Artigos

A COMPANHIA NEGRA

Livros/Lançamentos

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data23/08/2012
fonte
Record publica o primeiro livro da aventura de fantasia de primeira qualidade, de Glen Cook.

A Companhia Negra inaugura uma série de livros com histórias situadas num universo de fantasia, do autor norte-americano Glen Cook, bastante conceituado no exterior e quase desconhecido no Brasil. Mas pode ser que o lançamento (tardio) desta série mude essa situação; claro, supondo-se que a Editora Record dará sequência às publicações.
No total, são nove livros escritos entre 1984 e 2000, além de coletâneas e contos avulsos publicados em revistas, e mais dois livros já anunciados.
A “companhia” do título é um grupo de mercenários, uma companhia livre que pode servir qualquer reino ou senhor do mundo em que as histórias se passam. A própria Companhia Negra já tem uma história de centenas de anos.
A história é narrada por Chagas (no original, Croaker), o médico da companhia e também o responsável pelos Anais, ou seja pelo registro de tudo o que acontece com a Companhia. Dessa forma, ele pode estar presente em quaisquer momentos importantes e de ação, além de ter acesso a informações do passado.
E o momento atual da Companhia tem a ver com o passado distante, com uma época em que seres com magia poderosa dominavam o mundo. Eram conhecidos apenas como o Dominador e a Dama, que conquistaram a alma de seus maiores inimigos, transformando-os nos Tomados, que devem servi-los cegamente – ou quase, já que nada é tão definido neste mundo.
A Dama e o Dominador tinham sido derrotados pela Rosa Branca e confinados num sono mágico, mas a Dama conseguiu despertar e mais uma vez inicia sua trajetória de conquista.
A narrativa é pouco descritiva, uma vez que Chagas se concentra em narrar os diálogos e principais eventos envolvendo a Companhia e seus combatentes, mas isso não impede que, aos poucos, se tenha um panorama bem amplo da realidade desse mundo.
Um dos pontos altos da história é que ela não se propõe – como ocorre com alguma frequência em muitas histórias de fantasia –, a definir o que é certo e o que é errado, o lado do Bem e o do Mal. Tanto as ações quanto os personagens são ambivalentes; personagens aparentemente “do Mal” também têm atitudes absolutamente corretas, ou são levados a situações em que não têm muita escolha. E, às vezes, a escolha pode ser entre o ruim e o pior. A própria Dama, tida pelos rebeldes da Rosa Branca como um mal terrível para o mundo, deixa claro que antes ela do que o Dominador, a quem ela traiu, e que seria um ditador terrível. E entre os rebeldes também não existem exatamente pessoas boazinhas. O que permanece, no entanto, é a dedicação dos mercenários à Companhia Negra, seu lar e sua família.
Uma história deliciosa, entre o que de melhor já se publicou no gênero aqui no Brasil. Resta torcer para que os demais volumes não demorem a ser lançados.