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A Crise dos Mísseis

ESPECIAIS/VE FIM DO MUNDO

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data17/05/2015
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A crise dos mísseis de Cuba mostrou o quanto o mundo estava "por um fio" no que dizia respeito à destruição total por armas nucleares.

Hoje em dia é praticamente um consenso que o mundo nunca esteve tão próximo de um conflito nuclear entre EUA e URSS quanto em outubro de 1062, na chamada "crise dos mísseis de Cuba".

Imagem aérea de reconhecimento com evidências concretas da montagem de mísseis em Cuba (Foto: CIA).

Em setembro de 1962, os governos de Cuba e da União Soviética começaram a instalar mísseis nucleares em Cuba, operação descoberta pelos serviços de inteligência dos EUA, que obtiveram fotografias aéreas das instalações.
Como única medida considerada possível na época, o presidente John F. Kennedy iniciou um bloqueio naval a Cuba, impedindo que navios soviéticos chegassem com mais material nuclear à ilha, ameaçando atacar e destruir quaisquer navios, militares ou não, que tentassem romper o bloqueio, o que certamente iniciaria uma guerra aberta entre as duas nações.
Enquanto as ações diplomáticas dos dois países tinham sequência, em particular na Assembleia da ONU – uma vez que uma guerra nuclear teria consequências mundiais – comboios soviéticos aproximavam-se de Cuba, não dando mostras de que iriam obedecer a ordem norte-americana.


Avião da marinha acompanhando cargueiro soviético durante a Crise dos Mísseis, em outubro de 1962 (Foto: USN).

Aviões dos EUA sobrevoavam Cuba para obter imagens fotográficas das instalações e eram atacados com mísseis. Os planos dos EUA incluíam, ao que é dito hoje, a possibilidade de uma invasão à ilha, apesar dos antecedentes não serem os mais favoráveis.
Diz-se que os militares eram amplamente favoráveis a um ataque e invasão a Cuba, "acabando de uma vez por todas com o "problema" representado pela presença de Fidel Castro tão próximo dos EUA. Claro que isso representaria um confronto que se estenderia, inicialmente, às fronteiras europeias, que já viviam um clima de tensão constante. Kennedy entendia que um ataque aéreo aos mísseis cubanos abriria a possibilidade de que a URSS imediatamente anexasse Berlim ocidental.

Adlai Stevenson, embaixador dos EUA na ONU, mostra as fotos dos mísseis cubanos, na sede da ONU, em novembro de 1962.

Com essa situação, os EUA dificilmente teriam o apoio de todas as nações europeias para um ataque direto a Cuba, porque elas sofreriam as consequências imediatas.
A crise foi solucionada com o acordo entre as potências. A URSS tirava os mísseis de Cuba, e os EUA retirariam seus mísseis na Turquia e na Itália. Segundo se diz, para os EUA foi uma boa solução, uma vez que os mísseis nestes países já estavam obsoletos e já era intenção do governo retirá-los.
De qualquer forma, por questão de horas, ou pequenos detalhes nas negociações – em grande parte conduzidas em segredo – o mundo não se viu envolvido numa guerra na qual todos perderiam.