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OS ARTISTAS E SUAS NAVES

ESPECIAIS/VE AS ESPAÇONAVES DA FC

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data17/12/2019
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Os artistas que ilustraram capas de revistas e livros de ficção científica foram fundamentais para consolidar as imagens das naves espaciais no imaginário popular, também influenciando os filmes e seriados da TV.
Ilustração de Frank R. Paul para a história The Green Splotches (1920), de T. S. Stribling.

Quando se fala sobre a mudança do aspecto visual das espaçonaves no século 20, é inevitável falar sobre as revistas pulp. Críticos como Brian Stableford, Harry Harrison e Adam Roberts destacam a importância dos ilustradores que faziam as capas dessas revistas e também de livros do gênero, em particular Frank R. Paul. “Qualquer menção a espaçonaves”, diz Harrison, “deve prestar reverência ao mestre da arte de fc, Frank R. Paul. Enquanto eram os escritores que nos colocavam a bordo das naves, era Paul que nos mostrava exatamente como elas se pareciam. Incrível! Nada de falos voadores para ele, mas esquadrões de veículos bulbosos, com escotilhas, intrincados e absolutamente fascinantes – não havia dois que fossem parecidos – que rasgavam através do espaço e em direção aos corações de toda uma geração de garotos”.

                                 Capa de Frank R. Paul para a Amazing Stories, outubro de 1927.

Stableford disse que as espaçonaves ganharam muito espaço nas primeiras revistas pulp, e mudaram seu visual drasticamente. “Frank R. Paul e os ilustradores seus contemporâneos demonstraram uma forte preferência por máquinas bulbosas como imensos aviões inchados ou transatlânticos arredondados com longas fileiras de escotilhas. Eles eram apresentados deixando para trás jatos com chamas ou vapor jorrando, mas isso tanto era para sugerir velocidade quanto para indicar que os meios de propulsão envolvidos tinham de ser foguetes”.
Segundo Stableford, a aerodinâmica das naves e o surgimento de “barbatanas” elegantes foi um processo lento, correspondendo historicamente ao desenvolvimento de automóveis mais elegantes no mundo real, mais do que a qualquer realização de importância na propulsão de foguetes.

Capa de Frank R. Paul ilustrando The Moon Men, história de Frank J. Brueckel, Jr., em Amazing Stories de novembro de 1928.

Um especialista em revistas pulp, o escritor e pesquisador Steve Holland (em Sci-Fi Art: A Graphic History, 2009) diz que “Treinado em arquitetura e desenho técnico, Paul trouxe à FC solidez, credibilidade e uma paleta de cores extraordinariamente chamativa”. Holland lembra uma observação do escritor Frederick Pohl: “Frank R. Paul amava máquinas, e amou desenhá-las. (...) Provavelmente, ele foi o primeiro ser humano a fazer desenhos de espaçonaves com vida”.

Capa de Frank R. Paul ilustrando o conto The Beast-Men of Ceres, de Aladra Septama, pseudônimo de Judson W. Reeves, em Amazing Stories Quarterly, inverno de 1929.

E as naves e outras máquinas eram definitivamente sua principal atração. “O trabalho artístico de Paul”, diz Holland, “revelava a força e a fraqueza de seu treinamento arquitetônico. Prédios e maquinários eram desenhados impecavelmente, enquanto (com algumas exceções dignas de atenção) as figuras humanas eram desenhadas de forma desajeitada e ingênua”. Para Holland, isso não tinha muita importância, porque era a tecnologia que contava. “A tecnologia que ele pintava”, continua Holland, “era firmemente fundamentada no que era familiar, com engrenagens e válvulas, rebites e toques de ornamentação rococó, tornando tudo mais verossímil. Sua arte era tão detalhada, tão tridimensional, tão maravilhosamente complexa, que era absolutamente convincente”.
Holland ainda lembra que as cores fortes e chamativas utilizadas por Paul, em particular em seu trabalho com Hugo Gernsback na revista Amazing Stories, não se deviam totalmente à sua escolha, mas tinham a ver com o processo de impressão utilizado por Gernsback: para reduzir os custos, ele usava um processo de impressão com três cores e não o costumeiro processo com quatro cores. Sua influência e importância para a FC é explicada de forma simples por Holland, ao lembrar que, em 1939, na primeira Convenção Mundial de Ficção Científica, o convidado de honra não foi um dos autores pioneiros do gênero, nem seu “pai”, Hugo Gernsback, mas Frank R. Paul.

 

Abaixo, ilustrações de Frank R. Paul: para a história The Airlords of Han, uma aventura de Buck Rogers, de Philip Francis Nowlan; para a história Warriors of Space, de J. P. Marshall; para a capa da revista Science Wonder Stories, agosto de 1929.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Abaixo, ilustrações de Frank R. Paul: para a história The Shot Into Infinity, de Otto Willi Gail (originalmente Der Schuß ins All, 1925), Science Fiction Quarterly, inverno de 1941; provavelmente ilustração para a história The Celestial Brake, de Thomas Calvert McClary, na Science Fiction Plus, outubro de 1953; para a capa de The Skylark of Space, de E.E. "Doc" Smith (1950).

 

 

Adam Roberts cita quatro artistas em particular que estão associados ao estilo característico das capas de revista de FC, sendo Frank R. Paul o mais famoso. Outro é Howard V. Brown, que se especializou em pinturas de vida alienígena estranha, “(...) deixando-a mais impressionante ao trabalhar com uma paleta de cores mais restrita que muitos de seus colegas”, mas que também pintou várias naves espaciais, como podemos ver nos exemplos apresentados aqui. Segundo Holland, os desenhos de Brown foram uma grande melhoria em comparação aos de Wesso, permitindo quer sua imaginação viajasse em suas espaçonaves, equipamentos científicos, humanos e alienígenas, e produzindo o que o escritor Lester Del Rey disse ser “(...) um dos melhores desenhos de alienígenas em todos os tempos”.

Abaixo, ilustrações de Howard V. Brown: para a Astounding Stories, janeiro de 1934; para a Astounding Stories, abril de 1934; para a Astounding Stories, junho de 1934; para a Thrilling Wonder Stories, fevereiro de 1938.

O terceiro citado é Leo Morey que, segundo Adams, criou imagens mais coloridas com um uso mais imaginativo da composição. Holland disse que Leo Morey aprimorou as capas tanto no conteúdo quanto no design. E o quarto é Hans W. Wesso (Hans Waldemar Wessolowski), alemão que emigrou para os EUA em 1914; segundo Roberts, alguns críticos preferem sua arte à de Frank R. Paul, considerando-a artisticamente mais sofisticada, opinião que Holland não compartilha, dizendo que Wesso desenhava capas com muita ação, mas pobremente executadas; segundo ele, apenas uma ou duas mostraram de fato alguma sofisticação.

Abaixo, ilustrações de Leo Morey: para a Amazing Stories, outubro de 1935; para a Amazing Stories, agosto de 1940; para Super Science Stories, março de 1953.

Abaixo, ilustrações de Hans W. Wesso: para a Amazing Stories Quarterly, inverno de 1930. Refere-se à história Tani of Ekkis, de Aladra Septama (pseudônimo de Judson W. Reeves); para a Astounding Stories of Super-Science, março de 1930; para a Astounding Stories, março de 1932. Refere-se ao conto Vampires of Space, de Sewell Peaslee Wright; para a Amazing Stories, agosto de 1930.

Ilustrações de Hubert Rogers: para a Astounding Science Fiction, março de 1941; para a Astounding Science Fiction, março de 1947.

Steve Holland ainda cita a arte de Hubert Rogers, a maior parte para a Astounding Science Fiction, com a característica de ser mais simbólica, apresentando uma relação entre ciência, tecnologia e humanos. Holland também afirma que Rogers tinha uma grande vantagem sobre seus predecessores, sendo excelente na composição de figuras, humanas ou não, “(...) de modo que ele podia sintetizar a essência das histórias que estavam, pelo menos na Astounding, tornando-se mais preocupadas com a forma pela qual a humanidade iria encarar o futuro. (...) Sua incapacidade em produzir designs imaginativos para as espaçonaves (elas tendiam a se parecer com torpedos) não foi um grande problema quando as histórias enfatizaram mais o impacto da tecnologia nas pessoas do que a tecnologia em si”.

Ilustrações de Paul Orban: para a Astounding Science Fiction (junho de 1949), uma reprodução da capa original de dezembro de 1948, referente ao conto Genius, de Poul Anderson; capa do livro Marooned on Mars, de Lester Del Rey (1952/ Winston Science Fiction).

Paul Orban é outro ilustrador que estava à vontade tanto desenhando pessoas quanto tecnologia, mas como ele produziu poucas capas existe uma tendência que ele não seja muito lembrado, como disse Steve Holland.
Uma grande influência na arte de ilustração na fc foi o trabalho de Chesley Bonestell. Ele foi responsável por inúmeras capas da The Magazine of Fantasy and Science Fiction. Ainda que tenha se especializado em paisagens espaciais, podemos ver abaixo vários exemplos de seus foguetes. Algumas vezes ele é chamado de “o chefão da ilustração astronômica”, mas ele também teve uma história no cinema como ilustrador das chamadas “matte paintings”, ou seja, paisagens de fundo realistas, o que fez para filmes como Cidadão Kane (Citizen Kane, 1941), o clássico de Orson Welles, e O Corcunda de Notre Dame (The Hunchback of Notre Dame, 1939), de William Dieterle. Ele ainda teria participação nos filmes Destino à Lua (Destination Moon, 1950), Colisão de Planetas (When Worlds Collide, 1951), Guerra dos Mundos (War of the Worlds, 1953. Não creditado) e A Conquista do Espaço (Conquest of Space, 1955), este último baseado em livro dele e de Willy Ley; o livro traz uma série de ilustrações que foram publicadas originalmente na revista Life. O livro tornou-se uma imensa influência, tanto para artistas quanto para cientistas; por exemplo, Carl Sagan mencionou a obra como influência para o seu trabalho.

Abaixo, ilustrações de Chesley Bonestell: para a Astounding Science Fiction julho de 1948; para a Boys' Life, agosto de 1950, edição que publicou a série juvenil Satellite Scout (depois em livro como Farmer in the Sky), de Robert A. Heinlein; para The Magazine of Fantasy and Science Fiction, dezembro de 1950; para Galaxy Science Fiction, fevereiro de 1951.

Abaixo, ilustrações de Chesley Bonestell: para Galaxy Science Fiction, maio de 1951, ilustrando o conto Mars Child, de C. M. Kornbluth e Judith Merril (depois como livro com o título Outpost Mars); para The Magazine of Fantasy and Science Fiction, fevereiro de 1954; para The Magazine of Fantasy and Science Fiction, dezembro de 1954; para The Magazine of Fantasy and Science Fiction, fevereiro de 1956.

 

Muitas das revistas publicadas na Inglaterra desde os anos 1930 eram voltadas para um público muito jovem, como a Scoops, em 1934, ou a Futuristic Science Stories, nos anos 1950.
Na Inglaterra, em geral as revistas de fc não tiveram uma vida tão longa quanto as dos EUA, mas ainda assim alguns artistas destacaram-se, como cita Steve Holland, com os trabalhos de W.J. Roberts, Gerard Quinn e Brian Lewis, além de Victor Caesari e um ilustrador que assinava apenas como Slack.
Também destaca-se Ron Turner, que ilustrou várias capas para livros de Vargo Statten (pseudônimo de John Russell Fearn); segundo Holland, além de extremamente inventivo, ele era “o melhor dos artistas trabalhando na FC, e também um artista dos quadrinhos (Rick Random – Space Detective, Space Ace)”.

Abaixo, ilustrações: capa de W.J. Roberts para a revista inglesa Tales of Wonder, 1938; capa de Gerard Quinn para a revista inglesa New Worlds, janeiro 1952; capa de Gerard Quinn para Islands in the Sky, de Arthur C. Clarke (1952); capa de Gerard Quinn para Childhood's End, de Arthur C. Clarke (1956).

Abaixo, ilustrações: capa de Brian Lewis para a revista inglesa Science Fantasy, 1958; capa de Brian Lewis para a revista inglesa Authentic Science Fiction Monthly, agosto de 1953; capa de Brian Lewis para a revista inglesa Authentic Science Fiction Monthly, agosto de 1954; capa de Brian Lewis  para The Space Merchants (1962).

Abaixo, ilustrações: capa de Victor Caesari para a revista inglesa New Worlds, outubro de 1946; capa de Slack para a revista inglesa New Worlds, outubro de 1947; capa de Ron Turner para o livro Inferno!, de Vargo Statten (1950); capa de Ron Turner para o livro The Catalyst, de Vargo Statten (1951).


Steve Holland faz referência ao que chamou de “a nova geração de ilustradores de FC”, com o surgimento de Ed Emshwiller, Alex Schomburg, Jack Coggins, Fred Kirberger, Nicholas Solovioff, Mel Hunter e John Pederson Jr.

Abaixo as ilustrações: capa de Jack Coggins para Startling Stories, outubro de 1952; capa de Fred Kirberger para The Magazine of Fantasy and Science Fiction, janeiro de 1954. Ilustração referente à história One In a Thousand, de J. T. McIntosh; capa de Nicholas Solovioff para The Magazine of Fantasy and Science Fiction, março de 1955; capa de John Pederson para The Magazine of Fantasy and Science Fiction, novembro de 1958; capa de Mel Hunter para a If, junho de 1957; capa de Mel Hunter para The Magazine of Fantasy and Science Fiction, setembro de 1959.

Abaixo, ilustrações de Alex Schomburg: capa do livro Rocket Jockey, de Lester Del Rey (1952/ Winston Science Fiction); capa do livro Vandals of the Void, de Jack Vance (1953/ Winston Science Fiction); capa do livro Rockets to Nowhere, de Lester Del Rey (com o pseudônimo Philip St. John) (1954/ Winston Science Fiction); capa de Thrilling Wonder Stories, outubro de 1951; capa de Startling Stories, novembro de 1951; capa de Science-Fiction Plus, abril de 1953.

 

Capa de Ed Emshwiller para a Galaxy Science Fiction, de agosto de 1951, o exemplo utilizado por Adam Roberts.

Adam Roberts disse que Emshwiller, mais conhecido como Emsh, “(...) criou uma ampla variedade de estilos visuais para seu vasto trabalho com capas de revistas; da quase realista arte brushstroke a peças que se aproximam do abstrato (como a representação, tipo Ben Nicholson/Max Ernst, de astronautas em uma cápsula, que adornou a capa da Galaxy Science Fiction, de agosto de 1951; uma bela imagem que dissocia com criatividade o campo visual em compartimentos harmoniosos de vermelho, roxo, cinza e preto)”.
Em The Science Fiction Encyclopedia, Peter Nicholls, John Gustafson e Gary Westfahl disseram que Emshwiller, Frank Kelly Freas e Richard M. Powers dominavam a arte de FC durante os anos 1950 e início dos 1960, e eram os únicos artistas de sua época que conseguiam viver de seu trabalho. Emshwiller fez mais de 400 capas para revistas e ganhou vários prêmios Hugo. “Como arista de FC”, escreveram, “Emshwiller parecia igualmente à vontade em todas as formas de ilustração, fosse dramática, simbólico ou humorística, e era perito no manuseio de uma ampla variedade de assuntos, de naves espaciais e cidades futurísticas a alienígenas extravagantes ou monstros horripilantes”, sendo descrito pelo escritor Brian Aldiss (em Science Fiction Art, 1975), como o grande polivalente da arte da FC.
Steve Holland explicou que Emshwiller era um especialista em realismo dramático e imagens surrealistas, e frequentemente justapunha imagens realísticas com elementos abstratos. “Era uma combinação poderosa, que deu a Emshwiller um grande número de seguidores, e, quando os fãs criaram o Prêmio Hugo em 1953, ele foi o vencedor (juntamente com Hannes Bok) do primeiríssimo prêmio para Artista Profissional”.

Abaixo, ilustrações de Ed Emshwiller: capa de Thrilling Wonder Stories, agosto de 1952; o bom humor de Emsh em Galaxy Science Fiction, julho de 1953; capa para The Magazine of Fantasy and Science Fiction, abril de 1954; capa do livro Prelude to Space, de Arthur C. Clarke (1954/ Gnome Press); capa do livro The Last Spaceship, de Murray Leinster (1955/ Galaxy Publishing Corp.); capa do livro Alien Dust, de E.C. Tubb (1957/ Avalon Books).


O outro artista “dominante” da arte da FC, Frank Kelly Freas, tinha um trabalho, segundo Adam Roberts, “(...) sempre inventivo, com frequência espirituoso e só colorido demais ou demasiado vistoso de modo ocasional. Várias imagens suas têm mesmo hoje um amplo apelo de identificação”. Holland diz que ele produziu algumas das imagens mais icônicas do gênero, ilustrando centenas de capas de revistas e livros, com uma imensa habilidade para condensar até mesmo os temas mais amplos em uma imagem impressionante e muitas vezes humorística. Esse humor também pode ser visto fora do ambiente da ficção científica, quando Freas desenhou inúmeras capas da famosa revista de humor, Mad, entre 1958 e 1962.
É de Frank Kelly Freas a famosa imagem de capa da Astounding Science Fiction (1953) que, posteriormente, foi utilizada pela banda inglesa Queen em seu álbum News of the World; segundo se diz, o baterista Roger Taylor tinha uma cópia da revista e eles entraram em contato com Freas, pedindo que ele substituísse o corpo que o robô segurava pelas imagens dos quatro integrantes da banda.

Abaixo, ilustrações de Frank Kelly Freas: capa para a Astounding Science Fiction, março de 1954; capa para a Planet Stories, verão de 1955; capa para a Astounding Science Fiction, julho de 1957; capa para a Astounding Science Fiction, outubro de 1953.

Capa de Richard Powers para a Galaxy Science Fiction (fevereiro de 1952). Capa de Richard Powers para o livro Tomorrow Times Seven, de Frederik Pohl (1959, Ballantine Books).

Sobre Richard Powers, Steve Holland disse que “(...) ele é uma espécie de enigma na arte de FC. Em sua maior parte, a demanda dos editores era por artistas que criassem imagens que fossem reconhecidamente ficção científica e representassem uma ideia ou um tema de fc, fosse uma criatura alienígena, um robô, uma espaçonave, uma cidade futurística, ou alguma coisa mais específica sobre a história ilustrada. Essa certamente era a atitude dos editores de revistas pulp e da maioria dos editores de livros em brochura. Mas isso não valia para todos os editores e artistas e, certamente, não valia para Richard Powers”. Ele era, explica Holland, um artista surrealista que trabalhava com imagens abstratas que não era necessariamente representativas dos livros cujas capas decorava. O que elas representavam eram um sentimento ou uma emoção”.
Adam Roberts disse que Powers “(...) adotou um idioma visual mais deliberadamente surrealista e chegou a se descrever como ‘um norte-americano surrealista’ em essência, um modo apropriado para as visões de estranhamento da FC. O livro e as capas de revista de Powers quase nunca tinham relação direta com o que eles se propunham a ilustrar; a lógica era associativa, onírica, e articulava uma sinceridade subconsciente”.

Abaixo, ilustrações de Richard Powers: capa do livro The Space Merchants, de C.M. Kornbluth e Frederik Pohl (1953); capa do livro Pebble in the Sky, de Isaac Asimov (1953/ Galaxy Publishing Corp.); capa do livro Riders to the Stars, de Curt Siodmak (1954/ Ballantine Books); capa do livro Mission to the Stars, de A.E. Van Vogt (1955/ Berkley Books).

Abaixo, ilustrações de Richard Powers: capa do livro The Stars My Destination, de Alfred Bester (1957/ Signet); capa do livro The Martian Way and Other Stories, de Isaac Asimov (1957/ Signet); capa do livro The Skylark of Space, de E.E. Smith (1958/ Pyramid Books); capa do livro Time Out for Tomorrow, de Richard Wilson (1962/ Ballantine Books).

Abaixo, ilustrações de Richard Powers: capa do livro The Mile-long Spaceship, de Kate Wilhelm (1963/ Berkley Medallion); capa do livro The Spacejacks, de Robert Wells (1975/ Berkley Medallion); capa do livro Tau Zero, de Poul Anderson (1976/ Berkley Medallion); capa do livro The Science Fiction Galaxy (1950/ Permabooks).

Capa do livro Methuselah's Children, de Robert A. Heinlein, por Paul Lehr (1960/ Signet - New American Library). Capa do livro Starship, de Brian Aldiss, por Paul Lehr (1960/ Signet - New American Library).

Em The Science Fiction Encyclopedia, Jon Gustafson e Gary Westfahl lembram que Paul Lehr foi um artista muitas vezes comparado a Richard M. Powers, e que a conceituada artista Jane Frank observou que Lehr “dominou as capas de ficção científica em meados dos anos 1960 até os anos 1970”, e mesmo que seus trabalhos não fossem tão extravagantemente surreais como os de Powers, os dois artistas realmente contribuíram significativamente para o estilo de arte de fc notadamente imaginativo daquele período. O artista Bob Eggleton disse que a obra de Paul Lehr era “a verdadeira materialização da ‘arte’ de FC e não apenas ‘ilustração’, uma vez que seu trabalho incomparável permitia ao espectador retornar inúmeras vezes, com uma nova história sendo contada de cada vez”.

 

Abaixo, ilustrações de Paul Lehr: capa do livro R Is for Rocket, de Ray Bradbury (1965/ Bantam Books); capa do livro The Legion of Space, de Jack Williamson (1969/ Pyramid Books); capa do livro Interstellar Empire, de John Brunner (1976/ DAW Books).


Muito ativos nas décadas de 1950 e 1960 foram os artistas Ed Valigursky e Paul Orban. Segundo a The Science Fiction Encyclopedia (em texto de Jon Gustafson, Peter Nicholls, David Langford e Gary Westfahl), o trabalho de Valigursky às vezes parecia apressado, mas ele era perito em desenhar robôs ameaçadores, além de ser famoso por suas naves espaciais características, com o nariz em forma de agulha. “Uma arte padrão como a dele adaptava-se perfeitamente às space operas e melodramas futuristas pelas quais a Ace (editora) era conhecida na época”, com a ressalva de que algumas capas iam além, às vezes sendo impressionantes. “Geralmente”, dizem os críticos, “Valigursky não pode ser visto como um grande artista da FC, mas para certos leitores seu estilo diferente será sempre afetuosamente associado com o simples prazer de ler aventuras espaciais despretensiosas”.
Sobre Paul Orban, a mesma enciclopédia ressalta sua ligação mais estreita com a revista Astounding Science Fiction, para a qual fez várias ilustrações em preto e branco para o interior, e algumas capas, entre elas a de dezembro de 1948, considerada entre as mais memoráveis. Nos anos 1950, dedicou-se mais às capas de livros. Brian Aldiss, em Science Fiction Art (1975), disse que, por baixo dos enfeites da tecnologia, Orban expressou coisas mais perenes, questões intermináveis, grandes aspirações e longas despedidas.

Abaixo, ilustrações de Ed Valigursky: capa para If, Worlds of Science Fiction (maio de 1954); capa para Amazing Stories, setembro de 1955; capa do livro This World is Taboo, de Murray Leinster (1961/ Ace Books); capa do livro The Currents of Space, de Isaac Asimov (1978/ Doubleday).

Jack Gaughan foi o artista que apareceu nos anos 1960, sucedendo Ed Emshwiller como principal capista da Ace Books, mas também fazendo inúmeros trabalhos para revistas. Steve Holland diz que “Seu maravilhoso sentido de design e maestria nas mídias mistas significou que Gaughan produziu uma variedade espantosa de capas e ilustrações ao longo dos anos, frequentemente trabalhando com prazos finais apertados”.
Ele também ficou famoso por sua generosidade, doando vários trabalhos para fanzines, e foi o único a ganhar o prêmio Hugo tanto pelo melhor trabalho de um artista fã quanto pelo profissional, em 1967.

Abaixo, ilustrações de Jack Gaughan: capa do livro Ships to the Stars, de Fritz Leiber (1964/ Ace Books); capa do livro The Star Kings, de Edmond Hamilton (1967/ Paperback Library); capa do livro Masters of the Vortex, de E.E. "Doc" Smith (1968/ Pyramid Books); capa do livro First Lensman, de E.E. "Doc" Smith (1970/ Pyramid Books).

Abaixo, ilustrações de Jack Gaughan: capa para a Analog Science Fiction (dezembro de 1975); capa para The Magazine of Fantasy and Science Fiction (fevereiro de 1965), ilustrando a história Marque and Reprisal, de Poul Anderson; capa para The Magazine of Fantasy and Science Fiction (setembro de 1968), ilustrando a história Find the Face, de Ross Rocklynne; capa para Amazing Science Fiction (janeiro de 1984), ilustrando a história Gateway III — Beyond the Gate, de Frederik Pohl, publicado em livro como Heechee Rendezvous.


Segundo Steve Holland, o artista que dominou as capas da Analog nos anos 1960 foi John Schoenherr. Vincent Di Fate, outro artista consagrado, disse a respeito de Schoenherr que “De vez em quando surge um artista com tamanha habilidade inata que ele instantaneamente ganha o respeito de seus pares e torna-se conhecido como um ‘artista dos artistas’.”
Segundo Holland, ainda que fosse capaz de criar cenas espaciais e paisagens planetárias realísticas, ele mostrou mais imaginação na criação de alienígenas. Em The Science Fiction Encyclopedia (em texto de Jon Gustafson, Peter Nicholls, David Langford e John Grant), os autores dizem que seu estilo no trabalho em cores é impressionista, sendo considerado pelos demais artistas como o mais “pictórico” em sua área. “Alguns de seus primeiros trabalhos mostraram a influência de Richard M. Powers, um dos poucos artistas de fc que ele admirava”.

Abaixo, ilustrações de John Schoenherr: capa para Analog Science Fact/Science Fiction (novembro de 1962); capa para Analog Science Fact/Science Fiction (junho de 1963); capa para Analog Science Fact/Science Fiction (junho de 1964).

Os anos 1970 marcaram o surgimento e desenvolvimento de inúmeros artistas importantes para o gênero, entre eles Bruce Pennington, Tim White, Chris Foss, Angus McKie, Colin Hay, Chris Moore, Fred Gambino, Michael Whelan, Jim Burns, John Berkey, Vincent Di Fate e David A. Hardy.

Capa do livro Satan's World, de Poul Anderson, por Bruce Pennington  (1973/ Corgi Books)

O britânico Bruce Pennington foi, segundo Steve Holland, um dos poucos ilustradores de FC da então nova geração a abrir seu caminho, no início dos anos 1970, como artista da New English Library, ainda que no início de sua carreira tenha produzido mais capas para faroestes e romances históricos. Em breve, estava desenhando para várias editoras e, como dizem Jon Gustafson, Peter Nicholls e Gary Westfahl (em The Science Fiction Encyclopedia), “(...) começou a construir sua reputação com capas que enfatizavam mais naves espaciais e altas estruturas do que figuras humanas, desenhadas de modo impressionante. Sua pintura inconfundível e vigorosa geralmente tem textura, com pinceladas visíveis e cores fortes, apesar de que nos anos 1970 alguns tenham caracterizado seu trabalho como rude, talvez devido ao contraste com o super-realismo pintado com aerógrafo que estava entrando na moda na época”.
Steve Holland definiu sua arte como “(…) luminosa, frequentemente apresentando múltiplos objetos ou criaturas contra céus rarefeitos e horizontes baixos, com uma grande e dominante figura em primeiro plano, geralmente alienígena”.

Abaixo, ilustrações de Bruce Pennington: capa do livro The Man Who Sold the Moon, de Robert A. Heinlein (1970/ New English Library); capa do livro Children of Tomorrow, de A.E. Van Vogt 1973/ New English Library); capa do livro Rendezvous With Rama, de Arthur C. Clarke (1973/ Gollancz); capa do livro Pirates of the Asteroids, de Isaac Asimov (1973/ New English Library).

Capa do livro Enemy Within the Skull, de Gregory Kern (pseudônimo de E.C. Tubb), por Tim White (1976/ Mews Books).

A nova escola de arte super-realista que se tornou predominante nas capas de fc na Inglaterra, nos anos 1970, teve um de seus maiores representantes em Tim White. Em The Science Fiction Encyclopedia (em texto de Peter Nicholls, Jon Gustafson, David Langford e Gary Westfahl), a importância de White é ressaltada, “(...) apesar de que Chris Foss e Jim Burns tenham sido igualmente influentes, é o caso dele ser chamado o mais admirável técnico nessa tradição, com a utilização de detalhes muito requintados enchendo suas pinturas com uma claridade luminosa que às vezes lembra a obra de René Magritte (1898-1967) ou (de forma particularmente diferente) de Andrew Wyeth (1917-2009)”.
No entanto, seus primeiros desenhos eram muitas vezes dominados por grandes espaçonaves, meticulosamente detalhadas, ainda que ele também pudesse pintar outros tipos de estruturas estranhas.
Steve Holland também destacou o estilo de arte que dominou as capas de FC nos anos 1970 e a influência de Bruce Pennington na obra de Tim White.

Abaixo, ilustrações de Tim White: capa do livro The Wandering Worlds, de Terry Greenhough (1976/ New English Library); capa do livro Brain Wave, de Poul Anderson (1976/ New English Library); capa do livro Expedition to Earth, de Arthur C. Clarke (1976/ Sidgwick & Jackson).

 

Um caso à parte parece ser o de Chris Foss, outro artista britânico que se tornou um dos mais influentes em sua área. Steve Holland disse que “Se alguém pode ser visto como tendo revolucionado o trabalho de arte na ficção científica, essa pessoa é Chris Foss”.

Capa de Chris Foss para o livro Childhood's End, de Arthur C. Clarke (1972/ Pan Books).

Adam Roberts disse que a arte de FC começou a penetrar na corrente artística principal nas décadas de 1970 e 1980, com uma explosão de livros em brochura que exigiam grande volume de imagens atraentes. “O artista britânico Chris Foss”, diz Roberts, “desenvolveu um estilo muito característico de pintura de FC; o uso da pistola de pintura em vez do material convencional lhe permite criar uma pátina fotorrealista para imagens não realistas. Foss se especializa em enormes espaçonaves, em geral representadas em voo, robustas, maciças, o trabalho arquitetônico apresentado com uma precisão colorida e de modo brilhante, ao mesmo monumental e exato. Ele não é conhecido por seus retratos ou pinturas figurativas (embora os desenhos de nus para o inovador manual Joy of Sex [A Alegria do Sexo] [1972], de Alex Comfort, sejam muito convincentes), mas por fornecer uma escala visual para composições titânicas”.
Roberts diz que, hoje, em alguns círculos, Foss é considerado um pouco piegas, o que é injusto “(...) porque, em seus melhores momentos, a arte dele alcança uma impressionante fusão do – digamos – pintor apocalíptico do século XIX John Martin com as abstrações monumentais de Mark Rothko”.

 Capa de Chris Foss para o livro Grey Lensman, de E.E. "Doc" Smith (1972/ Panther).

Peter Nicholls e Gary Westfahl dizem que seu estilo de arte liderou uma revolução nas capas de livros britânicos nos anos 1970, e o sucesso de Foss inspirou muitos imitadores, “(...) criando, por um tempo, uma previsibilidade quase entediante nas capas dos livros, ainda que isso fosse culpa dos editores, e não de Foss”. Eles dizem que Foss é mais conhecido “(...) por sua celebração da tecnologia – espaçonaves monstruosas ou imensos robôs, lindos e mortais, elevando-se sobre paisagens e cenários celestes nos quais os humanos não estão presentes ou são pequenos – e mesmo assim o efeito é estimulante”. E as naves atraíram a maior parte da atenção, sendo “(...) em contraste com muitas naves da fc, que eram metálicas, cinzas e aerodinâmicas, as naves de Foss eram volumosas, vivamente coloridas, desenhadas de forma intrincada, e quase góticas em sua aparência. Um artigo de 2011 no site da BBC News, ‘What Should Spaceships Look Like?’ (Como as Espaçonaves Deveriam se Parecer?), foi em grande parte dedicada a celebrar suas criações singulares. Suas espaçonaves também influenciaram outros ilustradores e cineastas britânicos, embora oficialmente ele só tenha trabalhado em dois filmes; Alien (1979) e a comédia alemã Die Sturzflieger (1995)”.
Nicholls e Westfahl ainda dizem que “Visto que Foss não lê os livros que ilustra, suas capas frequentemente parecem ter pouca relação com o conteúdo, mas apesar de tudo elas são impressionantes e claramente efetivas em vender livros, explicando seu longo domínio nesse campo”.

Abaixo, ilustrações de Chris Foss: capa para o livro Triplanetary, de E.E. "Doc" Smith (1972/ Panther); capa para o livro The Black Star Passes, de John W. Campbell (1972/ Ace Books); capa para o livro A Far Sunset, de Edmund Cooper (1973/ Coronet Books); capa para o livro Children of the Lens, de E.E. "Doc" Smith (1973/ Panther).

Abaixo, ilustrações de Chris Foss: capa para o livro The Stars Like Dust, de Isaac Asimov (1973/ Panther); capa para o livro Mission to the Stars, de A.E. Van Vogt (1976/ Sphere Books); capa para o livro The Ophiuchi Hotline, de John Varler (1978/ Orbit); capa para o livro Ancient, My Enemy, de Gordon R. Dickson (1978/ Sphere Books).

Abaixo, ilustrações de Chris Foss: capa para o livro Foundation and Empire, de Isaac Asimov (1979/ Panther-Granada); capa para o livro Captive Universe, de Harry Harrison (1983/ Granada); capa para o livro The Divine Invasion, de Philip K. Dick (1989/ Grafton); capa para o livro The Sentinel, de Arthur C. Clarke (1985/ Panther-Granada).


A influência de Chris Foss foi mais visível nos trabalhos de Peter Elson, Colin Hay e Angus McKie, segundo diz Steve Holland, para quem Elson e Hay eram os mais próximos da visão de Foss, tanto em seus pontos fortes quanto nos pontos fracos. Ambos eram “(...) capazes de imitar os intrincados desenhos das espaçonaves e paisagens alienígenas, mas raramente eram solicitados a desenvolver sua arte além disso”.
Holland diz que nos anos 1970 Angus McKie talvez fosse mais conhecido pelas capas que desenhou para a série de livros conhecida como Grainger ou Hooded Swan, de Brian Stableford, começando com o primeiro livro da série, Halcyon Drift (1972), que McKie ilustrou para a edição de 1976. Ele ficou mais conhecido, segundo Holland, quando sua história em quadrinhos So Beautiful and So Dangerous, publicada na revista Heavy Metal, foi utilizada como parte do longa-metragem de animação Heavy Metal (1981); mas nessa época McKie já tinha produzido dezenas de capas de livros.

Abaixo, as ilustrações: capa de Peter Elson para a edição de 1974 do livro Pedra no Céu (Pebble in the Sky, 1950), de Isaac Asimov; capa de Colin Hay para o livro Orbitsville, de Bob Shaw (1977/ Pan Books); capa de Angus McKie para a edição de 1976 do livro Halcyon Drift, de Brian Stableford (Pan Books); capa de Angus McKie para a edição de 1978 do livro Captive Universe, de Harry Harrison (Sphere).


O inglês John Harris começou a desenhar capas de livros de FC no final dos anos 1970 e, segundo Steve Holland, tinha uma aproximação mais pictórica do que Chris Foss, a maior influência na época. “Em seu trabalho”, diz Holland, “frequentemente prédios e espaçonaves eram monumentais em escala, com os limites indistintos fornecendo a percepção de distância”. Assim como Adam Roberts disse sobre Chris Foss, John Grant disse sobre Harris (em The Science Fiction Encyclopedia) que o pintor vitoriano John Martin foi considerado uma influência em sua arte.

Abaixo, ilustrações de John Harris: capa para o livro The Man Who Ate the World, de Frederik Pohl (1980/ Panther); capa para o livro The Ringworld Throne, de Larry Niven (1996/ BCA); capa para o livro Starfarers, de Poul Anderson (1998/ Tor); capa para o livro The Dark Beyond the Stars, de Frank M. Robinson (1991/ Tor).


Steve Holland disse que, se fôssemos julgar pelos prêmios recebidos, Michael Whelan, Bob Eggleton e Jim Burns certamente seriam considerados os melhores artistas de FC a partir dos anos 1980; eles dominaram as premiações do Hugo e do Chesley Awards.
Michael Whelan começou a desenhar capas nos anos 1970, mas foi nos anos 1980 que atingiu a fama e o reconhecimento, inclusive com as premiações citadas. Ainda que tenha sido associado mais às ilustrações para livros de fantasia, Whelan também ilustrou muitos livros de fc. Em The Science Fiction Encyclopedia (texto de Peter Nicholls, Jon Gustafson e Gary Westfahl) os autores disseram que “Alguns acham seu sucesso singular difícil de explicar ou analisar, apesar de que todos reconhecem que seu trabalho foi consistentemente vívido, meticuloso, naturalista e muito bem acabado; se às vezes é um pouco sem vida, seu estilo não era completamente sem precedentes, uma vez que ele reconheceu seu débito aos colegas britânicos, em particular sendo frequentemente comparado a Jim Burns. Whelan disse ter consciência de que foi durante os anos 1980 que pela primeira vez a arte de fc tornou-se – pelo menos para os principais artistas – uma profissão bem paga, e até mesmo seus críticos teriam de concordar que ele teve um papel importante em direcionar a arte de fc para longe dos estilos abstratos das eras anteriores em direção a uma abordagem mais figurativa, e também ajudou a aumentar o prestígio e a visibilidade de todos os artistas nesse campo”.

Abaixo, ilustrações de Michael Whelan: capa para o livro A Stone in Heaven, de Poul Anderson (1979/ Ace Books); capa para o livro 2010: Odyssey Two, de Arthur C. Clarke (1982/ Granada); capa para o livro Planet of no Return, de Harry Harrison (1982/ Tor).


Bob Eggleton começou a ilustrar capas de livros em 1984, já recebendo uma indicação ao Hugo em 1988, e ganhando a premiação em 1994. Segundo Holland, “Seu trabalho tem grande extensão, indo da fantasia romântica – ele é particularmente apreciador de dragões e criaturas pré-históricas – ao maquinário da FC”. Peter Nicholls e David Langford explicam que, para suas pinturas, ele normalmente utiliza acrílico e, apesar de ter essa versatilidade de gêneros, inclusive o terror, ele é conhecido especialmente por suas pinturas do espaço e de espaçonaves.
Holland concorda com essa predileção pelas espaçonaves, “(...) tanto as espaçonaves metálicas da FC tradicional quanto outras que ostentam uma aparência mais orgânica”. Um dos melhores exemplos de nave desenhada por Eggleton foi a que ilustrou a capa de The Magazine of Fantasy and Science Fiction, em maio de 1988, que lhe rendeu o Chesley Award, em 1999.

Abaixo, ilustrações de Bob Eggleton: capa para The Magazine of Fantasy & Science Fiction (maio de 1998), referente à história The Allies, de Mark S. Geston. A ilustração ganhou o Chesley Award, em 1999; capa para o livro Anvil of Stars, de Greg Bear (1992/ Warner Books).


Steve Holland diz que Jim Burns é o mais respeitado artista de FC e fantasia trabalhando na Grã-Bretanha. “Meticuloso e sofisticado, sua obra de arte é do tipo que os autores desejam ter em seus livros. Robert Silverberg, na introdução ao livro Lightship (1985) de Jim Burns, revelou que ‘passou décadas procurando pelo artista certo, aquele que poderia colocar suas mãos em um de meus livros por dez minutos e surgir com uma compreensão tão completa da textura e da imagística e sentimento do livro que ele poderia desenhar uma representação pictórica perfeita dele’. Jim Burns era o artista”.
A opinião de Adam Roberts não é tão favorável. “Jim Burns, embora tão popular quanto Foss”, diz Roberts, “é um artista mais limitado, cuja considerável habilidade técnica está concentrada em um fascínio muito parecido com o de Jeff Koons com as possibilidades eróticas da pele, tecidos e metal”.
Segundo informa Holland, para criar as capas, Burns lê os manuscritos dos livros, ainda que ele não necessariamente escolha uma cena específica para ilustrar, e tornou-se conhecido por seu talento para retratar figuras humanas.

Abaixo, ilustrações de Jim Burns: capa para o livro When Worlds Collide, de Philip Wylie e Edwin Balmer (1975/ Sphere Books); capa para o livro The Long Way Home, de Poul Anderson (1975/ Panther); capa para o livro Time Future, de Maxine McArthur (2001/ Aspect-Warner Books).


David Mattingly é um artista que se diz fortemente influenciado pelos quadrinhos. Steve Holland diz que a carreira de Mattingly é um resumo perfeito do avanço das pinturas digitais geradas por computador: na Disney, onde trabalhou em O Abismo Negro (The Black Hole, 1979), os efeitos eram produzidos com modelos e com pinturas matte; em Tron (Tron, 1982), pela primeira vez se fez uso abrangente de animação por computador. Em Eu, Robô (I, Robot, 2004), ele produziu pinturas matte digitais. E com as capas dos livros não foi diferente, entrando na era digital.
Ao contrário de alguns artistas, Mattingly gosta de trabalhar em proximidade com os autores para certificar-se de que as capas são fiéis em cada detalhe.
Com relação a John Berkey, Steve Holland disse que ele é um dos poucos artistas que consegue capturar a majestade de uma espaçonave. Ele teve uma experiência bem variada trabalhando de ilustrações para anúncios, calendários e capas de revistas. Essa experiência, segundo Holland, significa que Berkey esteve frequentemente desenhando imagens românticas, pastorais e históricas com um realismo que exigia muita pesquisa, e ele levou esse realismo para suas pinturas envolvendo a tecnologia das histórias de ficção científica. A artista Jane Frank disse que os desenhos impressionistas de Berkey parecem mais reais do que qualquer fotografia, e mais românticos e misteriosos do que poderia ser feito com o aerógrafo.

Abaixo, as ilustrações: capa de David Mattingly para o livro Starburst, de Frederik Pohl (1982/ Del Rey-Ballantine); capa de David Mattingly para o livro In Death Ground, de Steve White (1997/ Baen); capa de John Berkey para o livro Deathworld 3, de Harry Harrison (1968/ Dell); capa de John Berkey para Star Science Fiction Stories No. 2, editado por Frederik Pohl (1972/ Ballantine Books); capa de John Berkey para o livro Armada, de Michael Jahn (1981/ Fawcett Gold Medal); capa de John Berkey para a revista Science Fiction Age (novembro de 1994).


Vincent Di Fate é outro artista que ganhou a reputação como um dos mais admiráveis ilustradores de maquinário espacial, em uma carreira de mais de 40 anos e muitas premiações. Esteve muito ligado à revista Analog, mas também desenhou muitas capas de livros, e ainda trabalhou com a NASA produzindo várias ilustrações, entre elas a da Estação Espacial Internacional.

Abaixo, ilustrações de Vincent Di Fate: capa para a Analog Science Fiction/ Science Fact (outubro 1976); capa para a Analog Science Fiction/ Science Fact (outubro 1977); capa para o livro Plague Ship, de Andre Norton (1982/ Ace Books); capa para a Analog Science Fiction/ Science Fact (janeiro 1987).


David A. Hardy faz parte da categoria de artistas realizando o que Steve Holland definiu como “arte conceitual”, na qual está incluído Chesley Bonestell, que inspirou seu trabalho. Ele tanto é conhecido por seu trabalho como ilustrador de FC como por suas pinturas astronômicas e de exploração espacial; já em 1954, ele produziu uma série de ilustrações em preto e branco para o livro do astrônomo britânico Patrick Moore, com o qual estabeleceu uma longa colaboração.
Ainda que suas pinturas “espaciais” sejam as mais conhecidas, Hardy ilustrou centenas de capas de livros e revistas desde o início dos anos 1960.

Abaixo, ilustrações de David A. Hardy: capa para The Magazine of Fantasy and Science Fiction (novembro 1977); capa para The Magazine of Fantasy and Science Fiction (junho 1978); capa para The Magazine of Fantasy and Science Fiction (maio 1979); capa para Analog Science Fiction/ Science Fact (junho 1983); capa para The Magazine of Fantasy & Science Fiction (Outubro-Novembro 2009).

Veja abaixo mais algumas naves espaciais imaginadas pelos ilustradores.

 

Ilustrações: capa de Fred Gambino para o livro Ship of Shadows, de Fritz Leiber (1979/ Gollancz); capa de Fred Gambino para o livro The Ringworld Engineers, de Larry Niven (1996/ Orbit).

Abaixo, ilustrações: capa de Lee Gibbons para o livro Singularity Sky, de Charles Stross (2004/ Orbit); capa de Lee Gibbons para o livro Iron Sunrise, de Charles Stross (2005/ Orbit); capa de Donato Giancola para Analog Science Fiction and Fact (setembro 2012).

Abaixo, ilustrações: capa de Stephan Martinière para o livro Dark Light, de Ken MacLeod (2002/ Tor); capa de Stephan Martinière para o livro The Starry Rift: Tales of New Tomorrows, coletânea editada por Jonathan Strahan (2008/ Viking); capa de Gerald Facey para a revista inglesa Futuristic Science Stories (1952), um dos exemplos de revistas para público infanto-juvenil.

Abaixo, ilustrações: capa de Dominic Harman para a Asimov's Science Fiction (Setembro 2004); capa de Dominic Harman para o livro Starliner, de David Drake (2017/ Baen); capa de Norman Light para a revista inglesa Futuristic Science Stories (1952).

Abaixo, ilustrações: capa de Bob Clothier para a revista inglesa New Worlds, inverno de 1951; capa de Wayne Barlowe para o livro The Escape Orbit, de James White (Ace Books/ 1983); capa de Chris Moore para o livro Millennium, de Ben Bova (1989/ Methuen-Mandarin); capa de Chris Moore para o livro Good News From Outer Space, de John Kessel (1991/ Grafton).

Abaixo, ilustrações: capa de Chris Moore para o livro Time Is The Simplest Thing, de Clifford D. Simak (1977/ Magnum); capa de Chris Moore para o livro The Visitors, de Clifford D. Simak (1982/ Methuen).