Essa é uma classificação absolutamente aleatória, e não quer dizer necessariamente que os animais envolvidos no tema “vingança da natureza” sejam sobrenaturais, mas sim que algum elemento sobrenatural, místico ou religioso está envolvido na história.
FERAS SANGUINÁRIAS (Black Zoo, 1963)
Direção de Robert Gordon.
(Herman Cohen Productions).
Michael Gough interpreta Michael Conrad, proprietário de um pequeno zoológico em Los Angeles. O aspecto místico do filme está no fato de que ele lidera uma seita que venera os animais, acreditando que eles possuem alma e que podem reencarnar, inclusive trocando de alma com humanos. Seus preferidos são os grandes felinos que trata como seus filhos; três leões, uma leoa, um tigre, um leopardo, duas chitas e um puma, além de um gorila.
Como muitos dos loucos do cinema, ele toca órgão para os animais, e obriga seu filho mudo (Rod Lauren) a ajudá-lo, uma vez que ele utiliza os animais para matar as pessoas que se colocam em seu caminho, em particular o sujeito que pretende tomar seu zoológico, um agente que quer que sua esposa (Jeanne Cooper) o deixe para trabalhar no circo, e até a esposa, quando ela resolve deixá-lo.
O crítico Phil Hardy foi apenas um dos que não gostaram muito do filme, dizendo que tem um roteiro inadequado, uma direção frouxa, e com uma atuação extremamente exagerada de Gough. No entanto, destacou o trabalho de câmera de Floyd Crosby, que realizou vários trabalhos com Roger Corman. E Hardy ainda disse que “(...) nenhum filme que tem a sagacidade de incluir uma cena na qual Gough conduz um leão, um tigre, uma pantera negra e um puma para sua sala de estar, instala-os em sofás e poltronas, e solenemente os satisfaz com uma canção de ninar ao órgão, pode ser de todo ruim”.
Ainda assim, é um filme de terror bem inferior ao que se fez de melhor na época.
ABELHAS ASSASSINAS (Killer Bees, 1974)
Direção de Curtis Harrington.
Gloria Swanson (Robert Stigwood Organization).
Filme feito para a TV, com destaque para a atriz veterana Gloria Swanson, aqui interpretando a matriarca de uma família, controlando seu ambiente com mão de ferro. Além disso, exerce um estranho poder e controle psíquico sobre as abelhas que cria, em quantidade impressionante, e que utiliza para atacar e matar qualquer um que se oponha às suas vontades e que ela considere uma ameaça.
Um neto (Edward Albert) retorna à casa da família após uma ausência prolongada devido a uma briga, e leva consigo a noiva (Kate Jackson, que ficaria mais famosa atuando como uma das agentes em As Panteras, a partir de 1976). A família mantém as mortes e ataques das abelhas em segredo, mas a matriarca morre em circunstâncias suspeitas, e a noiva acaba assumindo o seu lugar, estranhamente possuída, conduzida pelas abelhas até a gigantesca colmeia no sótão.
ORCA: A BALEIA ASSASSINA (Orca, 1977)
Direção de Michael Anderson.
(Famous Films/ Dino De Laurentiis Company).
Também com o título Killer Whale. Michael Anderson também dirigiu Fuga no Século 23 (Logan’s Run, 1976) e a minissérie Planeta Vermelho (The Martian Chronicles, 1980), entre outros filmes conhecidos e melhores do que esse.
Richard Harris interpreta um capitão que mata uma orca e sua cria, passando a ser perseguido pela orca macho. Charlotte Rampling interpreta uma bióloga e Will Sampson um indígena que apresenta algumas capacidades místicas.
Mas a perseguição da baleia é intensa e, aparentemente, ela realmente consegue pensar, e não deixa o capitão em paz. O resultado é um filme absurdo, repleto de clichês e exageros, e com muito a dever a Tubarão. Pouco se salva, apesar da trilha sonora de Ennio Morricone.
O crítico Michael Weldon disse que o filme traz “mais besteiras ridículas apresentadas por Dino de Laurentis (o produtor)”, sendo uma mistura sem sabor de Tubarão e Moby Dick.
No Brasil, lançado em VHS (VTI).
CROCODILO, A FERA ASSASSINA (Il Fiume del Grande Caimano, 1979)
Direção de Sergio Martino.
(Dania Film).
Produção italiana dirigida por Martino, que já tinha uma certa reputação favorável no gênero terror, ainda que algumas vezes desconsiderado por uma violência excessiva, e que não foi tão bem aqui.
Um deus africano fica furioso com a invasão de sua terra, onde é construído um resort. O deus transforma-se em um imenso crocodilo que começa a atacar os turistas. Segundo o crítico Phil Hardy, Martino produziu uma fantasia medíocre, repulsiva e racista.
O SEGREDO DE MALPARINKA (Dark Age, 1987)
Direção de Arch Nicholson.
(RKO Pictures/ FGH/ The Australian Film Commission/ International Film Management).
Produção conjunta da Austrália e EUA, o filme recebeu boas críticas, mas em geral passou despercebido pelo público. Ao contrário da maioria dos filmes do gênero, a ainda que apresente um crocodilo que gosta de comer pessoas, aqui o objetivo dos personagens centrais é o de preservar a vida do animal.
A história centra-se em um crocodilo de água salgada com mais de sete metros de comprimento, na Austrália, que os aborígenes consideram um ser sagrado, quase divino, com mais de 200 anos de vida. Mas em determinado momento, corpos de pessoas começam a ser encontrados destroçados, e inicia-se uma caçada ao animal.
Entra em cena o guarda florestal interpretado por John Jarratt, responsável por manter a população de crocodilos, que está em vias de extinção, e que deve proteger o animal dos caçadores. Ele tem a ajuda de dois aborígenes, um deles com uma capacidade psíquica e uma conexão com o crocodilo.
SANGUE NEGLI ABISSI (1989)
Direção de Raffaele Donato/ Joe D’Amato.
(Filmirage/ Variety Film Production).
Produção conjunta da Itália e EUA, também com os títulos Deep Blood e Sharks. Um filme tido como pavoroso, que começou a ser dirigido por Donato e terminou com D’Amato, ele mesmo responsável por alguns filmes muito ruins e várias produções eróticas.
Aqui, um grupo de jovens em férias é atacado por um tubarão e um deles morre. Os demais resolvem que vão matar o tubarão que, segundo as lendas, é a encarnação de um espírito ancestral.
RIO SANGRENTO (Red Water, 2003)
Direção de Charles Robert Carner.
(New Line Television/ Sony Pictures Television).
Filme feito para a TV. Uma história confusa sobre uma exploração de petróleo realizada em um rio da Louisiana, enquanto criminosos procuram 3 milhões de dólares escondidos no mesmo local e acabam obrigando os exploradores a trabalharem para eles. Ao mesmo tempo, um tubarão-cabeça-chata, que pode viver em água doce, subiu o rio e aterroriza a região e todos os envolvidos na ação.
Os nativos da região acreditam que o tubarão é uma manifestação de um espírito protetor, tentando impedir as atividades de perfuração de petróleo na região.
Mais do mesmo, em filme fraco.
COLAPSO NO ÁRTICO (The Last Winter, 2006)
Direção de Larry Fessenden.
(Antidote Films/ Glass Eye Pix/ Zik Zak Filmworks).
Ainda que nunca fique muito claro o que realmente acontece, tudo indica que a própria Natureza, com “ene” maiúsculo, resolveu interromper algumas atividades humanas, em particular as que estão sendo realizadas por uma equipe no Ártico, à procura de petróleo.
O que podem ser aparições fantasmais de animais da região, ou apenas alucinações provocadas por vazamentos de gases, complicam a vida de todos os envolvidos, causando mortes violentas. Algumas pessoas ouvem sons estranhos antes dos eventos, outras veem rebanhos fantasmais de caribus e são atacadas, ou ouvem o barulho de cascos.
Em certo momento, é encontrada uma documentação deixada por alguém que esteve no local anteriormente, e nela um pesquisador sugere que a Terra está libertando “O Último Inverno”, de forma que o comportamento dos humanos pode ter despertado os fantasmas do passado ou, como alguns sugerem, o espírito do Wendigo, uma criatura da mitologia indígena. E o final sugere que a punição da natureza pode estar se estendendo ao resto do planeta.