MALDITOS (The Midwich Cuckoos, 1957)

John Wyndham.

(Capa: Richard Powers/ Ballantine Books).

Uma das histórias mais conhecidas da ficção científica. Adam Roberts (em A Verdadeira História da Ficção Científica) diz que o livro é uma das maiores realizações da época e o livro mais interessante de Wyndham. Para Roberts, o livro representa o ápice do gênero que ele chama de “catástrofe confortável”, e diz respeito não à mortalidade global, mas à natividade. Em tempo, Roberts explica que o termo “catástrofe confortável” foi um “slogan crítico de Brian Aldiss”, definindo o estilo dominante da ficção científica britânica do pós-guerra.
Roberts lembra que “O caráter alienígena das crianças é um dos temas mais gerais de Wyndham, como vários críticos têm observado”, e aplica-se a várias histórias do autor. No entanto, o que torna A Aldeia dos Malditos diferente dos demais é que nele Wyndham não pede nossa simpatia pelas crianças.
Existem várias leituras possíveis para a obra, como Roberts levanta em sua sugestão: “Na realidade, podemos reapresentar a premissa central da novela nos seguintes termos: sob quais circunstâncias seria não apenas possível, mas também necessário, e até mesmo heroico, assassinar um grupo de 58 crianças? Acho que pensar na novela nesses termos faz dela um trabalho muito mais óbvio de pós-guerra do que se tem admitido em geral”.

                                                                                                                                                              (Capa: Robert Edwards/ Gollancz).

Roberts também entende que o livro é conceitualizado em termos raciais, apresentando as crianças alienígenas como “um perigo racial do tipo de extrema urgência”. Assim como as crianças alienígenas nasceram com corpos humanos e capacidades mentais impressionantes na vila de Midwich, elas também surgiram na União Soviética, onde foram “neutralizadas”, com toda uma cidade – alienígenas e humanos – sendo eliminados por um “canhão atômico”, seja lá o que isso signifique. No livro, alguns personagens deixam claro que é preciso liquidar as crianças, caso contrário a cultura delas extinguirá a cultura humana. Roberts diz que a descrição que Wyndham faz das crianças as torna “nitidamente semitas. Assim, “O ímpeto da novela se volta, poderíamos dizer, para nos alinhar com determinada linha de raciocínio e de força emocional, até atingirmos o mesmo lugar que os nazistas ocuparam; essas crianças têm de ser mortas para a proteção de nossa raça”.
No entanto, Roberts entende que essa suposição não implica em dizer que Wyndham fosse de algum modo nazista, mas sim o contrário. “Sua novela é um criptograma ético brilhantemente reverso; ela nos interpela como um guarda de campo: ‘Ei, você não deve só matar essas crianças’ (ou não matar, mas aniquilá-las, neutralizá-las), “mas também acreditar que está fazendo o bem’. A sátira de Wyndham sobre a ideologia ocidental de civilização e raça ainda tem seu vigor contemporâneo; não há nada de confortável em torno dessa catástrofe”.

(Capa: Paul Hogarth/ Penguin Books).

No livro Science Fiction: The 100 Best Novels, David Pringle também ressalta a importância do livro, mas segue por uma análise mais sutil. Ele lembra que o livro foi escrito e publicado durante o início da era rock’n’roll, quando os jovens chamados “Teddy Boys”, com aparência ameaçadora, perambulavam pelas ruas da Grã-Bretanha. Assim, ele vê a obra como uma referência à lacuna entre gerações, ou conflito de gerações, ainda que ele ressalte que duvida de que essa tenha sido a intenção de Wyndham. “Não que o livro tenha qualquer coisa a ver com a música rock ou com os Teddy Boys”, diz Pringle. “Começa como se fosse outra ‘catástrofe confortável’ de Wyndham, num calmo ambiente pastoral inglês. É um romance que apresenta um dilema moral desagradável, e chega a uma conclusão pungente. Ao final, não podemos deixar de sentir uma pontada de arrependimento, apesar do fato de Wyndham ter sido cuidadoso em manter a simpatia do leitor do lado da raça humana”.
A história rendeu três adaptações para o cinema (Ver também a matéria Os Invasores).


MALDIÇÃO DA ATLÂNTIDA (The Atlantic Abomination, 1960)

John Brunner.


MONSTRO DE UM MUNDO PERDIDO (Enigma From Tantalus, 1965)

John Brunner.


SOLARIS (Solaris, 1961)

Stanislaw Lem.

Capa da primeira edição (Ilustração: Konstanty Maria Sopocko).

O livro teve inúmeras interpretações, muitas delas não aceitas por Stanislaw Lem. O que é certo é que se coloca ao lado de grandes obras do gênero e surge como uma das descrições mais originais de uma inteligência alienígena, imaginando um planeta composto apenas por um imenso oceano inteligente, capaz de interagir com a mente os humanos que chegam ao local. E, mais do que isso, criar ilusões ou, em alguns casos, seres reais, na tentativa de se comunicar com os terrestres.
O crítico e historiador da fc, Darko Suvin, disse em The Science Fiction Encyclopedia, que o livro utiliza o mistério de seres, eventos e localidades estranhas para educar o protagonista e fazê-lo compreender as limitações e a força da humanidade.
Adam Roberts disse que “Como reflexão sobre a tendência da consciência humana a reduzir a condição alienígena a variações da identidade humana, o livro foi raramente superado. Mas a verdadeira essência da escrita espirituosa, muito reflexiva e engenhosa de Le foi captada com precariedade pelo cinema”.

                                  Donatas Banionis e Natalya Bondarchuk, em Solaris (Mosfilm/ Chetvyortoe Tvorcheskoe Obedinenie).

A primeira adaptação para o cinema, Solaris (Solaris, 1971; 1972, segundo algumas fontes), foi dirigida por Andrei Tarkovsky, e até hoje desperta opiniões contrárias. A abertura do texto sobre o filme em The Rough Guide to Sci-Fi Movies (2005), do escritor John Scalzi (autor de Guerra do Velho), é um indicativo do que acontece quando se fala sobre Solaris: “Acadêmicos sérios do cinema vão lhe dizer que a versão de 1972 de Solaris, baseada no romance de Stanislaw Lem e dirigida pelo grande diretor russo Andrei Tarkovsky, é o mais admirável filme de ficção científica em língua não inglesa (...) e que, com 2001 e Metrópolis, um dos poucos filmes de ficção científica que os estudantes da arte do cinema realmente precisam ter visto.
Cinéfilos menos sérios, confrontados com o mesmo filme, podem achar suas duas horas e 40 minutos incomensuravelmente lentas e tediosas, e podem suspeitar de que a razão pela qual os acadêmicos do cinema deliram tanto com o trabalho é que qualquer filme com tantas pausas significantes, cenas inexplicavelmente prolongadas e discursos filosóficos crípticos, precisa significar alguma coisa”.

Scalzi diz que nada disso diminui o fato de que o filme é, assim como 2001, altamente intrigante e extremamente bonito. Segundo ele, a utilização de tomadas longas e predominantemente estáticas forçam o espectador a contemplar o significado maior do que está sendo mostrado na tela. Mas Scalzi também considera que as escolhas do diretor muitas vezes foram ditadas por preocupações mais pragmáticas. O exemplo que ele dá nesse sentido é o de uma cena de uma rodovia, a partir de um carro em movimento, e que representa, é o que se diz, a longa jornada psicológica que precisamos fazer para podermos entender a nós mesmos e nossas ações. No entanto, também pode estar no filme porque Tarkovsky teve de brigar com a indústria cinematográfica soviética para conseguir permissão para voar ao Japão para filmar as cenas; assim, ele teria um bocado delas no filme para justificar a viagem.
Seja como for, é uma das cenas mais entediantes de um filme que está repleto de cenas entediantes.

O planeta-oceano inteligente, em Solaris.

O filme foi muitas vezes comparado a 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968); na época, chegou a ser apresentado como “o 2001 russo”. Segundo Adam Roberts, era “um reflexo menos de semelhanças substantivas entre os dois filmes e mais do fato de ambos serem vistos por audiências ocidentais como muito lentos e contemplativos”. Scalzi, corretamente, me parece, viu mais do que isso: “Solaris é frequentemente tematicamente correlacionado a 2001, não apenas porque eles foram feitos com poucos anos de diferença entre eles e dividem certa sensibilidade visual austera, mas porque ambos dizem respeito a como os humanos interagem com uma impressionante e desconhecida inteligência alienígena”.
Uma refilmagem foi realizada por Steven Soderbergh em 2002, que John Scalzi considera “uma pálida imitação, na qual as preocupações psicológicas do filme de 1972 são diminuídas para uma simples e banal história de amor entre um homem e a fotocópia de sua esposa morta”.


SENHORES DO SONHO (Unearthly Neighbors, 1960)

Chad Oliver.


PARASITAS DA MENTE (The Mind Parasites, 1967)

Colin Wilson.
(Ver também a matéria Os Primeiros Extraterrestres)


A CIDADE DAS ILUSÕES (City of Illusions, 1967)

Ursula K. Le Guin.


MULHERES-GATO DA LUA (Cat-Women of the Moon, 1953)

Direção de Arthur Hilton.

Mais pose do que atuação, as mulheres-gato do título são mulheres normais em roupas colantes (Z-M Productions).

Uma das produções paupérrimas com história horrenda dos anos 1950, sobre cinco astronautas terrestres que chegam à Lua e encontram uma civilização de, é claro, mulheres-gato, telepatas que conseguem controlar as mentes humanas. A nave utilizada tem uma cabine de comando que é uma sobra de um filme com um submarino, e nem tiraram o periscópio; a cidade das mulheres lunares parece ter saído da Grécia, mas é uma sobra de um filme sobre Marco Polo.
O filme é tão ruim que acabou se tornando um cult. E ainda por cima foi rodado em 3-D.
 


O MONSTRO DE UM MILHÃO DE OLHOS (The Beast With a Million Eyes, 1956)

Direção de David Kramarsky.

(San Mateo Productions/ Palo Alto Productions).

O filme foi produzido por Roger Corman que, além de não receber o crédito, também dirigiu algumas cenas. A ideia é interessante, apresentando um alienígena que chega à Terra para iniciar a conquista do planeta e utiliza seus poderes mentais para controlar animais e utilizá-los contra os humanos.
O crítico Phil Hardy, que considerou o filme “defeituoso, mas interessante”, afirmou que foi feito nitidamente como uma alegoria sobre um Deus malévolo, ressaltando a única mensagem do alienígena à humanidade: “Ódio e maldade são as chaves para o poder”.
Uma história interessante contada por Phil Hardy diz respeito à produção do filme, segundo palavras de Bert Gordon, na época um produtor associado à AIP, que distribuiu o filme. Segundo Gordon, na época a maioria dos filmes da produtora surgiam de sonhos de James Nicholson, um dos fundadores da AIP. Para este, ele criou um pôster com o monstro de um milhão de olhos, e vendeu o filme para os exibidores antes de ser realizado. Não havia roteiro e o filme foi rodado no meio do deserto com um orçamento de 23 mil dólares, e o monstro utilizado parecia uma cafeteira enterrada na areia. Mas os exibidores estavam tão excitados pela campanha publicitária anterior que correram para ver as exibições prévias do filme e, é claro, saíram chocados, achando que se tratava do pior filme de todos os tempos. Não havia um monstro, não havia um milhão de olhos; apenas uma cafeteira. Gordon disse que um dos exibidores tirou um talão de cheques e perguntou quanto eles precisavam para refazer o filme. Dizem que Nicholson foi à sala de edição, pegou uma faca e arranhou toda a parte em que o monstro aparecia. “Eu não sei como ele fez isso”, diz Gordon, “mas quando eles reapresentaram o clímax havia aqueles maravilhosos raios assustadores saindo do objeto. De repente, nossa cafeteira era uma perigosa nave emitindo raios”.


O PLANETA PROIBIDO (Forbidden Planet, 1956)

Direção de Fred M. Wilcox.

Os astronautas terrestres com Morbius e Alta, em O Planeta Proibido (Metro-Goldwyn-Mayer).

O filme é um exemplo perfeito de uma produção que segue na direção oposta à das produções vagabundas dos anos 1950. A história apresenta uma espaçonave terrestre que chega ao planeta Altair IV em missão de resgate da equipe de exploração, deixada no local anos antes. Leslie Nielsen interpreta o comandante da nave, e ao chegarem encontram apenas dois sobreviventes: o professor Morbius (Walter Pidgeon) e sua filha Alta (Anne Francis). Eles são ajudados em suas tarefas pelo robô Robby, que se tornaria um dos personagens mais populares do gênero. O professor estuda a civilização dos Krell, antigos habitantes do planeta, atualmente desaparecidos, ainda que tenham deixado inúmeras obras para trás, tanto arquitetônicas quanto tecnológicas. Morbius explica ao comandante que os demais membros da equipe morreram, assassinados por uma espécie de monstro invisível, que volta a surgir após a chegada dos terrestres.

A inocente Alta (Anne Francis), enlouquecendo os terrestres e despertando o ciúme de Morbius.

A obra é um clássico da ficção científica, e um dos aspectos mais comentados a seu respeito é o fato de ter sido inspirado na peça A Tempestade, de Shakespeare, na qual o feiticeiro Próspero (no filme, Morbius) vive em uma ilha (o planeta Altair IV) com sua filha Miranda (Alta); o robô Robby seria o espírito Ariel, e o ser invisível seria o monstro selvagem Calibã.
O que Morbius descobriu é que os Krell atingiram um grau de evolução incomparável, libertando-se de seus corpos físicos após alcançarem a evolução absoluta no campo psíquico. No entanto, ao libertarem suas mentes, também libertarem os pensamentos negativos que permanecem no inconsciente, dando forma ao ser monstruoso conhecido como o “monstro do Id”, que por fim dizimou a raça habitante do planeta. Com a chegada dos terrestres, Morbius desperta o ser devido ao seu ciúme e sentimento de posse com relação à filha, que se aproxima do comandante.
A história é cercada com uma produção excelente. As paisagens do planeta, montadas em estúdio, estão entre as melhores do cinema da época, ressaltando a grandiosidade dos feitos dos Krell. O ser do Id só é mostrado uma vez, durante uma batalha na qual ele tenta penetrar no campo de força gerado pela nave, e é atacado por raios; apenas seus contornos são mostrados, induzindo os espectadores a imaginar formas completas. E, como se trata de um ser gerado pela mente, os problemas só são solucionados depois que Morbius se conscientiza de seus sentimentos ligeiramente incestuosos e de que o monstro é um produto de sua própria mente, ampliado pela central de energia quase inesgotável dos Krell.

                                                          Uma visita à cidade dos Krell.

Peter Nicholls (em The Science Fiction Encyclopedia) disse que “Como muitos filmes de FC, o enredo é uma mistura de espalhafatoso e de poderoso. O diálogo é inteligente e nada memorável. A verdadeira força está no tratamento visual, insuperável até 2001: Uma Odisseia no Espaço, feito 12 anos depois”.
Phil Hardy considerou o filme um dos mais charmosos trabalhos da ficção científica, com Fred M. Wilcox dirigindo com habilidade e sofisticação surpreendentes, ainda mais considerando que o grande sucesso do diretor até então tinha sido A Força do Coração (Lassie Come Home, 1943). Segundo Hardy, o filme foi pensado como uma produção para jovens – daí a presença do robô e da nave em forma de disco-voador – e provavelmente foi por isso que Wilcox foi contratado. “No entanto, Wilcox tinha outras ideias e delicadamente, passo a passo, começou a subverter o conto de fadas, transformando-o em um pesadelo. (...) Ainda que o filme tenha, em sua maior parte, uma montagem encantadora, alguns detalhes, em particular os interlúdios cômicos, são intrusivos, e algumas atuações inexpressivas, mas à maneira de filmes tão diferentes quanto Guerra Entre Planetas (This Island Earth, 1955) e O Mágico de Oz (The Wizard of Oz, 1939), O Planeta Proibido, um título maravilhosamente simples, tem uma qualidade aventureira que é totalmente convincente”.

O Monstro do Id sendo atacado pelos terrestres.

John Scalzi (em The Rough Guide to Sci-Fi Movies) entende que o filme é a quintessência dos filmes de FC dos anos 1950; é o filme que todo mundo imagina quando se pensa em filmes dos anos 1950, independentemente de a pessoa ter visto o filme ou não. E isso, segundo Scalzi, porque o filme tem de tudo: “um grupo de vigorosos exploradores do espaço, um cientista cujas explorações foram longe demais, uma atraente jovem mulher em perigo, uma misteriosa civilização alienígena e, é claro, Robbie, o Robô, de longe o robô mais famoso até C-3PO e R2D2. E, acima de tudo, a história é vagamente baseada em A Tempestade, de Shakespeare, provando que quando a ficção científica rouba, ela rouba do melhor”.
A história foi escrita por Irving Block e Allen Adler, com roteiro de Cyril Hume.


OS ESTRANHOS (The Tommyknockers, 1987)

Stephen King.
(Ver também a matéria Os Primeiros Extraterrestres)


A COISA (It, 1986)

Stephen King.
(Ver também as matérias Demônios Ancestrais e Cidades Dominadas)


O HOMEM DE DOIS MUNDOS (Man of Two Worlds, 1986)

Frank Herbert e Brian Herbert.


ARTIAURI (1997)

Ana Godinho.


O CÉREBRO DO PLANETA AROUS (The Brain From Planet Arous, 1957)

Direção de Nathan H. Juran.
(Ver a matéria Só Podem Estar Brincando)


A MENSAGEM DO PLANETA (The Space Children, 1958)

Direção de Jack Arnold.
(Ver a matéria Sem Más Intenções)


THE TROLLENBERG TERROR (1958)

Direção de Quentin Lawrence.
(Ver a matéria Só Podem Estar Brincando)


O MONSTRO DO PLANETA PROIBIDO (Journey to the Seventh Planet, 1962)

Direção de Sidney Pink.

(Cinemagic Inc.).

Mais uma vez John Agar envolve-se em confusões com um ser alienígena. Ele comanda uma missão a Urano e, quando chegam ao planeta, descobrem que ele é habitado por um ser capaz de penetrar na mente dos humanos, não apenas causando alucinações, mas transformando seus pensamentos em realidade, em criações físicas. Assim, eles têm visões de cidades, mulheres lindas e monstros aterrorizantes, antes de perceberem a causa de tudo e, é claro, derrotar o ser, que só queria que eles fossem embora de seu planeta, para o qual, diga-se de passagem, não foram convidados.
 


O MONSTRO DE VÊNUS (Zontar: The Thing From Venus, 1966)

Direção de Larry Buchanan.
(Ver a matéria Só Podem Estar Brincando)


USINA DE MONSTROS (Quatermass II, 1957)

Direção de Val Guest.

(Hammer Films).

O segundo filme da série com o professor Quatermass, especialista em vida extraterrestre, nas histórias criadas por Nigel Kneale para a televisão inglesa. Traz mais uma vez Brian Donlevy no papel do professor, enfrentando um plano de invasão da Terra por extraterrestres que se infiltram no governo britânico. Os aliens são capazes de controlar as mentes humanas e utilizar os corpos dos terrestres para seus fins.

Brian Donlevy, Bryan Forbes e William Franklyn.

Alguns críticos entendem que esse é o melhor dos filmes, ainda que me pareça que Uma Sepultura na Eternidade é bem superior. Phil Hardy (em The Encyclopedia of Science Fiction Movies) é um dos que entendem ser esse o melhor da série. “Claramente influenciado pelo 1984 de George Orwell”, diz Hardy, “que Kneale adaptou para a televisão britânica em 1954, com êxito, o filme é uma alegoria política assustadora, no estilo de Vampiros de Almas (1956), de Don Siegel, mas com a diferença significativa de que Kneale enfatiza não o processo de tomada de poder dos aliens, mas a conivência daqueles que estão no poder. Assim, apesar de que o filme tem um final feliz convencional, seu aspecto de conspiração permanece intato”.
Segundo Hardy, Nigel Kneale fez objeções ao fato de Val Guest ter mexido no roteiro original, tornando-o grosseiro, assim como não gostou da atuação rígida de Donlevy, mas que ainda assim o poder do filme é inegável. “O que é particularmente impressionante”, diz Hardy, “é a forma pela qual a história se desenvolve de algumas poucas ocorrências estranhas para um envolvente sentido de pesadelo, no qual nada e ninguém é o que parece ser”.
(Ver a matária Demônios Ancestrais)


UMA SEPULTURA NA ETERNIDADE (Quatermass and the Pit, 1967)

Direção de Roy Ward Baker.



CONTATOS IMEDIATOS DE TERCEIRO GRAU (Close Encounters of the Third Kind, 1977)

Direção de Steven Spielberg.

Richard Dreyfuss construindo sua versão da Devils Tower (Julia Phillips and Michael Phillips Productions/ EMI Films).

Bom, o que dizer? Todo mundo já conhece a história. No caso dessa matéria, interessa mais a forma pela qual alguns humanos têm suas mentes afetadas pelos aliens, não se sabe se de propósito ou por acaso, situação evidenciada pelas imagens que ficam registradas em suas mentes e que eles tentam transformar em conhecimento objetivo, às vezes de forma obsessiva, como no caso do personagem Roy Neary, interpretado por Richard Dreyfuss, tentando reproduzir a imagem da montanha, Devils Tower. E, assim como as demais pessoas que enfrentam as autoridades para chegar ao local, sente uma compulsão impossível de conter.
Ao final, a comunicação mental que ele recebeu dos alienígenas é revelada como elemento importante no filme, uma vez que os seres o escolhem para acompanhar a jornada dos demais humanos selecionados pelas autoridades.
(Ver a matéria Sem Más Intenções)


E.T. - O EXTRATERRESTRE (E.T. The Extraterrestrial, 1982)

Direção de Steven Spielberg.
(Ver a matéria Sem Más Intenções)


O HOMEM COM O PODER (The Man With the Power, 1977)

Direção de Nicholas Sgarro.
Feito para a TV. Apresenta um professor universitário que descobre ter poderes mentais fantásticos, os quais herdou de seu pai, um alienígena que morava na Terra. Ele começa a trabalhar regularmente para uma agência do governo e, em sua primeira missão, deve proteger uma princesa indiana em visita aos EUA.


TRÊS ALIENS, TRÊS TERRÁQUEOS E UM BEBÊ (La Belle Verte, 1996)

Direção de Coline Serreau.

Coline Serreau e a estranha forma de mentalizar dos aliens (Les Films Alain Sarde/ TF1 Films Production).

Produção francesa que apresente uma forma interessante de viagem interplanetária, sem utilização de efeitos especiais excessivos. A história começa num pequeno planeta utópico, no qual todos vivem em paz e harmonia, alimentando-se do que plantam e sem utilizar quaisquer máquinas.
Eles têm poderes mentais fantásticos por meio dos quais realizam viagens a outros mundos, para ensinar e para aprender. Mas ninguém quer vir à terra, que consideram um péssimo lugar, até que uma mulher resolve fazer a viagem, uma vez que é filha de um terrestre com uma nativa do planeta. A partir daí, sucedem-se imagens e pensamentos a respeito da loucura do nosso planeta, algumas com inegável humor e sutileza, outras simplesmente exageradas, como apresentar os nativos da Austrália como seres mais desenvolvidos e com poderes telepáticos, uma vez que vivem na terra. O filme poderia ser mais interessante se, em vários momentos, não se prendesse com tanto afinco a mensagens ecológicas rasteiras.
Segundo o site IMDb, no Brasil também foi apresentado com o título Turista Espacial.


SUPER-CÉREBRO (Supermind, 1977)

A.E. Van Vogt.


OS SUPER-HOMENS (The Silkie, 1969)

A.E. Van Vogt.


GENTE (The People, 1972)

Direção de John Korty.

(American Zoetrope/ Metromedia Producers Corporation).
 
                                                                                              (Capa: Chesley Bonestell).

Filme feito para a TV, com a presença de William Shatner, o capitão Kirk de Jornada nas Estrelas. Kim Darby interpreta uma professora que chega a uma pequena cidade dos EUA que se mantém isolada do resto do país e do mundo, parecido com uma comunidade religiosa. Com o tempo ela fica sabendo que os habitantes são extraterrestres, chegados ao planeta no século 19 devido a um desastre que destruiu seu mundo. Eles têm poderes mentais e, inicialmente, contaram aos habitantes locais o que eram, e muitos foram mortos como feiticeiros e bruxas, de modo que resolveram isolar-se e proibir os jovens de utilizar seus poderes.
O filme é bom, sem ser excepcional, com boa direção de Korty e produção executiva de Francis Ford Coppola. Foi baseado na história Pottage, de Zenna Chlarson Henderson, publicada em The Magazine of Fantasy and Science Fiction, em 1955. Zena Henderson escreveu uma série de contos e livros sobre “a gente”, os alienígenas com poderes mentais.


OS CAVALEIROS DE DRAGÕES DE PERN

Anne McCaffrey.

(Capa: John Schoenherr).

Uma longa e excelente série de livros e contos de Anne McCaffrey, iniciada em 1967, com a publicação de Weyr Search, na revista Analog, que rendeu à autora o Prêmio Hugo da categoria Best Novella (para obras entre 17.500 e 40 mil palavras) de 1968. Teve Sequência com a publicação de Dragonrider, também em 1967, que venceu o Prêmio Nebula em 1969, na mesma categoria.
As duas histórias foram unificadas e publicadas com o título Dragonflight, em 1968, iniciando uma trilogia que ainda teria Dragonquest (1971) e The White Dragon (1978). Em português, os livros foram publicados pela Coleção Argonauta (Portugal) como O Planeta dos Dragões, reunindo os dois primeiros volumes, e O Dragão Branco.
Uma segunda trilogia é composta por A Canção dos Dragões (Dragonsong, 1976). A Cantora dos Dragões (Dragonsinger, 1977) e Os Tambores dos Dragões (Dragondrums, 1979), também publicados em português pela Argonauta. Outros livros da série, também publicados pela Argonauta, foram: Moreta de Pern (Moreta, Dragonlady of Pern, 1983); A História de Nerilka (Nerilka’s Story, 1986); A Reinvenção dos Dragões (Dragonsdawn, 1988); Os Renegados de Pern (The Renegades of Pern, 1989); Uma Nova Esperança em Pern (All the Weyrs of Pern, 1991). A série ainda traz outros livros, inclusive coletâneas de contos e livros escritos por seus filhos, Todd McCaffrey e Gigi McCaffrey.

                                                                                                                                                                            (Capa: John Schoenherr).

O nome do planeta vem de como ele foi categorizado pelos primeiros exploradores humanos como um planeta Parallel Earth, Resources Negligible – PERN), ou seja, um planeta no qual não valia a pena investir muitos esforços, uma vez que não representaria uma grande fonte de recursos para fomentar o comércio interestelar.
Nas primeiras histórias quase nada desse passado é conhecido, uma vez que milhares de anos já se passaram e a colonização dos terrestres faz parte das lendas. O planeta sofre com a queda dos “fios”, vindos de um planeta ou lua próxima, e que acabam com a vegetação de Pern, dificultando a vida das pessoas. A forma que encontraram para minorar esse problema foi a convivência e transformação de uma raça de animais locais, que ficaram conhecidos como dragões após passarem por adaptações genéticas. Os dragões são capazes de voar e carregar humanos, além de poderem ingerir um mineral que os torna capaz de soltar fogo pela boca e, assim, queimar os fios antes que cheguem ao solo. Os dragões ainda têm capacidades telepáticas e, dessa forma, estabelecem uma relação com seus cavaleiros. Assim que nascem, saindo dos ovos, os dragões criam um vínculo com algum humano próximo, e essa ligação permanece pelo resto de suas vidas. Eles também têm a capacidade de teleportação, conseguindo se deslocar no que passa a ser chamado de “entre”. Em algumas histórias, essa capacidade é expandida de forma que pode ocasionar viagens no tempo.