Não intencionalmente, assisti a dois filmes, na sequência, que mostram a Terra passando por imensos problemas.
Para começar, Moonfall, disponível no Prime Video, e que também atende pelo título Moonfall: Ameaça Lunar (Moonfall, 2022), com Halle Berry e Patrick Wilson.
Patrick Wilson (Centropolis Entertainment/ AGC Studios/ H Brothers/ Huayi Brothers Media/ Lionsgate/ Street Entertainment/ UK Moonfall).
Recebi uma daquelas mensagens por e-mail do Prime Video, dizendo que o filme estava disponível, e comecei a assistir sem fazer qualquer pesquisa inicial. Depois de uns 20 ou 30 minutos comecei a achar que tinha todas as características de um filme de Roland Emmerich, e fui verificar. Na mosca!
Para quem ainda não conhece o diretor, ele é o responsável por filmes horrendos como Independence Day (1996) e seu filhote Independence Day: O Ressurgimento (2016), e 2012 (2009), entre outros. Esse é mais uma barbaridade do diretor, em uma produção de meros 150 milhões de dólares, com todos os ingredientes de seus filmes anteriores: situações familiares complicadas, resolvidas (mais ou menos) em momentos de crise sem precedentes; o planeta sendo ameaçado de forma radical e, aparentemente, sem saída; mas é claro que existe uma saída; um herói ou heróis improváveis salvando o dia; um dos heróis, no caso Patrick Wilson, um astronauta desacreditado por eventos do passado, mas que se mostram terem sido reais; perseguições e fugas ainda mais improváveis com carros fazendo malabarismos impossíveis e saindo incólumes; efeitos especiais deslumbrantes. E por aí vai.
John Bradley, Patrick Wilson e Halle Berry.
É claro que tem público, senão esse tipo de filme não seria mais produzido, ainda que Moonfall não tenha se saído muito bem nas bilheterias, o que pode ser um sinal positivo para que os produtores parem de fazer filmes superficiais, com histórias ultrapassadas.
Nesse caso, a Terra começa a enfrentar sérios problemas quando a Lua sai de sua órbita e começa a se aproximar da Terra. Inicialmente, sem que se saiba a razão, e depois, quase tarde demais, com a descoberta do real motivo. E é algo inacreditável, ainda que algumas dicas sejam fornecidas quando é introduzido o personagem KC Houseman (John Bradley), um cientista desacreditado ligado a grupos que seguem teorias da conspiração e que acredita que a Lua é, na verdade, um megaestrutura artificial construída por uma civilização extraterrestre. Já dá para ter uma ideia de como as coisas vão seguir a partir daí.
Parece que Emmerich está para refilmar Stargate, talvez para estragar aquele que pode ser seu melhor trabalho até agora.
O outro problema que a Terra está enfrentando surge em O Céu da Meia-Noite (The Midnight Sky, 2020), disponível na Netflix. Tem direção e atuação de George Clooney e, ainda que não possa ser considerado entre as melhores produções de FC dos últimos anos, é muito melhor e mais interessante do que o filme de Emmerich, e vale a pena conhecer.
Caoilinn Springall e George Clooney (Anonymous Content/ Netflix/ Smokehouse Pictures/ Syndicate Entertainment/ Truenorth Productions).
No geral, é menos espetaculoso, ainda que seja uma produção de 100 milhões de dólares, com um resultado de bilheteria bastante prejudicado pela epidemia de Covid, mas um imenso sucesso quando disponibilizado na Netflix. Também tem algumas cenas improváveis, mas é um filme de caráter mais reflexivo, com a maioria dos efeitos especiais concentrados na nave espacial Aether e em uma das luas de Júpiter.
A origem da catástrofe que a Terra enfrenta não é especificada, mas sabe-se que a maior parte da população morreu e o ar está com algum tipo de radiação. Os últimos sobreviventes estão sendo retirados da Terra para tentarem a sobrevivência fora do planeta.
Clooney interpreta o cientista Augustine Lofthouse, isolado em uma base no Ártico. Ele tem uma doença incurável e, como o planeta, está morrendo, precisando de sessões de hemodiálise, e prefere não sair da base quando os últimos sobreviventes deixam o local.
Felicity Jones, na lua de Júpiter.
Ele é o principal cientista responsável por ter encontrado planetas habitáveis para a humanidade, mas agora ele tenta entrar em contato com as naves interplanetárias que estão em missão no sistema solar para avisá-los sobre a situação no planeta. E a nave Aether é a única que ele consegue detectar, retornando à Terra após uma missão de reconhecimento em uma das luas de Júpiter.
Sozinho na base ártica, ele encontra uma menina que, ele entende, foi deixada para trás durante a evacuação. Ela não fala com ele e Lofthouse não consegue entrar em contato com as pessoas que deixaram a base e, com o tempo, ele passa a se aproximar da menina, o que percebemos que não é muito fácil para ele.
Ao final, percebemos qual era o principal interesse do cientista em avisar a Aether e impedir que retornassem à Terra apenas para morrer.
Um filme correto e sempre interessante, ainda que certamente não deva agradar os fãs das ações intermináveis dos filmes com super-heróis e outros semelhantes, como o de Emmerich.