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OS DISCOS VOADORES

ESPECIAIS/VE AS ESPAÇONAVES DA FC

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data17/12/2019
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Os discos voadores tornaram-se populares na ficção científica a partir do final da década de 1940, especialmente no cinema.

(Columbia Pictures Corporation/ Sam Katzman Productions).
Fantastic Universe, edição de julho de 1954. Capa de Alex Schomburg.

A partir de 1947, os discos voadores – também conhecidos como UFOs, ou OVNIs – passaram a ocupar um imenso espaço na imaginação popular. Foi nesse ano que o piloto Kenneth Arnold disse ter visto objetos brilhantes voando em formação, a enorme velocidade. Apesar de relatos de avistamentos de objetos voadores não identificados já existirem anteriormente, esse foi o que ganhou publicidade nacional nos EUA e, depois, no mundo inteiro. Do relato do piloto surgiram os termos flying saucer e flying disc (“pires voador” e “disco voador”), utilizados pela imprensa a partir do relato de Arnold, e que se tornaram populares. Já o termo UFO (Unidentified Flying Object) surgiu em 1953, utilizado pela Força Aérea dos EUA.
Os anos 1950 viram uma enxurrada de objetos não identificados nos céus de praticamente todos os países do planeta, com milhares de relatos de testemunhas acumulando-se nos relatórios dos governos e nas páginas de jornais e revistas. Brian Stableford disse que “A loucura dos UFOs nos anos após a Segunda Guerra Mundial causou algum impacto nas imagens da FC nas revistas. Espaçonaves com forma de disco tornaram-se mais comuns em ilustrações, e o interesse dos editores Sam Merwin Jr. – que também escreveu sobre discos voadores em Centaurus (em março de 1953, na Startling Stories) – e Raymond A. Palmer, refletiu-se nas revistas pelas quais eles eram responsáveis. A ufologia teve influência bem maior nas imagens do cinema de FC, no qual as naves em forma de disco tornaram-se lugar comum”.

Edição especial da Amazing Stories, em outubro de 1957. Contém apenas duas histórias, de Algis Budrys e de Harlan Ellison, e vários ensaios sobre o tema (Capa de Ed Valigursky).

Sam Merwin Jr. foi editor da Fantastic Story Magazine, da Fantastic Universe, da Satellite Science Fiction e da Startling Stories. Raymond A. Palmer foi editor da Amazing Stories, da Fantastic Adventures, da Other Worlds Science Stories e da Universe Science Fiction, entre outras. Apesar do que Stableford disse, uma pesquisa nas revistas citadas não mostra tantas ilustrações nesse sentido, pelo menos no que diz respeito à arte das capas, com a possível exceção da Fantastic Universe. Mas Stableford certamente tem razão ao falar do cinema, que começou a produzir uma série de filmes em que eram apresentadas naves em formato de disco voador.

Amazing Stories com capa de Virgil Finlay, edição de dezembro de 1957.

David Pringle, em The Science Fiction Encyclopedia, disse que a maioria dos escritores de FC é contrária aos discos voadores e às pessoas que falam sobre o assunto. Ele cita como exemplo Isaac Asimov, que escreveu artigos denunciando a “mania dos discos voadores”. Na versão moderna da mesma Enciclopédia (em que o texto original de Pringle é ampliado e modificado, por Jenny Randles, John Grant, David Langford e Lee Weinstein), a abordagem muda um pouco ao dizer que “a maioria dos escritores de FC é contrária à hipótese extraterrestre”, ainda considerando que os escritores com frequência supõem a realidade de discos voadores pilotados por alienígenas, quase sempre utilizando o tema para os propósitos da história, por ironia ou por simbolismo.

                                            Amazing Stories com capa de Ed Valigursky, edição de abril de 1957.


Os autores dizem que alguns escritores optaram por explorar o tema, não pela ufologia em si, mas observando o fenômeno social referente ao interesse já bem difundido pelo assunto. Assim, C.M. Kornbluth escreveu o conto The Silly Season (1950, em The Magazine of Fantasy and Science Fiction), no qual “(…) a Terra é invadida, mas ninguém presta atenção porque os jornais já tinham dado alarme falso muitas vezes”. E o disco voador também foi utilizado como um recurso para uma parábola moral, como no conto Or Else (1953), de Henry Kuttner e C.L. Moore, publicado na Amazing Stories. E como em Saucer of Loneliness (1953), de Theodore Sturgeon, publicado em Galaxy Science Fiction, uma “exceção aos tratamentos mais alegres” do tema. A história gira em torno de uma mulher comum que, um dia, recebeu uma visita de um pequeno disco voador, que lhe passou uma mensagem, após o que ficou desativado. A mensagem era um poema de solidão, uma garrafa jogada ao cosmos e que encontrou outra alma solitária.

Amazing Stories com capa de Ed Valigursky, edição de fevereiro de 1958.

O conto foi adaptado para o rádio em 1957, para o programa de ficção científica X Minus One (1955-1958). Posteriormente, foi adaptado para o seriado Além da Imaginação (The Twilight Zone), em sua segunda versão (1985-1989). O episódio foi apresentado em 1986, com direção de John Hancock e roteiro adaptado por David Gerrold, com Shelley Duvall no papel central.

                        Thrilling Wonder Stories, edição de outubro de 1950 (sem crédito para a ilustração).

Um exemplo da apresentação dos discos voadores e seus ocupantes alienígenas como algo perigoso é o livro Os Manipuladores (The Puppet Masters, 1951), de Robert A. Heinlein (ver mais sobre o livro nas matérias Os Invasores e O Sexo na Obra de Robert A. Heinlein). A história também foi levada às telas em 1994 com Sob o Domínio dos Aliens (The Puppet Masters), com direção de Stuart Orme. David Pringle disse que o livro é “(...) uma história efetiva de invasão, ainda que um tanto histérica, e um dos primeiros exemplos de paranoia na FC dos anos 1950”, possivelmente conectada à paranoia comunista que assolou o país na época e refletiu-se também em muitos filmes do gênero.

Fantastic Story Magazine, edição de setembro de 1953. Capa de Alex Schomburg.

Phil Hardy, em The Encyclopedia of Science Fiction Movies, comentando o filme The Flying Saucer (1950), dirigido e estrelado por Mikel Conrad, disse que “A paranoia do início dos anos 1950 tendia a conectar os russos e os discos voadores, e imaginava-se que numerosos avistamentos de UFOs fossem naves espiãs russas ou, pior, carregavam armas russas. O roteiro de Conrad e Howard Irving Young claramente une o medo de uma invasão russa com o espaço sideral”. O filme, bem fraquinho, apresenta Conrad como um agente secreto que segue um disco voador até o Alasca e descobre que ele foi construído por um cientista que planeja vendê-lo aos americanos. Phil Hardy disse que o filme introduziu o termo “flying saucer”, mas na verdade ele já vinha sendo utilizado bem antes disso.
Antes disso, o filme Bruce Gentry (1949. Também com o título Bruce Gentry – Daredevil of the Skies) apresentou discos voadores construídos por um vilão que o herói Gentry (Tom Neal) tem de enfrentar. São aparelhos controlados eletronicamente e direcionados aos alvos que o malvado quer destruir. Os discos voadores foram feitos por animação que, segundo os críticos, eram péssimas.

Abaixo: Fantastic Universe, edição de dezembro de 1954. Capa de Alex Schomburg; Fantastic Universe, edição de março de 1955. Capa de Alex Schomburg; Fantastic Universe, edição de julho de 1955. Capa de Mel Hunter; Fantastic Universe, edição de maio de 1956. Capa de Ed Emshwiller; Fantastic Universe, edição de fevereiro de 1957. Capa de Frank Kelly Freas, com um ensaio de Ivant T. Sanderson sobre ufologia; Fantastic Universe, edição de junho de 1957. Capa de Virgil Finlay; Fantastic Universe, edição de agosto de 1957. Capa de Virgil Finlay. Traz vários ensaios sobre UFOs; Fantastic Universe, edição de novembro de 1957. Capa de Virgil Finlay. Também traz vários ensaios sobre o fenômeno UFO; Fantastic Universe, edição de fevereiro de 1958. Capa de Virgil Finlay; Galaxy Science Fiction, edição de setembro de 1951. Capa de Don Sibley, ilustrando a história The Puppet Masters, de Robert A. Heinlein.

 


ALGUNS FILMES QUE APRESENTARAM DISCOS VOADORES

 


O MISTÉRIO DO DISCO VOADOR (Flying Disc Man From Mars, 1950)
Direção de Fred C. Brannon.
Gregory Gay interpreta o marciano Mota nesse seriado em 12 capítulos da Republic. Segundo Phil Hardy, é praticamente uma refilmagem de Marte Invade a Terra (The Purple Monster Strikes, 1945). O marciano chega ao planeta para preparar uma invasão e obriga um cientista a reconstruir sua nave, “(...) um disco voador em tudo, menos no nome”, diz Hardy. O marciano tem uma arma – um desintegrador térmico – com a qual pretende bombardear o planeta (veja mais sobre os dois filmes na matéria Os Invasores).

(Republic Pictures).



O DIA EM QUE A TERRA PAROU (The Day the Earth Stood Still, 1951)
Direção de Robert Wise.
Um clássico da ficção científica e, certamente, o disco voador mais famoso de sua época, descendo no centro de Washington para trazer a mensagem de advertência à Terra, com o alienígena Klaatu e o robô Gort.
John Scalzi disse (em The Rough Guide to Sci-Fi Movies) que “Um sucesso em sua época, hoje o filme parece charmosamente singular”; ele faz referência às improbabilidades e ingenuidades que a história apresenta, como um disco voador descendo em um parque de Washington e sendo protegido pelos militares apenas com uma cerquinha; ou o alien Klaatu sendo baleado pelo soldado e levado a um hospital de onde ele simplesmente sai andando. “Em defesa do filme”, diz Scalzi, “ele estava tentando algo incomum: apresentar a ideia de que criaturas de outros planetas não precisam necessariamente estarem interessadas em tomar o planeta ou transformar humanos em cinzas, e também a ideia de que eram os humanos, e não os alienígenas, que apresentam a maior ameaça ao universo”.
A refilmagem de 2008 trocou o disco voador por uma esfera brilhante.
(Ver mais nas matérias Sem Más Intenções e Os Famosos).

(Twentieth Century Fox).



OS INVASORES DE MARTE (Invaders From Mars, 1953)
Direção de William Cameron Menzies.

(Edward L. Alperson Productions).

Geralmente considerado entre os clássicos da ficção científica no cinema, também é um exemplo de um tipo de histórias comuns na época, apresentando alienígenas que tomam conta da mente dos terrestres.
Peter Nicholls e John Brosnan disseram que “Ainda que Os Invasores de Marte tenha sido feito com pouco dinheiro, Menzies produziu uma poderosa metáfora da FC para a solidão e distanciamento de uma criança cujo mundo parece sutilmente errado – e o fez por meio da utilização de cenários levemente expressionistas (reforçando a ideia de sonho) e a câmera posicionada de forma a nos dar o ponto de vista de uma criança. A imagem de corpos humanos escondendo motivações alienígenas incompreensíveis e ameaçadoras, com sua paranoia, foi importante no cinema de FC dos EUA, especialmente durante a fobia dos espiões comunistas dos anos 1950”.
O filme teve uma refilmagem com mais dinheiro e melhores efeitos visuais em 1986, Invasores de Marte (Invaders From Mars), com direção de Tobe Hooper, como disseram os críticos acima citados, um diretor mais à vontade com os filmes de terror; ele dirigiu, por exemplo, Poltergeist, em 1982. O disco voador não é lá essas coisas e mal aparece.
(Ver mais nas matérias Os Invasores e Os Invasores de Marte).

 

GUERRA ENTRE PLANETAS (This Island Earth, 1955)
Direção de Joseph Newman.

(Universal International Pictures).

Peter Nicholls disse que Guerra Entre Planetas, mais do que qualquer filme de sua época, foi o que chegou mais perto de capturar a essência exuberante das histórias de FC das revistas pulp. “Ao contrário de muitos outros filmes de fc do início dos anos 1950”, disse, “que eram filmes de monstros, pela metade do filme Guerra Entre Planetas se torna uma space opera; os altos custos dos efeitos especiais em filmes desse tipo eram uma razão para sua relativa raridade”.
Ele também disse que o filme “(...) dificilmente pode ser chamado de um bom filme, mas é um excelente filme ruim, um clássico do cinema de fc. Seu significado implícito mais óbvio – como seria sentir-se sendo colonizado em vez de ser o colonizador? – parece apontar em direção ao isolacionismo como melhor estratégia para a Terra, mas o exotismo das sequências fora da Terra e a fala de Exeter ao morrer (‘nosso universo é enorme, cheio de maravilhas...’) fornece uma propaganda poderosa para uma posição política contrária e aceitar a diversidade”.

Adam Roberts disse que Guerra Entre Planetas é um filme estranhamente desequilibrado, com dois terços dele apresentando um mistério com bom ritmo, realizado com sobriedade. “Mas então”, ele escreve, “de repente, o filme muda de rumo: o sujeito bonitão e as belas protagonistas femininas são carregados para Metaluna; lutam com um hediondo monstro mutante; há explosões e, no último minuto, os humanos escapam. É um filme que mostra com mais brilhantismo que qualquer outro a falha sísmica entre pretensão séria e extremismo pulp para agradar multidões, que determinou grande parte do cinema de FC do período”.
(Ver mais na matéria Sem Más Intenções).



A INVASÃO DOS DISCOS VOADORES (Earth Vs The Flying Saucers, 1956)
Direção de Fred F. Sears.
O título não poderia ser mais explícito. O filme aproveitou a onda em torno dos avistamentos de OVNIs em todo o mundo, e nos EUA em particular, para apresentar uma história de invasão alienígena repleta de clichês. No entanto, existem os efeitos especiais de Ray Harryhausen, o que vale o filme inteiro.
Um dos clichês é a descoberta, em cima da hora, da forma pela qual os extraterrestres podem ser destruídos. O mais engraçado é ver os discos voadores caindo exatamente em cima de marcos históricos de Washington.

(Columbia Pictures Corporation/ Sam Katzman Productions).



O PLANETA PROIBIDO (Forbidden Planet, 1956)
Direção de Fred M. Wilcox.

(Metro-Goldwyn-Mayer).

Um dos clássicos dos anos 1950 que ainda continua tendo sua força, apesar de alguns problemas com os diálogos e algumas cenas menos importantes envolvendo a tripulação e o robô Robby.
Aqui, o disco voador não pertence a um invasor alienígena, mas aos terrestres que se dirigem em missão de resgate ao planeta Altair IV. É a nave C-57D, dos Planetas Unidos. Para as filmagens foram utilizadas três miniaturas da nave que, posteriormente, foram reutilizadas em vários episódios da série Além da Imaginação (The Twilight Zone, 1959-1964), com algumas modificações: Third From the Sun (1960); Monsters Are Due on Maple Street (1960); The Invaders (1961); To Serve Man (1962); Hocus-Pocus and Frisby (1962); Death Ship (1963); On Thursday We Leave for Home (1963); The Fear (1964).
(Mais sobre o filme na matéria Poderes Alienígenas).

Abaixo, a nave nos episódios de Além da Imaginação (Cayuga Productions/ CBS Television Network); o interior da nave, com o giroscópio ao centro, em Third From the Sun, um dos episódios mais famosos da série ; duas imagens do episódio Death Ship; no episódio To Serve Man; no episódio The Invaders.

 


OS MONSTROS INVASORES (Invasion of the Saucer Men, 1957)
Direção de Edward L. Cahn.
Segundo Phil Hardy, o filme teve a intenção clara de apresentar-se como comédia, o que já era um sinal de que o ciclo de filmes de invasões da ficção científica dos anos 1950 estava chegando ao fim. Para o crítico, a ideia de satirizar o conceito de uma invasão extraterrestre não funcionou como o diretor esperava.
Os efeitos especiais não são grande coisa, ainda que alguns críticos destaquem os alienígenas desenhados por Paul Blaisdell, mas o pôster do filme tornou-se um dos mais conhecidos da época, como era comum, prometendo muito mais do que o filme entregava.

(Malibu Productions).



OS BÁRBAROS INVADEM A TERRA (Chikyu Boeigun, 1957)
Direção de Ishiro Honda.

(Toho).

Também conhecido pelos títulos The Mysterians e Earth Defense Force. Um dos mais famosos filmes japoneses de FC da época, com destaque para os efeitos especiais. A história não tem nada de extremamente criativo, apresentando alienígenas que vêm à Terra para procriar com as mulheres daqui para repovoar seu planeta que está morrendo.
Thomas Weisser e Yuko Mihara Weisser, em Japanese Cinema Encyclopedia – Horror, Fantasy, Science Fiction, não classificam o filme entre os clássicos do gênero, ainda que vários críticos o façam. Eles dizem que o filme é mais lembrado pelo robô gigante Mogella “(...) que destrói tudo o que está à vista nos primeiros 20 minutos do filme”. Dizem ainda que, ainda que o enredo não seja particularmente original, “(...) o conceito de alienígenas utilizando monstros como instrumento de dominação era totalmente original. Depois desse filme, a ideia foi usada e reusada em muitos filmes japoneses com monstros de borracha”.
(Ver também a matéria Eles Querem Nossos Corpos).



O SUBMARINO ATÔMICO (Atomic Submarine, 1959)
Direção de Spencer G. Bennett.
Phil Hardy disse que o filme é provavelmente o melhor do produtor Alex Gordon, especialista em filmes com pequeno orçamento, em parte graças à direção de Bennett, que se tornou um perito nas produções baratíssimas de Sam Katzman, entre elas Super-Homem (Superman, 1948) e A Volta do Homem Morcego (Batman and Robin, 1949), além de vários faroestes. Hardy disse que nem mesmo a utilização de muitas filmagens obtidas de cinejornais conseguem estragar o charme do filme.
O disco voador pertence a um alienígena que veio à Terra para verificar se o planeta é um bom lugar para a colonização de seu planeta natal. Ele chega à conclusão de que a Terra é ótima para eles, mas o submarino atômico do título consegue impedir que ele retorne com a boa notícia.

(Gorham Productions).



PLANO 9 DO ESPAÇO SIDERAL (Plan 9 From Outer Space, 1959)
Direção de Edward D. Wood Jr.
O famoso “pior filme de todos os tempos”, que acabou se tornando um cult, muito assistido e comentado, com alguns dos piores efeitos especiais já criados para um filme de FC, o que inclui, é claro, os discos voadores. Extraterrestres vêm à Terra para tentar impedir os humanos de construírem uma bomba que irá ameaçar todo o universo. Seu plano é reviver os mortos, fazendo com que os terrestres ouçam o que eles têm a dizer; se não ouvirem, então serão destruídos.
O filme entrou na categoria “tão ruim que é engraçado”, mas é mais ruim do que engraçado.

(Reynolds Pictures).



MUNDOS EM GUERRA (Uchu Daisenso, 1959)
Direção de Ishiro Honda.

(Toho).

Também com os títulos Battle in Outer Space e The World of Space. Mais uma vez Ishiro Honda realizando um filme de FC com o tema da invasão alienígena à Terra. Dessa vez, os extraterrestres construíram sua base na Lua e, a partir de lá, tentam destruir a humanidade.
O destaque, como sempre, está nos efeitos especiais, típicos do cinema de FC japonês da época; às vezes, sensacionais, outras vezes, ridículos, e outras ainda quase beirando o surrealismo.
Thomas Weisser e Yuko Mihara Weisser (Japanese Cinema Encyclopedia) comentam: “Os efeitos especiais e o design dos cenários são exemplos perfeitos da pop art no cinema, uma bizarra combinação do futurista e do arcaico, capturada em cores brilhantes de forma anormal”. Eles informam que o filme foi concebido como uma sequência a Os Bárbaros Invadem a Terra, mas que vai além de seu predecessor em dimensão e técnica. Também traz os efeitos de Eiji Tsuburaya, que na época estabeleceu sua reputação entre os melhores do mundo e que, aqui, dizem os críticos citados, apresentou algumas de suas melhores miniaturas, “(...) especialmente durante os primeiros segmentos, quando os aliens estão causando ‘desastres naturais’ em toda a Terra”.
Thomas e Yuko Weisser dizem que esse foi o primeiro filme produzido no Japão a apresentar atores americanos em papéis coadjuvantes. Até então, o comum era um estúdio dos EUA comprar os direitos do filme e inserir novas cenas com atores locais, para torná-lo mais fácil de ser vendido para o público norte-americano. “No entanto”, dizem, “nesse caso, o termo ‘atores’ é usado livremente”. Os quatro ocidentais – Leonard Stanford, George Whitman, Harold Conway e Elise Richter – são virtualmente desconhecidos, a não ser por esse filme.

 


OS ADOLESCENTES DO ESPAÇO (Teenagers From Outer Space, 1959)
Direção de Tom Graeff.

David Love (Tom Graeff Productions).

Também com o título The Gargon Terror. Produção minúscula com Graeff fazendo de tudo (direção, produção, roteiro e fotografia). Jovens alienígenas chegam à Terra em seu disco voador e trazem seus animais semelhantes a gado – os gargons do título alternativo – que são lagostas gigantes, apresentadas no filme com a utilização de fotografias ampliadas de lagostas, mostradas nas sombras.

 

 

 


NACIONAL KID (Nashiyonaru Kido, 1960-1961)
Direção geral de Nagayoshi Akasaka.
Uma série de imenso sucesso no Brasil, nos anos 1960, e nem tanto no Japão. Entre tantos inimigos, o herói Nacional Kid enfrentou os incas venusianos, que tinham naves iguaizinhas aos demais discos voadores tradicionais. No mais, tirando o saudosismo, é um seriado muito pobre, de efeitos e de ideias. (Ver mais na matéria Os Invasores)

(Toei Company).



O PLANETA DOS DESAPARECIDOS (Il Pianeta Degli Uomini Spenti, 1961)
Direção de Antonio Margheriti.

(Ultra Film).

Também com os títulos O Planeta dos Homens Mortos, Battle of the Worlds, Planet of the Lifeless Men e Guerre Planetari. Phil Hardy disse sobre o filme, ou mais exatamente sobre o trabalho de Margheriti dirigindo o filme: “Esse é um dos filmes mais engraçados, inventivos e elegantes de Margheriti, facilmente transcendendo a crueza do roteiro, das atuações e dos efeitos especiais”. Por alguma razão, muitos críticos costumam gostar dos filmes de FC de Margheriti feitos na época, mas eles são quase todos muito parecidos, e ruins.
A história é uma tentativa de invasão alienígena básica, com um pequeno planeta aproximando-se da Terra e causando catástrofes, e do qual surgem os discos voadores que pretendem nos dominar e destruir.



I PIANETI CONTRO DI NOI (1962)
Direção de Romano Ferrara.

(Comptoir Français du Film Production/ Wanguard Film).

Também com os títulos The Planets Against Us, Hands of a Killer, The Man With the Yellow Eyes. Outra tentativa de invasão à Terra, dessa vez com robôs humanoides renegados alienígenas que são combatidos por alienígenas não renegados que chegam com suas naves para destruí-los. Michael Weldon disse que o filme tem efeitos especiais supreendentes, e Phil Hardy disse que o filme tem um visual impressionante.




ROBINSON CRUSOÉ EM MARTE (Robinson Crusoe on Mars, 1964)
Direção de Byron Haskin.
O director Haskin já tinha dirigido A Guerra dos Mundos (War of the Worlds, 1953) e A Conquista do Espaço (Conquest of Space, 1955), e conseguiu mais um bom trabalho com essa adaptação beeem distante da história clássica de Daniel Defoe. Phil Hardy disse que é um filme interessante escondido atrás de um título absurdo.
Paul Mantee e Adam West (que ficou mais conhecido como o Batman da série clássica da TV) são astronautas que fazem um pouso forçado em Marte e lutam para sobreviver. West não consegue, mas Mantee consegue obter oxigênio e água para sobreviver. Posteriormente, uma nave alienígena pousa em Marte, e ele percebe que eles mantêm outras raças como escravos. Mantee ajuda um escravo (Vic Lundin) a fugir e ambos são perseguidos.
As naves alienígenas perseguidoras utilizadas no filme são muito parecidas com as naves marcianas de A Guerra dos Mundos. Algumas fontes informam que são restos da produção daquele filme, enquanto outras afirmam que o designer Albert Nozaki, que trabalhou nos dois filmes, resolveu construir as miniaturas para esse filme baseado no trabalho anterior.
Hardy tem razão ao dizer que se trata de um filme interessante. É um espetáculo sempre agradável, muito bonito, com cores intensas e construções bem elaboradas para o ambiente marciano, mesmo que esteja longe do que hoje sabemos sobre o planeta.

(Paramount Pictures Corporation/ Aubrey Schenck Productions).



A GUERRA DOS MONSTROS (Kaiju Daisenso, 1965)
Direção de Ishiro Honda.
Produção conjunta Japão-EUA. Também com os títulos Invasion of the Astro Monster, Battle of the Astros, Monster Zero, Invasion of Planet X, Godzilla Vs Monster Zero e Monster Zero. Thomas Weisser e Yuko Mihara Weisser (em Japanese Cinema Encyclopedia) dizem que a história do filme é quase tão ruim quanto a atuação de Nick Adams.
Um planeta alienígena que está sendo atacado pelo monstro voador de três cabeças, Ghidorah, e pedem a ajuda da Terra, conseguindo levar os monstros Godzila e Rodan para combatê-lo. Só que o plano real dos aliens é usar os três monstros para atacar a Terra.

(Toho Company/ United Productions of America).

 


PERDIDOS NO ESPAÇO (Lost in Space, 1965-1968)
Criação de Irwin Alllen.
Um dos seriados de FC mais famosos e bem sucedidos de todos os tempos, teve como veículo principal para o transporte da família Robinson, e mais o penetra Dr. Smith, a nave Júpiter II, que nada mais é do que um disco voador da Terra.
A série originou o filme de 1998, Perdidos no Espaço (Lost in Space), dirigido por Stephen Hopkins, que apresentou uma nave um pouco diferente, mas que ainda pode ser considerada como um disco voador terrestre. E uma nova série Perdidos no Espaço (Lost in Space, 2018-).
(Ver também a matéria Os Famosos).

Abaixo: Perdidos no Espaço (1965-1968. (Irwin Allen Productions/ Jodi Productions Inc./ Van Bernard Productions/ 20th Century Fox Television/ CBS Television Network); Perdidos no Espaço (1998. New Line Cinema/ Saltire Entertainment/ Irwin Allen Productions/ Prelude Pictures).

 


OS INVASORES (The Invaders, 1967-1968)

(Quinn Martin Productions/ American Broadcasting Company).

Os críticos Roger Fulton e John Betancourt disseram (em The Sci-Fi Channel Encyclopedia of TV Science Fiction) que “Os Invasores era pura paranoia, e seu herói, David Vincent, a personificação na TV do clichê grafite: Só porque você é paranoico não significa que eles não estejam atrás de você”. E aqui não tem nada da paranoia anticomunista dos anos 1950, mas de uma perseguição que estendeu-se por 43 episódios, com o personagem citado, David Vincent, interpretado por Roy Thinnes, como praticamente o único ser humano a conhecer a verdade a respeito da uma invasão alienígena em curso.
Os autores do livro citado também disseram que muitos críticos disseram que Os Invasores era apenas outro seriado do tipo “homem em fuga”, muito parecido com outra série famosa também produzida por Quinn Martin, O Fugitivo (The Fugitive, 1963-1967). “Sem dúvida existem similaridades”, disseram, “os dois homens atravessam o país várias vezes em perseguição de sua presa, mas há uma diferença vital. Richard Kimble consegue prender seu homem. David Vincent jamais conseguiu. Não importa quantos alienígenas ele matasse, não poderia pegar todos eles”.
(Ver também a matéria Os Invasores).

 

 


ELES ESTÃO CHEGANDO (The UFO Incident, 1975)
Direção de Richard A. Colla.

James Earl Jones e Estelle Parsons sendo levados para a nave alienígena (Universal Television).

Feito para TV a partir de um relato ocorrido na vida real, do casal Betty e Barney Hill (Estelle Parsons e James Earl Jones), sobre um contato de terceiro grau. É um bom filme, ajudado pelas interpretações de Jones e Parsons e efeitos especiais razoáveis.
(Ver também a matéria OVNIs e Abduções).

 

 

 



FOES (1977)
Direção de John Coats.

(Coats-Alexander-Coats).

Produção modesta com história de um especialista em OVNIs que segue a pista de um objeto voador até uma ilha. Nada memorável, mas o objeto tem a forma clássica dos discos voadores.

 

 

 

 



INVASÃO DOS EXTRATERRESTRES (Starship Invasions, 1977)
Direção de Ed Hunt.

(Hal Roach Studios/ Warner Bros.).

Produção canadense, também com o título Alien Encounter. Robert Vaughn é um ufólogo e Christopher Lee um alienígena do mal tentando dominar a Terra, ambos perdidaços nesse filme horrendo. Lee usa um raio que faz as pessoas se suicidarem. Estranho! Também existe a Liga Intergaláctica, composta por aliens do bem que chegam para deter o malvado. E tem discos voadores ridículos, tão mal feitos que parecem ser de três décadas antes.

 

 

 

 

LIQUID SKY (Liquid Sky, 1982)
Direção de Slava Tsukerman.
Peter Nicholls disse que esse é um filme de arte elegante, às vezes engraçado, outras vezes obsceno, algo como um documentário antropológico de uma subcultura humana alienada.

(Cinetron Productions/ Z Films Inc.).

 


MARTE ATACA! (Mars Attacks!, 1996)
Direção de Tim Burton.
Uma invasão alienígena com muito humor baseada nos cards Mars Attacks, publicados nos anos 1960 nos EUA, e entre os mais famosos do gênero, apesar das críticas por apresentar cenas de violência explícita em um produto que, basicamente era consumido por crianças.
Jack Nicholls e Nick Lowe (em The Science Fiction Encyclopedia) disseram que o filme é irresistivelmente ridículo, e traz as cenas já conhecidas de monumentos conhecidos sendo destruídos, mas que o verdadeiro prazer está em assistir ao elenco repleto de celebridades sendo mutiladas e mortas pelos marcianos sádicos. O problema, segundo eles, é que com tantos atores e atrizes famosos, o filme tornou-se fragmentado, já que cada ator tem participação superficial, com a exceção de Jack Nicholson.

Abaixo: cena do filme (Tim Burton Productions/ Warner Bros.).; reprodução dos cards famosos que originaram o filme.