Como dissemos na matéria A Fronteira Final, o conceito de colonização de outros planetas (incluindo luas, asteroides e outros corpos estelares) não foi tão marcante no início do desenvolvimento das histórias de viagens extraordinárias, e isso vale até mesmo para as histórias de Júlio Verne e H.G. Wells. Essas viagens ancestrais têm mais a ver com o encontro de terrestres com outros ambientes e com outras criaturas cósmicas.
Os terrestres na Lua, em 2001 - Uma Odisseia no Espaço (Metro-Goldwyn-Mayer/ Stanley Kubrick Productions).
Em The Visual Encyclopedia of Science Fiction, editado por Brian Ash, diz-se que “Era quase inevitável que os escritores de ficção espacial deveriam inicialmente preocupar-se com nossa própria família solar de planetas antes de aventurar-se nas profundezas menos conhecidas e mais distantes, e o sistema solar ainda surge regularmente na ficção científica contemporânea” (isso em 1977, data da publicação da enciclopédia).
Ainda assim, as histórias concentraram-se em ambientes mais próximos. Brian Stableford lembra (em The Science Fiction Encyclopedia) que “Na fc, foi prestada relativamente pouca atenção aos planetas além de Júpiter”, e é claro que ele estava se referindo aos primórdios do gênero e, em particular, às histórias do tipo “viagens extraordinárias”.
Muitas das primeiras histórias de fc situadas nos planetas do sistema solar consideravam a possibilidade da existência de algum tipo de vida, e isso até mesmo muito depois de A Guerra dos Mundos, de H.G. Wells, estendendo-se a uma época em que o conhecimento científico a respeito do sistema solar já permitia garantir que nenhum tipo de vida seria encontrado.
A seguir, apresentamos uma série de livros, filmes e seriados de televisão que lidaram de alguma forma com o tema da conquista especial, restrita ao sistema solar.
A MULHER NA LUA (Frau im Mond, 1929)
Direção de Fritz Lang.
Gerda Maurus, em A Mulher na Lua (Universum Film/ Fritz Lang-Film).
Apesar de ter a direção de Fritz Lang, geralmente os críticos consideram o filme muito fraco. O roteiro é de Thea von Harbou, a partir de uma história dela, repetindo a parceria de Metrópolis. Segundo Phil Hardy (em The Encyclopedia of Science Fiction Movies), o roteiro é pesado, sentimental e não inteligente.
Um grupo de pessoas constrói um foguete para ir à Lua, financiados por um industrial; eles entendem que a Lua é rica em ouro, e pretendem explorá-la. O grupo que viaja na nave tem Gerda Maurus, dois jovens que a cortejam, um professor e um americano inescrupuloso, além de um garoto. No satélite, enfrentam uma série de problemas, inclusive assassinatos.
O filme é mais comentado pelo fato de Fritz Lang ter contratado como consultores científicos Willy Ley e Hermann Oberth. Ley era um entusiasta das viagens espaciais e viria a se tornar um conhecido escritor de ficção científica, especialmente após emigrar para os Estados Unidos, quando os nazistas tomaram o poder na Alemanha. Oberth foi um físico e engenheiro renomado, um dos primeiros entusiastas da construção de foguetes para a exploração espacial, e chegou a trabalhar com os nazistas; Oberth também foi consultor de George Pal no filme Destino à Lua (1950).
O resultado da participação dos dois foi que uma contagem regressiva para o lançamento de um foguete foi utilizada pela primeira vez, ainda que Phil Hardy entenda que isso se deu apenas por motivos dramáticos. Também trabalha com o conceito da falta de peso no espaço, mas por outro lado, quando os terrestres chegam à Lua, encontram um local que se assemelha bastante à Terra, com ar respirável e, é claro, ouro.
Diz-se que os nazistas retiraram o filme de circulação e destruíram o modelo da espaçonave para manter suas experiências com os foguetes V1 e V2 em segredo.
DAQUI A CEM ANOS (Things to Come, 1936)
Direção de William Cameron Menzies.
Kenneth Villiers e Pearl Argyle, sendo preparados para a viagem à Lua (London Film Productions).
Um clássico dos primórdios da FC no cinema, com roteiro de H.G. Wells, a partir de seu livro História do Futuro (The Shape of Things to Come, 1933. Ver também a matéria Os Clássicos). O filme não lida diretamente com o tema da exploração e colonização espacial, mas quando a história chega ao mundo futuro de 2036, com a sociedade utópica sendo governada por mentes científicas, as discordâncias surgem quando se planeja uma viagem à Lua como o início da colonização humana no sistema solar.
Entre os problemas da história está uma revolta popular que surge na cidade de Everytown contra o projeto espacial, obrigando os viajantes a adiantar a data do lançamento. Os revoltosos defendem a ideia de que existem certas coisas que o ser humano não deve conhecer, enquanto a reflexão final do filme defende o oposto, ou seja, que nada poderá deter o desejo da humanidade em explorar o desconhecido, partindo sempre para mais distante no universo. Também foi considerado estranho o fato de H.G. Wells aceitar que o disparo da nave em direção à Lua tenha seguido basicamente as mesmas premissas da história de Júlio Verne, Da Terra à Lua (1865), com a cápsula sendo disparada pelo ar; Peter Nicholls e John Brosnan comentaram que, em 1936, Wells já deveria saber que esse método era impraticável.
De qualquer forma, é importante no contexto da colonização pela manutenção da ideia de que as viagens e explorações espaciais são tão necessárias e inevitáveis quanto eram as viagens de exploração da Terra pelos primeiros navegadores.
A AMEAÇA DE CALISTO (The Callistan Menace, 1940)
Isaac Asmov.
(Capa: Jack Binder).
Conto publicado originalmente na revista Astonishing Stories e, posteriormente, na coletânea O Futuro Começou. É o segundo conto escrito pelo autor e seu primeiro publicado, tendo como pano de fundo a oitava expedição terrestre a Calisto, uma das luas de Júpiter, após sete tentativas cujas tripulações não retornaram. Durante o trajeto encontram um clandestino à bordo, um garoto com sonhos de aventura, que se torna uma espécie de mascote da tripulação. Quando chegam ao satélite encontram uma das naves enviadas e os corpos dos astronautas, assim como seres semelhantes a lagartas com mais de um metro que utilizam algum tipo de força magnética para capturar suas presas. Quem consegue salvar a tripulação é exatamente o jovem clandestino, que usa um traje de borracha imune ao magnetismo dos seres.
Não chega a ser entre as melhores produções de Asimov (ou mesmo entre as medianas), e ainda apresenta o conceito antigo da possibilidade de existir vida fora da Terra no sistema solar.
VENUS EQUILATERAL
George O. Smith.
(Capa: A. von Munchhausen). (Capa: William Timmins).
Uma série de contos publicados entre 1942 e 1945 na revista Astounding Science Fiction. Segundo John Clute, a primeira história, QRM – Interplanetary, iniciou a série e a carreira como escritor de fc de George O. Smith, e as demais histórias compuseram sua melhor e mais conhecida criação. São elas: QRM – Interplanetary (1942); Calling the Empress (1943); Recoil (1943); Lost Art (1943); Off the Beam (1944); The Long Way (1944); Beam Pirate (1944). Firing Line (1944); Special Delivery (1945); Pandora’s Millions (1945); Identity (1945).
O centro das histórias é a estação espacial Venus Equilateral, com cerca de cinco quilômetros de extensão e três mil habitantes, funcionando como um ponto de comunicação entre Vênus, Terra e Marte. A estação foi construída a partir de um asteroide que entrou na órbita do planeta e foi totalmente remodelado pelos humanos, inclusive com uma gravidade artificial devido à força inercial centrífuga.
Tanto as histórias quanto o autor são praticamente desconhecidos no Brasil.
NAVE GALILEU (Rocket Ship Galileo, 1947)
Robert A. Heinlein.
O primeiro livro de Heinlein na série de publicações juvenis, bastante famosas na época e ainda hoje bem recebidas pela crítica, ainda que este livro tenha sido descrito por David Pringle como “Notável apenas por ser o primeiro da excelente sequência de romances de Heinlein com 12 livros juvenis. Neste, ele encontrou perfeitamente os ingredientes certos”.
A história apresenta três adolescentes que são recrutados pelo tio de um deles para trabalhar num novo modelo de foguete e vão para a Lua, onde estabelecem uma base a partir de uma estrutura pré-fabricada, reivindicando a posse da Lua em nome das Nações Unidas. Para complicar as coisas, eles descobrem que também existe uma base nazista no satélite – que eles enfrentam – além de descobrirem evidências de uma antiga civilização lunar, possivelmente destruída por bombas nucleares.
Destino à Lua (George Pal Productions).
O livro serviu como base para a elaboração da história do filme Destino à Lua (Destination Moon, 1950), produção de George Pal com direção de Irving Pichel; mas a história foi bastante modificada, apesar de Heinlein também ter participado na elaboração do roteiro. A história é simples: um cientista consegue o apoio de vários financistas para a construção de uma nave espacial, reúne sua tripulação e parte para a Lua. Lá, além de realizarem pesquisas científicas, eles têm um problema para seu retorno, mas conseguem contornar a situação.
O crítico e pesquisador Adam Roberts diz que o filme “(...) é bem apreciado por aficionados por seu retrato ‘realista’ sobre a viagem espacial. (...) Mas é um filme monótono, com personagens que nada têm de notável e um enredo que se desenvolve com extrema lentidão”.
John Archer, Warner Anderson, Tom Powers e Dick Wesson, em Destino à Lua.
John Scalzi (em The Rough Guide to Sci-Fi Movies) diz que o que faz o filme especial é que ele marca o início da Era de Ouro dos filmes de ficção científica, com seu sucesso de crítica e de bilheteria chamando a atenção dos produtores de Hollywood para a existência de um público para o gênero que ia além dos seriados de Buck Rogers e Flash Gordon. Também foi, lembra Scalzi, a primeira grande produção de fc a reunir grandes nomes como Heinlein, Chesley Bonestell e Lee Zavitz, além de ser a primeira produção de George Pal, que se tornaria um dos nomes mais conhecidos da FC na época. Mas para Scalzi a maior contribuição da produção para o gênero e que foi o primeiro filme americano de ficção científica que realmente tentou ser cientificamente preciso, baseando-se no conhecimento disponível na época.
CITIES IN FLIGHT (1950-1962)
James Blish.
(Capa: William Timmins).
A série baseia-se na descoberta da tecnologia da antigravidade para imaginar as próprias cidades terrestres desprendendo-se do planeta e partindo para o espaço em busca de novos mundos para colonizar.
A série iniciou com o conto Okie, publicado em 1950 na revista Astounding Science Fiction. Ainda em 1950, a revista publicou o conto Bindlestiff. Em 1953, ainda pela Astounding, o autor publicou o conto Earthman, Come Home; e, com o conto Sargasso of Lost Cities, estava pronto para ser publicado o primeiro livro da série, A Terra é uma Boa Ideia (Earthman, Come Home, 1955).
Posteriormente, Blish publicou outros livros complementando o ambiente futuro, de modo que o primeiro livro publicado passou a ser o terceiro na ordem cronológica dos eventos. Os livros:
As Estrelas São dos Homens (They Shall Have Stars, 1956), também é o chamado livro fix-up, ou seja, montado a partir de contos publicados na revista Astounding Science Fiction entre 1952 e 1954, e também conhecido pelo título Year 2018. Como geralmente ocorre, a datação de eventos nas histórias de FC não é uma boa ideia, a não ser que seja em um futuro muito distante.
Vivendo no Céu (A Life for the Stars, 1962) e O Triunfo do Tempo (The Triumph of Time, 1958), também conhecido pelo título A Clash of Cymbals, completam a série.
A LIGA PSICOTÉCNICA (The Psychotechnic League, 1950-1968)
Poul Anderson.
Gypsy (1050. Capa: Chesley Bonestell).
Uma série de contos e livros que, segundo explica o crítico John Clute, seguem a movimentação gradual da humanidade pelo sistema solar e, eventualmente, pela galáxia, explorando e colonizando novos mundos. A série tem como ponto de partida eventos que quase levaram à destruição da Terra por armas nucleares no final dos anos 1950. Esse conceito de história fez com que, nos anos 1980, quando a série foi republicada, ela fosse apresentada como uma história alternativa do planeta, divergindo da nossa com a morte do presidente Dwight D. Eisenhower em 1956 (ele faleceu em 1969, após presidir os EUA de 1953 a 1961). Nesse mundo, Richard Nixon chega ao poder, esquentando a Guerra Fria, que gerou o conflito mundial.
The Snows of Ganymede (Capa: Ed Valigursky).
Após o planeta quase ser destruído, é criada a ciência da psicodinâmica, na verdade muito parecida com a ideia da psicohistória de Isaac Asimov, capaz de antecipar eventos e direcionar as ações da humanidade, com a consequente formação do Instituto Psicotécnico. A ONU renasce em novo formato, com sede no Rio de Janeiro, como um governo mundial, um conceito que, anos mais tarde, Poul Anderson abandonaria. E inicia-se a colonização espacial.
Virgin Planet (Capa: Ed Emshwiller).
As histórias: Gypsy (1950, na revista Astounding Science Fiction); Star Ship (1950, na revista Planet Stories); Quixote and the Windmill (1950, em Astounding Science Fiction); The Acolytes (1951, na revista Worlds Beoynd); Un-Man (1953, em Astounding Science Fiction); The Green Thumb (1953, na revista Science Fiction Quaterly); The Troublemakers (1953, em Cosmos Science Fiction and Fantasy Magazine); The Sensitive Man (1953, em Fantastic Universe); The Chapter Ends (1954, na revista Dynamic Science Fiction); Teucan (1954, em Cosmos Science Fiction and Fantasy Magazine); The Big Rain (1954, em Astounding Science Fiction); The Stranger Was Himself (1954, em Fantastic Universe); Os Gelos de Ganymede (The Snows of Ganymede, 1955, em Startling Stories); What Shall It Profit (1955, na revista If – Worlds of Science Fiction); Out of the Iron Womb (1955, em Planet Stories); Star Ways (1956, Avalon Books); Virgin Planet (1957, em Venture Science Fiction); Falsa Vitória (Cold Victory, 1957, em Venture SF); Marius (1957, em Astounding SF); Brake (1957, em Astounding SF); The Pirate (1968, em Analog Science Fiction – Science Fact).
Os Gelos de Ganymede foi publicado em português, assim como Falsa Vitória (Cold Victory), com vários contos da série; outros contos foram publicados em Crónicas do Fim do Mundo (The Horn of Time. Coleção Argonauta 487. Portugal); O Planeta das Virgens (Virgin Planet. Coleção Argonauta 513. Portugal); e em O Caminho das Estrelas (Star Ways. Coleção Argonauta 520. Portugal).
SE EU TE ESQUECER, Ó TERRA (If I Forget Thee, O Earth, 1951)
Arthur C. Clarke.
(Capa: Milton Luros).
Conto de um dos mais conhecidos autores do gênero, publicado originalmente na revista Future Science Fiction (nome completo: Future combined with Science Fiction Stories) e, posteriormente, na coletânea Expedição à Terra. Também publicado em Sobre o Tempo e as Estrelas, com o título Se Eu Te Esquecesse, Ó Terra.
É um conto muito bonito que mostra o momento na vida de um garoto de 10 anos, levado por seu pai a um ponto distante da colônia onde moram, na Lua, para mostrar-lhe a Terra, tomando conta do céu lunar e ainda com os resquícios da radioatividade provocada pelas bombas nucleares que determinaram o fim da civilização no planeta. A colônia lunar agora é o que resta da humanidade, tentando sobreviver sem qualquer ajuda.
O objetivo do ritual do pai é o de manter acesa nos jovens, ao longo das gerações, a determinação para continuar lutando e sobrevivendo, esperando o momento em que possam retornar e reclamar seu planeta.
A SENTINELA (The Sentinel, 1951)
Arthur C. Clarke.
(Capa: James Bama).
Apesar de ter sido escrito em 1948, o conto, um dos mais famosos do autor e da FC, só foi publicado em 1951, com o título Sentinel of Eternity, na revista 10 Story Fantasy. Posteriormente, publicado na coletânea Expedição à Terra, e também em Sobre o Tempo e as Estrelas.
Não lida diretamente com a questão da colonização, mas pressupõe um período em que a humanidade atinge a Lua. Na verdade, o conto ficou mais famoso por ter sido a inspiração para a elaboração do filme 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968).
Quando os terrestres chegam à Lua, descobrem um objeto alienígena enterrado, supostamente colocado no local milhões de anos atrás por uma raça extremamente desenvolvida. Para seu descobridor, o objeto era uma sentinela, emitindo o sinal para seus construtores, em algum lugar do universo, esperando que a raça da Terra se desenvolvesse o bastante para atingir a Lua e penetrar no escudo que protegia o objeto.
O conto originou o roteiro do filme, escrito por Clarke e Kubrick, que originou o livro 2001: Uma Odisseia no Espaço que, nas palavras do crítico e editor David Pringle, em comparação com o enigmático filme, é mais direto e, às vezes, até mesmo corriqueiro, ainda que mesmo assim causa uma sensação de algo maravilhoso. Claro que não apresenta as imagens simbólicas do filme, mesmo porque são duas linguagens distintas, mas ainda assim é muito bom.
Posteriormente, Clarke escreveu três sequências: 2010: Uma Odisseia no Espaço II (2010: Odyssey Two, 1982); 2061: Uma Odisseia no Espaço III (2061: Odyssey Three, 1987); 3001: A Odisseia Final (3001: The Final Odyssey, 1997). Nas sequências, Clarke continuou explorando as possibilidades abertas pela história original, o mistério representado pelo monólito negro, e o contato com as inteligências extraterrestres responsáveis por sua construção e pelo provável desenvolvimento da vida em Europa, a lua de Júpiter que passou a ser considerada proibida aos terrestres. O melhor parece ser mesmo 3001, fechando os eventos e procurando abrir uma nova perspectiva para um futuro distante.
O segundo livro, 2010, também foi levado para as telas, em 1984, como 2010 – O Ano em que Faremos Contato (2010), com direção de Peter Hyams e um bom elenco que inclui Roy Scheider como o dr. Heywood Floyd, John Lithgow, Helen Mirren e Bob Balaban. Como era inevitável, o filme sofreu bastante pela comparação com 2001, mas está longe de ser um trabalho ruim; na verdade, é acima da média do que foi produzido no gênero nos anos 1980.
(Metro-Goldwyn-Mayer/ Stanley Kubrick Productions).
No filme de Kubrick, o ponto mais interessante para o objetivo desta matéria é a existência de uma estação espacial na órbita terrestre como um ponto de partida para viagens mais longas, além da indicação de que, no futuro, as viagens de translado entre o planeta e a estação será feita de forma tão natural quanto qualquer voo é realizado hoje em dia – a nave utilizada é operada pela Pan Am; claro que Clarke ou Kubrick não poderiam imaginar que a Pan Am cessaria suas atividades em 1991, mas a ideia é que empresas privadas poderão e deverão realizar essas operações normalmente.
COLISÃO DE PLANETAS (When Worlds Collide, 1951)
Direção de Rudolph Mate.
(Ver a matéria O Perigo Vem do Espaço, e da Terra)
ILHAS NO CÉU (Islands in the Sky, 1952)
Arthur C. Clarke.
(Capa: A. Pedro). (Capa: Alex Schomburg/ Winston Science Fiction).
Um dos primeiros livros de Arthur C. Clarke, escrito como parte de uma série de obras chamada Winston Science Fiction, voltada para o público juvenil (em português, na coleção Argonauta 466, de Portugal). A história é ambientada em estações orbitais terrestres e tem como protagonista Roy Malcolm, um jovem de 16 anos, conhecedor de aviação, inclusive a tecnologia envolvida. Ele vence um concurso da televisão cujo prêmio diz que ele tem direito a uma viagem com todas as despesas pagas a qualquer parte da Terra (e não a qualquer parte “na” Terra). Assim, ele pede uma viagem a uma estação espacial, que é considerada parte da Terra. Ele consegue seu prêmio, podendo passar duas semanas na estação. A história se passa numa época em que já existem colonos em Marte.
David Pringle disse que se trata de “uma história para crianças tecnicamente precisa, mas monótona. Não pode ser comparada com as histórias juvenis de Robert A. Heinlein do mesmo período”.
ELEVADOR PARA O CÉU (Sky Lift, 1953)
Robert A. Heinlein.
(Capa: W.E. Terry).
Conto publicado originalmente na revista Imagination Stories of Science and Fantasy e, posteriormente, na coletânea A Ameaça da Terra. A história projeta a humanidade espalhando-se pelo sistema solar; a partir de uma estação orbital próxima à Terra parte uma nave em direção a Plutão, onde existe uma estação de pesquisas que está sendo assolada por uma doença. A nave leva um carregamento de sangue para tentar salvar 300 pessoas, e a viagem é realizada com uma aceleração constante de 3,5 gravidades, tornando-se um pesadelo interminável para os pilotos, a ponto de um deles morrer e o outro se transformar num velho, com o cérebro irremediavelmente danificado e o corpo arrebentado. Uma das boas histórias de Heinlein no período, com um clima pesado de suspense.
A CONQUISTA DO ESPAÇO (Conquest of Space, 1955)
Direção de Byron Haskin.
(Ver a matéria Ficção em Dose Dupla)
AVENTURA LUNAR (Venture to the Moon, 1956)
Arthur C. Clarke.
(Capa: Frank Kelly Freas).
Como comentado brevemente na matéria A Fronteira Final, Aventura Lunar é uma série composta por seis contos, originalmente publicados no jornal britânico Evening Standard, em 1956, e depois reproduzidos no livro O Outro Lado do Céu (1958). Os dois primeiros contos também foram publicados em The Magazine of Fantasy and Science Fiction, em dezembro de 1956; os dois contos seguintes, na mesma revista em janeiro de 1957; e os dois últimos na edição de fevereiro de 1957.
Inicia com A Linha de Partida (The Starting Line), apresentando a visão do autor para uma viagem à Lua, realizada a partir de três naves montadas em uma estação orbital (uma nave russa, uma americana e uma inglesa). Trabalham em conjunto para realizar a tarefa, mas o comandante inglês recebe ordens de largar na frente, para chegar em primeiro lugar à Lua. Ele o faz a contragosto, só que os outros dois comandantes receberam a mesma ordem, de modo que, afinal, todos chegam juntos. Conto sem maiores atrativos, com um evidente erro de previsão de Clarke ao imaginar que soviéticos e ingleses estariam em igualdade de condições com os americanos.
(Capa: Paul Blaisdell).
Robin Hood, FRS (Robin Hood, F.R.S.) apresenta uma solução bem “terrestre” para um problema enfrentado por uma equipe de pesquisadores na Lua, quando um dos foguetes de provisões fica encalhado no alto de uma colina à qual eles não teriam condições de subir. Um dos componentes da equipe havia desenvolvido uma espécie de esporte semelhante ao arco e flecha, especialmente para a gravidade lunar, e é com essa habilidade que ele consegue disparar uma corda até o alto da colina, possibilitando que uma pessoa se deslocasse até lá e mandasse os equipamentos para baixo. O local passa a ser conhecido como Floresta de Robin Hood.
Dedos Verdes (Green Fingers) também situa-se na Lua, na época da colonização, quando um gênio da botânica, calado e introspectivo, consegue criar uma planta capaz de sobreviver mesmo na falta de atmosfera do satélite, mas acaba sendo morto pela própria planta, desenvolvida para atirar suas sementes com grande potência para que se espalhassem, de modo que uma delas perfurou o visor de seu traje espacial.
Tudo Que Brilha (All That Glitters) mostra um cientista da equipe que foi à Lua, e tinha problemas com sua esposa: ela gostava demais de diamantes, os quais ele não podia comprar. Sua equipe na Terra estava trabalhando num projeto para sintetizar diamantes a baixo custo e ele recebe a mensagem de que conseguiram fazê-lo, justamente no momento em que ele havia encontrado um diamante enorme numa cratera lunar. Leva-o para a esposa, mas logo o diamante perde seu valor, devido à invasão no mercado dos diamantes baratos, e ela pede o divórcio.
(Capa: Ed Emshwiller).
No conto Olhem Para o Espaço (Watch This Space) os cientistas resolvem realizar uma experiência com uma bomba de sódio, que deverá ser solta na atmosfera lunar, causando um brilho semelhante ao de uma aurora boreal, visível até mesmo da Terra. O evento é transmitido pela TV, mas quando o material começa a brilhar, os cientistas percebem que alguém na Terra conseguiu fazer com que se formasse o nome de um “conhecido refrigerante”, num dos maiores golpes publicitários de todos os tempos.
O último conto é Uma Questão de Residência (A Question of Residence), retornando às três naves que primeiro chegaram à Lua e que, assim como batalharam para tentar chegar à Lua em primeiro lugar, também querem voltar em primeiro lugar à Terra e, assim, receber a aclamação popular. A nave soviética não pode partir por problemas técnicos, e uma nave deverá permanecer na Lua completando os trabalhos. Os ingleses convencem os americanos a levar os soviéticos em sua nave, comprometendo-se a ficar mais tempo na Lua. A razão que encontraram para deixar de lado a recepção terrestre é que na Lua eles não teriam de pagar imposto de renda; assim, ficam mais sete meses livres de impostos.
O OUTRO LADO DO CÉU (The Other Side of the Sky, 1957)
Arthur C. Clarke.
(Capa: Ed Emshwiller).
Outro conto formado por seis narrativas. Originalmente, a revista Infinity Science Fiction publicou três contos com este título em setembro de 1957, contendo os contos: O Outro Lado do Céu (The Other Side of the Sky); Um Amigo de Penas (Feathered Friend) e Respire Fundo (Take a Deep Breath). Em outubro de 1957, a revista publicou os outros três contos: Liberdade do Espaço (Freedom of Space), Transitório (Passer-by) e Chamado das Estrelas (The Call of the Stars). Posteriormente, os contos foram acrescentados à coletânea com o mesmo título.
Em Entrega Especial, astronautas a bordo de uma minúscula estação orbital, talvez em 1997, aguardam a chegada de um foguete com remessas para seu conforto. O automático da nave tem problemas e o foguete queima todo seu combustível, dirigindo-se para além da órbita de Plutão.
(Capa: Ed Emshwiller).
Um Amigo de Penas (também publicado em Sobre o Tempo e as Estrelas, com o título “Uma Amiga de Penas”) refere-se às pessoas que estão construindo a estação orbital. Um dos homens contrabandeia um pássaro para o local, e logo ele se torna o mascote de todos, ainda que seja proibido. Um dia, o pássaro amanhece desmaiado, para consternação geral, e só revive quando lhe dão oxigênio, voltando a desmaiar novamente. Descobrem, então, que houve um problema no sistema de ar, detectado a tempo graças ao pássaro. E desde então passa a ser costume que cada estação espacial tenha seu próprio canário.
Respire Fundo traz o relato de um resgate no espaço, quando uma parte da estação orbital solta-se do restante da estrutura. Os homens a bordo precisam atravessar o espaço, sem trajes espaciais, para serem resgatados por uma nave, o que conseguem fazer. É mais ou menos o que se viu no filme 2001.
(Signet-New American Library).
Em Liberdade do Espaço, Clarke especulou a história das comunicações por meio de satélites, imaginando estações orbitais tripuladas centralizando as operações. O conto narra a primeira transmissão televisiva global, com os trabalhos centralizados numa das estações, para onde vai um locutor da Terra. Quando seu foguete retorna à Terra, ele resolve ficar no espaço, livre da poluição, do trânsito e da guerra, adorando ter menos peso e poder ficar longe de suas ex-esposas.
Em Transitório, a já conhecida tendência de Clarke quanto às visitas extraterrestres volta a surgir. O narrador aproveita-se de uma posição de comando para usar uma “motoneta-foguete” para percorrer mais de 100 km de espaço, para encontrar-se com sua namorada numa estação vizinha. Na volta, alertado pelo radar, ele vê o que inicialmente parece ser um meteorito e, depois, os restos de uma nave espacial abandonada, muito antiga, e alienígena. E não pode relatar o que viu, pois seria punido, uma vez que a viagem era irregular.
Chamado das Estrelas situa-se na virada do século. Enquanto na Terra ocorrem as comemorações, dez naves encontram-se ao lado da estação orbital, prontas para partirem em direção a Marte. O narrador lembra-se de seu pai, que não desejava que ele partisse para o espaço, e prepara-se para ir a bordo da nave capitânia despedir-se de seu filho.
A AMEAÇA DA TERRA (The Menace From Earth, 1957)
Robert A. Heinlein.
(Capa: Barry Waldman).
Conto publicado originalmente em 1957 em The Magazine of Fantasy and Science Fiction, e posteriormente na coletânea com o mesmo título.
O conto faz parte da chamada “História do Futuro” que Heinlein desenvolveu em inúmeros livros. A história se passa em Luna City, narrado por Holly Jones, uma garota de 15 anos que serve de guia para as “toupeiras”, ou seja, os turistas da Terra. Luna City é apresentada como uma metrópole, com a colonização já realizada e estabilizada. Holly nasceu lá e tem uma certa prevenção com relação aos terrestres, um tanto arrogantes. Ela e seu sócio, Jeff Hardestry, elaboram um projeto para uma nave espacial, mas ela apresenta uma turista bonita a Jeff, e ele simplesmente passa os dias com ela, paralisando o trabalho no projeto. Holly fica emburrada até começar a perceber que é mais do que o interesse no trabalho que a deixa assim; está com ciúmes e não quer admitir. Acabam se entendendo após um incidente quando voam com suas asas na Caverna dos Morcegos, graças à baixa gravidade. Uma história bem escrita e desenvolvida, mostrando muito do clima e vida em Luna City e das novas gerações da cidade.
Heinlein iria desenvolver ainda mais o conceito da vida na colônia lunar em Revolta na Lua (1966).
QUEM ESTÁ AÍ? (Who’s There?, 1958)
Arthur C. Clarke.
(Capa: Brian Lewis).
Conto publicado originalmente na revista New Worlds Science Fiction. Posteriormente, também nas coletâneas Histórias de Dez Mundos e Sobre o Tempo e as Estrelas. Também conhecido pelo título The Haunted Spacesuit. A história envolve um homem em uma estação orbital que veste um traje espacial para capturar um satélite perdido, mas começa a ouvir ruídos estranhos dentro da roupa. Ele considera que o traje pertenceu a um homem que morreu há pouco e imagina que esteja assombrado, quando na verdade eram filhotes de gatos que viviam no local.
FORA DO BERÇO, EM ÓRBITA PARA SEMPRE (Out of the Cradle, Endlessly Orbiting, 1959)
Arthur C. Clarke.
Conto publicado originalmente na revista The Dude e, posteriormente, na coletânea Histórias de Dez Mundos. História do período inicial de colonização da Lua, onde já existe um grupo de cientistas testando os motores de uma das naves que deverão partir para Marte. O narrador é um dos responsáveis pelo projeto, e ele fala sobre seu jovem assistente, reclamando de sua constante distração e, pior do que isso, seu pedido para abandonar o local de testes no momento mais importante. Em seguida, ele fica sabendo que havia nascido a primeira criança fora da Terra, justamente o filho de seu assistente. Assim, o cientista entende que o ser humano “havia realmente conquistado o espaço”. Como é comum em suas histórias, Clarke separa um momento específico para transformá-lo numa espécie de marco, um acontecimento que define tudo o que aconteceu antes e o que deverá acontecer depois. O erro nesse conto, e de tantos outros escritores de fc, foi imaginar que a conquista da Lua ocorreria numa época muito próxima.
MEN INTO SPACE (1959-1960)
Criação de Lewis J. Rachmil.
(ZIV Television Programs).
Seriado com 38 episódios, com William Lundigan interpretando o astronauta coronel McCauley, seguindo os progressos na exploração espacial, iniciando com a construção de um satélite, passando pela viagem à Lua, a construção de uma estação orbital, uma base na Lua e duas viagens a Marte.
DESTINO: ESPAÇO SIDERAL (Space Men, 1960)
Direção de Antonio Margheriti.
(Titanus/ Ultra Film).
Esse é o primeiro filme de Margheriti, assinando com o pseudônimo Antony Daisies; mais tarde, ele assinaria vários filmes como Anthony Dawson. É um lixão, apesar de alguns críticos, como Phil Hardy, em The Encyclopedia of Science Fiction Movies, inexplicavelmente terem em alta consideração o trabalho de Margheriti. Hardy chegou a elogiar o aspecto visual desse Destino: Espaço Sideral, apesar de que os filmes de ficção científica que o diretor fez nos anos 1960 darem a impressão de terem suas estações orbitais, naves espaciais e outros aparatos futuristas compostos por brinquedos comprados “nas melhores lojas do ramo” dos anos 1960, ou seja, de plástico vagabundo, às vezes com algumas luzinhas dentro como complemento.
A ação se passa em uma estação orbital durante a visita de um repórter, e num momento em que uma nave desgovernada ameaça toda a Terra.
O filme também é conhecido pelo título Assigment: Outer Space.
Robert A. Heinlein.
(Ver também a matéria Novas Religiões)
Arthur C. Clarke.
Arthur C. Clarke imaginou que, no século 21, a Lua já estaria em processo de colonização, com uma estação de pesquisa estabelecida e recebendo alguns turistas mais ricos. Uma das atrações é um passeio por um veículo chamado Selene, um “barco” que navega em um dos mares da Lua, mas tem um acidente depois que um tremor de terra faz com que uma caverna desmorone; quando o veículo passa pelo local, ele afunda na fina poeira e fica escondido da vista. A história segue as tentativas de salvar a tripulação e passageiros.
O NASCER DE SATURNO (Saturn Rising, 1961)
Arthur C. Clarke.
(Capa: Mel Hunter).
Conto publicado originalmente em The Magazine of Fantasy and Science Fiction, e posteriormente na coletânea Histórias de Dez Mundos (Tales of Tem Worlds, 1962). Clarke imagina o sistema solar sendo colonizado e explorado comercialmente, iniciando com uma expedição a Saturno e, eventualmente, com a construção de um hotel em um dos satélites do planeta.
O SEGREDO (The Secret, 1963)
Arthur C. Clarke.
Conto publicado originalmente na revista This Week, com o título The Secret of the Men on the Moon, e posteriormente na coletânea O Vento Solar. Um repórter faz uma matéria na Lua e acha que algo de estranho está acontecendo, uma vez que os cientistas não estão querendo falar com ele. Consegue descobrir que, devido à gravidade da Lua, as pessoas lá podem viver até 200 anos. Eles não estavam tentando guardar segredo, mas estavam preocupados com a reação das pessoas na Terra, vivendo num planeta superpovoado, enquanto na Lua sobrava espaço, e ainda podendo viver até os 200 anos.
O CHOQUE DOS PLANETAS (I Diafanoidi Portano la Morte, 1965)
Direção de Anthony Dawson (Antonio Margheriti).
Outro lixão de Margheriti, num futuro em que a Terra resiste a uma invasão alienígena a partir de um anel de satélites que possui em torno do planeta (ver a matéria Só Podem Estar Brincando).
REVOLTA NA LUA (The Moon Is a Harsh Mistress, 1966)
Robert A. Heinlein.
(Capa: Gray Morrow).
Originalmente publicado em capítulos na revista Worlds of If (1965-1966). O livro apresenta um futuro em que a Lua já está totalmente colonizada, mas sendo utilizada basicamente como uma colônia penal, com seus habitantes sendo criminosos, políticos exilados e seus descendentes, com uma população que chega a três milhões de pessoas. O local está submetido à autoridade terrestre representada pela Administração, mas a sociedade local desenvolve-se quase sem intervenção. Um computador central controla as máquinas que sustentam a vida na Lua, mas um grupo inicia uma revolta contra a Terra.
David Pringle, um dos críticos que gosta do livro, disse que a história é essencialmente, a história da Guerra de Independência Americana recontada em termos de ficção científica. Mesmo assim, ele também tem ressalvas, afirmando que “Existem detalhes de fundo abundantes e algumas especulações políticas e sociológicas interessantes, mas, como em todos os livros posteriores do autor, o texto é repleto de falação”.
NO ASSOMBROSO MUNDO DA LUA (Countdown, 1967)
Direção de Robert Altman.
James Caan (William Conrad Productions).
Esse foi o terceiro filme dirigido por Robert Altman, ainda pouco conhecido e sem apresentar algumas das características quer marcaram sua produção posterior, como o humor sarcástico e um certo cinismo e visão crítica da sociedade.
O roteiro de Loring Mandel foi baseado no livro The Pilgrim Project (1964), de Hank Searls, centrando as atenções na corrida especial entre EUA e URSS, com a boa presença dos atores James Caan e Robert Duvall. Altman preferiu concentra-se nos problemas pessoais dos astronautas norte-americanos, sob tensão quando estão prestes a realizar a primeira viagem à Lua. James Caan interpreta um astronauta civil que realiza a viagem no lugar de Duvall, e o faz às pressas, uma vez que os soviéticos lançam sua nave primeiro. A ideia é descer no satélite e viver por lá algum tempo, num abrigo enviado anteriormente, e depois seguir com as missões. Mas quando o americano chega à Lua, encontra os três astronautas soviéticos mortos e tem dificuldades em localizar seu abrigo, com pouco tempo de oxigênio restando.
O LODO VERDE (Gamma Sango Uchu Daisakusen, 1968)
Direção de Kinji Fukasaku.
(Lun Film/ Metro-Goldwyn-Mayer/ Ram Films Inc./ Southern Cross Feature Film Company/ Toei Company).
Também conhecido pelos títulos: The Green Slime; Battle Beyond the Stars; Death and the Green Slime. A história imagina um futuro em que estações orbitais são uma realidade. Robert Horton interpreta o comandante da estação, com a missão de deslocar-se até um asteroide que está em rota de colisão com a Terra e destruí-lo. Quando a missão retorna à estação, traz com eles o “lodo verde” do título em português, uma espécie de fungo que se desenvolve até atingir o tamanho de um monstro ridículo que ameaça a vida de todos.
O filme é bem ruinzinho, mais conhecido por ser uma das primeiras – ou, segundo Phil Hardy, a primeira – coprodução Japão/ Estados Unidos, com equipe japonesa e elenco ocidental, que inclui Richard Jaeckel, como outro comandante da estação orbital, e Luciana Paluzzi que, como ressaltaram Thomas Weisser e Yuko Mihara Weisser (em Japanese Cinema Encyclopedia), “dá a impressão de que preferia estar em qualquer outro lugar em vez de interpretar uma cientista nessa space opera boba”.
GANGSTERS NA LUA (Moon Zero Two, 1969)
Direção de Roy Ward Baker.
James Olson e Catherine Schell (Warner Brothers-Seven Arts/ Hammer Films).
O filme é muitas vezes apontado como sendo o primeiro “faroeste espacial”, simplesmente transferindo para a Lua o ambiente típico dos faroestes. Imagina um futuro em que a Lua se tornou um centro de mineração, reproduzindo a época da corrida do ouro na América do Norte. Phil Hardy delineou os personagens: James Olson interpreta o pistoleiro solitário, lembrado por ser o primeiro homem a pisar em Marte; Catherine Schell é a garota em perigo, e Warren Mitchell o milionário vilão cujos planos eles destroem.
O ESTRONDO DA ÁGUA (Waterclap, 1970)
Isaac Asimov.
(Capa: Jack Gaughan).
Conto publicado originalmente na revista Worlds of If, e posteriormente na coletânea O Homem Bicentenário. Imagina que a Lua já está colonizada, com uma cidade chamada, é claro, Luna City. Mas a história se passa na Terra, para onde vem um engenheiro lunar para visitar uma colônia experimental no fundo do oceano. E ele tem más intenções, pretendendo sabotar o local, de modo que sobre mais verbas para a colônia lunar e a exploração dos demais planetas do sistema solar. O que ele fica sabendo mais tarde é que a colônia submarina é parte de um estudo visando a colonização de Júpiter.
TERRA II (Earth II, 1971)
Direção de Tom Gries.
(Wabe/ MGM Television).
Feito para a TV como piloto de um seriado que não aconteceu. Os EUA iniciam a construção de uma estação orbital e, anos mais tarde, ela já está pronto, habitada por cerca de duas mil pessoas, mantendo-se sem relação evidente com os governos da Terra. Mas têm problemas quando um míssil nuclear chinês instala-se no espaço próximo à estação.
A produção tem a presença de Gary Lockwood no elenco, um dos astronautas de 2001, mas o filme é arrastado e repleto de clichês.
CORRIDA SILENCIOSA (Silent Running, 1972)
(Ver as matérias O Perigo Vem do Espaço, e da Terra; e Os Famosos)
UFO (UFO, 1972)
Criação de Gerry e Sylvia Anderson.
(Ver a matéria Os Invasores)
MOONBASE 3 (1973)
Criação de Barry Letts e Terrance Dicks.
(BBC).
Terrance Dicks ficou mais conhecido como um dos principais roteiristas da série Dr. Who, também da BBC, e Barry Letts foi produtor da série por cinco anos.
Nesse seriado, eles criaram histórias situadas numa base lunar, no então distante ano de 2003, quando a Lua foi colonizada por cinco nações: América, Russia, Europa – proprietária da Base Lunar 3 – China e Brasil, se é que alguém poderia acreditar nisso. As histórias apresentam os problemas que os ocupantes da base enfrentam num ambiente hostil.
A série não teve boa aceitação e durou apenas seis episódios.
Curt Siodmak.
Arthur C. Clarke.
(Capa: Bruce Pennington/ Gollancz).
Se, por um lado, esse livro de Arthur C. Clarke não chega a figurar entre seus grandes momentos, por outro, não pode ser simplesmente descartado como um de seus trabalhos menores. Como é costumeiro, ele apresenta o ser humano prestes a ter o controle total sobre seu meio ambiente e o sistema solar, e com o objetivo de conquistas ainda mais significativas, ainda que isso implique em uma série de problemas, inclusive filosóficos, e contatos com outras raças.
O ambiente é o século 23, com a história centrando-se em personagens de Titã, o satélite-planeta já colonizado de Saturno, que começa a assumir um papel importante na história humana. O planeta é controlado pelo “clã” Makenzie, liderado por homens incapazes de se reproduzirem e que, por isso, uma vez na vida fazem uma viagem à Terra para serem clonados. O clone, exatamente igual em tudo, deverá dar continuidade aos trabalhos em Titã, mantendo o controle pacífico que exercem.
(Capa: Paul Swendsen/ Bantam Spectra).
Clarke apresentou uma série de enredos paralelos, mas não chega a desenvolvê-los, entre eles a possibilidade da existência de uma forma de vida alienígena inteligente além da órbita de Plutão. A ação concentra-se mais nas relações entre os personagens e relações delicadas da política entre os mundos. Um conceito em comum com algumas outras histórias de Clarke, mas também não totalmente desenvolvido, é o do “beco sem saída” em que a civilização humana pode se encontrar em determinado momento de sua história. Atingiu o desenvolvimento científico e tecnológico suficiente para colonizar o sistema solar, mas ainda não consegue visualizar a forma de abandonar o nosso sistema para visitar estrelas distantes, ainda que não tenha abandonado a ideia de contatar outras formas de vida. O resultado tanto pode ser a estagnação, com o declínio da civilização, quando o surgimento de ideias cada vez mais revolucionárias no campo científico, que tirem a civilização da imobilidade. Geralmente, Clarke não acredita que qualquer imobilidade, caso ocorra, seja duradoura, e, mais cedo ou mais tarde, a humanidade põe-se em movimento.
Pouco disso é desenvolvido com profundidade no livro, mas permanece aquele sentido quase sempre presente nas histórias do autor, de um futuro bem melhor do que o nosso presente, com o término das desavenças sociais mais graves, e com a tecnologia sendo convenientemente utilizada para o bem geral, para o desenvolvimento e para a restauração do mal que havia sido feito no século 20.
ESPAÇO 1999 (Space: 1999, 1975-1977)
Criação de Gerry e Sylvia Anderson.
(Group 3/ ITC/ RAI).
A série imaginou que, em 1999, já haveria uma base lunar habitada por mais de 300 pessoas. No momento em que a história inicia, uma explosão tira a Lua de sua órbita, fazendo com que comece a vagar sem rumo definido pelo espaço, juntamente com seus habitantes.
A partir daí, as histórias concentram-se nos problemas que os cientistas têm de enfrentar, além de apresentar alguns contatos com alienígenas.
Parte da crítica gostou (e ainda gosta) da série, mas existem muitas situações forçadas e clichês, além de interpretações medianas de Martin Landau, Barbara Bain, Barry Morse e companhia.
BOM GOSTO (Good Taste, 1976)
Isaac Asimov.
Conto que foi publicado originalmente em uma edição limitada em 1976; depois, em Isaac Asimov's Science Fiction Magazine (1977), e posteriormente na coletânea Os Ventos da Mudança (1983). Imagina uma série de satélites artificiais na órbita da Lua.
Não se trata exatamente de um dos bons contos do autor, mas tem relação com a ideia dos Espaciais, que ele desenvolveu em várias histórias de robôs e da Fundação, apresentados como os primeiros terrestres a saírem do planeta e formarem colônias espaciais.
SATURNO 3 (Saturn 3, 1980)
Direção de Stanley Donen.
Farrah Fawcett, Kirk Douglas e Harvey Keitel (ITC Films/ Elliott Kastner Productions).
Produção inglesa com elenco americano que inclui Farrah Fawcett, Kirk Douglas e Harvey Keitel. No futuro, a Terra enfrenta problemas na produção de alimentos. Cientistas realizam pesquisas para melhorar a situação, a partir de estações espaciais e em satélites como Saturno III, também conhecido como Tétis. Lá, o casal Alex a Adam (Fawcett e Douglas) dirige uma estação de pesquisa hidropônica e vivem em paz, até a chegada do capitão Benson (Harvey Keitel), um sujeito desequilibrado que matou o capitão que deveria realizar a viagem e leva com ele um robô que, segundo diz, deverá substituir pelo menos um dos cientistas da base. O robô mantém uma conexão direta com o cérebro do desequilibrado, e os problemas estão apenas começando.
Apesar do visual acurado, de o desenho do robô ter sido inspirado em desenho de ninguém menos do que Leonardo Da Vinci, e de boas interpretações, em particular de Keitel, o filme é apenas mediano.
Também apresentado no Brasil com o título Missão Saturno 3.
OUTLAND, COMANDO TITÂNIO (Outland, 1981)
Direção de Peter Hyams.
O delegado Sean Connery tentando resolver os problemas (The Ladd Company/ Outland Productions).
Entre os filmes de FC que apresentam semelhanças com os faroestes, esse talvez seja o mais comentado, e o melhor, tido como uma adaptação do clássico Matar ou Morrer (High Noon, 1952); segundo o crítico Phil Hardy, é uma transposição direta do filme de Fred Zinnemann para o espaço, com Sean Connery interpretando o papel que, no western, era de Gary Cooper, e tendo inclusive uma contagem digital do tempo que resta até a chegada dos assassinos contratados.
A ação se passa em Io, satélite de Júpiter, onde uma grande companhia explora a extração de titânio, com o delegado federal William O’Niel (Connery) cumprindo um período de serviço no satélite, sob condições difíceis, para ele e para os mineradores.
As coisas se complicam quando ocorrem mortes devido a um surto psicótico de um dos mineradores, seguido por outro caso violento, e o delegado descobre que um tipo de droga estava sendo utilizada por eles para aumentar sua capacidade de trabalho. A droga é distribuída por um sistema corrupto que envolve um auxiliar do delegado e o próprio gerente da mina, que contrata assassinos para liquidar o delegado e manter seu sistema de distribuição.
Como sempre, ótima interpretação de Sean Connery, com Peter Boyle como o gerente corrupto. Ação bem desenvolvida, ótimos cenários e bons efeitos visuais.
SÉRIE GRAND TOUR (1985-2019)
Ben Bova.
Uma série imensa de livros do autor, contando histórias da colonização humana do sistema solar a partir do final do século 21, iniciando com Privateers (1985) e chegando a Earth (2019). Alguns títulos foram publicados em Portugal, pela Edições Europa-América, e ainda podem ser encontrados, mas o autor é pouco publicado no Brasil.
As histórias centram-se cada uma em um planeta ou luas dos planetas, com ênfase nos confrontos entre pequenas empresas tentando explorar os locais e as grandes e poderosas companhias, assim como as investigações científicas em busca de sinais de vida no sistema solar, atuais ou de antigas civilizações. Essas investigações também despertam conflitos de natureza religiosa.
QUANDO O CÉU CAIU (The Man Who Pulled Down the Sky, 1986)
John Barnes.
MISTÉRIO NA LUA (Murder By Moonlight, 1989)
Direção de Michael Lindsay-Hogg.
Brigitte Nielsen e Julian Sands (London Weekend Television/ Tamara Asseyev Productions/ Viacom Productions).
Filme produzido para a TV, com história pobre e anacrônica, imaginando uma guerra nuclear ocorrida na Terra, que levou EUA e União Soviética a estabelecerem estações na Lua, inclusive de mineração. Brigitte Nielsen interpreta uma tenente enviada ao satélite para investigar o desaparecimento do chefe de segurança da estação de mineração, sendo obrigada a trabalhar com um investigador soviético (Julian Sands). O filme foi apresentado alguns meses antes da queda do muro de Berlim.
CIVILIZAÇÃO LUNAR: ANO ZERO (Plymouth, 1991)
Direção de Lee David Zlotoff.
(Rai 1/ Touchstone Television/ Zlotoff).
Também apresentado com o título Um Mundo Novo. Produção conjunta dos Estados Unidos e Itália, feita para a TV, como piloto para possível seriado, que não foi adiante. Parte da ideia de que a exploração lunar não foi interrompida e foi construída uma cidade na Lua. Para lá são transportados os habitantes da cidade de Plymouth, na Terra, que sofreu os efeitos de um acidente tóxico.
O filme teve muito cuidado com os efeitos especiais e com a veracidade, com especialistas da NASA sendo consultados nos aspectos técnicos. Mas isso não ajudou em nada; o filme ele é repleto de situações previsíveis, bobas, e um romance absolutamente comum entre a médica do grupo e um piloto.
PROJETO ÉDEN – UM FUTURO DESCONHECIDO (Earth 2: First Contact, 1994)
Criação de Billy Ray, Michael Duggan, Carol Flint e Mark Levin.
(Amblin Entertainment/ Universal Television).
Esse é o episódio piloto da série Earth 2 – apresentada no Brasil pela TV por assinatura. Teve duas horas de duração e foi lançado em vídeo (CIC). A história se passa 200 anos no futuro, em um momento em que a Terra se tornou praticamente inabitável devido ao que a humanidade fez com seus recursos naturais, poluindo e destruindo a camada de ozônio. Uma pequena parte da população continua trabalhando no planeta, em mineração, e a maioria vive em estações orbitais. Nestas, surge uma nova doença, chamada syndrome (a síndrome), que os cientistas acreditam ser causada pela falta de um meio ambiente natural.
Uma mulher organiza uma equipe para explorar um planeta distante com algumas semelhanças com a Terra, mas sua nave tem problemas na descida, caindo no lado oposto do planeta, e o grupo inicia uma jornada para atingir seu objetivo principal, durante a qual percebem que o planeta é repleto de formas de vida.
A série durou apenas 21 episódios.
2049 – A CAMINHO DO INFERNO (Precious Find, 1996)
Direção de Philippe Mora.
(Republic Pictures).
Filme muito ruim, no Brasil lançado em vídeo (California), com Rutger Hauer, Joan Chen, Don Stroud e Brion James. É mais um faroeste no espaço, mas longe da qualidade de Outland. No ano 2049, com a Lua já colonizada, grupos de mineradores percorrem asteroides à procura de ouro e outras riquezas. Um jovem consegue convencer o jogador Hauer e o piloto de uma nave de lixo a juntarem-se a ele na procura de um veio de ouro. A mineradora Joan Chen também vai atrás deles, assim como um bando de androides fora-da-lei. Uma imensa perda de tempo.
O ASTRONAUTA AMERICANO (The American Astronaut, 2001)
Direção de Cory McAbee.
(BNS Productions/ Commodore Films).
Rodado em preto e branco, o filme teve algum sucesso no Sundance Festival e foi apresentado na Mostra de Cinema de São Paulo. É uma mistura de ficção científica, comédia e musical, estranhíssimo, para dizer o mínimo, mas com momentos engraçados, inesperados, e músicas legais. Por inesperado pode-se dizer que os personagens dificilmente falam ou fazem o que se espera que falem ou façam em determinado momento.
Um astronauta viaja pelo sistema solar trocando mercadorias e sendo perseguido por um professor maluco que mata pessoas com uma arma que as transforma em areia. O astronauta precisa levar um gato a um bar num asteroide, onde pega uma caixa com o que deverá se tornar uma mulher, para levá-la a uma colônia de mineiros em Júpiter, onde troca a “mulher de verdade” pelo “rapaz que realmente viu os seios de uma mulher”, para levá-lo a Vênus, planeta habitado por mulheres que precisam de um homem para substituir o que elas tinham, e que faleceu. Assim, o astronauta poderá trocar o rapaz pelo cadáver e levá-lo para sua família rica na Terra. Sensacional.
PLUTO NASH (The Adventures of Pluto Nash, 2002)
Direção de Ron Underwood.
(Castle Rock Entertainment/ Village Roadshow Pictures/ NPV Entertainment).
Uma comédia que se tornou um imenso fracasso de Eddie Murphy, que interpreta Pluto Nash, proprietário de um clube noturno na Lua, no ano 2087, que enfrenta vários problemas com os mafiosos locais.
O filme ficou mais conhecido por ter sido um dos maiores fracassos de bilheteria da história, com um custo de produção em torno dos 100 milhões de dólares e arrecadação de menos de 10 milhões. E com razão: nada funciona; nem as “aventuras”, nem o humor.
CARGO – O ESPAÇO É GELADO (Cargo, 2009)
Direção de Ivan Engler e Ralph Etter.
Produção suíça com história situada em 2267 após um desastre ecológico ter tornado a Terra inabitável. Os sobreviventes do planeta amontoaram-se em estações orbitais, enquanto alguns foram para o distante planeta Rhea. É o caso da irmã da dra. Laura Portmann que, para ganhar dinheiro suficiente para se dirigir ao planeta, aceita um emprego em uma nave de cargas que parte em uma jornada de oito anos para uma estação distante. Posteriormente, ela descobre que o planeta Rhea não existe, a não ser numa simulação em realidade virtual, com o objetivo de manter o que resta da população humana com esperança no futuro.
THE EXPANSE (2011-2019)
James S.A. Corey.
The Expanse é o nome dado a uma série de oito livros e vários contos, escritos pelos autores Daniel Abraham e Ty Franck, com o pseudônimo acima; o nono e, até onde se sabe, último livro da série ainda não foi publicado até 2019.
O primeiro livro da série, Leviatã Desperta (Leviathan Wakes, 2011), foi publicado no Brasil pela Editora Aleph, começando a história 200 anos no futuro, quando a humanidade já se espalhou e colonizou o sistema solar, o que também criou inúmeras tensões e conflitos políticos entre grupos de interesses variados. Em meio a esse cenário, um detetive e um capitão de uma nave envolvem-se na investigação de um desaparecimento de uma jovem, e o que eles vão descobrindo durante o processo indica a existência de uma conspiração fenomenal que pode colocar todo o sistema solar em risco de uma guerra civil.
Os livros foram adaptados para a TV em The Expanse (Alcon Entertainment/ Sean Daniel Company).
Os livros seguintes são: Caliban’s War (2012); Abaddon’s Gate (2013); Cibola Burn (2014); Nemesis Games (2015); Babylon’s Ashes (2016); Persepolis Rising (2017); Tiamat’s Wrath (2019).
Quando a história avança, os humanos passam a conseguir viajar longas distâncias pelo espaço, utilizando uma tecnologia criada por uma raça alienígena já desaparecida.
O canal de TV SyFy produziu uma adaptação, The Expanse (2015-2018), com três temporadas, até cancelar a produção. A Amazon comprou os direitos e começou a produzir a quarta temporada em 2018.
2312 (2012)
Kim Stanley Robinson.
(Capa: Kirk Benshoff/ Orbit).
A história se passa no ano de 2312, na cidade de Terminator, em Mercúrio, construída de forma a manter-se sempre na zona “habitável” do planeta, ou seja, protegida do Sol. A tecnologia da época também tornou possível construir “terrários” em asteroides, um ecossistema construído dentro de asteroides. Marte e Vênus também já foram colonizados, assim como as luas de Júpiter e Saturno.
A história segue a personagem Swan Er Hong, especialista em desenhar terrários, após a morte de sua avó adotiva, sua viagem à colônia em Io e ataques misteriosos à cidade de Terminator.
O livro ganhou o Prêmio Nebula de Melhor Romance, em 2013.
ELYSIUM (Elysium, 2013)
Direção de Neill Blomkamp.
(Ver a matéria Um Mundo de Distopias e Utopias)
TEMPESTADE: PLANETA EM FÚRIA (Geostorm, 2017)
Direção de Dean Devlin.
(Warner Bros./ Electric Entertainment/ RatPac-Dune Entertainment/ Skydance Media/ Stereo D/ Twisted Media).
O diretor Dean Devlin ficou mais conhecido como roteirista, tendo trabalhado em Stargate (1994), Independence Day (1996), Godzilla (1998), e também nos seriados Stargate SG1, Stargate Atlantis e Stargate Universe.
Como em várias histórias de fc com datas muito próximas, essa peca por imaginar que, em 2019, uma comissão internacional estabelece a construção de um sistema de satélites capazes de controlar o clima terrestre, após uma série de catástrofes ocorridas no planeta, além de uma estação orbital gigantesca, International Climate Space Station, capaz de controlar as operações do sistema.
Gerard Butler interpreta o sujeito responsável pela instalação original, mas que é substituído por seu irmão, por razões políticas, até que o sistema começa a apresentar problemas, três anos depois, e ele é convocado para tentar solucionar, descobrindo que ocorreu uma sabotagem no sistema.
ARTEMIS (Artemis, 2017)
Andy Weir.
O PARADOXO CLOVERFIELD (The Cloverfield Paradox, 2018)
Direção de Julius Onah.
(Bad Robot/ Paramount Pictures).
O terceiro filme na chamada “trilogia Cloverfield”, produzida por J.J. Abrams. Enquanto os dois primeiros imaginaram alienígenas causando problemas na Terra, esse parte para o espaço, mais exatamente para a estação Cloverfield, em órbita do planeta, com uma tripulação internacional que tenta resolver o problema da crise de energia que não apenas está afetando de maneira desastrosa o planeta, mas que pode resultar em uma guerra mundial devastadora.
Na estação espacial é montado um acelerador de partículas, parte essencial das experiências científicas realizadas para tentar obter uma nova fonte de energia renovável. Como alguns cientistas suspeitavam, a experiência acaba criando uma espécie de portal, levando a estação a um universo paralelo, da qual precisam tentar retornar ao seu próprio universo e salvar a Terra.
É, certamente, o mais fraco dos três filmes.
IO (IO, 2019)
Direção de Jonathan Helpert.
(Baked Studios/ Mandalay Pictures/ Sunset Junction Entertainment/ Untitled Entertainment).
Filme apresentado pela Netflix e não muito bem recebido pela crítica. A história situa-se num futuro em que a atmosfera terrestre tornou-se inapropriada, levando a maior parte da população a abandonar o planeta para viver em estações espaciais próximas a Io, um dos satélites de Júpiter.
Margareth Qualley interpreta Sam, uma das poucas pessoas ainda vivendo na Terra, num local bem alto onde supostamente é mais fácil respirar, tentando dar continuidade ao trabalho do pai, desenvolvendo abelhas que possam sobreviver no ambiente tóxico e, eventualmente, polinizar o planeta com plantas que produzam oxigênio.