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O PROTÓTIPO

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autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data09/07/2021
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Um inesperado e bom filme de ficção científica para assistir na TV.
(Independent/ Head Gear Films/ Untapped)

É bem difícil escolher um filme para assistir na tv se formos nos guiar pelas pequenas sinopses fornecidas e que, às vezes, desinformam mais do que informam algo interessante.
Portanto, foi apenas por acaso que resolvi assistir ao filme O Protótipo (Archive, 2020), no Telecine 1. Não esperava grande coisa, ou nada mesmo, mas fui agradavelmente surpreendido.
A produção conjunta da Inglaterra, Hungria e Estados Unidos tem direção e roteiro do estreante Gavin Rothery, que havia trabalhado nos efeitos visuais do interessante Lunar (Moon, 2009).
A história situa-se em 2038, com o personagem George Almore (Theo James) trabalhando em um laboratório sensacional no Japão, tentando construir uma androide. Ele trabalha absolutamente sozinho e tem dois protótipos anteriores, mais parecidas com robôs, e que só conseguiram desenvolver seus cérebros parcialmente, de modo que uma tem a idade de uma criança de cinco anos e a outra a de uma adolescente. Mas sua terceira obra está na fase final para transformar-se em uma androide plenamente funcional e com a aparência de sua esposa Jules (Stacy Martin).
Esse é um dos muitos filmes que iriam estrear no início de 2020, mas que foram cancelados devido à pandemia. Foi lançado em plataformas digitais de streaming e exibido em poucos cinemas nos EUA.
O título original, Archive, refere-se à companhia Arquivo, que desenvolveu uma tecnologia que permite armazenar a consciência de uma pessoa falecida por um tempo determinado, de modo que os familiares possam continuar se comunicando com os mortos, pelo menos por um curto período. E o cientista está tentando transferir a consciência de sua esposa falecida para a androide que está construindo.
Em algum lugar, li que o filme parece um episódio estendido da série Black Mirror, o que pode ser entendido. Mas também vi referências claras ao livro Ubik, de Philip K. Dick, em particular na existência do Arquivo e na comunicação com os falecidos.
Não sei se minha surpresa com o filme foi ampliada pelo fato de, ultimamente, quando procuro assistir a filmes de ficção científica na tv, geralmente encontro filmes de ação, com muitas explosões, lutas, guerras e afins. Não é o caso de O Protótipo, que segue em um ritmo mais lento, sem ser arrastado, e que tem bons efeitos visuais que complementam a história, mais do que a orientam, como tornou-se comum nas produções do gênero.
E, para completar, tem uma virada nos acontecimentos ao final do filme. Vale a pena conhecer.