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COLOCANDO A LEITURA EM DIA: MALORIE

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autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data19/01/2021
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A sequência a Caixa de Pássaros, de Josh Malerman.

Como seria de esperar de um livro com esse título, Malorie, a personagem central de Caixa de Pássaros, também está no centro dos eventos dessa sequência situada muitos anos após a ação inicial. Mas ela divide a atenção com seus dois filhos, agora adolescentes. E, ao contrário do livro original – que mostrou como Malorie lidou com o mundo modificado pela presença dos seres que não podem ser vistos, pois enlouquecem os seres humanos e animais – aqui, a narrativa concentra-se no que o mundo fez com Malorie, como transformou seu comportamento e a forma de encarar a vida e a morte.
Malerman disse que, para escrever Malorie, ele percebeu que “(...) havia bastante espaço para contar mais da história dela sem tocar de forma significativa no livro original”, percebendo, então, que a sequência “(...) não poderia ser sobre outro homem ou mulher que tivesse lidado com as criaturas à sua maneira, não poderia ser sobre o mundo em geral; precisava ser centrada na própria Malorie. Caixa de Pássaros não era só uma história apocalíptica, era também a história da reação de uma mulher ao mundo que caiu na escuridão”.
E é assim que as coisas são. Malorie e os filhos, Tom e Olympia, vivem há mais de uma década “pela venda”, como dizem, sempre vendados, não abrindo quaisquer brechas para a visão de um mundo capaz de enlouquecer as pessoas. Também é uma história do conflito de gerações, inevitável até mesmo em um mundo tão profundamente modificado e perigoso. Tom, sempre inventivo e rebelde, entendendo que devem existir soluções para que os humanos voltem a observar o mundo sem perigo de enlouquecerem. E Olympia... bem, Olympia guarda um segredo da mãe.
E Josh Malerman continua sua história sem dar qualquer descrição das criaturas, ou mesmo tentar alguma explicação de quem são, de onde vieram ou quais suas intenções na Terra. O que é ótimo, pois abre espaço para imaginarmos qualquer coisa: em algum momento da história, não sei por que, eu imaginei as criaturas com a forma daquele monstro do Id do filme O Planeta Proibido (Forbidden Planet, 1956); em outros momentos, era alguma coisa amorfa meio esverdeada e transparente. E por aí vai.
Claro que o impacto não é o mesmo do livro original, mas ainda assim é uma boa leitura. É como se fosse a segunda parte de um mesmo livro.


MALORIE (Malorie, 2020)
Josh Malerman
288 páginas
Editora Intrínseca (2020)