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E MAIS COLONIZAÇÕES

ESPECIAIS/VE COLONIZAÇÃO ESPACIAL

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data17/05/2019
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Veja a seguir mais alguns livros, filmes e séries de TV que tratam o tema da colonização. Algumas histórias apresentam formas de colonização violenta por parte dos terrestres. Outras, as histórias em que os humanos encontram algum tipo de tecnologia alienígena e a utilizam para suas viagens. E ainda histórias situadas em um futuro muito distante.

 


COLONIZAÇÃO VIOLENTA

 


FLORESTA É O NOME DO MUNDO (The Word for World Is Forest, 1972)

Ursula K. Le Guin.

(Capa: Richard Powers/ Berkley Medallion).

Um dos excelentes livros de uma das melhores autoras do gênero, ganhou o Prêmio Hugo de 1973 como melhor novella, uma categoria utilizada nos EUA para obras entre 17.500 e 40 mil palavras. Originalmente foi publicado na coletânea Again, Dangerous Vision, editada pelo escritor Harlan Ellison, e depois como livro, em 1976. Faz parte do chamado “ciclo Hainish”, uma série de histórias abordando o contato entre humanos de diferentes planetas, e destes com civilizações alienígenas, centenas de milhares de anos no futuro, época em que a civilização Hain colonizou inúmeros planetas, inclusive a Terra. Às vezes, a série é considerada como pertencente ao gênero história alternativa, outras vezes apenas como histórias situadas num futuro distante.
A ação ocorre no planeta Athshe, composto unicamente por florestas densas e mares, no qual os terrestres instalam bases controladas por militares, e especialistas para derrubarem as árvores e enviarem a madeira para a Terra, que já não tem mais de onde obtê-la.
No planeta existe uma raça nativa, pequenos seres com pouco mais de um metro de altura e o corpo completamente coberto por uma pelugem verde. Os militares no planeta utilizam os seres como escravos para o trabalho de corte das árvores, humilhando-os, tratando-os como seres não inteligentes e, portanto, não humanos. Também matam e castram os seres como forma de puni-los pelos não cumprimento de suas ordens, além de estupraram as fêmeas.
Um etnólogo procura estudar a civilização dos seres, percebendo que, ao contrário do que diziam os militares, eles formam uma sociedade extremamente complexa e tinham inteligência acima do normal. Os seres têm uma relação com os sonhos que os terrestres não conseguem entender. Para eles, sonho e realidade fazem parte de uma mesma coisa, e eles conseguem dirigir seus sonhos de forma a obter informações sobre as coisas, sobre como elas devem ser.
E um dos nativos revolta-se contra um militar que estuprou e matou sua companheira, consegue fugir após ser espancado e inicia uma rebelião que coloca toda a população do planeta em ação contra os militares, mostrando uma disposição que os terrestres jamais imaginavam que aquele povo possuísse.

                                                                                                                           (Capa: Peter Elson/ Panther-Granada).

Após atacarem e arrasarem uma das bases terrestres, uma nave espacial chega ao planeta e ouve os militares sobre o que está acontecendo. Os terrestres agora fazem parte de uma Liga dos Mundos, que já estava pensando em fechar o planeta para colonização e exploração, e obrigam os militares a seguirem suas diretivas. Um dos militares, completamente obcecado com a ideia de sua superioridade, mantém sua intenção de liquidar os seres “inferiores”, e arrasa com uma aldeia local, fazendo com que novo e violento ataque dos seres acabe de vez com as pretensões terrestres no planeta.
Poucas vezes na ficção científica uma história de contato entre terrestres e uma raça alienígena foi apresentada de forma tão crua e violenta. Os terrestres são apresentados como seres absolutamente desprezíveis em sua fome de poder, sua ideia de superioridade, e incapazes de penetrar na complexidade de uma civilização que, até então, não conhecia o significado das palavras “matar” e “guerra”.
Os terrestres, aqui, não olham para nada que não seja eles mesmos. Na visão dos nativos, são seres patéticos, passando os dias perdidos e enlouquecidos nos sonhos criados por meio da química, com alucinógenos, mas sem poder controlar esses sonhos, como se precisassem daquelas drogas para poderem esquecer o que deixaram para trás, não apenas sua própria terra e suas famílias, mas suas condições de seres evoluídos.
A narração de Ursula K. Le Guin vai ao centro do problema, da loucura, quando se fixa na mente do militar atormentado com o desejo de matar. Mais um grande momento da ficção científica, nas mãos de uma especialista como poucas no gênero.


INVASORES TERRESTRES (Invaders From Earth, 1958)

Robert Silverberg.

(Capa: Ed Emshwiller).

O livro foi ampliado do conto We, the Marauders, publicado em Science Fiction Quarterly, em 1958, e foi um dos primeiros a apresentar os terráqueos como invasores, não sem causar alguma polêmica na época, ainda que a qualidade literária de Silverberg ainda não estivesse plenamente desenvolvida.
A história apresenta Ted Kennedy, que trabalha numa agência de relações públicas que está para enfrentar a maior campanha da história e, como executivo de terceiro nível, ele é um dos escolhidos para participar dessa campanha.
Em Ganimedes, satélite de Júpiter, uma missão exploratória da Terra encontra, além dos minerais que o planeta tanto precisa, vida inteligente, seres que se agrupam em clãs, com uma população de cerca de 25 milhões. Os proprietários da empresa exploradora sabem que terão de extrair o minério de qualquer maneira, só que os nativos não estão interessados em ceder-lhes espaço. Os terrestres não pensarão duas vezes e, se for necessário, ocuparão o satélite com tropas da ONU. A tarefa dos relações públicas é preparar o caminho com o público da Terra para possíveis problemas surgidos com uma guerra de imensa destruição, mentindo e compondo uma imagem dos seres que justifique qualquer ação mais violenta, evitando problemas políticos e sociais com os terrestres.

                                                                                                                                                                               (Capa: Ed Emshwiller).

Apesar de não gostar do que está para acontecer, Ted resolve continuar com o projeto pelo dinheiro que vai ganhar, e seu plano é aprovado. A ideia é fingir que instalam colonos em Ganimedes, fazer o público gostar deles, sentir empatia e, depois, planejar um incidente, talvez a destruição da colônia por parte dos nativos, mobilizando toda a opinião pública a favor da intervenção.
Quando Ted conhece os nativos, seu ponto de vista muda radicalmente e ele passa a lutar contra o projeto, enfrentando inúmeros problemas.
O livro já mostra algumas das características da obra de Robert Silverberg a partir dos anos 1960 e 1970 e, nesse caso, mostrando os terrestres não como desbravadores de mundos, mas como conquistadores, levando a outras sociedades um modo de pensar corrompido que norteia as grandes corporações da Terra.
Se não chega a ser um livro no mesmo nível do que ele fez de melhor, está entre seus bons trabalhos dessa primeira fase.


JEM: A CONSTRUÇÃO DE UMA UTOPIA (JEM: The Making of a Utopia, 1979)

Frederik Pohl.


AVATAR (Avatar, 2009)

Direção de James Cameron.

Sam Worthington (Twentieth Century Fox/ Dune Entertainment/ Ingenious Film Partners/ Lightstorm Entertainment).

O filme é tanto um exemplo de colonização violenta, com interesses econômicos sobrepondo-se a quaisquer considerações éticas e morais, como de pantropia, a adaptação dos seres humanos a uma forma de vida condizente com as condições do planeta, no caso criando corpos híbridos semelhantes aos dos habitantes naturais da lua Pandora, aos quais os humanos se conectam para poderem se locomover com facilidade pela atmosfera imprópria para os humanos.
A companhia que explora as riquezas da lua está disposta até mesmo a executar um plano de genocídio para manter sua produção, pouco se importando com o fato de estar acabando com uma cultura milenar avançadíssima, ainda que não voltada para a tecnologia do modo como os terrestres conhecem.

 


COLONIZAÇÃO UTILIZANDO TECNOLOGIA ALIENÍGENA

 

A SAGA HEECHEE (1977-2004)

Frederik Pohl.

(Capa: Jack Gaughan).

A série de livros abordando uma tecnologia alienígena encontrada pelos terrestres começou com o conto – ou novella, como os americanos classificam – The Merchants of Venus, publicado em 1972 em Worlds of If.

(Capa: Vincent Di Fate).

Mas foi com A Porta das Estrelas (Gateway, 1977) que a história se tornou conhecida. Para muitos críticos, esse é o melhor livro de Frederik Pohl, ganhando os principais prêmios da ficção científica em 1978, ainda que alguns críticos, como Adam Roberts, tenham dito que é um livro “(...) bastante agradável de ler, mas que poderia ter sido publicado da mesma e exata maneira nos anos 1950”, tendo conquistado os prêmios de 1978 “graças em parte a uma onda de nostalgia pelos bons e velhos tempos”. Já David Pringle disse que “A aventura espacial extrovertida contrasta com as preocupações introvertidas do herói angustiado (que tem longas conversas com seu ‘psiquiatra’ computadorizado). Um trabalho efetivo e elegante que conquistou muitos elogios”.
Gateway foi publicado anteriormente na revista Galaxy, em três partes (1976-1977).
Infelizmente, os livros escritos na sequência não apenas foram muito inferiores como, de certa forma, diminuíram o impacto de A Porta das Estrelas, apresentando algumas soluções para mistérios que o autor fez questão de manter em aberto.

(Capa: Boris Vallejo/ St. Martin's Press).

O segundo na série foi Para Além do Acontecer (Beyond the Blue Event Horizon, 1980). Ao contrário do proposto ao final do primeiro livro, Frederik Pohl soluciona a maioria dos problemas da humanidade e do próprio personagem central, Robin Broadhead. Desvenda o mistério dos Heechee ao mesmo tempo em que procura manter o clima de suspense e o mistério de uma força atuante no universo criando o que os próprios Heechee chamam de “Eles”. Só que os Heechee tinham substância por meio de seus artefatos, de suas naves, do mistério não esclarecido do porquê uma raça tão desenvolvida deixaria tudo para trás. A própria insegurança da humanidade refletia-se no mistério, em sua inoperância e insignificância diante desses artefatos, em sua incapacidade em operá-los e entendê-los. Uma possível transformação no universo causada por “Eles”, como proposta pelo autor, é insubstancial, não está presente o suficiente na vida das pessoas para ganhar credibilidade, e Pohl não foi muito feliz nesse ponto.
O terceiro livro foi Encontro com os Heechee (Heechee Rendezvous, 1984), mais uma vez sem acrescentar ao original. David Pringle (em The Ultimate Guide to Science Fiction) cita uma crítica de Kenny Mathieson na revista Foundation (da qual Pringle foi editor com John Clute e Ian Watson), falando sobre o livro: “O que as sequências perdem, constantemente e de forma prejudicial, é precisamente suas qualidades de transcendência; o próprio drama do vazio interestelar lentamente se dissipa enquanto a incerteza divina dos Heechee desaparece, deixando-nos com uma aventura especial um tanto entediante (...)”.
Na sequência vieram Os Anais dos Heechee (The Annals of the Heechee, 1987) e Para Além da Porta das Estrelas (The Gateway Trip: Tales and Vignettes of the Heechee, 1987), que inclui o conto The Merchants of Venus. Finalizando, foi publicado The Boy Who Would Live Forever: A Novel of Gateway (2004) que, na verdade, é o que os americanos chamam de fix-up: partes do livro foram publicadas anteriormente e unidas por textos acrescentados posteriormente; From Istabul to the Stars e In the Steps of Heroes foram publicados em 1999 com o título The Boy Who Would Live Forever, na coletânea Far Horizons: All New Tales from the Greatest Worlds of Science Fiction, editada por Robert Silverberg; A Home for the Old Ones foi publicado em 2002, na coletânea Science Fiction: DAW 30th Anniversary, editada por Sheila E. Gilbert e Elizabeth R. Wollheim; e Hatching the Phoenix foi publicada em 1999/ 2000, em Amazing Stories.


STARGATE (Stargate, 1994)

Direção de Roland Emmerich.
Ver as matérias: Os Primeiros Extraterrestres e Novas Religiões.

 


NO FUTURO DISTANTE

 


AS CANÇÕES DA TERRA DISTANTE (The Songs of Distant Earth, 1958)

Arthur C. Clarke.

(Capa: Michael Whelan).

Conto publicado no livro O Outro Lado do Céu e, posteriormente, ampliado para um livro com o mesmo título.
Apresenta o planeta Thalassa, composto por 90% de oceano e com apenas uma grande ilha, ao qual colonizadores da Terra chegaram e construíram uma civilização pacífica. Na época em que se passa a história, a lembrança da existência da Terra permanece em sua história, ainda que a Terra nunca mais tenha enviado notícias ao planeta. Até o dia em que uma nave terrestre aproxima-se e alguns engenheiros usam uma pequena nave para descer na ilha e encontrar os nativos, ansiosos por notícias da Terra. Eles contam que estão em uma viagem de 300 anos em direção a um novo mundo, viajando em estado de animação suspensa, mas tiveram problemas com seu escudo e pararam para reparos.
Os contatos são amistosos e eles contam aos nativos a história da Terra, desde o período em que seus ancestrais colonizadores saíram de lá. Clarke desenvolveu a história em torno de Lora, nativa de Thalassa, Clyde, seu noivo, e Leon, engenheiro da nave terrestre, por quem a moça se apaixona, mas com quem não poderá viver, uma vez que ele deverá continuar sua viagem. São mundos já totalmente distanciados, e o autor apresenta um conflito básico na ficção científica: de um lado, a tecnologia extremamente avançada e o ritmo alucinante de conquistas e de expansão; do outro, uma vida simples e com um ritmo mais lento de vida, ainda que utilizando tecnologia básica.
O livro As Canções da Terra Distante (1986) apresenta mais detalhes, tanto da viagem espacial quanto dos relacionamentos entre os personagens, mas é inferior ao conto.


SÉRIE DARKOVER

Marion Zimmer Bradley.
Ver a matéria Poderes Construídos.


SÉRIE CAVALEIROS E DRAGÕES DE PERN

Anne McCaffrey.
Ver a matéria Poderes Alienígenas.


PLANETAS DOS REFUGIADOS DE ZARATHUSTRA

John Brunner.

(Capa: Ed Emshwiller).

Uma série de livros com histórias referentes aos habitantes do planeta Zarathustra, colonizado por humanos. Quando seu sol se transforma em Nova, eles são obrigados a abandonar o mundo em três mil naves transportando milhões de habitantes. Partem em várias direções, procurando novos mundos para colonizar e conseguem estabelecer-se em muitos planetas. Depois de 700 anos desses eventos, uma organização conhecida como Corpo Galáctico isola as diferentes culturas que se formaram de modo que cada uma delas se desenvolva de forma independente e com sua própria cultura.
Os livros da série incluem: O Enciclopedista (Polymath, 1963), também conhecido pelo título Castaways’ World; Secret Agent of Terra (1962), também com o título The Avengers of Carrig (1969); O Planeta dos Refugiados (The Repairmen of Cyclops, 1965).

 

 


ESTAÇÃO DA GLÓRIA (Glory Season, 1993)

David Brin.


EXPULSOS DA TERRA (The Eye of the Heron, 1978)

Ursula K. Le Guin.


O HOMEM SEM ROSTO (The Anome, 1971)

Jack Vance.


OS PERMUTADORES DE MUNDOS (The World Swappers, 1959)

John Brunner.


O PLANETA DOS DRAGÕES (The Dragon Masters, 1963)

Jack Vance.