O RETRATO DE DORIAN GRAY (The Picture of Dorian Gray, 1945)
Lowell Gilmore, Hurd Hatfield e George Sanders (Metro-Goldwyn-Mayer).
Direção de Albert Lewin.
A mais famosa versão para o cinema da obra clássica de Oscar Wilde. E, ainda que ao longo da história jamais seja especificada e existência de um pacto demoníaco, parece óbvio que alguma força sobrenatural maléfica está em ação. Hurd Hatfield interpreta o jovem e rico Dorian Gray, na sociedade londrina de 1886, cujo retrato está sendo pintado por Basil Hallward (Lowell Gilmore), que por sua vez é amigo de Lorde Wotton (George Sanders), a quem Dorian é apresentado. Wotton, cínico e provocador, diz a Dorian que tudo o que importa na vida é o prazer, uma vez que o tempo inevitavelmente irá acabar com esses prazeres.
Quando o quadro é finalizado, Dorian percebe que ele irá permanecer jovem para sempre, enquanto seu corpo irá definhando como o de todas as pessoas, e deseja profundamente que ocorra o inverso. E, de alguma forma, seu desejo é atendido, e Dorian passa por muitos anos dedicando-se a todo tipo de atividade que lhe dê prazer sem envelhecer, enquanto tudo o que faz de errado reflete-se no quadro, que ele mantém escondido em um quarto.
O crítico Phil Hardy diz que esse é certamente o melhor filme de Lewin, bastante favorecido pela interpretação de George Sanders e Hatfield, além da fotografia excepcional de Harry Stradling, que rendeu um Oscar. Hardy lembra que o diretor também escolheu não mostrar o retrato como um alter ego de Dorian Gray, mas simplesmente como um retrato da criatura malévola na qual Hatfield implacavelmente se tornou. “Isso dá à revelação do retrato (em cores, para enfatizar ainda mais o declínio de Hatfield) um clímax simples, porém satisfatório ao filme”.
Direção de Jacques Tourneur.
Direção de Sidney Hayers.
A MALDIÇÃO DA CAVEIRA (The Skull, 1965)
Christopher Lee e Peter Cushing (Amicus Productions).
Direção de Freddie Francis.
Produção inglesa da Amicus, a grande rival da Hammer no cinema de terror, trazendo dois dos maiores atores do gênero: Peter Cushing e Christopher Lee. Conta ainda com um roteiro baseado na história The Skull of the Marquis of Sade, de Robert Bloch, um dos bons escritores e roteiristas de terror e suspense dos anos 1960.
Cushing interpreta o colecionador Maitland, especializado no oculto, a quem é oferecida a caveira que teria pertencido ao Marquês de Sade. A caveira foi roubada de outro colecionador, Matthew Phillips (Christopher Lee), amigo de Maitland e que não deseja recuperar o objeto. Ele adverte Maitland do mal que pode provocar a presença da caveira, mas Maitland não dá muita importância a isso. E, é claro que coisas estranhas começam a acontecer, afetando a vida de Maitland, provocando alucinações que chegam a levá-lo em direção ao assassinato.
O crítico Phil Hardy entende que esse é o melhor trabalho da Amicus nos anos 1960, ainda que tenha suas falhas, em particular no que diz respeito à associação do Marquês de Sade com a magia negra. Ainda assim, diz Hardy, apesar da premissa absurda, o filme consegue construir uma atmosfera perturbadora, deixando em aberto se a caveira realmente tem poderes maléficos ou se ela simplesmente estimula as ansiedades e desejos inconscientes de seu proprietário.
No Brasil, lançado em DVD.
Direção de Terence Fisher.
Direção de Paul Wendkos.
Direção de Steven Spielberg.
Direção de Peter Sykes.
Direção de Richard Donner.
Direção de Michael Winner.
A MORTE DO DEMÔNIO (The Evil Dead, 1981)
Direção de Sam Raimi.
(Renaissance Pictures).
Um filme que se tornou um dos mais conhecidos cult do gênero, dando origem a uma sequência melhor e realizada com um humor notável e grande capacidade por Raimi. Cinco jovens passam um feriado em uma cabana no Tennessee, onde encontram uma fita gravada na qual um pesquisador diz que forças podem ser trazidas à realidade por meio de um antigo encanto da Suméria. Segue algumas das ideias de H.P. Lovecraft sobre criaturas de um tempo muito remoto que assumem o controle das pessoas, transformando-as em espécie de zumbis que devoram e matam os que ainda estão vivos.
Posteriormente, com o lançamento do segundo filme com o título Uma Noite Alucinante, o primeiro passou a ser conhecido como Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio, e o seguinte como Uma Noite Alucinante 2. Coisas do Brasil.
O crítico Phil Hardy lembra que o filme foi dirigido e produzido por dois iniciantes na área, recém-saídos da faculdade, com pouquíssimo dinheiro e com a clara intenção de chamar a atenção da indústria cinematográfica. Segundo ele, Raimi não tinha qualquer pretensão de manter uma integridade narrativa, mas apenas visava a encenação, apresentando movimentos de câmera virtuosos, filmagens de olhos demoníacos e efeitos especiais. “É difícil ver”, diz Hardy, “como alguém poderia levar o filme a sério, ainda que alguns árbitros da moral pública tenham feito isso”.
Bem melhor foi o segundo filme, mais uma vez dirigido por Raimi e com Bruce Campbell no papel principal, e com um orçamento dez vezes maior. Manteve o mesmo conceito de misturar cenas aterrorizantes, quando não nojentas, com humor. E funcionou muito bem.
Campbell vai com sua namorada à cabana na floresta onde tudo começou e imediatamente iniciam seus problemas com os ataques dos demônios libertos no local pelas palavras do Necronomicon. A sequência de filmagens é vertiginosa, com câmeras subjetivas voando por dentro de uma cabana minúscula como se essa fosse um labirinto, seguindo Campbell quando ele é jogado de encontro a uma árvore em uma velocidade incrível.
Os momentos de humor acompanham o resto da história, com exageros fantásticos e muito sangue e violência. O demônio é finalmente mandado de volta ao seu tempo, em um vórtice temporal, só que Campbell acaba indo também, surgindo em uma época medieval, armado com rifle e outras coisas mais, e sendo saudado como um enviado dos céus para combater os demônios que se encontram no local, preparando para o terceiro filme.
No Brasil, lançados em DVD.
ADORADORES DO DIABO (The Believers, 1987)
Direção de John Schlesinger.
(Orion Pictures).
Baseado na história The Religion (1982), de Nicholas Conde, o filme não foi muito bem recebido pela crítica, mas tem uma ótima interpretação de Martin Sheen, e uma história razoavelmente interessante.
Sheen perde a esposa em um acidente idiota, quando ela vai desligar uma máquina de fazer café e pisa no chão molhado. Ele passa a viver com o filho e, como investigador da polícia na área de psiquiatria, acaba se envolvendo com uma série de mortes que ocorrem na cidade, ligadas a um culto mágico-religioso chamado de santeria, praticado pelos habitantes hispânicos e pela elite da sociedade, que são os verdadeiros criminosos. Matam crianças para manterem seu poder. Os pais devem matar seus próprios filhos para alcançarem o poder máximo. Momentos bem violentos, em um filme bem acima da média do gênero na época.
No Brasil, lançado em DVD.
Direção de Alan Parker
A CATEDRAL (La Chiesa, 1989)
Direção de Michele Soavi.
(ADC Films/ Cecchi Gori Group Tiger Cinematografica/ Reteitalia).
Produção italiana de Dario Argento, que também escreveu a história, finalizando sua trilogia Demons, iniciada com Demons – Filhos das Trevas (Demoni, 1985), e na sequência Demons 2 – Eles Voltaram (Demoni 2... l’Incubo Ritorna, 1986), ambos dirigidos por Lamberto Bava.
O ponto central é a batalha interior entre o Bem e o Mal, com forças demoníacas mantidas adormecidas por 850 anos em uma catedral alemã, após cavaleiros da Ordem Teutônica terem massacrado uma vila na Alemanha medieval, alegando que seus moradores eram adoradores do diabo. Os corpos foram enterrados e a catedral construída em cima do local, supostamente para conter as forças demoníacas em ação no local.
Thomas Arana interpreta Evan, o novo bibliotecário da catedral, e Barbara Cupisti é Lisa, que está dirigindo os trabalhos de restauração dos afrescos da catedral. Os dois envolvem-se em um relacionamento e também descobrem locais secretos da catedral, iniciando uma série de eventos catastróficos.
Parte da crítica adorou o filme, comparando-o ao que Mario Bava e Riccardo Freda fizeram de melhor no cinema de terror italiano, mas talvez seja uma visão um tanto exagerada, ainda que se trate de um filme bem interessante.
Ainda conta com a trilha sonora de Philip Glass, Keith Emerson e Goblin.
No Brasil, lançado em DVD.