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OS APOCALIPSES NA TV

Séries de TV

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data08/05/2023
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As histórias de apocalipses nas séries e filmes da TV.

Em meio às procuras por filmes e séries, comecei a perceber uma quantidade respeitável de filmes com temática apocalíptica, e resolvi fazer um pequeno levantamento do que existe à disposição.
Não considerei aqueles apocalipses provocados por invasões alienígenas – também em grande número – especialmente porque eles foram comentados no especial do Vimana, Alienígenas na Terra, ainda que o especial tenha sido publicado em 2018 e, desde então, mais invasões ocorreram, uma vez que a Terra parece ser um planeta muito cobiçado. Muitas das histórias apocalípticas não comentadas aqui, em particular as histórias da literatura, podem ser vistas no especial do Vimana, Fim do Mundo, o primeiro especial publicado no site, em 2015.
Da mesma forma, deixei de lado os zumbis, esses canalhas, assim como suas variações mais ou menos zumbíticas. O número de filmes e séries nessa linha também é elevado e, talvez, eles mereçam uma matéria separada, ainda que a maioria das produções desse subgênero seja muito ruim.
Os apocalipses no cinema e TV também podem ser definitivos – ou seja, aconteceu, acabou, e é isso – ou podem ter o famoso “final feliz”, com a recuperação do planeta ou a esperança de que as coisas vão mudar, como em O Dia Depois de Amanhã. Também podem estar acontecendo, em vias de acontecer, ou acabaram de acontecer e vemos o que vem depois, na Terra devastada ou com sérios problemas.
Os filmes e séries comentados a seguir foram encontrados na HBO Max, na Netflix, no Prime Video e no Paramount+. Alguns filmes ou séries ainda podem ser encontrados eventualmente nos demais canais por assinatura ou streaming. E, apesar de ter sido feita uma busca geral nos catálogos, certamente alguns não devem ter sido esquecidos.


ESTAÇÃO ONZE (Station Eleven, 2021)
Criação de Patrick Somerville.

Mackenzie Davis e o grupo de atores itinerantes (Pacesetter Productions/ Paramount Television Studios/ Shadow Fox Productions/ Stone Village Television/ Super Frog/ Tractor Beam).

Baseada no livro Estação Onze (Station Eleven, 2014), de Emily St. John Mandel, no Brasil publicado pela Intrínseca em 2015 e que, além de ter sido um best-seller, venceu o Arthur C. Clarke Award de 2015 e foi muito bem recebido pela crítica.
A minissérie em 10 episódios, criada por Patrick Somerville – um dos roteiristas da série The Leftovers – também começou a se destacar entre o público e a crítica, situando-se como uma das mais interessantes séries sobre um mundo pós-apocalipse, alterando imagens do passado com o presente, sem prejudicar o ritmo narrativo. As imagens do passado são, em grande parte, reminiscências da personagem central, Kirsten Raymonde, interpretada por Mackenzie Davies, quando adulta, e por Matilda Lawler, quando jovem.
O apocalipse chega na forma de uma gripe violentíssima que, em questão de dias, dizima a maior parte da população do planeta. No momento em que a ação inicia, a jovem Kirsten de oito anos é uma atriz interpretando Rei Lear, de Shakespeare, no dia em que o ator principal, Arthur Leander (Gael García Bernal), morre no palco, pouco antes da pandemia impossibilitar a vida no planeta. Ela é ajudada por Jeevan (Himesh Patel, de Yesterday), quando são surpreendidos pelos acontecimentos.
A velocidade com que a gripe fatal se espalha pelo planeta lembra um pouco a gripe avassaladora de A Dança da Morte (The Stand, 1978), de Stephen King. Mas aqui o elo que liga as diversas histórias é uma revista em quadrinhos, Estação Onze, escrita pela antiga companheira de Arthur Leander, e que vai orientar grande parte das ações de Kirsten e de Tyler, filho de Arthur que também sobrevive. Kirsten, junto com a companhia de teatro itinerante que se apresenta nas pequenas comunidades de sobreviventes; Tyler, como líder de um culto perigoso.
A minissérie tem vários pontos diferentes do livro, em particular a relação entre Jeevan e Kirsten, assim como o destino de Tyler, mas mantém a narrativa principal. Vale a pena.
HBO Max.


THE LEFTOVERS (The Leftovers, 2014-2017)
Criação de Damon Lidelof e Tom Perrotta.

Justin Theroux e Carrie Coon (Film 44/ Warner Bros. Television).

Série baseada no livro de Tom Perrotta, Os Deixados Para Trás (The Leftovers, 2011. Ed Intrínseca), e uma das melhores séries de ficção dos últimos tempos.
A história inicia três anos após o evento mundial conhecido como Partida Repentina, ocorrido no dia 14 de outubro, no qual dois por cento da população mundial desapareceu, sem que qualquer explicação seja encontrada. Alguns entendem que se trata do chamado arrebatamento citado na Bíblia, mas nem todas as pessoas que desapareceram eram boas pessoas, de modo que dificilmente existe algum desígnio divino no evento.
Vários grupos se formam após o ocorrido, alguns com cientistas tentando determinar o que aconteceu, outros voltados para a religião ou o misticismo, e um dos mais ativos é o Remanescentes Culpados (Guilty Remnant), no qual as pessoas se vestem de branco, só se comunicam escrevendo em folhas de papel e passam o tempo inteiro fumando. Eles surgem em determinados locais e apenas ficam parados, olhando para as pessoas, causando irritação e levando a algumas atitudes violentas.
A primeira temporada está centrada na cidade de Mapleton, no estado de Nova York, que tem como chefe de polícia Kevin Garvey (Justin Theroux), enfrentando mais do que os problemas normais de uma pequena cidade. Seu pai (Scott Glenn), ex-chefe de polícia, está internado em um manicômio, falando com alguém que só ele vê; a esposa Laurie (Amy Brenneman) entrou para o culto Remanescentes Culpados; o filho Tom (Chris Zylka) deixou a faculdade para seguir um santo Wayne (Paterson Joseph); a filha Jill (Margaret Qualley) começou a agir estranhamente. Kevin começa a se relacionar com Nora (Carrie Coon) que, no dia do “arrebatamento”, perdeu o marido e seus dois filhos, e tem seus próprios problemas a resolver.

                   Liv Tyler, Ann Dowd e Amy Brenneman, integrantes dos Remanescentes Culpados.

Na verdade, todos têm problemas a resolver, uma vez que o evento mudou o comportamento de todo mundo; algumas pessoas expressam essa mudança abertamente, mas muitas mantêm um clima de normalidade, ainda que internamente estejam a ponto de explodir. Como resultado, as relações são tensas, os comportamentos estranhos, frequentemente excessivos e violentos.
A segunda temporada é centrada na cidade de Jarden, conhecida como Miracle, para a qual se mudam Kevin, Nora e Jill, uma cidade que não teve qualquer desaparecimento no dia 14 de outubro e, por isso, atrai grande número de turistas, esperando encontrar algum milagre ou solução para seus problemas. Mas é claro que a cidade e seus habitantes têm seus próprios problemas, e não são pequenos. E os problemas de Kevin aumentam consideravelmente, envolvido em acontecimentos que parecem sobrenaturais.
Na terceira temporada, Kevin e Nora estão na Austrália, para onde também foi o pai de Kevin, em busca de uma solução para o que ele acredita que será o fim da humanidade, sete anos após o evento de 14 de outubro.
A série é maravilhosa, com as ações crescendo de intensidade a cada temporada, com atuações sensacionais e um final que, se não é exatamente feliz, é adequado, sem ser piegas. E com uma possível explicação científica para o que aconteceu no planeta. Ou não.
HBO Max.


NÃO OLHE PARA CIMA (Don’t Look Up, 2021)
Direção de Adam McKay.

Leonardo Di Caprio e Jennifer Lawrence (Hyperobject Industries/ Province of British Columbia Production Services Tax Credit/ Bluegrass Films).

O pano de fundo do filme é a descoberta de um gigantesco cometa que está em rota de colisão com a Terra, o que deverá provocar o que se chama de “evento em nível de extinção”, ou seja, o fim da vida na Terra. A cientista que descobre é a astrônoma Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence), e ela e seu chefe astrônomo Randall Mindy (Leonardo DiCaprio), descobrem também que têm a infeliz e praticamente impossível tarefa de fazer com que o governo dos EUA acredite neles e faça alguma coisa para tentar impedir o apocalipse.
Infelizmente, tanto a presidente dos EUA (Meryl Streep) quanto os cientistas ligados ao governo, não ligam a mínima para os fatos, mais preocupados com eleições e com pesquisas de opinião pública.

Jennifer Lawrence, Leonardo Di Caprio e Rob Morgan, tentando explicar para a presidente a gravidade da situação.

O clima do filme é uma mistura de comédia de humor negro, com drama e crítica social, que nem sempre foi bem recebido pela crítica. Muitos entenderam que era uma visão da esquerda a respeito do governo de Donald Trump e sobre o aquecimento global, mas na verdade é mais do que isso. Alguns críticos favoráveis ao filme chegaram a enfatizar que as próprias críticas negativas, da forma que foram apresentadas, poderiam muito bem fazer parte do filme.
Não Olhe Para Cima tem como principal assunto a absoluta e total falta de comunicação real e efetiva entre as pessoas, apesar de estarmos vivendo em uma época em que a facilidade de comunicação nunca foi tão evidente. Mas ninguém ouve, ninguém tenta entender as mensagens, estão todos presos em suas próprias visões de mundo, desafiando quaisquer fatos apresentados ou qualquer racionalização de eventos, por mais evidentes que eles sejam. E ninguém consegue entender as mensagens porque estão todos imersos em seus mundinhos, nos quais o que importa é a celebridade do momento, a música horrorosa do momento, as mentiras do momento, sejam as propagadas pelos governos, seja as difundidas por milhares de grupos e instituições ao redor do planeta.

Di Caprio e Lawrence, acompanhando a presidente (Meryl Streep) e seu filho (Jonah Hill).

A situação apresentada no filme é extrema, é claro, e é patética. Mas o filme basicamente fala sobre a mediocridade, o vazio, a superficialidade da sociedade atual, com espetadas para quase todos os ícones dessa sociedade moderna, dos gênios da informática, com suas neuroses e maneirismos, aos artistas que se tornam celebridades instantâneas, mesmo que pouco ou nada tenham a oferecer de conteúdo.
Os indivíduos e as instituições estão tão afundados em seus próprios mundos, com suas próprias regras, que o iminente apocalipse é ignorado. A presidente dos EUA está preocupada com uma eleição próxima; a mídia continua agindo da melhor maneira possível para obter audiência, minimizando a informação de que o mundo vai acabar em seis meses; a burocracia trava qualquer ação possível. E, em meio a tudo isso, os dois cientistas ainda se preocupam e tentam incutir um senso de racionalidade às pessoas. Mas não adianta. A astrônoma é transformada em meme nas redes sociais depois que se desespera ao vivo em um programa de TV, ao perceber que ninguém consegue entender a gravidade da situação. E o astrônomo, mesmo que por pouco tempo, sucumbe à tentação de se tornar uma celebridade, comprovando o efeito narcótico e viciante que a mídia pode exercer nas pessoas.
O mundo está dominado pela ignorância e pela busca de resultados pessoais imediatos, e o resultado não poderia ser outro que não o desastre absoluto.
O resultado do filme não poderia ser melhor se fosse narrado sem o tom cômico, ampliado pelas duas cenas finais, patéticas e ilustrativas de tudo o que se viu até ali.
Netflix.


QUANDO CHEGA A CALMARIA (The Calm Beyond, 2020)
Direção de Joshua Wong.

(The Laundromatte/ Endless Media/ Option Four).

Produção de Hong Kong. Esse foi o primeiro longa-metragem de Joshua Wong, que faleceu no mesmo ano, de câncer. E, sem ser uma obra-prima, tem seus méritos e bons momentos, ainda que narrado em um ritmo bem mais lento do que a maioria dos filmes apocalípticos, em especial os de zumbis.
Aqui, uma catástrofe de origem desconhecida criou uma inundação sem precedentes em todo o planeta, pelo que se entende da fala de uma sobrevivente, Asha (Kara Wang). Hong Kong está arrasada, quase tudo submerso, com exceção dos andares mais altos dos prédios. Asha mora em um apartamento, sobrevivendo como pode, escondendo-se de um grupo de pessoas que não apenas vasculham os escombros à procura de comida ou do que quer que tenha sobrado, mas também capturam pessoas.
O filme segue mostrando como Asha está adaptada à vida pós-apocalipse e também voltando ao tempo anterior à catástrofe, com as memórias da personagem e de sua relação complicada com a família. As coisas só mudam um pouco quando uma garotinha surge no apartamento e Asha tenta uma aproximação com ela.
Os momentos de mais ação ocorrem na parte final, quando os bandidos retornam ao prédio onde ela mora e ela tem de lutar por sua liberdade.
HBO Max.


AWAKE (Awake, 2021)
Direção de Mark Raso.

(Entertainment One/ Netflix/ Paul Schiff Productions).

O apocalipse aqui começa com algum problema que ocorre com o Sol. Talvez, uma onda eletromagnética que afeta todos os habitantes da Terra e causa alguma disfunção cerebral que os impede de dormir. E, se as pessoas não conseguem dormir, vários problemas começam a se acumular, entre eles estados alucinatórios que rapidamente tornam as pessoas bem violentas.
Gina Rodriguez interpreta Jill, ex-militar e ex-viciada, mãe de uma garotinha e um adolescente, que se vê no meio da confusão tentando salvar sua família. A menina é uma das poucas pessoas que conseguem dormir, provavelmente devido a ter morrido por alguns minutos após um acidente de carro. O que uma coisa tem a ver com outra, ninguém sabe. Jennifer Jason Leigh é uma psiquiatra militar conhecida de Jill que quer fazer experiências com uma mulher que também consegue dormir para tentar descobrir o que está acontecendo. Mas é claro que a doutora, assim como os militares, também sentem os efeitos da loucura disseminada.
A ideia inicial até que é interessante, mas tudo acontece muito rápido, sem qualquer preparação para os eventos e, pior, com péssimas atuações.
Netflix.


FIM DOS TEMPOS (Sea Horse, 2013)
Direção de Kamell Allaway.

(Beez Productions).

O diretor também é o roteirista, em conjunto com Victoria Rose. A história segue basicamente a tentativa de sobreviver de três jovens nas florestas do Alasca, após o fim do mundo por um motivo jamais explicado e, aparentemente, sem importância para o enredo. E digo aparentemente porque é bem difícil entender qual era o objetivo do diretor e roteirista.
Elas andam pela floresta, eventualmente encontrando uma ou outra pessoa, sempre fugindo quando ouvem o som do que parece ser um animal imenso; parece, porque em apenas uma cena é possível ver uma mão com garras, quase humana.
O cenário é muito bonito, mas o filme é lento, chato, sem propósito, ou com um propósito que apenas os autores entendem completamente.
No Prime foi exibido com o título em inglês The End Times.
Prime Video.


AGORA ESTAMOS SOZINHOS (I Think We’re Alone Now, 2018)
Direção de Reed Morano.

Peter Dinklage e Elle Fanning (Automatik Entertainment/ Estuary Films/ Exhibit).

Um filme interessante apresentando o excelente ator Peter Dinklage (o Tyrion Lannister da série Game Of Thrones), como Del, um dos últimos sobreviventes de um apocalipse jamais explicado. Na pequena cidade onde ele vive, aparentemente mais ninguém sobreviveu, e ele passa os dias “limpando” as casas da cidade, ou seja, retirando os corpos e enterrando-os. A cada casa que visita, ele pega as fotos dos ocupantes e mantém em um arquivo.
Sua vida parece ser monótona, mas é algo a que ele está acostumado, catalogando livros na biblioteca e seguindo uma rotina à risca. As coisas só começam a mudar quando chega à cidade a jovem Grace (Elle Fanning), que imprime um novo ritmo à sua vida. E muda ainda mais quando misteriosamente aparecem Patrick e Violet (Paul Giamatti e Charlotte Gainsbourg), supostamente os pais de Grace. Mas as coisas não são exatamente o que parecem, e os eventos a seguir vão obrigar Del a mudar seus hábitos e enfrentar algumas dificuldades.
Para quem espera filmes com muita ação, esse não é adequado, uma vez que não é esse o objetivo, mas apenas pensar sobre as dificuldades dos relacionamentos, da solidão e da vida em sociedade, esse último aspecto muito bem representado pela patética comunidade de sobreviventes em uma cidade da Califórnia.
O filme não foi muito bem recebido pela crítica, mas vale a pena conhecer.
Prime Video.


A ÚLTIMA JORNADA (The Last Boy, 2019)
Direção de Perry Bhandal.

Flynn Allen, encontrando uma das pessoas transformadas em estátuas (Kirlian Pictures/ PA Film Developments).

Produção britânica, apresentada como uma fantasia de ficção científica, baseada nos textos de Rumi, místico e poeta sufi do século 13. O filme já inicia com a humanidade quase que completamente aniquilada por um evento desconhecido. O que se sabe é que um estranho vento assola o planeta, perseguindo pessoas, guiando-se pelo som e sabe-se lá o que mais. Animais não são afetados, mas as pessoas tocadas pelo vento são transformadas em estátuas e, se tocadas, desmaterializam-se, deixando apenas espécies de pedras no chão.
No momento em que o filme começa, o jovem Sira (Flynn Allen) está vivendo em um trailer com a mãe moribunda (Aneta Piotrowska), e ela fez para ele um mapa que ele deve seguir para chegar a um local onde os desejos são atendidos. Ela lhe dá um aparelho capaz de impedir o vento de tocá-lo, mas para que isso ocorra ele precisa usar sua mente. Quem era a mãe, o que ela fazia, como conseguiu o aparelho ou como ele funciona, jamais é explicado.
A caminho do local, ele encontra outra menina, Lilly (Matilda Freeman), um sujeito inescrupuloso (Peter Guinness) que controla um grupo de mulheres e que pretende obter o segredo de como usar o aparelho de Sira, e posteriormente uma mulher que trabalhava no CERN (Anna Wilson-Jones), no acelerador de partículas, e um soldado que procurava sua esposa (Luke Goss).
A mulher sugere que alguma coisa deu errado no experimento que faziam no acelerador de partículas, e alguma coisa saiu para nosso mundo. Mas nada faz muito sentido no filme, a começar pelas interpretações. Parece que ninguém é capaz de expressar sentimentos; mesmo o jovem Sira não tem qualquer reação quando sua mãe morre.
E o final é uma tremenda confusão. Não se sabe o que está acontecendo, qual o motivo e, pior, a última jornada do título nacional, não é a última, porque Sira e a mulher resolvem seguir em direção a uma nova pista que receberam, sabe-se lá de quem ou de onde. E o filme termina, tão abruptamente como começou. Horrível.
Prime Video.


DESTRUIÇÃO FINAL: O ÚLTIMO REFÚGIO (Greenland, 2020)
Direção de Ric Roman Waugh.

Morena Baccarin, Gerard Butler e Roger Dale Floyd (STX Films/ Anton/ Thunder Road Pictures/ G-BASE).

Esse também pode ser colocado na lista dos “filmes catástrofe”, na linha de Armageddon e Impacto Profundo. No início da história, sabe-se que o cometa Clarke vai passar muito próximo ao nosso planeta, mas aparentemente não representa perigo. Bom... os cientistas se enganaram, e partes do cometa vão cair na Terra.
A população só fica sabendo em cima da hora. Gerard Butler é um dos poucos que, com sua ex-esposa (Morena Baccarin) e o filho (Roger Dale Floyd), recebe autorização para embarcar em um avião, a caminho de um abrigo do governo. Mas, é claro, as coisas não saem exatamente como eles queriam, e a jornada até a possível segurança é mais perigosa.
Como em quase todos (ou todos) os filmes desse tipo, a família é o centro de tudo, além de mostrar os humanos que, em situação de perigo extremo, exibem o que têm de melhor e de pior; quase sempre, de pior.
O filme tanto recebeu críticas positivas quanto negativas, como quase sempre acontece com “filmes catástrofe”. Algumas fontes dizem que o nome do cometa foi escolhido em homenagem ao escritor de ficção científica, Arthur C. Clarke, ele mesmo autor de um livro sobre um asteroide capaz de destruir o planeta (The Hammer of God, 1993).
Prime Video.


2067 (2067, 2020)
Direção de Seth Laney.

(Screen Australia/ XYZ Films/ Futurism Studios/ The South Australian Film Corporation).

Esse é uma mistura de filme apocalíptico com filme de viagem no tempo, em produção australiana que não chega a decolar. A história começa no ano, adivinhem... 2067. O planeta inteiro está esgotado, sem energia e com pouco oxigênio, definitivamente condenado à morte lenta devido à ação humana.
Um cientista consegue desenvolver uma máquina do tempo – algo que, remotamente, lembra a máquina da série O Túnel do Tempo – e com ela espera ir ao futuro e encontrar uma solução para o mundo poluído. Por um motivo que só sabemos ao final, uma mensagem vem do ano futuro de 2474, dizendo que deve ser enviado um homem em particular – e diz-se que só uma pessoa poderá ir, por alguma dificuldade com a energia necessária para a operação.
Apesar de existirem pessoas ruins na história, que desejam salvar suas próprias peles, esse é um daqueles apocalipses com “final feliz”, ainda que não muito bem dirigido e com atuações sofríveis.
Prime Video.


PRÓXIMA PARADA: APOCALIPSE (How It Ends, 2018)
Direção de David M. Rosenthal.

                                                                       (Paul Schiff Productions/ Sierra / Affinity).

Uma produção relativamente modesta de 20 milhões de dólares, com Theo James e Forest Whitaker nos papéis centrais. Apesar de ter recebido críticas negativas, não chega a ser um filme ruim, ainda que trabalhe com vários clichês do gênero.
Theo James interpreta Will Younger, noivo de Samantha (Kat Graham), que visita os pais dela, Tom (Forest Whitaker) e Paula (Nicole Ari Parker), para anunciar o casamento e dizer que ela está grávida. Mas não consegue falar devido a um conflito com o pai, ex-militar. Quando está para voltar para Seattle onde mora com a noiva, falando com ela ao telefone, um evento catastrófico ocorre, a ligação e cortada, todos os voos são cancelados e as comunicações caem em todo o país.
Ele se junta ao Whitaker para atravessar o país e ir até Seattle. No caminho, sem que ninguém saiba exatamente o que está acontecendo, veem intensa movimentação militar, e as pessoas enlouquecendo com a falta de notícias. Como é costume acontecer nesse tipo de filme, a situação extrema expõe o pior lado do ser humano, com algumas exceções.
Ao final, não se sabe o que aconteceu, se é um evento local ou mundial, apocalíptico como diz o título em português, ainda que o próprio título em inglês sugere algo bem ruim acontecendo.
Netflix.


LEGIÃO (Legion, 2010)
Direção de Scott Stewart.

Kevin Durand, como o arcanjo Gabriel (Screen Gems/ Bold Films).

Esse é um apocalipse com temática bíblica, mas a Bíblia do Antigo Testamento, com a presença dos arcanjos Miguel e Gabriel, além de um imensidão de outros anjos. E Deus, que está desgostoso com a humanidade, perdeu sua fé nas pessoas, e resolve agir como o Deus do Antigo Testamento, ou seja, acabando com tudo.
Estranhamente, Legião sempre foi uma das denominações de Lúcifer, Satanás ou como quer que se queira chamar o capeta, na Bíblia. Aqui, não é o caso. Na verdade, ele sequer dá as caras, e os malvados de plantão são os próprios anjos, a Legião. O Deus irado da Bíblia dá a ordem para que os anjos venham à Terra, possuindo corpos humanos na marra, e acabem com tudo. Mas o arcanjo Miguel (Paul Bettany) diz que ainda não perdeu a fé e resolve “cair” para a Terra, até mesmo cortando fora suas asas, armar-se e ajudar os humanos a enfrentar a invasão, comandada pelo arcanjo Gabriel (Kevin Durand).
Por algum motivo jamais esclarecido no filme, tudo depende do nascimento de uma criança; se ela nascer, estamos salvos; se não... E esta futura criança de pai desconhecido encontra-se na barriga de uma garçonete (Adrienne Palicki), em uma lanchonete no meio de um daqueles desertos dos EUA, de propriedade de Dennis Quaid e seu filho (Lucas Black). E é lá que ocorre o confronto.
As imagens são legais, com as aparições das pessoas controladas pelos anjos, as cenas de ação razoáveis. Mas, afinal, não se sabe por que a criança era tão importante, e o filme se perde por aí. Dá para se divertir, mas existem clichês demais para serem simplesmente ignorados.
Netflix.


IO – O ÚLTIMO NA TERRA (Io, 2019)
Direção de Jonathan Helpert.

Anthony Mackie e Margaret Qualley (Mandalay Pictures/ Sunset Junction Entertainment/ Untitled Entertainment).

A poluição arruinou completamente a Terra, de forma que os cientistas nada puderam fazer. Depois de milhões de mortes, os humanos restantes resolveram deixar o planeta e instalar-se em uma colônia na órbita de Io, satélite de Júpiter, enquanto desenvolvem técnicas para realizar uma longa viagem até um planeta com condições para a vida humana, em Alpha Centauri.
Na Terra permaneceram alguns poucos, convencidos pelo dr. Henry Walden (Danny Huston) de que ainda é possível salvar o planeta. Entre eles, sua filha Sam (Margaret Qualley), que visita alguns pontos de uma cidade usando uma máscara de oxigênio e coletando informações científicas, e retornando à estação e moradia em uma montanha onde ainda é possível respirar.
Ela recebe a visita de Micah (Anthony Mackie), que chega ao local em um balão de hélio, no momento em que a última nave vai partir da Terra levando os últimos sobreviventes para Io.
O filme tem uma ideia inicial que pode até ser interessante, mas com um desenvolvimento pobre, com diálogos insípidos e atuações mornas.
Netflix.


SWEET TOOTH (2021-2023)
Criado por Jim Mickle e Beth Schwartz.

Christian Convery, como Gus (Nightshade/ Team Downey/ DC Entertainment/ Warner Bros. Television/ Netflix).

Série baseada nos quadrinhos Sweet Tooth, criação de Jeff Lemire, publicado pela DC Comics/ Vertigo. O apocalipse surge na forma de um vírus mais poderoso do que tudo o que a humanidade já enfrentou, chamado H5G9, eliminando rapidamente 98% da população. Ao mesmo tempo, começam a nascer crianças com estranhas mutações, assumindo características de diversos animais, o que leva as pessoas a pensarem que os dois eventos estão interligados. E, de certa forma, podem estar.
Não demora muito para que os bebês, ou híbridos, comecem a ser caçados, e a história segue uma dessas crianças, Gus (Christian Convery), que é mantida escondida em uma casa na floresta por Richard (Will Forte) como se fosse seu filho. Fora dali, o mundo se modifica rapidamente, surgindo uma espécie de exército paralelo, dirigido pelo general alucinado Abbot (Neil Sandilands) que caça os híbridos para experiências.
À medida que a história evolui, aos 10 anos de idade Gus acaba saindo de seu território mais ou menos seguro e enfrenta as dificuldades do mundo modificado, encontrando pessoas que o protegem, em particular Tommy Jepperd (Nonso Anozie), o Grandão, e Bear (Stefania LaVie Owen), chefe do Exército Animal, destinado a proteger os híbridos. Mas Gus também conhece a maldade humana da qual era mantido afastado, e obtendo mais informações sobre seu passado e a mulher que ele acha que é sua mãe, que ele viu em uma fotografia.
A série consegue ser assustadora nos momentos em que os humanos caçadores encontram os híbridos, com um absoluto desprezo que pelas vidas das crianças, mas também tem seus momentos de humor, em particular com as primeiras atividades de Gus descobrindo o mundo.
Obviamente, é uma metáfora para o preconceito extremo que ainda existe no planeta, com as pessoas tomando decisões baseadas no ódio e no medo, sem levarem em conta a realidade, ou sem conhecerem de fato as crianças que são perseguidas.
Uma boa série, que teve sua segunda temporada recentemente disponibilizada e já teve confirmada a produção da terceira temporada.
Netflix.


EXPRESSO DO AMANHÃ (Snowpiercer, 2013)
Direção de Bong Joon-ho.

                                              (SnowPiercer/ Moho Film/ Opus Pictures/ Stillking Films).

Filme baseado na graphic novel francesa Le Transperceneige (1982), criada por Jacques Lob e Jean-Marc Rochette, com Benjamin Legrand escrevendo as sequências.
Com a Terra sofrendo com o aquecimento global, cientistas realizam um experimento para tentar deter o processo, e acabam originando um apocalipse global, com a temperatura caindo a ponto de tornar a vida impossível.
A história começa 17 anos após esse evento, e os sobreviventes encontram-se a bordo de um imenso trem que roda por todo o planeta, sem parar, o próprio movimento alimentando a energia necessária para manter um sistema interno que providencia aquecimento e alimentação.
No entanto, no trem, criado pelo magnata Wilford, criou-se um sistema de castas, com a mais baixa situando-se na parte posterior do trem e tendo sua vida controlada de forma despótica pela elite, que tem todas as mordomias. É o ambiente perfeito para nascer um movimento de revolução e de conflito violento entre as partes.
Um filme interessante, ainda que sem grandes explicações de como a ferrovia planetária pode ser construída considerando-se as condições climáticas do planeta, e como ela não se deteriora; para não falar de como a energia é gerada.
De qualquer modo, o ponto central é tanto a falta de cuidado da humanidade com o planeta, a irresponsabilidade com que a questão foi tratada, como as questões sociais que, mesmo em situações extremas como as vividas pelos passageiros, continuam a existir, os preconceitos e a luta pelo poder, por mais insignificante que ele seja.
Looke/ Mubi.


EXPRESSO DO AMANHÃ (Snowpiercer, 2020-2023)
Criação de Graeme Manson e Josh Friedman.

(CJ Entertainment/ Dog Fish Films/ Studio T/ Tomorrow Studios).

Adaptação para a TV da história acima, com os eventos situados em um período anterior, quando o trem estava começando a circular, e a temperatura mundial começava a ficar insustentável.
Explica como se formaram as diferentes classes existentes no trem, e os primeiros movimentos de revolta dos que vivem na parte posterior.
Jennifer Connelly interpreta a figura principal do trem, não apenas a que comanda os empregados, mas também a que mais conhece o funcionamento do trem, além de guardar um segredo que, quando revelado, vai mudar muita coisa na história.
São três temporadas produzidas, com uma quarta e última já pronta, ao que se sabe, mas ainda sem ter um canal para apresentá-la. As três primeiras estão disponíveis na Netflix.
Netflix.

 

A DANÇA DA MORTE (The Stand, 1994)
Paramount.


INTERESTELAR (Interstellar, 2014)
HBO Max e Prime Video.


O CÉU DA MEIA-NOITE (The Midnight Sky, 2020)
Netflix.

A ESTRADA (The Road, 2009)
HBO Max.

O LIVRO DE ELI (The Book of Eli, 2010)
Netflix.

WATERWORLD: O SEGREDO DAS ÁGUAS (Waterworld, 1995)
Netflix.

2012 (2012, 2009)
Netflix.

MAD MAX (Mad Max, 1979)
HBO Max.

A COLÔNIA (The Colony, 2013)
Prime.