(Capa: William Timmins).
Os “poderes construídos” são entendidos aqui como quaisquer poderes psíquicos que se desenvolveram devido a mutações, engenharia genética, utilização de aparelhos específicos ou qualquer outro aprimoramento; ou seja, qualquer um que não seja natural da pessoa.
Segundo David Langford e Brian Stableford, as histórias envolvendo mutações que provocavam um aumento nos poderes psíquicos das pessoas aumentaram bastante depois de 1945, após as explosões nucleares no Japão, muitas vezes entendendo que, após um holocausto nuclear, o mundo poderia se redimir por mutantes psiquicamente poderosos. É o caso, por exemplo, de Fugindo do Caos (Twilight World), de Poul Anderson. O livro foi publicado como uma união de histórias em 1961, mas começou a ser elaborado em 1947, na revista Astounding Science Fiction, com Tomorrow’s Children, sua primeira história publicada, em colaboração com F.N. Waldrop.
(Capa: Cândido Costa Pinto).
(Capa: Alex Schomburg).
Os mutantes também são parte importante da história de Sentinelas do Universo (Sentinels From Space, 1952. Coleção Argonauta 16. Portugal), de Eric Frank Russell, história adaptada de The Star Watches, publicada originalmente na revista Startling Stories, em 1951. A história se passa num futuro em que a humanidade vive na Terra, em Vênus e em Marte, os dois últimos pensando em obter sua independência. Só que a humanidade está prestes a partir para viagens interestelares, e os terrestres querem que isso seja feito como uma sociedade unificada, para enfrentar quaisquer dificuldades que possam surgir.
Nesse futuro, existem 12 tipos conhecidos de mutantes com capacidades psíquicas desenvolvidas, e alguns deles estão realizando atos de sabotagem contra a infraestrutura terrestre.
(Capa: William Timmins).
Outra série de histórias foi coletada em Mutant (1953), de Henry Kuttner e C.L. Moore. As histórias começaram a ser publicadas em 1945, na revista Astounding Science Fiction, com o conto The Piper’s Son, sob o pseudônimo Lewis Padgett. Alguns críticos, como David Pringle, não gostaram das histórias; Pringle as considerou bem escritas, porém repetitivas. Outros, como P. Schuyler Miller e Groff Conklin, entenderam que as histórias funcionam muito bem, mostrando o complicado relacionamento entre os humanos com poderes psíquicos e os que não os têm.
(Capa: Mel Hunter).
Philip K. Dick também escreveu uma história sobre mutantes em 1954, A World of Talent, publicada na revista Galaxy Science Fiction. A história também apresenta mutantes com capacidades psíquicas e que controlam a sociedade numa colônia terrestre que deseja se separar e, para tanto, conta com a proteção de um mutante com poderes acima do normal. Aqui também surgem os precogs, que seriam parte importante do enredo de Ubik; os antipsi do conto são capazes de anular os poderes dos psíquicos mutantes.
Mais conhecido ficou o livro de John Wyndham, Os Mutantes, também publicado como As Crisálidas, que ainda hoje é considerado entre os clássicos do gênero, não apenas lidando com a questão das mutações que geram poderes mentais excepcionais, e a relação dessas pessoas com o restante da sociedade “normal”, mas também apresenta uma discussão sobre o poder da religião na sociedade, no caso, uma sociedade do futuro (ver mais nas matérias: O Que Fazer Depois do Fim do Mundo?; Religião e Controle).
(Capa: Hubert Rogers).
Mas o livro que foi considerado o mais influente no gênero a apresentar mutantes com poderes mentais superiores foi Slan (Slan, 1946), de A.E. Van Vogt, originalmente publicado em quatro partes, de setembro a dezembro de 1940, na revista Astounding Science Fiction.
Peter Nicholls diz que Slan foi a primeira história realmente popular sobre poderes mentais na ficção científica, contendo “(...) o que se tornaria a situação arquetípica de histórias sobre telepatas; os slans são mutantes telepatas odiados e temidos pelos humanos comuns, e perseguidos; quase super-homens, eles são o próximo estágio na evolução humana”.
Capa da primeira edição (Ilustração: Robert E. Hubbell/ Arkham House).
Em The Visual Encyclopedia of Science Fiction, editado por Brian Ash, diz-se que quando Slan começou a ser publicado em 1940, “(...) a mediocridade anterior de muita da ficção com mutantes foi esquecida. O romance viria a ser reconhecido como um clássico. Van Vogt foi o primeiro autor a explorar seriamente as complicações sociais surgidas de uma raça mutante tentando sobreviver entre a humanidade normal. A verdadeira natureza dos super-homens é explicada pelo líder Slan: ‘Nós somos a mutação-após-o-homem. As forças da mutação estavam trabalhando muitos anos antes do grande dia quando Samuel Lann concretizou os padrões da perfeição em algumas de suas mutações’. (...) O efeito do romance não foi totalmente sentido até alguns anos mais tarde”. O Samuel Lann citado acima é tido como o criador dos mutantes.
Adam Roberts entende que Slan é o livro mais característico de A.E. Van Vogt, com uma história que “(...) se bifurca ou entra em múltiplos desvios em uma desconcertante série de direções e, no final, é governada por uma lógica quase de sonho na montagem de seus vários elementos. Para muitos isso só aumenta a potência indireta da novela”.
VEJA A SEGUIR MAIS OBRAS ABORDANDO PODERES PSÍQUICOS CONSTRUÍDOS
Curt Siodmak.
O livro de Siodmak (também com o título O Cérebro Assassino) muitas vezes é tido como um clássico da FC, mas é uma postura bastante exagerada. Ele se tornou bastante conhecido mais pela excentricidade da história, com um cérebro sendo mantido vivo por um cientista e, eventualmente, conseguindo manter um contato telepático com as pessoas e até mesmo dominar suas vontades, obrigando-as a ter atitudes que não desejam.
Stephen King falou sobre o livro e os filmes baseados na história em seu excelente livro de ensaios, Dança Macabra (Danse Macabre, 1981), comentando sobre as histórias que se equilibram entre o terror e a ficção científica. “Tanto o romance quanto os filmes”, ele escreveu, “têm como foco um cientista que, se não é totalmente louco, está operando nos limites mais longínquos do juízo mental. Assim, nós podemos situá-lo numa linha direta de descendência do proprietário original do Laboratório de Loucos, Victor Frankenstein (E antes ainda a Fausto? Dédalo? Prometeu? Pandora? Uma genealogia que conduziria direto ao inferno, se é que ele existe)”.
(Capa: John Richards/ Corgi Books - Transworld Publishers).
Ainda segundo Stephen King, nenhum dos filmes “chega aos pés do terror crescente da narração que Siodmak faz na sua prosa cuidadosa, racional”. O cérebro mantido pelo cientista num tanque especialmente preparado também passa por mutações, tornando-se cada vez mais poderoso. King é um dos maiores defensores do livro de Siodmak, o que fica bem claro em seu texto: “Siodmak é um excelente pensador e um ótimo escritor. O fluxo de suas ideias especulativas em Experiência Diabólica (N.E.: na edição brasileira, o livro é tratado com o título que recebeu no cinema. No Brasil, foi publicado como O Cérebro Assassino; e, em Portugal, como O Cérebro de Donovan) é tão excitante quanto o fluxo de ideias num romance de Isaac Asimov ou Arthur C. Clarke ou meu favorito no gênero, John Wyndham. Mas nenhum desses estimados cavalheiros já escreveu uma obra como Experiência Diabólica... na verdade, ninguém escreveu”.
Erich von Stroheim, em A Dama e o Monstro (Republic Pictures).
A primeira adaptação para o cinema veio em 1944, com A Dama e o Monstro (The Lady and the Monster), produção da Republic dirigida por George Sherman, e que Phil Hardy diz que tem um roteiro fraco, mas que ganha substância devido ao trabalho de fotografia e iluminação de John Alton. Ainda segundo Hardy, o proprietário da Republic, Herbert J. Yates, realizou o filme para que fosse o primeiro filme não musical de Vera Hruba Ralston, uma patinadora checa que já vinha realizando alguns filmes pela companhia, e que seria esposa de Yates. No entanto, a atuação de Erich von Stroheim como o cientista foi tão marcante que apagou todas as demais no filme.
Lew Ayres e Nancy Davis, em Experiência Diabólica (Dowling Productions).
A segunda versão foi Experiência Diabólica (Donovan’s Brain, 1953), com direção de Felix Feist, geralmente é considerado o mais próximo do livro de Siodmak, com Lew Ayres como o cientista. Phil Hardy diz que as cenas em que o cientista é “tomado” pelo cérebro do milionário malévolo são interpretadas de forma brilhante por Ayres, alterando a expressão em seu rosto sem o auxílio de qualquer maquiagem ou efeitos. A interpretação de Gene Evans, como o assistente de Ayres, também foi bastante elogiada. No elenco, também Nancy Davis, que seria a esposa de Ronald Reagan.
A terceira adaptação foi Vingança Fatal (Vengeance, 1962), produção conjunta da Inglaterra e Alemanha Ocidental, com direção de Freddie Francis, também conhecido pelos títulos: The Brain; Ein Toter Sucht Seiner Moerder. É tida como a versão mais fraquinha das três, com mais destaque para cenas sangrentas. Segundo Phil Hardy, Freddie Francis foi melhor como diretor de filmes de terror do que de ficção científica e, aqui, caminha com dificuldade pelo bom roteiro de Phil Mackie e Robert Stewart.
Um filme inferior não baseado na história de Siodmak, mas claramente copiado dela, foi O Cérebro Que Não Queria Morrer (The Brain That Wouldn’t Die, 1959/ 1962), dirigido por Joseph Green. Herb Evers interpreta um cientista que causa um acidente no qual sua noiva (Virginia Leith) é decapitada. Nada mais normal, então, do que levar sua cabeça para um laboratório capenga e mantê-la viva, passando a procurar um novo corpo. O safado resolve usar o corpo de uma modelo (Adele Lamont), mas a cabeça, sabe-se lá como, ganhou poderes mentais e usa telepatia para despertar um monstro que o cientista mantinha num porão. O monstrengo mata o cientista, põe fogo no laboratório e salva a modelo. Terrível.
Theodore Sturgeon.
(Capa: Richard Powers/ Ballantine Books).
O livro é uma extensão do conto Baby Is Three, publicado na revista Galaxy Science Fiction, em 1952. Como disse John Clute, é o mais conhecido livro de Sturgeon e descreve “(...) com intensidade considerável a reunião de seis ‘esquisitos’ em uma Gestalt com capacidades psi, e sua eventual obtenção de maturidade”. Em The Visual Encyclopedia of Science Fiction a explicação vai mais longe: “Fala de algumas crianças dotadas de vários poderes extrassensoriais, incluindo telepatia e telecinese. As crianças em processo de amadurecimento desenvolvem um relacionamento simbiótico com um adulto recluso, que se torna o elo vital na corrente de uma unidade Gestalt poderosa. É só após muitos anos que a entidade Gestalt chega a entender o conceito de moralidade e fazer uso benigno de seus poderes”.
Em Science Fiction: The 100 Best Novels, David Pringle escreve que em seu segundo romance, Sturgeon nos convida a simpatizar com os estranhos e párias, “E nós respondemos, uma vez que esse é um livro escrito com intensidade e muito comovente. Além do Humano ainda parece um romance extraordinário. Prejudicado por toques ocasionais de sentimentalismo e sadismo, talvez enfraquecido por um final otimista particularmente forçado, apesar disso é a fantasia mais memorável sobre o próximo passo na evolução humana, e indubitavelmente o melhor livro desse gênero”.
Ursula K. Le Guin.
(Capa: John Pederson, Jr.).
Adam Roberts diz que “Um modo de examinar as duas mãos de Le Guin, a da fantasia e a com impulsos de FC, é configurá-las como observações reflexivas sobre a artista criativa. Uma parábola como O Tormento dos Céus (The Lathe of Heaven) (1971), em que o personagem principal descobre que seus sonhos reescrevem a realidade para os outros, transformando as fantasias dele em realidade efetiva, pode ser lida como um comentário sobre a força e o perigo da imaginação criativa”.
Peter Nicholls faz referência ao livro como sendo uma confirmação de que, na época, o trabalho de Le Guin estava se distanciando cada vez mais de soluções fáceis, num livro que lida, “(...) à primeira vista, atipicamente, com um homem que, por meio de seus sonhos, pode trazer à vida estruturas de realidade alternativas; esse é o território imaginativo que geralmente é associado a Philip K. Dick. O livro é imperfeito, mas de forma alguma um fracasso. Como em todo o trabalho de UKLG, há uma ênfase forte, apesar de sem um tom de sermão, na responsabilidade moral do indivíduo e seu custo. Em seu interesse em metafísica, o livro forma um conjunto com seu outro trabalho (N.E.: no caso, ele se refere à Trilogia Terramar), ainda que modelado em forma extraordinária”.
O livro originou duas adaptações para a TV, ambas com o mesmo título original e inéditas no Brasil. A primeira, em 1980, foi dirigida por David Loxton e Fred Barzyk, com efeitos especiais de Ed Emshwiller, que foi um importante ilustrador de revistas de ficção científica na chamada “Era de Ouro”. A segunda adaptação surgiu em 2002, menos cotada que a original, com direção de Philip Haas.
Stephen King.
Stephen King imaginou uma organização governamental, ou quase, chamada A Oficina, independente da CIA e outras agências dos EUA, realizando ações secretas e experiências visando o desenvolvimento psíquico das pessoas. Nos anos 1960, Andrew McGee e Victoria Tomlinson são submetidos a testes com drogas experimentais, com efeitos semelhantes aos do LSD, mas que têm como efeitos colaterais o surgimento de habilidades psíquicas como a telepatia e telecinese, além da capacidade que Andrew desenvolve de controlar a mente de outras pessoas. Eles se casam e tem uma filha, Charlene, ou Charlie, que herda capacidades psíquicas, em particular a pirocinese.
Como é costumeiro em seus livros, King dedica grande parte da história ao desenvolvimento das relações entre as pessoas, em especial as relações familiares. O vínculo existente entre pai e filha é reforçado quando Victoria é morta violentamente. Depois de anos observando de longe a família, os dirigentes da Oficina resolveram que é o momento de pegarem Charlie para observarem de perto seus poderes, claro, tentando desenvolvê-los como uma arma cujo potencial pode até mesmo superar o de uma arma nuclear, quando ela se tornar adulta.
Após uma longa perseguição, conseguem prender pai e filha, e tentam conquistar a amizade de Charlie iniciando um relacionamento entre ela e John Rainbird, que tenta substituir a imagem do pai. Mas nada sai exatamente como a Oficina pretende, com as ações seguindo em direção a um final turbulento e violento de destruição provocado por Charlie.
Drew Barrymore, em Chamas de Vingança (Dino De Laurentiis Company/ Universal Pictures).
Não chega a figurar entre os melhores livros de Stephen King, mas ainda assim é interessante. Foi adaptado para o cinema com o bom filme Chamas de Vingança (Firestarter, 1984), com direção de Mark Lester. Drew Barrymore interpreta Charlie, David Keith é seu pai, e George C, Scott interpreta John Rainbird.
Uma sequência fraquinha foi produzida para a TV em 2002, uma minissérie em quatro episódios, Vingança em Chamas (Firestarter 2: Rekindled), com direção de Robert Iscove, com Charlie já adulta interpretada por Marguerite Moreau, e Malcolm McDowell como John Rainbird, que deveria ter morrido na história original, mas continua vivo.
Stephen King.
O livro trabalha com um dos temas preferidos do autor: a desestruturação do indivíduo. No caso, um homem simples, professor, apaixonado e seguindo com sua vida da melhor maneira possível. Até que sofre um acidente e passa anos em estado de coma. Recupera-se e percebe que ganhou um presente, ou uma maldição, que é a de conseguir adivinhar o futuro por meio do simples toque nas pessoas.
Ao contrário do que ocorre em tantos ambientes da literatura fantástica, Stephen King não nos introduz em um ambiente estranho; ao contrário, constrói o mundo mais próximo de nós possível para, em seguida, desmontá-lo violentamente. Transforma o personagem simples no que existe de mais incomum, deixando que ele veja o que mais ninguém consegue ver, e o que ele mesmo gostaria de não poder ver. E ele percebe o final do mundo ao apertar a mão de um político que poderá ser eleito presidente e, assim, ser responsável por uma guerra nuclear.
Na FC, geralmente um poder mental como esse, quando pertencente a um humano, é inerente a habitantes do futuro extremamente desenvolvidos, a mutações ou tecnologias. Aqui, trata-se de um caminho nebuloso, uma vez que se trata de um dispositivo qualquer que desperta no cérebro do personagem, sem que se tenha a menor ideia de como funciona, mas que foi despertado durante seu coma.
Christopher Walken como Johnny Smith, em uma de suas visões do futuro (Dino De Laurentiis Company/ Lorimar Film Entertainment).
A história foi levada para o cinema por David Cronenberg, com A Hora da Zona Morta (The Dead Zone, 1983), com Christopher Walken no papel de Johnny Smith e Martin Sheen como o político Greg Stillson, que poderá destruir o planeta. As presenças de um excepcional diretor e um elenco de primeira garantiram uma das melhores adaptações de obras de Stephen King para o cinema, até mesmo fugindo um pouco do que Cronenberg vinha apresentando na época, ou seja, um filme com pouca violência explícita e poucos efeitos especiais, e centrando-se na destruição pela qual passou o professor Smith e pelas difíceis decisões que tem de enfrentar ao conhecer o futuro das pessoas.
Também foi produzido um seriado para TV, O Vidente (The Dead Zone, 2002-2007), com Anthony Michael Hall como Johnny Smith, basicamente passando pelos mesmos problemas e também tendo visões de um futuro apocalíptico ligado ao político Stillson. A série foi bem recebida e, de fato, é muito bem produzida e interessante.
Paddy Chayefsky.
(Capa: Lou Feck/ Bantam Books).
O livro de Paddy Chayefsky foi baseado em experiências reais realizadas pelo neurocientista John C. Lilly envolvendo privação sensorial em tanques de isolamento, utilizando drogas como mescalina, quetamina e LSD. Claro que a história amplia os efeitos das experiências realizadas, provocando alterações físicas.
William Hurt em Viagens Alucinantes (Warner Bros.).
O livro foi adaptado para o cinema com Viagens Alucinantes (Altered States, 1980), com direção de Ken Russell, com William Hurt no papel do pesquisador que se submete às experiências. O filme despertou opiniões diversas na crítica, uns detestando a explosão psicodélica própria de Ken Russell, mas com boa parte da crítica entendendo que a adaptação foi bem feita, inclusive o próprio John C. Lilly.
OS POSSUÍDOS (A Plague of Pythons, 1965)
Frederik Pohl.
PSION (Psion, 1982)
Joan D. Vinge.
Roger Zelazny.
Robert Silverberg.
Curt Siodmak.
MENTIROSO (Liar, 1941)
Isaac Asimov.
(Capa: Hubert Rogers).
O conto de Isaac Asimov foi publicado originalmente na revista Astounding Science Fiction, em 1941. Posteriormente, foi incluído no clássico Eu, Robô (I, Robot, 1950. Relançado no Brasil) e em Nós, Robôs (The Complete Robot, 1982).
A história apresenta o robô Herbie (RB-34) que, sem que saiba como isso foi possível, foi fabricado com a capacidade de ler pensamentos. Como ele ainda é obrigado a obedecer a Primeira Lei, ele começa a mentir para não ferir os sentimentos das pessoas, uma vez que sabe o que elas pensam e como se sentem.
Uma das mentiras de Herbie envolve a própria Dra. Susan Calvin, que está interessada em um dos cientistas que trabalha com ela. Herbie sabe o que ela sente e mente, dizendo que o homem também está interessado nela. Quando percebe o que está acontecendo, a Dra. Calvin se “vinga” de Herbie, colocando-o numa situação de contradição que faz com que ele se desliga.
(Ver também a matéria As Leis de Asimov)
Isaac Asimov.
(Capa: Barclay Shaw/ Phantasia Press).
Asimov reapresenta o personagem Elijah Baley, policial terrestre que foi apresentado em Caça aos Robôs e em Os Robôs. Aqui, ele viaja a Aurora, um dos Planetas Exteriores, envolvido numa trama que inclui interesses políticos do governo terrestre e um suposto “robloqueio”, um bloqueio do cérebro positrônico de um robô por meio de ordens que entrem em contradição com as Três Leis da Robótica.
O interesse da história para esta matéria é a presença do robô Giskard, um robô raríssimo com capacidade telepática, que apenas Baley percebe que ele possui. Como ele pode ler a mente dos humanos e também influenciá-las, para Giskard a Primeira Lei, que se refere à segurança dos humanos, tem uma importância ainda maior do que em outros robôs. Para preservar os humanos de quaisquer danos, Giskard ainda precisa manter sua capacidade telepática em segredo.
Nesse livro, Asimov faz referência ao início do estabelecimento de um império galáctico, assim como da psicohistória, que é um ponto fundamental da série Fundação; o autor estava escrevendo histórias para tentar unir as séries de robôs com as histórias da série Fundação, e o robô Giskard é um dos pontos centrais do desenvolvimento e expansão da raça humana no universo.
(Ver mais na matéria As Leis de Asimov)
Isaac Asimov.
(Capa: Paul Lehr/ Phantasia Press).
Outro livro de Asimov com o robô Giskard, com história situada 200 anos após os eventos de Os Robôs do Amanhecer. Também ressurge o robô R. Daneel Olivaw, e ambos têm como missão central impedir o caos e impelir a humanidade em direção à formação do império e de um período de paz. Também foi nesse livro que Asimov elaborou a Lei Zero da Robótica (ver mais em As Leis de Asimov).
É um trabalho bem interessante de Asimov no que diz respeito à atuação dos robôs junto à humanidade. Todo o livro gira em torno das atividades de Daneel e Giskard, que decidem e influenciam tudo o que ocorre, o futuro dos seres humanos que estão menos preparados do que eles para escolher os melhores caminhos para a humanidade como um todo.
Ao que parece, Asimov propositadamente deixou um pouco de lado as personagens humanas, tornando-as um tanto neuróticas e problemáticas, às vezes um tanto vazias, desenvolvendo a personalidade e as transformações constantes nos dois robôs. Ainda que sempre mantendo-os claramente como robôs, suas atitudes ganham humanidade. À medida que evoluem seu modo de pensar, enfrentam cada vez mais problemas, maiores divagações internas, elaborando pensamentos filosóficos derivados de seu modo racional de pensar e de sua devoção absoluta aos seres humanos.
FUNDAÇÃO (Foundation Trilogy/ Foundation; Foundation and Empire; Second Foundation, 1951/ 1952/ 1953)
Isaac Asimov.
(Capa: Edd Cartier/ Gnome Press).
O poder mental apresentado aqui é o do personagem chamado O Mulo, um mutante que surge no Império no segundo livro da série (Fundação e Império) e começa a acumular uma série de vitórias militares e conquistas de planetas. O que se sabe é que ele tem a capacidade mental de atingir a mente de outras pessoas à distância e influenciar suas ações, sentimentos e pensamentos. Assim, consegue fazer com que seus possíveis inimigos se tornem aliados, e passa a ser a maior ameaça aos planos para o futuro da humanidade estabelecidos por Hari Seldon com sua Fundação.
O RELATÓRIO MINORITÁRIO (The Minority Report, 1956)
Philip K. Dick.
(Capa: Ed Emshwiller).
Conto publicado originalmente em 1956, na revista Fantastic Universe Science Fiction. No Brasil, publicado no livro Realidades Adaptadas (Editora Aleph).
Apresenta a capacidade psíquica da precognição, que surgiria em outras obras do autor. No caso, um futuro em que três pessoas mutantes com capacidade de ver o futuro são utilizadas como forma de prevenir crimes. Uma unidade especial da polícia é formada para seguir as indicações dos “precogs” e, assim, prender os futuros criminosos e impedir que o crime em si seja cometido. O chefe da divisão, John Anderton, recebe a comunicação de que ele irá assassinar uma pessoa que ele jamais conheceu. Ele precisa não apenas fugir dos policiais de sua própria divisão, mas também descobrir porque foi colocado nessa situação e tentar entender o que está errado.
Samantha Morton, como a paranormal Agatha, imersa em seu tanque (Twentieth Century Fox/ DreamWorks Pictures).
A história do conto é bem diferente da que foi desenvolvida para o filme Minority Report – A Nova Lei (Minority Report, 2002), dirigido por Steven Spielberg, com Tom Cruise no papel principal, em particular o final que, no filme, obviamente é mais feliz.
No conto, Anderton recebe não apenas um relatório; o chamado “relatório minoritário”, expedido após o relatório inicial, informa que ele “não mata” a pessoa em questão, o general Kaplan, após ler o primeiro relatório; e um terceiro relatório fornece detalhes de como Kaplan está planejando um golpe de estado, o que leva Anderton a optar por matar Kaplan.
A história também originou o seriado Minority Report (2015), que durou apenas 10 episódios antes de ser cancelado.
John Brunner.
(Capa: John Schoenherr).
Publicado originalmente na revista Analog. Não figura entre os melhores trabalhos do autor, com história girando em torno da construção de aparelhos que recebem mensagens que, supostamente, vêm de civilizações mais desenvolvidas da galáxia, transmitindo informações que só podem ser captadas mentalmente. Os aparelhos começam a ser vendidos e adquiridos em massa pela população e, pior, algumas pessoas desaparecem enquanto escutam as mensagens.
Algumas pessoas desenvolvem capacidades mentais como a da telecinese e teleportação, e começam a trabalhar em conjunto com um plano para livrar a Terra da ameaça nuclear.
SÉRIE DARKOVER
Marion Zimmer Bradley.
A série reúne vários livros com ação situada no planeta Darkover, colonizado por terrestres, mas por acaso. Segundo o universo imaginado pela autora, ao final do século 21 a Terra enviou várias naves colonizadores para o universo. Uma delas teve problemas técnicos e precisou descer num planeta de uma estrela, uma gigante vermelha, e sem poder consertar a nave ou mesmo comunicar-se com a Terra, estabeleceu uma colônia no local. Os humanos eram, em sua maioria, descendentes de celtas e espanhóis, e estabeleceram um sistema de procriação que incluía produzir o máximo possível de crianças com o máximo possível de diferentes parceiros ou parceiras. Após um período de milhares de anos, a colônia voltou a estabelecer contato com os terrestres.
O que nos interessa no caso, os poderes psíquicos, foram obtidos por meio da procriação com os nativos locais, chamados chieri. Em alguns livros, é citada uma pedra, chamada de “matriz” (em alguns livros, “pedra de estrela”), capaz de concentrar, direcionar e amplificar os poderes mentais dos darkovanos. Sabe-se também que na chamada Era do Caos, o uso indiscriminado dessas matrizes quase causou a destruição do planeta. Os poderes mentais são chamados localmente de laran, utilizados para praticamente tudo, inclusive para curas.
(Capa: Ed Valigursky).
As histórias apresentam as dificuldades dos primeiros habitantes humanos do planeta em se estabelecer e, posteriormente, as inúmeras intrigas políticas surgidas ao longo dos milhares de anos de história, complicadas quando ocorreu o novo contato com a Terra. Os poderes mentais estão no centro de muitas histórias, para o bem e para o mal, inclusive sendo parte importante e terrível nas guerras que ocorreram entre os diferentes grupos que se desenvolveram no planeta.
(Capa: Ed Emshwiller).
Os livros tiveram êxito de público e, às vezes, de crítica, em particular devido à composição em detalhes da sociedade de Darkover. A série em si traz os seguintes livros: Os Salvadores do Planeta (The Planet Savers, 1958), que reúne a história do título, publicada originalmente em Amazing Science Fiction Stories, e A Espada de Aldones (The Sword of Aldones, 1962); The Door Through Space (1961), expansão do conto Bird of Prey, publicado originalmente na revista Venture Science Fiction, em 1957. Também não se passa em Darkover, mas o planeta e outros elementos da série são citados; A Espada de Aldones (The Sword of Aldones, 1962); O Sol Vermelho (The Bloody Sun, 1964. Reescrito e expandido em 1979); Estrela do Perigo (Star of Danger, 1965); The Winds of Darkover (1970); Os Destruidores de Mundos (The World Wreckers, 1971); A Chegada em Darkover (Darkover Landfall, 1972); A Espada Encantada (The Spell Sword, 1974); A Herança de Hastur – Contra os Terráqueos: A Segunda Era (The Heritage of Hastur, 1975); A Corrente Partida (The Shattered Chain, 1976); A Torre Proibida (The Forbidden Tower, 1977); Rainha da Tempestade (Stormqueen!, 1978); Dois Para Conquistar (Two to Conquer, 1980); The Keeper’s Price (1980); O Exílio de Sharra (Sharra’s Exile, 1981); A Dama do Falcão (Hawkmistress!, 1982); Sword of Chaos (1982); A Casa de Thendara (Thendara House, 1983); Cidade da Magia (City of Sorcery, 1984); Free Amazons of Darkover (1985); The Other Side of the Mirror (1987); Red Sun of Darkover (1987); Four Moons of Darkover (1988); Os Herdeiros de Hammerfell (Heirs of Hammerfell, 1989); Domains of Darkover (1990); Renunciates of Darkover (1991); Leroni of Darkover (1991); Rediscovery (1993, com Mercedes Lackey); Towers of Darkover (1993); Marion Zimmer Bradley’s Darkover (1993); Snows of Darkover (1994); Canção do Exílio (Exile’s Song, 1996, com Adrienne Martine-Barnes); The Shadow Matrix (1998, com Adrienne Martine-Barnes); Traitor’s Sun (1999, com Adrienne Martine-Barnes); Thunderlord! (2016. Livro finalizado por Deborah J. Ross, após Bradley falecer, em 1999).
Roger Zelazny.
(Ver também a matéria Repensando Religiões e Mitologias)
DUNA (Dune, 1965)
Frank Herbert.
(Ver também a matéria Novas Religiões)
SÉRIE PATTERNIST
Octavia Butler.
(Capa: Tim Quay/ Doubleday).
Série com cinco livros de uma das mais importantes escritoras do gênero, iniciada com a publicação de Patternmaster (1976) que, na cronologia interna da série, é o último. Descreve uma história desconhecida e secreta do planeta, desde o antigo Egito até o futuro, envolvendo poderes fantásticos de telepatia, controle mental, seres praticamente imortais e programas de procriação com a intenção de criar seres superiores, com a formação de grupos que entram em confronto pelo poder. Os demais livros são: Mind of My Mind (1977); Survivor (1978); Clay’s Ark (1980).
John Clute disse que a força dos livros não está no padrão de ação um tanto melodramática do primeiro livro, mas na capacidade de Butler de compor personagens cujas vidas são frequentemente angustiadas e causam um grande impacto nos leitores.
SCANNERS, SUA MENTE PODE DESTRUIR (Scanners, 1980)
Direção de David Cronenberg.
Uma das mais famosas cenas do cinema de FC (Canadian Film Development Corporation/ Filmplan International).
Esse é o famoso “filme da cabeça que explode”, frase que marcou a produção na época de sua estreia. David Cronenberg vinha de uma série de filmes produzidos no Canadá e, geralmente, bem recebidos pela crítica, ainda que sem atingir o grande público. Foi assim com Crimes of the Future (1970), Calafrios (Shivers, 1975. Também com o título The Parasite Murders), Enraivecida, na Fúria do Sexo (Rabid, 1977) e Os Filhos do Medo (The Brood, 1979). Depois do sucesso de crítica e público de Scanners, ele faria Videodrome, A Hora da Zona Morta e A Mosca, atingindo um reconhecimento mundial que só aumentaria.
Em Scanners ele segue uma linha que vinha traçando nos trabalhos anteriores, estabelecendo as diferenças e os pontos em comum entre mente e matéria. Para tal, ele apresenta uma história em que dois grupos opostos de pessoas com poderes mentais; um entende que os poderes devem ser controlados e analisados minuciosamente; outro tem a intenção de espalhar a capacidade para um número irrestrito de pessoas utilizando uma droga, ministrada a mulheres grávidas, de modo que as crianças já nasceriam com poderes mentais fantásticos.
As cenas de batalhas mentais – inclusive a cena da cabeça que explode – ficaram a cargo de Dick Smith, um dos grandes especialistas em efeitos do cinema (de O Exorcista e O Poderoso Chefão), e são tremendamente efetivas.
Michael Ironside, no limite.
Em The Science Fiction Encyclopedia, Peter Nicholls e David Langford dizem que o filme supera facilmente Carrie, a Estranha (1976) e A Fúria (1978). Segundo os dois críticos, o filme é dirigido de forma exemplar, desde a famosa cabeça que explode no início até o duelo telepático final. “Também é avançado em termos de ficção científica”, dizem, “trabalhando variações sofisticadas no tema dos mutantes, muito à frente das imbecilidades usuais dos filmes de poderes psi”.
Foram produzidas algumas sequências, mas sem qualquer relação com Cronenberg, e imensamente inferiores. Scanners II – A Força do Poder (Scanners II: The New Order, 1991) foi dirigido por Christian Duguay, que também foi o responsável por Scanners III – O Duelo Final (Scanners III: The Takeover, 1992). Um spinoff foi Scanner Cop – O Destruidor de Mentes (Scanner Cop, 1994), dirigido por Pierre David; por sua vez, também teve a sequência Scanner Cop 2 (Scanner Cop 2: Volkin’s Revenge, 1995. Também com o título Scanners: The Showdown), dirigido por Steve Barnett. Todas essas sequências são dispensáveis.
STEREO (1969)
Direção de David Cronenberg.
Ronald Mlodzik (Emergent Films Ltd.).
O primeiro longa-metragem de Cronenberg, nem sempre muito bem visto pela crítica e realizado com m orçamento mínimo de 3.500 dólares. Cronenberg fez de tudo aqui, produzindo, escrevendo o roteiro e cuidando das filmagens. Situa-se num futuro próximo quando jovens são voluntários para experiências realizadas na Canadian Academy for Erotic Enquiry (Academia Canadense de Investigação Erótica), com o objetivo de dissolver as convenções e repressões. Para tanto, eles são submetidos a cirurgias que removem seu poder da fala e amplia seus poderes telepáticos.
ALÉM DA BARREIRA DO TEMPO (Beyond the Time Barrier, 1960)
Direção de Edgar G. Ulmer.
(Ver a matéria Sem Controle)
MORTE NO GELO (Frozen Dead, 1966)
Direção de Herbert J. Leder.
Kathleen Breck, como a cabeça telepática, Philip Gilbert e Anna Palk (Gold Star Productions Ltd.).
Como todos já devem saber, as cabeças mantidas vivas em laboratórios secretos inevitavelmente desenvolvem capacidades telepáticas, e aqui não é diferente. As experiências são realizadas pelo cientista nazista Norberg (Dana Andrews) como parte de um plano de reviver o Terceiro Reich, descongelando os corpos de vários nazistas mantidos em animação suspensa desde o final da Segunda Guerra Mundial. Só que ele não consegue descongelar os corpos corretamente, ou melhor, consegue descongelar os corpos, mas não os cérebros, de modo que cria apenas zumbis violentos e burros.
Ele tenta mudar a situação quando mantém viva a cabeça de uma jovem, mas, como já disse, ela entra em contato telepático com sua amiga, que avisa os americanos dos planos do nazistão. O filme é tão delirante que chega a ser divertido.
O MENINO E SEU CACHORRO (A Boy and His Dog, 1975)
Direção de L.Q. Jones.
Don Johnson e Tiger (LQ/JAF).
(Capa: Mervyn Peake).
O filme foi baseado no conto de Harlan Ellison com o mesmo título, publicado originalmente em 1969 na revista inglesa New Worlds, e expandido para publicação na antologia The Beast That Shouted at the Heart of the World, também publicada em 1969. Posteriormente, Ellison escreveria outras histórias no mesmo ambiente, com o personagem do jovem Vic e seu cachorro, com quem mantém um contato telepático, num mundo devastado por um holocausto nuclear. Na verdade, trata-se de uma linha alternativa do tempo, na qual o presidente Kennedy não foi assassinado, mas na qual a Guerra fria resultou num confronto de fato.
Tanto as histórias quanto o filme foram bem recebidos pela crítica e pelos fãs de ficção científica, mas o filme não chegou a ser um sucesso de bilheteria. No Brasil, foi lançado em VHS e também ficou conhecido pelo título Crepúsculo do Ano 2024.
FLASHFORWARD (1999)
Robert J. Sawyer.
A história ficou conhecida no Brasil pela adaptação para a TV, na série Linha do Tempo (Flashforward, 2009-2010). No livro do canadense Sawyer, publicado no Brasil com o mesmo título pela Editora Record, a história situa-se no ano 2009, quando uma pesquisa está sendo realizada no CERN, com o Grande Colisor de Hádrons, à procura do bóson de Higgs. No entanto, a pesquisa tem um efeito colateral inesperado e devastador, fazendo com que toda a raça humana perca a consciência por cerca de dois minutos, durante os quais as pessoas têm visões de si mesmas no futuro, 21 anos adiante. E é claro que a perda da consciência provocou um caos mundial, com milhares de acidentes, fatais ou não.
(HBO Entertainment/ ABC Studios/ Phantom Four Films).
Com essa premissa, a série de TV apresentou um dos inícios mais avassaladores dos últimos tempos, e nos episódios da primeira temporada continuou a manter um clima de suspense excelente, enquanto várias pessoas tentam entender o que realmente aconteceu e porque tiveram as visões. No entanto, o seriado foi suspenso após os 22 episódios iniciais, com a audiência caindo de mais de 12 milhões de espectadores em sua estreia para cerca de 5 milhões ao final.
A FÚRIA (The Fury, 1978)
Direção de Brian De Palma.
(Twentieth Century Fox/ Frank Yablans Presentations).
Depois de enveredar pelo tema em Carrie, A Estranha (Carrie, 1976), mais voltado para o terror, Brian De Palma apresenta uma nova abordagem para poderes psíquicos fora do comum. A história é baseada no livro de John Farris com o mesmo título (no Brasil, pela Editora Record), e o filme tem roteiro do próprio escritor. Traz excelente elenco com Kirk Douglas, John Cassavetes, Charles Durning, Carry Snodgrass, Amy Irving e Andrew Stevens.
Kirk Douglas interpreta um agente do governo e seu filho (Stevens) se torna o principal alvo de interessa da agência para a qual ele trabalha devido aos seus fantásticos poderes mentais. O chefe de operações da agência (Cassavetes) está raptando jovens com poderes psíquicos para utilizar em experimentos com a intenção de torná-los armas de guerra. Seu método inclui eliminar as famílias dos jovens e tentar criar um novo ambiente para eles. A agência falha em matar Douglas, que continua em sua busca incessante à procura do filho, contando finalmente com a ajuda de uma das jovens que fazem parte do programa (Irving), dotada de fantásticos poderes de telecinese e que mantém uma espécie de ligação telepática com o rapaz.
SINTOMAS (Oktober, 1998)
Direção de Stephen Gallagher.
(Carnival Film & Television).
Minissérie inglesa em três partes, com história do próprio Gallagher, e que poderia ser interessante, mas se perde nas explicações. Um remédio vencido é aplicado em soldados russos vítimas da guerra na Chechênia e, como efeito colateral, todos ficam paralisados. Por outro lado, descobre-se que, de alguma forma, eles estão mentalmente conectados, de modo que o que um sente, os outros também. Uma grande empresa farmacêutica começa a realizar testes com o medicamento.
O grande problema do filme é que não se sabe exatamente o que a droga faz, e a história não sabe em que direção seguir. Em alguns momentos diz-se que a droga conecta a mente com o local de onde a mente se origina e para onde ela vai após a morte, seja lá o que isso signifique. Eventualmente, sabe-se que as pessoas que tiveram a droga injetada também podem fazer com que outras pessoas sintam o mesmo que elas.
MINDSTORM – MENTES DIABÓLICAS (Mindstorm, 2000)
Direção de Mitchell Cox.
Filme medíocre sobre jovem submetido a experiências genéticas pelo governo. Ele possui poderes mentais e é treinado pela CIA para realizar operações, mas foge quando descobre que tem uma irmã com os mesmos poderes, mas que foi retirada do programa.
O DOM – DUELO PARANORMAL (Mindstorm, 2001)
Direção de Richard Pepin.
(Avrio Stoneridge Entertainment/ Mindstorm Productions).
Outro Mindstorm, e igualmente ruim, o que não é de se estranhar com o diretor Pepin. Segue as ações de uma detetive particular com poderes psíquicos contratada para encontrar a filha de um senador. Ele encontra um culto estranho liderado por um sujeito com capacidades telepáticas e, por ele, fica sabendo que ela mesma foi submetida a experiências do governo quando criança.
CONTROLE DA MENTE (Control Factor, 2003)
Direção de Nelson McCormick.
Feito para TV e, como os anteriores, bem fraquinho. Um sujeito descobre que um projeto secreto do governo tem como objetivo o controle da mente, em um plano que visa acabar com a privacidade e liberdade das pessoas. Segue a linha das teorias conspiratórias, mas não apresenta nada realmente criativo ou interessante.
MOMENTUM: AMEAÇA INDESTRUTÍVEL (Momentum, 2003)
Direção de James Seale.
(Cinetel Films/ Media Entertainment GmbH).
Produção conjunta dos Estados Unidos e Alemanha para a TV, e bem fraquinho, com história manjada. Um professor de física tem poderes telecinéticos excepcionais, mas precisa mantê-los escondidos uma vez que pessoas do governo querem utilizá-los para seus próprios interesses. Louis Gossett Jr. interpreta um agente federal que, no passado, dirigiu o Projeto Momentum, desenvolvendo capacidades telecinéticas em pessoas para fins militares, mas que teve de matar todos quando se tornaram muito poderosos. Um que escapou à matança no passado começou a formar seu próprio exército de paranormais poderosos.
THE SPEED OF THOUGHT (2011)
Direção de Evan Oppenheimer.
(El Camino Films/ Black Sand Pictures/ Soho Screen Productions).
Outra pequena produção envolvendo poderes mentais e a ação do governo. Apresenta o jovem telepata Lazarus (Nick Stahl), criado em um orfanato mantido por uma agência do governo que utiliza seus poderes. Eles lhe dizem que sua telepatia deriva de uma doença que eventualmente irá torná-lo louco e provocar sua morte. Mas ele conhece uma mulher com os mesmos poderes, e que continua saudável, e percebe que vem sendo enganado.
PODER SEM LIMITES (Chronicle, 2012)
Direção de Johs Trank.
Dane De Haan, começando a perder o controle dos sentimentos (Twentieth Century Fox/ Davis Entertainment/ Dune Entertainment).
Um filme interessante, apesar de seguir na já manjada fórmula das filmagens subjetivas da linha de produções conhecida como “found footage” (os “filmes encontrados”). Em particular, é interessante a forma como lida com a obtenção súbita de poder e como ele pode transformar uma personalidade, ou mesmo, no caso, trazer à tona problemas que já se encontravam enraizados na pessoa.
O autor das filmagens é o jovem Andrew Dettmer (Dane DeHaan), que começa filmando aspectos de sua vida familiar destroçada; a mãe está com câncer, o pai é um alcoólatra violento e, na escola, Andrew sofre bullying constantemente. Um dia, seu primo Matt (Alex Russell) o convida para uma festa com o objetivo de ajudá-lo a se misturar e conhecer pessoas, mas sua mania de filmar tudo causa alguns problemas. No entanto, um dos estudantes, Steve (Michael B. Jordan), vai com ele e seu primo filmar um local estranho que eles encontraram. Em um buraco no chão, encontram um objeto cristalino emitindo estranhas luzes que fazem com que seus narizes comecem a sangrar, antes que a filmagem seja interrompida.
Semanas depois, as filmagens recomeçam, e os três descobrem que desenvolveram habilidades mentais excepcionais, e começam a utilizá-las para pregar trotes e fazer algumas brincadeiras. Mas as coisas ficam mais complicadas depois que Andrew provoca um acidente com um motorista, e eles resolvem restringir a utilização de seus poderes. E eles não param de descobrir novas capacidades, entre elas a de voar.
No entanto, os problemas psicológicos de Andrew, causados por uma vida de constantes ataques e isolamento, o tornam cada vez mais violento, levando os eventos a conflitos constantes e a um final violento.
STRANGER THINGS (2016-2019)
Criação de Matt Duffer e Ross Duffer.
Millie Bobby Brown (21 Laps Entertainment/ Monkey Massacre/ Netflix).
Série produzida pela Netflix e que alcançou imenso sucesso de público e de crítica, com história situada na pequena cidade fictícia de Hawkins, no estado de Indiana, EUA, nos anos 1980. Nas proximidades da cidade existe um centro de pesquisa do Departamento de Energia dos Estados Unidos, que na verdade é um disfarce para um centro de experiências secretas abordando atividades paranormais, o que inclui testes em seres humanos. As atividades no local tiveram como resultado a criação de um portal para uma dimensão alternativa, o que causa uma série de problemas na região, inclusive com a passagem de seres da outra dimensão para a nossa.
A primeira temporada gira em torno do desaparecimento de um jovem da cidade, que foi levado por um dos seres da dimensão alternativa, e do surgimento de uma jovem com poderes psicocinéticos, Eleven (Millie Bobby Brown), que foge do laboratório e se junta ao grupo de jovens que procura por seu amigo desaparecido.