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TERROR PARA ADULTOS

Séries de TV

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data28/11/2011
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A série American Horror Story, sendo apresentada no Canal Fox, é uma das melhores produções de terror da televisão dos últimos tempos.

As casas assombradas já renderam algumas das melhores histórias de terror de todos os tempos, na literatura e no cinema. Essas histórias conseguem reunir alguns dos elementos básicos, essenciais à construção de um enredo do gênero; elas tanto apresentam o contato com o sobrenatural, com dimensões de existência para as quais os personagens quase nunca têm explicações plausíveis – e, frequentemente, isso é o que determina o terror, o medo – como também providenciam o ambiente ideal para contos de terror – o isolamento dos personagens é característica importante no gênero.
Apesar disso tudo, ao ler sobre o argumento da série da televisão American Horror Story, a primeira coisa que veio à mente é que seria muito difícil manter o interesse, o suspense e o terror necessários ao longo de muitos episódios. Mas a sequência de episódios da série desmente esse pensamento; ela consegue se sustentar, e muito bem, ou pelo menos é o que se anuncia ao longo desta primeira temporada (considerando, ainda, que se tratando de seriados norte-americanos a existência de uma segunda temporada é sempre uma incógnita).
A casa em questão é, provavelmente, a mais povoada de fantasmas de todos os tempos. Parece não ter existido um único habitante do local que não tenha tido muitos problemas ali; quase todos, ao que parece, morreram no local. E, por alguma razão que só as histórias de terror explicam (ou não, de preferência), todos eles continuam a morar na casa, estabelecendo com os moradores posteriores e entre eles mesmos uma relação complexa, profunda, com sentimentos exacerbados, com mistérios apenas parcialmente revelados por conversas soltas aqui e ali, por confrontos quase constantes entre personalidades difíceis, egos gigantescos, psicóticos ou apenas confusos, quase como se não acreditassem na complexidade de suas próprias mentes, na qualidade de suas mortes, na possibilidade de continuar a existir em outra dimensão e ainda manter suas personalidades – mesmo quando isso não é exatamente uma vantagem ou uma estadia no paraíso.
Um dos segredos para a manutenção do suspense e da densidade narrativa, episódio após episódio, é que a série não se limita a sustinhos aqui e ali – como costuma fazer o pior e mais desagradável cinema de horror pop adolescente da atualidade –, mas traz o horror para o dia a dia, penetrando nos aspectos mais sombrios das personalidades de vivos e mortos, fazendo com que essas personalidades e desejos obscuros entrem em contato e colidam uns com os outros, todos lutando pelo mesmo espaço, em busca de algum tipo de sossego, paz, tranquilidade ou alegria, numa dimensão em que isso parece ser virtualmente impossível de ser atingido.
A impotência dos personagens em chegar a algum lugar, qualquer lugar, em que possam viver com um mínimo de paz, cria uma tensão constante, mantendo-os sempre dentro de um pesadelo denso, insuportável. E nós, espectadores, vamos para dentro do pesadelo com eles. Seriado muito bom.


Connie Britton, Dylan McDermott e Taissa Farmiga. Em sua nova casa, nunca foram tão felizes quanto na foto.


O programa estreou no Brasil em 8 de novembro, na Fox – nos EUA, é apresentado no FX, canal mais afeito a produções para público adulto, uma vez que o sexo é constante nas histórias e relacionamentos. Uma vez que um dos criadores de American Horror Story é Ryan Murphy, criador da série Nip Tuck, não é de estranhar a presença de cenas de sexo. Murphy também foi o criador do seriado Glee, juntamente com Brad Falchuk, que também assina a criação deste pesadelo americano.
A história segue basicamente a vida de uma família formada por pai, mãe e filha adolescente – Dylan McDermott, Connie Britton e Taissa Farmiga – que se mudam para uma mansão para tentar “salvar seu casamento”, após ele ter sido flagrado na cama com uma de suas estudantes.
Mas é óbvio que aquela casa não é capaz de salvar casamento algum, pelo contrário.

Fox
Terças-feiras
23h