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05 Terror LOUCOS E CRIMES

ESPECIAIS/VE FILMES DE TERROR E FANTASIA PARA REVER

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data31/03/2022
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SILÊNCIO NAS TREVAS (The Spiral Staircase, 1946)

Direção de Robert Siodmak.

(RKO Radio Pictures/ Dore Schary Productions).

Também com o título O Caso da Escada Espiral. Excelente filme com história situada no início do século 20, baseada no livro Some Must Watch (1933), de Ethel Lina White. Dorothy McGuire interpreta a jovem muda Helen, que trabalhar em uma mansão cuidando da senhora Warren (Ethel Barrymore); no local também residem o Professor Warren (George Brent), enteado da senhora, e Steven (Gordon Oliver), filho dela, além dos empregados.
No momento em que a história inicia, a pequena cidade onde residem está sendo assediada por um assassino em série que deseja livrar o mundo de todas as mulheres que apresentem qualquer “defeito”, e Helen começa a desconfiar de que ela será a próxima vítima, suspeitando que um dos moradores da mansão é o maníaco homicida.
Em seu livro Horrors: A History of Horror Movies (1984), Tom Hutchinson e Roy Pickard dizem que se trata de uma história aterrorizante na qual o diretor Siodmak “(...) usa escadas em espiral, sombras, cortinas, portas batendo e, obviamente, a obrigatória tempestade enfurecida do lado de fora enquanto ele prende sua vítima do lado de dentro, em uma noite em que é perigoso sair e fatal permanecer. A única pista para a identidade do assassino é o imenso close-up de seu olho focando na boca da garota e vendo-a apenas como uma mancha”.
O crítico Phil Hardy disse que Hitchcock não poderia ter melhorado a habilidade espontânea com a qual a sequência inicial do filme define não apenas o tempo e o espaço (ou seja, pequena cidade na virada do século), mas os temas do voyeurismo e de armadilha, mostrando uma carruagem que chega a um hotel, enquanto um público assiste a um filme mudo e, no andar de cima, uma jovem com problemas na perna é observada de dentro de seu armário pelo olho do assassino.
No Brasil, lançado em DVD.
 


O SOLAR MALDITO (House of Usher, 1960)

Mark Damon, Vincent Price e Myrna Fahey (AIP/ Alta Vista Productions).

Direção de Roger Corman.
Esse é o primeiro de uma série de filmes dirigidos por Roger Corman para a American International Pictures baseados em histórias de Edgar Allan Poe. Aqui, o roteiro foi assinado por Richard Matheson, e a história traz Vincent Price no papel do alucinado Roderick Usher, que acredita que sua família é amaldiçoada, que todos seus ancestrais foram levados à loucura. E ele teme que sua irmã Madeline Usher (Myrna Fahey) siga o mesmo caminho. Roderick diz ao noivo de sua irmã, Philip Winthrop (Mark Damon), que eles não devem se casar, impedindo que a irmã dê continuidade às gerações de pessoas amaldiçoadas. Para ele, a loucura da família chegou até mesmo a ameaçar a mansão em que vivem.
Porém, os noivos decidem ir embora, mas Madeline acaba entrando em estado de catalepsia – um tema recorrente em Edgar Allan Poe – e o irmão convence o noivo de que ela está morta e deve ser enterrada na cripta familiar.
Segundo Phil Hardy, o filme é uma pequena obra-prima, ainda que na época muitos críticos tenham desdenhado a produção, entendendo que estava longe do clima das histórias originais de Poe. Para Hardy, no entanto, ele é “(...) surpreendentemente fiel a Poe”. E ainda entende que Vincent Price, em uma atuação magnífica, dá o tom do filme, grandioso em seus modos e gestos, mas secretamente adoecendo devido a uma corrupção íntima; “(...) um desejo incestuoso (como sutilmente sugere a câmera de Floyd Crosby, sondando, hesitante e incessantemente agitada), um desejo que de alguma forma estendeu-se à própria mansão que os prendeu em uma paixão familiar e que está, ela mesma, desmoronando sob a mesma sobrecarga de decadência”.
Também se destacam os cenários de Daniel Haller que, juntamente com os roteiros de Matheson e a direção de fotografia de Floyd Crosby, seriam elementos importantes nas demais adaptações de histórias de Poe dirigidas por Corman.
No Brasil, lançado em DVD.
 


A MANSÃO DO TERROR (The Pit and the Pendulum, 1961)

Vincent Price (AIP/ Alta Vista Productions).

Direção de Roger Corman.
Outra adaptação de um conto de Edgar Allan Poe, na série realizada por Corman, mais uma vez com roteiro de Richard Matheson e fotografia de Floyd Crosby. E também com Vincent Price mais uma vez como um sujeito atormentado pelo passado e sendo levado à insanidade.
A história situa-se na Espanha, em 1547, com Price como Nicholas Medina, que recebe a visita do inglês Francis Barnard (John Kerr), à procura de sua irmã Elizabeth (Barbara Steele), esposa de Medina, que ele diz ter falecido, apesar de apresentar explicações vagas sobre sua morte.
Ao tentar descobrir o que realmente ocorreu, Barnard envolve-se em uma trama que remete à época da Inquisição e ao pai inquisidor de Medina, que tem uma verdadeira câmara de torturas em seu porão, com direito ao terrível pêndulo do título.
Ainda que o filme geralmente seja considerado inferior a O Solar Maldito, ainda assim é muito bem considerado pela crítica em geral, em especial, como diz Phil Hardy, no que diz respeito às motivações sexuais que movimentam a história. Para outros críticos, no entanto, Corman e Matheson desviaram-se demasiadamente da história de Edgar Allan Poe.
No Brasil, lançado em DVD.
 


QUE ACONTECEU COM BABY JANE? (What Ever Happened to Baby Jane?, 1962)

Direção de Robert Aldrich.

Bette Davis e Joan Crawford (The Associates & Aldrich Company/ Warner Bros.).

Seria difícil não produzir um bom filme com a direção de Robert Aldrich e as interpretações de Bette Davis e Joan Crawford. O resultado é um dos mais consistentes filmes do chamado terror psicológico de sua época, baseado no livro com o mesmo título (O Que Terá Acontecido a Baby Jane?, 1960. Editora Darkside), de Henry Farrell.
Um prólogo em 1917 mostra Baby Jane (Bette Davis) como uma criança mimada, uma atriz precoce, pedindo e recebendo adulação, enquanto sua irmã mais velha, Blanche (Joan Crawford), tem ciúmes. Um segundo prólogo, situado em 1935, mostra a carreira de Jane indo ladeira abaixo, enquanto Blanche se torna uma estrela de Hollywood, até que fica inválida devido a um acidente de carro envolvendo ambas as irmãs.
A ação pula para 1962, com Blanche confinada a uma cadeira de rodas e sendo cuidada com muita má vontade por Jane, que inflige castigos cada vez mais cruéis à irmã e torna-se cada vez mais louca.
Além de renovar a carreira de duas das mais importantes atrizes do cinema norte-americano, o filme também iniciou uma onda de filmes com títulos semelhantes nos anos 1960 e 1970. Segundo Phil Hardy, as atuações de Davis e Crawford encorajaram outras atrizes com mais idade ou com a fama já em decadência a tentarem atuar em filmes de terror.
No Brasil, lançado em DVD.

 


COM A MALDADE NA ALMA (Hush, Hush Sweet Charlotte, 1964)

Direção de Robert Aldrich.

Betty Davis e Olivia de Havilland (The Associates & Aldrich Company/ Twentieth Century Fox).

Mais uma vez Robert Aldrich trabalha com Bette Davis, aproveitando o imenso sucesso de O Que Aconteceu Com Baby Jane?. Ela é a Charlotte do título original que, em 1927, encontrou o corpo mutilado de seu amante, em um crime que nunca foi solucionado, mas pelo qual ela geralmente é considerada culpada. Trinta e sete anos depois, ela vive em uma mansão da Louisiana que herdou do pai, ainda solteira, lutando contra o governo que quer construir uma estrada no local.
O filme ainda traz Olivia de Havilland como uma prima que se tornou rica e a quem Charlotte pede ajuda. Mas depois que ela chega, a vida de Charlotte vira um inferno, com eventos misteriosos na casa, e sua sanidade começa a se deteriorar. E mais uma vez Bette David domina as cenas e o filme, contando ainda com as presenças marcantes de Joseph Cotten, Agnes Moorehead e Mary Astor.
Se não é tão bom quanto o anterior, ainda é sensacional, com um trabalho de fotografia impecável.
No Brasil, lançado em DVD.
 


NAS GARRAS DO ÓDIO (The Nanny, 1965)

Direção de Seth Holt.

Bette Davis e William Dix (Hammer Films/ Seven Arts Productions).

Bette Davis de novo em um excelente filme de terror psicológico, dessa vez em produção inglesa da Hammer, o último filme da companhia produzido em preto e branco, com história baseada em livro com o mesmo título (1964) de Evelyn Piper (pseudônimo de Merriam Modell), com roteiro de Jimmy Sangster, provavelmente o principal roteirista da Hammer e, posteriormente, também diretor de alguns bons filmes.
Bette Davis interpreta a babá do jovem Joey Fane (William Dix), um garoto mentiroso e perverso que odeia a babá, e que passa alguns anos em uma escola para crianças emocionalmente perturbadas, sendo o suspeito de ter afogado sua irmã. Ao retornar para casa, a relação entre Joey e a babá se complica, e o rapaz continua dizendo ser inocente e acusando a babá de tentar matá-lo.
Durante boa parte do filme não se sabe exatamente quem é o vilão e quem é a vítima e, como disse o crítico Phil Hardy, mesmo que Joey não tenha de fato afogado sua irmã e envenenado sua mãe, era bem capaz de fazê-lo.
É mais uma grande contribuição da Hammer para o gênero e mais uma grande atuação de Bette Davis.
No Brasil, lançado em DVD.
 


REPULSA AO SEXO (Repulsion, 1965)

Direção de Roman Polanski.

(Compton Films/ Tekli British Productions).

O primeiro filme de Polanski em inglês. Centra-se na jovem belga Carol (Catherine Deneuve) vivendo em Londres, dividindo um apartamento com a irmã Helen (Yvonne Furneaux). Carol tem um comportamento fora do comum, fechado, e com problemas de relacionamento, especialmente com relação ao sexo, e fica incomodada com a relação de sua irmã com o namorado Michael (Ian Hendry).
Quando a irmã sai de férias com ele, Carol se tranca no apartamento e suas repressões sexuais ganham vida, desenvolvendo-se como alucinações e fantasias persecutórias que acabam levando-a ao assassinato e a um estado de catatonia.
Segundo o crítico Phil Hardy, apesar de ter falhas, o filme estabelece as principais linhas que estruturam o trabalho de Polanski, ou seja, “(...) um cinema que questiona implacavelmente a relação de fascinação entre o espectador e o espetáculo audiovisual. Ele joga um jogo complexo com as expectativas, identificação, percepções e convenções genéricas do público, explorando as fantasias fundamentais, desejos e ansiedades que estão em jogo em nossa relação com o cinema como espetáculo”.
É um filme perturbador. No Brasil, lançado em DVD.
 


O ABOMINÁVEL DR. PHIBES (The Abominable Dr. Phibes, 1971)

Direção de Robert Fuest.

Vincent Price como o dr. Phibes, aqui com sua máscara e o aparelho vocal (Amicus Productions).

Um clássico do cinema de terror e do humor negro, em um dos grandes papéis de Vincent Price, como o vingativo Dr. Anton Phibes, atacando os médicos que, segundo ele, foram responsáveis pela morte de sua querida esposa na mesa de operações. Tido como morto em um acidente de carro anos antes, ele planeja cuidadosamente a forma como cada um deles será liquidado, tendo como base de sua vingança as dez pragas do Egito.
Phibes teve seu rosto desfigurado e perdeu a capacidade de falar, mas conseguiu desenvolver um aparelho para recuperar sua voz e utiliza uma máscara que é uma reprodução do seu rosto original.

                                                              E o dr. Phibes sem sua máscara, tocando órgão.

As falas de Phibes são propositadamente afetadas, como uma paródia ao que de pior existe no cinema de terror, e Vincent Price consegue fornecer credibilidade ao personagem.
Phibes acabou se tornando um dos maiores e mais inteligentes vilões do cinema em todos os tempos, com o grande mérito da criatividade na forma de matar seus inimigos (muito mais do que o chato Jason de Sexta-Feira 13, por exemplo) e de conseguir continuar vivo após o segundo e último filme da série.
O filme não foi muito bem recebido pela crítica. Alguns, como Phil Hardy, entenderam que demonstrava uma queda na qualidade dos filmes de terror nos anos 1970. No entanto, o público achou diferente, e o filme acabou se tornando um cult do gênero, reverenciado ainda hoje.
A sequência foi A Volta do Dr. Phibes (Dr. Phibes Rises Again, 1972), mais uma vez com direção de Robert Fuest. Também com os títulos A Câmara dos Horrores do Abominável Dr. Phibes e A Vingança do Dr. Phibes.
Dessa vez Phibes sai do sarcófago onde se fechou com sua mulher e, com a assistente Vulnávia, vai ao Egito à procura de uma fonte da juventude, também procurada por seu maior rival. Muitas mortes criativas e terríveis, humor negro à vontade e muita diversão.
No Brasil, ambos lançados em DVD.
 


BANHO DE SANGUE (Ecologia del Delitto, 1971)

Direção de Mario Bava.

(Nuova Linea Cinematografica).

Também com os títulos: Mansão da Morte; O Sexo na Sua Forma Mais Violenta; Reazione a Catena.
Alguns críticos entendem que ese é o melhor filme do famoso director italiano, tendo imensa influencia nos filmes chamados slasher, com um assassino realizando uma série de crimes violentos. Outros críticos, no entanto, são mais reticentes em apresentar o filme como “o” melhor de Bava. Phil Hardy diz que o filme recebeu um título com humor e que a obra antecipou a “explosão psico-gore do final dos anos 1970 com seu cenário de reação em cadeia oferecendo 13 assassinatos, como tantas estrofes em um cântico funerário”.
O filme parece terminar por absoluta falta de personagens, com o imenso número de crimes cometidos, todos girando em torno de uma propriedade em um lago, que é cobiçada por muitas pessoas, cada qual com seus próprios planos de enriquecimento. As tramas dentro de tramas vão se revelando aos poucos e, literalmente, todos são culpados de alguma coisa. Todos matam ou pelo menos tentam, até que, ao final, apenas um casal restando, são mortos pelos próprios filhos, duas crianças que até ali apareceram apenas uma vez no filme.
A coisa toda não tem muito sentido, a não ser se encarada como um exercício no cinema do absurdo ou do surrealismo, no qual Bava muitas vezes se inspirou.
Quando a cópia em vídeo foi lançada no Brasil foi prejudicada pelas (muitas) cenas escuras. Ainda que não seja considerado entre seus melhores trabalhos, é uma boa oportunidade de ver em vídeo este que é tido como um dos grandes mestres do cinema moderno italiano, trabalhando quase sempre nos gêneros terror e fc.
No Brasil, lançado em DVD.
 


AS SETE MÁSCARAS DA MORTE (Theatre of Blood, 1973)

Direção de Douglas Hickcox.

(Harbour Productions Limited/ Cineman Productions).

Mais uma produção inglesa misturando terror e humor negro e aproveitando a presença de Vincent Price e o sucesso que fez com o personagem Dr. Phibes.
Aqui, ele interpreta Edward Lionheart, um ator shakespereano canastrão, tido como já falecido, mas que na verdade está preparando sua vingança terrível contra os críticos que, segundo ele, acabaram com sua carreira ao não lhe conceder um prêmio cobiçado. Para elaborar as mortes dos críticos ele se baseia em peças de Shakespeare, imaginando formas criativas de realizar seus crimes.
Segundo Phil Hardy, o filme é notável principalmente por fornecer a Vincent Price um papel que lhe permitiu ter amplo domínio de seu estilo de atuação particularmente gótico. “Na verdade”, diz Hardy, “a virtuosidade de Price deu ao ator demente a dignidade que faltou ao personagem do dr. Phibes, enquanto provando totalmente o julgamento dos críticos de que ele é um canastrão sem esperança cujo estilo de atuação pertence aos palcos provincianos da época Vitoriana”.
Para Michael Weldon (em The Psychotronic Encyclopedia of Film), “Toda a carreira de Vincent Price é uma preparação para essa maravilhosa comédia sangrenta de vingança. Embora inspirada pelos filmes com o dr. Phibes, é uma produção melhor em todos os sentidos”.
No Brasil, lançado em DVD.
 


O INQUILINO (Le Locataire, 1976)

Direção de Roman Polanski.

(Marianne Productions).

Um dos grandes filmes do terror psicológico e, como nos anteriores Repulsa ao Sexo, comentado acima, e O Bebê de Rosemary, tem um apartamento como um dos ingredientes centrais da história, com Polanski de certa forma utilizando o espaço reduzido e fechado para ampliar e dar vida aos temores e inseguranças dos personagens.
Baseado no libro Le Locataire Chimérique (1964), de Roland Topor, apresenta o próprio diretor como Trelkovsky, um exilado polonês em Paris que aluga um apartamento com uma história macabra; a inquilina anterior morreu após se jogar pela janela e, com o pasar do tempo, ele começa a sentir uma pressão para fazer o mesmo. Além disso, entra em um estado de verdadeira paranoia, sentindo a hostilidade dos vizinhos que o odeiam e a dificuldade de ser um estrangeiro.
Filmagens sensacionais com cenas que o personagem vive e outras que ele imagina ou alucina, e ainda com muito humor negro e um elenco que traz nomes como Isabelle Adjani, Shelley Winters e Melvyn Douglas. Um dos melhores filmes de Polanski.
No Brasil, lançado em DVD.
 


A MÃO (The Hand, 1981)

Direção de Oliver Stone.

(Orion Pictures/ Warner Bros. Pictures).

Segundo longa-metragem de Oliver Stone, baseado no livro The Lizard's Tail, de Marc Brandel. Não chega a ser um grande momento do cinema de terror, mas é interessante, em particular por mostrar o diretor antes do imenso sucesso de Platoon (1986). Michael Caine interpreta um desenhista de histórias em quadrinhos que perde a mão em um acidente de carro, quando sua esposa dirigia. Eles já não estavam bem um com o outro e, a partir daí, ele fica descontrolado ao não poder mais desenhar o personagem que significa tudo em sua vida.
A mão, perdida no chão perto do local do acidente, começa a se movimentar e surge nos momentos de tensão do filme, quando alguém realiza um ato ruim contra o desenhista. Todas as vezes em que se sente ameaçado ou incapacitado, a mão aparece e estrangula a pessoa que ele vê como uma espécie de ameaça.
Ao longo do filme é mantido um duplo sentido nos acontecimentos, e não se sabe se o que ocorre é real ou se é produto da mente perturbada do desenhista. Ele tem visões da mão, revolta-se contra ela quando ela tenta matar sua esposa, luta com a mão, e é encontrado pela polícia estrangulando a si mesmo. A polícia encontra, no porta-malas do carro, as pessoas mortas pela mão. Ele é preso e levado a tratamento, mas continua vendo a mão, que se aproxima da psiquiatra que o trata. Não parece haver saída para sua loucura.
A crítica geralmente detestou o filme, e os efeitos não são grande coisa, apesar da presença do especialista Carlo Rambaldi. Mas tem seus momentos.
No Brasil, lançado em VHS (Warner).
 


TERROR FATAL: MAIS PRÓXIMO DO TERROR (Next of Kin, 1982)

Direção de Tony Williams.

(Filmco Limited/ The Film House/ SIS).

Também com o título Asilo do Pavor. Um belo representante do cinema australiano que, na época, estava surgindo para o mundo, e com muita força. Apesar deste não ter sido muito bem recebido pela crítica, foi o vencedor do 12º Festival de Paris do Filme Fantástico e de Ficção Científica, em 1982, e do Festival de Sitges.
Após a morte de sua mãe, uma jovem retorna à mansão em que ela morava e que é utilizada como um local de repouso para pessoas idosas. Ela encontra antigas anotações da mãe e, ao ler o diário, começa a perceber que alguma coisa estranha estava acontecendo na casa, com uma sucessão de mortes inexplicáveis. O médico da família parece ter algum envolvimento no caso, mas ela percebe que a verdade é outra.
Um final com alguma violência. Destaque para a excelente movimentação de câmeras, sempre esgueirando-se por corredores, colocando-se rente às paredes, observando escondida, além de alguns efeitos muito bons de distorções alongando espaços quando estes deveriam diminuir.
A trilha sonora é de Klaus Schulze, ex-integrante do grupo alemão Tangerine Dream e um dos pioneiros da música eletrônica.
No Brasil, lançado em VHS (Mac Video).
 


MALÍCIA (Twisted, 1986)

Direção de Adam Holender.

(Hemdale Film Distribution).

Baseado na história Children! Children!, de Jack Horrigan. Um dos bons exemplos de terror psicológico de sua época, atendo-se mais à caracterização dos personagens do que aos efeitos especiais. Christian Slater é o jovem Mark, que tem como prazer máximo assustar e atormentar as pessoas que considera mais fracas ou menos inteligentes do que ele, entre os quais sua pequena irmã e seus pais. Mas sua predileção são as babás que cuidam da irmã, uma das quais ele mata logo no início do filme, sem sequer tocar nela.
Ele é perito em descobrir os pontos fracos das personalidades das pessoas e, com isso, torná-las indefesas diante de seus ataques. Sua paixão são os discursos nazistas e fotos de guerra e ruídos de avião. Lois Smith completa o quadro quando vai para a mansão onde eles vivem para cuidar da irmã do doidaço. Ela tem sérios problemas mentais e ele encontra uma inimiga à altura.
No Brasil, lançado em VHS (Univídeo).
 


OS OLHOS DA CIDADE SÃO MEUS (Angustia, 1987)

Direção de Bigas Luna.

(Luna Films/ Ramaco Anstalt/ Samba P.C.).

Concorrente do Festival do Filme Fantástico de Avoriaz, e muito bem recebido pela crítica em todo o mundo. O diretor catalão Bigas Luna realizou um filme supostamente utilizando técnicas surrealistas, hipnóticas, que visam confundir os espectadores, em uma história de terror bem original.
Zelda Rubinstein, a médium de Poltergeist, é a mãe de Michael Lerner, com quem tem um estranho relacionamento; ela costuma hipnotizá-lo e fazer com que ele mate pessoas, retirando seus olhos e colecionando-os. Sua ação chega ao ponto máximo quando ele ataca várias pessoas dentro de um cinema.
Mas como esse é um filme dentro de outro filme, existe uma segunda parte, na qual as pessoas que assistiam à primeira história no cinema, começam a sentir-se estranhas, e mais mortes ocorrem.
Não é um filme fácil de se seguir, e é bastante violento, mas é um dos bons e criativos momentos do cinema de terror de sua época.
No Brasil, lançado em VHS (Mundial) e em DVD (Works).
 


SONHOS MACABROS (Bad Dreams, 1988)

Direção de Andrew Fleming.

Jennifer Rubin (No Frills Film Production).

Também com o título Sonho Mortal. Interessante filme de suspense e terror. Cynthia (Jennifer Rubin) sai de um estado de coma 13 anos após o acidente que matou a todos na comunidade hippie em que vivia, e ela não tem lembrança do que ocorreu, tendo então de participar de um grupo de terapia.
Aos poucos começa a ver a imagem do líder Harris da comunidade (Richard Lynch), que deseja que ela se mate para juntar-se ao grupo, e ela se recorda de que ele morreram queimados, pois a filosofia do louco Harris era de que morte é amor. Como ela se recusa, ele começa a matar violentamente os pacientes do grupo de terapia. O médico que a tratava e foi despedido percebe que a medicação dos pacientes havia sido trocada por um alucinógeno fornecido pelo psiquiatra chefe, que desejava assim provar uma tese.
Bons sustos, interpretações e fotografia bem cuidada. O único furo é a garota ficar 13 anos em coma, sem se mexer, e levantar de repente sem qualquer problema físico. O roteirista não assistiu a A Hora da Zona Morta.
No Brasil, lançado em VHS (Abril).