Ao final da 2ª Guerra Mundial já ficava bem claro que o mundo estava dividido entre duas potências, em duas áreas de influência que iriam se expandir nos anos seguintes.
De um lado, os Estados Unidos, os grandes vitoriosos na guerra, em particular pela demonstração de força com a detonação das duas bombas atômicas no Japão, até então exclusividade dos norte-americanos. De outro, a União Soviética, que não apenas deteve os nazistas em seu território, mas dominou uma série de territórios vizinhos, estabelecendo a famosa e triste "cortina de ferro".
O Primeiro-Ministro britânico Winston Churchill, o presidente Harry S. Truman e o Secretário Geral do Partido Comunista Josef Stalin, na Conferência de Potsdam, na qual foram tomadas decisões sobre o mundo após a guerra (U.S. National Archives and Records Administration, 1945).
Não demoraria muito para que as duas potências, com seus aliados, começassem a estender sua influência à Ásia, África, Oceania, América do Sul e Central, iniciando uma guerra sem exércitos, uma guerra não declarada que passou a ser chamada de "guerra fria". Apesar da ausência de seus exércitos em ação, a guerra fria causou muitos estragos e envolveu outras nações como a Coreia e o Vietnã, e mais tarde o Afeganistão, invadido pela URSS.
Um dos resultados mais evidentes desse conflito foi a corrida armamentista em que as duas nações e seus aliados se envolveram, especialmente depois que a URSS também conseguiu desenvolver armas atômicas e nucleares, como seria de se esperar.
Avião norte-americano intercepta avião soviético, em 1974 (Foto: US Defense Visual Information System/ Lt. Morris).
O desenvolvimento tecnológico levou a um crescimento desmedido dos arsenais nucleares, com mísseis balísticos intercontinentais em número suficiente para destruir o mundo várias vezes, caso fossem disparados.
Em cada local do planeta onde existisse uma base soviética ou norte-americana, ou a influência de um dos dois países, havia a possibilidade de confronto, e algumas escaramuças de fato ocorreram, jamais entrando em confronto declarado, mas sempre como forma de intimidação.
Os soviéticos patrocinaram uma série de campanhas de guerrilha e de libertação no mundo inteiro, em particular na África e nas Américas do Sul e Central, fornecendo apoio logístico e militar, quando não diretamente armamentos e mesmo soldados. Sempre foram combatidos pelas forças norte-americanas, sob as mais variadas desculpas.
A tensão constante criou um medo ininterrupto de que o planeta poderia ser destruído a qualquer minuto pelas gigantescas forças nucleares à disposição de ambos. Os acordos superficiais assinados ou insinuados pouco ajudaram para conter os ânimos.
A situação só mudou de vez quando Mikhail Gorbachev deu início a uma transformação radical da União Soviética, processo que culminou com a queda do Muro de Berlim, em 1989.