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MAIS MUNDOS NA FICÇÃO CIENTÍFICA

ESPECIAIS/VE PLANETAS DA FC

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data22/12/2021
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Conheça mais algumas histórias que giram em torno dos mais variados planetas.

Ilustração de Donato Giancola, 1996.

A quantidade de planetas citados nas histórias de ficção científica é tamanha que se torna uma tarefa impraticável apresentar todos aqui, e nem é essa a intenção; mesmo porque várias referências às histórias envolvendo planetas podem ser encontradas em outros especiais aqui no Vimana, em particular em Governos Galácticos e em Colonização Espacial.
Ainda assim, apresentamos mais alguns deles, em particular aqueles que figuram nas séries elaboradas por diversos autores do gênero.


SOLARIS
Stanislaw Lem.

Capa de Paul Lehr (Berkley Medallion, 1971).

O planeta Solaris talvez seja um dos mais estranhos da ficção científica, inteiramente coberto por um oceano que, na verdade, é uma inteligência alienígena. Segundo David Pringle, o livro é, em parte um thriller de fc hard, em parte uma história de terror, em parte uma sátira ao conhecimento ultraconservador e aos limites do conhecimento humano.
George Mann lembra que os personagens humanos que se dirigem ao planeta e que começam a ter visões relacionadas aos seus pensamentos mais profundos não têm como entender o que está acontecendo, uma vez que “(...) a inteligência alienígena é absolutamente incompreensível, ‘alienígena’ no mais profundo sentido da palavra”.
Para Peter Nicholls, “A força intelectual sólida de Solaris está em sua consistência cumulativa em permanecer complexa, sua recusa em responder questões fáceis ou fornecer respostas fáceis”.


OS PLANETAS DA SÉRIE DORSAI
Gordon R. Dickson.

Capa de H. R. Van Dongen (1959).

A série de livros de Gordon R. Dickson também é conhecida como Childe Cycle e inicia com o o conto Act of Creation, publicado na revista Satellite Science Fiction, em 1957. Segue com: Dorsai (Dorsai, 1960), publicado originalmente em 1959, em três partes, na revista Astounding Science Fiction; Necromante (Necromancer, 1962), também com o título No Room for Man; Soldado da Terra (Soldier, Ask Not, 1967), originalmente publicado como conto em Galaxy Magazine, 1964; Warrior (1965), conto publicado em Analog Science Fiction; Tácticas de Engano (Tactics of Mistake, 1971), originalmente publicado em quatro partes na revista Analog Science Fiction/Science Fact (1970-71); O Espírito de Dorsai (The Spirit of Dorsai, 1979), que traz o prólogo The Spirit of Dorsai, a história Amanda Morgan, o conto Interlude, a história Brothers (1973) e um epílogo The Spirit of Dorsai; Os Dorsai Perdidos (Lost Dorsai, 1980); The Final Encyclopedia (1984); The Chantry Guild (1988); Young Bleys (1991); Other (1994); Antagonist (2007), com David W. Wixon.

                                                                                                                    Capa de Tony Roberts (Sphere Books, 1975).

Nas histórias, o planeta Dorsai orbita a estrela Fomalhaut, na constelação do Peixe Austral, e tem como maior qualidade a formação dos soldados mercenários profissionais respeitados em todo o universo. Dickson apresenta vários planetas em suas histórias, inclusive no nosso sistema solar, com a Terra, Mercúrio e Marte habitados por humanos. Também existem planetas em Alpha Centauri, Altair, Epsilon Eridani, Prócion, Sirius e Tau Ceti.
Nos livros em português da Argonauta, o texto de contracapa fala de 14 mundos, mas outras fontes citam 16 mundos que fazem parte da série.


Abaixo: capa de Peter Elson (Sphere, 1979); capa de A. Pedro; capa de A. Pedro; capa de Tony Roberts (Sphere, 1989); capa de Paul Lehr (Dell, 1967)..

Abaixo: capa de Luis Royo (Tor, 1994); capa de George Schelling (1964); capa de A. Pedro.

Abaixo: Capa de Tony Roberts (Sphere Books, 1975); capa de Frank Kelly Freas (1970); capa de A. Pedro.

Abaixo: capa de Tony Roberts (Sphere, 1975); capa de Jim Burns (Ace Books, 1988); capa de Michael Whelan (Tor, 1984).


OS PLANETAS DE JACK VANCE

Capa de Ned Dameron (Underwood-Miller, 1983).

Na matéria O Romance Planetário já falamos sobre a importância de Jack Vance na elaboração de mundos alienígenas, e eles são muitos, às vezes com histórias reunidas em séries localizadas em um mesmo ambiente, outras vezes em livros independentes.
John Clute e Malcolm Edwards disseram que os protagonistas das histórias de Vance, até mesmo os mais simplórios, são sábios nos mundos em que vivem. “O melhor trabalho de Vance é quase sempre sobre como os humanos aprendem a lidar com os esplendores e misérias da cultura humana, uma tarefa que às vezes parece além do domínio dos protagonistas jovens e ingênuos que ele tende a preferir, muitos dos quais parecem imersos demais nos enredos de vingança de muito de seu trabalho para poderem explorar o mundo com a intensidade isenta apropriada”.

                                                                                                                                            Capa de Geoff Taylor (Panther/Granada, 1985).

Os dois críticos também ressaltaram que, à medida que os mundos criados por Vance tornaram-se cada vez mais ricos e complexos, o seu estilo também mudou. “Sempre tendendo para o barroco, na época de O Planeta dos Dragões (The Dragon Masters, 1963) ele se desenvolveu em um estilo efetivo e educado, um pouco pedante, e quase sempre saturado com uma ironia rica, mas distanciada. O talento de Vance em nomear pessoas e lugares em suas histórias (uma mistura de termos exóticos e inventados e palavras obscuras ou corriqueiras com a ressonância certa) progressivamente gerou uma sensação de que estavam sendo esculpidas etnografias de sonho, quase como um jardineiro podaria plantas de forma decorativa”.

Capa de Jack Gaughan (1962).

O livro citado, O Planeta dos Dragões, foi publicado originalmente na Galaxy Magazine, em 1962, e venceu o Prêmio Hugo como melhor conto. Não faz parte de uma série, e a ação situa-se no planeta Aerlith, conquistado e colonizado pelos humanos em tempos remotos e, posteriormente, esquecido, com a tecnologia foi perdida. Os dragões do título são criaturas nativas do planeta que foram domesticadas.
Em intervalos regulares que coincidem com a aproximação à estrela Coralyne, o planeta é atacado por uma raça alienígena chamada de “básicos” ou “grefos”.

                                                                           Capa de H. R. Van Dongen (DAW Books, 1980).

As Linguagens de Pao (The Languages of Pao, 1958) também é uma história não relacionada a qualquer série, e foi publicada originalmente em Satellite Science Fiction, em 1957. Apresenta os planetas Pao e Breakness, e toda a trama gira em torno da capacidade de a linguagem alterar uma sociedade. John Clute lembra que a história baseia-se na hipótese linguística chamada Sapir-Whorf segundo a qual a linguagem cria a percepção, ao invés do contrário. Para David Pringle, este é um dos melhores livros de Jack Vance, mas a opinião dos críticos ficou dividida, com alguns entendendo que a construção do mundo, aqui, não foi tão bem elaborada quanto em outras de suas obras.
Uma de suas séries mais conhecidas é a dos Príncipes Demônios. Nas histórias surgem diversos planetas que compõem o que foi chamado de Oikumene, o universo conhecido, além de planetas que se encontram na parte desconhecida do universo. Além da Terra, são citados planetas no sistema Cora, em Phi Ophiuci, os 26 planetas em torno da estrela Rigel, os planetas do sistema de Veha, Mizar e Xi Puppis.
A série Planet of Adventure, ou Tschai, tem quatro livros com as aventuras do personagem Adam Reith no planeta Tschai, no sistema de Carina 4269, 212 anos-luz da Terra. Os livros: City of the Chasch (1968); Servants of the Wankh (também como The Wannek, 1969); The Dirdir (1969); The Pnume (1970).

Abaixo: capa de H. R. Van Dongen (DAW Books/New American Library of Canada, 1979); capa de Peter Goodfellow (Mayflower, 1975); capa de H. R. Van Dongen (DAW Books, 1979); capa de Peter Goodfellow (Mayflower, 1976).


Três livros compõem a série Alastor Cluster, com histórias situadas no aglomerado estelar de Alastor: Trullion: Alastor 2262 (1973); Marune: Alastor 933 (Marune: Alastor 933, 1975); Wyst: Alastor 1716 (1978). Cada história é situada em um dos mundos do sistema.
A série Durdane é composta por três livros, com histórias situadas no planeta Durdane: O Homem Sem Rosto (The Anome, 1973), publicado originalmente em duas partes com o título The Faceless Man, em The Magazine of Fantasy and Science Fiction (1971), e em livro também com o mesmo título; The Brave Free Men (1973), originalmente publicado em duas partes em The Magazine of Fantasy and Science Fiction (1972); The Asutra (1974), originalmente publicado em duas partes em The Magazine of Fantasy and Science Fiction (1973).

Abaixo: capa de Jim Burns (Coronet Books, 1975); capa de Jack Gaughan (1971); capa de Ned Dameron (Underwood-Miller, 1983); capa de Ron Walotsky (1972); capa de Jim Burns (Coronet, 1975); capa de Jack Gaughan (1973).


Outra série de histórias é situada na região do espaço que Vance denominou Gaean Reach, e inclui: The Gray Prince (1975), publicado originalmente com o título The Domains of the Koryphon, em duas partes, na Amazing Science Fiction (1974); Planeta Duplo (Maske: Thaery, 1976); Night Lamp (1996).

Abaixo: capa de Patrick Woodroffe (Avon, 1975); capa de Richard Powers (Berkley/Putnam, 1976); capa de Stephen Hickman (Underwood Books, 1996).


John Clute e Malcolm Edwards lembraram que o ambiente em comum no qual as histórias ocorrem – um imenso aglomerado de sistemas estelares conhecido como Gaean Reach, que fornece um espaço vital para inúmeras civilizações, associadas ou contrastantes – talvez seja muito impreciso para que as histórias possam ser considerados dentro das convenções narrativas de uma “história futura”, como outros escritores do gênero fizeram.
As histórias de Alastor e dos Príncipes Demônios fazem parte do universo mais amplo de Gaean Reach, assim como as séries Cadwal Chronicles e Ports of Call. A primeira com três livros: Araminta Station (1987); Ecce and Old Earth (1991); Throy (1992). A segunda com dois livros: Ports of Call (1998); Lurulu (2004).

Abaixo: capa de Vincent Di Fate (Underwood-Miller, 1992); capa de Vincent Di Fate (Underwood-Miller, 1987); capa de Vincent Di Fate (Underwood-Miller, 1991); capa de Les Edwards (Voyager/HarperCollins, 1999); capa de John Harris (Tor, 2007).

Capa de Ed Emshwiller (1964); capa de Chris Moore (Millennium/Orion, 1999).

Clute e Edwards dizem que três romances semelhantes em sua estrutura mostram o talento de Vance em criar os ambientes planetários em seu alcance máximo. São eles: The Blue World (1966), publicado originalmente em 1964 com o título The Kragen, em Fantastic Stories of Imagination; Enfírio (Emphyrio, 1969. Também em duas partes em Fantastic); e O Homem Sem Rosto.
John Clute e Malcolm Edwards dizem que as histórias de Jack Vance geralmente seguem a vida de um jovem crescendo em uma sociedade estática e estratificada com a qual ele entra em conflito, eventualmente sendo levado à rebelião. “O mundo inventado em cada história é particularmente cuidadosamente planejada. Tanto Enfírio quanto O Homem Sem Rosto ainda adicionam penetrantes sátiras à religião, enquanto em The Blue World – situado em uma colônia planetária desenvolvida a partir do que era evidentemente uma espaçonave de extraditados criminosos – os crimes esquecidos dos fundadores sobreviveram como nomes de casta...”.


UNIVERSO ALLIANCE-UNION
C.J. Cherryh.
Nas dezenas de livros e contos de Cherryh situados no universo que ela criou surgem dezenas de planetas, alguns mais importantes do que outros. O mundo de Pell, também conhecido como Downbelow, orbita a estrela Tau Ceti e foi descoberto em 2093, sendo o primeiro planeta da Alliance-Union descoberto por humanos e que possuía um avançado sistema ecológico. O planeta Gehenna encontra-se no sistema Zeta Reticuli, possui uma raça nativa semelhante a lagartos. E o planeta Cyteen, também título de um dos livros mais importantes da autora, tem uma atmosfera tóxica para humanos e passou por uma terraformação.


TERRA ALTA E TERRA BAIXA
Bob Shaw.
A trilogia Terra Alta e Terra Baixa (Land and Overland) consiste nos livros Os Balonautas (The Ragged Astronauts, 1986), As Naves de Madeira (The Wooden Spaceships, 1988) e Os Mundos Fugitivos (The Fugitive Worlds, 1989). As histórias situam-se nos planetas conhecidos apenas como Terra Alta e Terra Baixa, dois planetas que mantêm órbitas em torno de um mesmo centro de gravidade, tão próximos um do outro que existe um pequeno túnel de atmosfera entre eles.
John Clute entende que, com essa trilogia, Bob Shaw está em seu momento mais criativo, e a série enfatiza sua estatura no gênero como um escritor capaz de entreter. No entanto, os livros apresentam muitos detalhes técnicos que prejudicam o ritmo narrativo.


HYPERION CANTOS
Dan Simmons.

Capa de Ron Walotsky (GuildAmerica Books/SFBC, 1990).

Nome dado à série de livros de Dan Simmons iniciada com Hyperion (1989), e seguindo com The Fall of Hyperion (1990), Endymion (1996) e The Rise of Endymion (1997), compondo cerca de duas mil páginas de história que, segundo John Clute, é o épico de space-opera mais ambicioso desde a série Lensman, de E.E. Smith, “(...) ainda que bem mais abrangente, culto e intenso do que seu predecessor da Época de Ouro da FC”.

                                                                                                            Capa de Gary Ruddell (Bantam Spectra, 1996)..

As histórias situam-se em um período muito posterior a um buraco negro ter destruído a Terra, com a galáxia dominada pela Hegemonia, um império galáctico, com as viagens mais rápidas do que a luz sendo possíveis devido à existência de buracos de minhoca. No decorrer da história, as passagens pela galáxia são fechadas e muitos planetas passam por um período de regressão.

Capa de Gary Ruddell (Doubleday Foundation, 1990).

John Clute lembra que o primeiro volume foi estruturado seguindo o modelo de Os Contos de Canterbury, de Geoffrey Chaucer (c. 1343-1400), relatando as aventuras de sete peregrinos chamados ao planeta Hyperion, onde encontram-se as estruturas chamadas Time Tombs, guardadas por uma criatura lendária chamada o Shrike. Assim, cada peregrino conta uma história e. “(…) Enquanto eles se desdobram, os contos revelam padrões entremeados de experiências de vida significantes; ao mesmo tempo cada um deles, enquanto contribuindo para o crescente mosaico que completa a história, é narrado em um diferente idioma da FC, gerando um sentimento de que não apenas é um universo ficcional que está sendo descrito, mas que as estratégias inerentes da construção de mundos como ficção científica como um todo também estão sendo dissecadas (exatamente como Chaucer dissecou o mundo medieval que se aproximava de seu fim). Então, The Hyperion Cantos trabalha em múltiplos níveis: como uma space-opera barroca completa e excessiva, sendo complicada ao se transformar em uma time-opera ao ser jogada de um lado ao outro pelas confusões temporais geradas pelo Shrike; como um exame modernista e uma observação em retrospectiva do megatexto da FC; e como um exercício em metaficção distante da narrativa inocente”.

                                                                                                                                                         Capa de Gary Ruddell (Bantam Spectra, 1997).

Adam Roberts disse que “Com uma space opera complexa, desenvolvida de modo magistral, Hyperion e sua sequência, The Fall of Hyperion, são novelas que expressam as inquietações originais da FC de uma forma inabitualmente pura”. E David Pringle concorda com o que parece ser uma opinião geral dos críticos, entendendo que Hyperion é “Uma space opera inteligente e orquestrada de modo impressionante com narrativa com múltiplos filamentos”.

 


CoDOMINIUM
Jerry Pournelle.
(Ver a matéria E Ainda Esses Governos e Desgovernos)


HERITAGE UNIVERSE
Charles Sheffield.
Uma série com cinco livros para o público chamado “jovens adultos”: Summertide (1990); Divergence (1991); Transcendence (1992); Convergence (1997); Resurgence (2002).
A série trabalha com um tema que surge em outros livros de ficção científica, apresentando objetos construídos por uma raça desconhecida, aqui chamada apenas The Builders (Os Construtores), espalhados pela galáxia, em um período distante no futuro em que os humanos expandiram sua cultura e entraram em contato com várias raças alienígenas. Mais de uma dezena de planetas são citados. John Clute disse que a série “(...) preenche grande parte do universo com macroestruturas e estabelece um sistema complexo de enredos que giram em torno da decifração e uso das estruturas, dentro de uma forma de romance planetário”.

Abaixo: capa de Barclay Shaw (Del Rey/ Ballantine, 1990); capa de Bruce Jensen (Del Rey/ Ballantine, 1991); capa de Bruce Jensen (Del Rey/ Ballantine, 1992); capa de Gary Freeman (Baen, 1997); capa de Bob Eggleton (Baen, 2002).


THE TALES OF KNOWN SPACE
Larry Niven.

Capa de George Schelling (1965).

A série conhecida como The Tales of Known Space está entre as mais extensas da ficção científica, iniciando com o primeiro conto publicado de Larry Niven e continuando até recentemente, incluindo quatro subséries.
É uma das mais completas composições de uma “história do futuro” – tarefa também elaborada por vários escritores de fc –, e cobre cerca de mil anos de história, iniciando com as primeiras explorações do sistema solar e chegando à colonização de diversos sistemas estelares e contatos com civilizações alienígenas. John Clute disse que “The Tales of Known Space, um título que o próprio Niven escolheu para a sequência, é uma história do futuro abrangente, complexa e excepcionalmente integrada que, dentro de uma estrutura essencialmente otimista e tecnófila, fornece uma estrutura explicativa para a expansão da humanidade para o espaço, algo notável desde o começo, pela complexidade do universo para o qual introduz a florescente raça humana”.

                              Capa de Norman Adams (Ballantine Books, 1966); capa de Eddie Jones (Sphere Books, 1973).

Clute lembra que, na série, raças alienígenas dominaram o Known Space, o espaço conhecido, por éons, a começar pelos precursores Thrintun, escravizadores e controladores de mentes extintos um bilhão de anos antes, com exceção de um Thrint mantido em um campo de estase, e libertado, no primeiro livro de Niven, World of Ptavvs (1966).
George Mann diz que esse primeiro livro começou a formar a vasta história futura de Larry Niven, em uma série que abrange quase todo o trabalho do escritor em sua primeira década de carreira, descrevendo uma galáxia com várias formas de vida alienígena avançada, algumas em conflito com a humanidade, outras protegendo os humanos. “Aliás”, diz Mann, “no livro Protector (1973), Niven descreve como um alienígena viaja através da galáxia para proteger nossa raça contra sua própria espécie desenvolvida, que nos vê como uma forma de praga primitiva, de fato, uma forma larval deles mesmos, já que os Pak são uma raça transcendente derivada da mesma linhagem que a humanidade”. Para John Clute, o fundo de paisagem do livro, apenas casualmente insinuado, demonstra o valor de uma sequência coerente na sustentação das convenções da space-opera, “(...) ainda que, ao mesmo tempo, como o próprio Niven admitiu, o enredo de Protector, com sua mudança de universo, tornou difícil manter uma consistência interna das histórias do Known Space escritas após a entrada dos Pak”.
Uma das subséries citadas é Ringworld, iniciada com Ringworld (1970), um dos livros mais conhecidos de Larry Niven, e que apresenta um mundo artificial imenso, em forma de anel. Outra série é a Man-Kzin Wars, iniciada em 1988. E a outra é com o personagem Gil Hamilton, iniciada em 1969.

As histórias da série original Known Space são:

Capa de Eddie Jones (Sphere, 1972); capa de Rick Sternbach (Ballantine Books, 1975).

The Coldest Place (1964), conto publicado na revista If e, depois, na coletânea Tales of Known Space (1975); World of Ptavvs (1965), publicado originalmente na revista Worlds of Tomorrow e, em 1966, como livro; Becalmed in Hell (1965), conto publicado em The Magazine of Fantasy and Science Fiction; Eye of an Octopus (1966), conto publicado em Galaxy Magazine; The Warriors (1966), conto publicado na revista If; How the Heroes Die (1966), publicado em Galaxy Magazine; Estrela-Nêutron (Neutron Star, 1966), conto publicado na revista If e, posteriormente, na coletânea Neutron Star (1968), e no Brasil na coletânea Para Onde Vamos?, editada por Isaac Asimov; At the Core (1966), publicado na revista If; A Relic of the Empire (1966), publicado na revista If; At the Bottom of a Hole (1966), publicado em Galaxy Magazine; The Handicapped (1967), publicado em Galaxy Magazine; The Jigsaw Man (1967), publicado na coletânea Dangerous Vision, editada por Harlan Ellison; The Soft Weapon (1967), publicado na revista If; Flatlander (1967), publicado na revista If; The Ethics of Madness (1967), publicado na revista If; Safe at Any Speed (1967), publicado em The Magazine of Fantasy and Science Fiction; The Adults (1967), publicado em Galaxy Magazine; Grendel (1968), na coletânea Neutron Star; Wait It Out (1968), na coletânea Tales of Known Space; The Deceivers (1968), publicado em Galaxy Magazine; There Is a Tide (1968), publicado em Galaxy Magazine; Slowboat Cargo (1968), originalmente publicado em três partes na revista If, e depois em livro com o título A Gift From Earth (1968); Cloak of Anarchy (1972), publicado em Analog Science Fiction/Science Fact; Protector (1973); The Borderland of Sol (1975), publicado em Analog Science Fiction/ Science Fact; Procrustes (1993), publicado em Bridging the Galaxies; Ghost (1994), publicado na coletânea Crashlander.

Abaixo: capa de Peter Jones (Orbit/ Futura, 1978); capa de Dean Ellis (Ballantine Books, 1973); capa de Donato Giancola (Del Rey/ Ballantine, 1996); capa de John Schoenherr (1975).

 

As histórias da série Gil Hamilton são:

Capa de Peter Bramley (Ballantine Books, 1969); capa de Peter Elson (Orbit, 1991).

Death By Ecstasy (1969), originalmente publicado com o título The Organleggers, em Galaxy Magazine, e depois na coletânea The Shape of Space; The Defenseless Dead (1973), na coletânea Ten Tomorrows, editada por Roger Elwood; ARM (1975), na coletânea Epoch, editada por Roger Elwood e Robert Silverberg; A Mais Bela da Lua (The Patchwork Girl, 1980); The Woman in Del Rey Crater (1995), na coletânea Flatlander.

 

 

As histórias da série Man-Kzin Wars são:

Capa de Stephen Hickman (Baen, 1988); capa de Stephen Hickman (Baen, 2013).

The Man-Kzin Wars (1988), com duas histórias da série; Iron, escrita por Poul Anderson, e Cathouse, escrita por Dean Ing, além de um ensaio de Larry Niven introduzindo a série, e o conto Warrior, da série Known Space; Man-Kzin Wars II (1989), com a história Briar Patch, de Dean Ing, e The Children’s Hour, de Jerry Pournelle e S.M. Stirling; Man-Kzin Wars III (1990), com as histórias Madness Has Its Place, de Larry Niven, The Asteroid Queen, de Jerry Pournelle e S.M. Stirling, e Inconstant Star, de Poul Anderson; Man-Kzin Wars IV (1991), com as histórias The Survivor, de Donald Kingsbury, e The Man Who Would be Kzin, de Greg Bear e S.M. Stirling; Man-Kzin Wars V (1992), com as histórias In the Hall of the Mountain King, de Jerry Pournelle e S.M. Stirling, e Hey Diddle Diddle, de Thomas T. Thomas; Man-Kzin Wars VI (1994), com as histórias The Heroic Myth of Lieutenant Nora Argamentine, de Donald Kingsbury, e The Trojan Cat, de Gregory Benford e Mark O. Martin; Man-Kzin Wars VII (1995), com as histórias The Colonel’s Tiger, de Hal Colebatch, A Darker Geometry, de Gregory Benford e Mark O. Martin, e Prisoner of War, de Paul Chafe; Choosing Names – Man-Kzin Wars VIII (1998), com as histórias Choosing Names, de Larry Niven, Telepath’s Dance, de Hal Colebatch, Galley Slave, de Jean Lamb, Jotok, de Paul Chafe, e Slowboat Nightmare, de Warren J. James; Man-Kzin Wars IX (2002), com as histórias Pele, de Poul Anderson, His Sergeant’s Honor, de Hal Colebatch, Windows of the Soul, de Paul Chafe, e Fly-By-Night, de Larry Niven; Man-Kzin War X: The Wunder War (2003), com as histórias One War for Wunderland, The Corporal in the Caves, Music Box e Peter Robinson, de Hal Colebatch; Man-Kzin Wars XI (2005), com as histórias Three at Table, Grossgeister Swamp e Catspaws, de Hal Colebatch, Teacher’s Pet e War and Peace, de Matthew Joseph Harrington, e The Hunting Park, de Larry Niven; Man-Kzin Wars XII (2009), com as histórias Echoes of Distant Guns, Aquila Advenio, String e Peace and Freedom, de Matthew Joseph Harrington, The Trooper and the Triangle, de Hal Colebatch, e Independent, de Paul Chafe; Man-Kzin Wars XIII (2012), com as histórias Misunderstanding, de Hal Colebatch e Jessica Q. Fox, Two Types of Teeth, de Jane Lindskold, Pick of the Litter e Tomcat Tactics, de Charles E. Gannon, At the Gates e Bound for the Promised Land, de Alex Hernandez, e Zeno’s Roulette, de David Bartell; Man-Kzin Wars XIV (2013), com as histórias A Man Named Saul, de Hal Colebatch e Jessica Q. Fox, Heritage e Leftovers, de Matthew Joseph Harrington, The Marmalade Problem, The White Column e Deadly Knowledge, de Hal Colebatch, e Lions on the Beach, de Alex Hernandez.

As histórias da série Ringworld são:
Ringworld (1970); The Ringworld Engineers (1979), originalmente publicado em quatro partes em Galileo; The Ringworld Throne (1996); Ringworld’s Children (2004).

Abaixo: capa de Dean Ellis (Ballantine Books, 1970); capa de Donato Giancola (Del Rey/ Ballantine, 1996); capa de Paul Lehr (Phantasia Press, 1979); capa de John Harris (BCA, 1996); capa de Stephan Martiniere (Tor, 2004).

As histórias da série Fleet of Worlds, escritas em colaboração com Edward M. Lerner, são:
Fleet of Worlds (2007); Juggler of Worlds (2008); Destroyer of Worlds (2009); Betrayer of Worlds (2010); Fate of Worlds: Return From the Ringworld (2012).

Abaixo: capa de Stephan Martiniere (Tor, 2007); capa de Stephan Martiniere (Tor, 2008); capa de Stephan Martiniere (Tor, 2009); capa de Stephan Martiniere (Tor, 2010); capa de Stephan Martiniere (Tor, 2012).


NOON UNIVERSE
Arkady e Boris Strugatsky.

Capa de Richard Powers (Macmillan, 1978).

Série de histórias dos escritores russos – que recebeu o nome a partir do título em inglês do livro Noon: 22nd Century – e que apresenta histórias em cerca de 20 planetas, incluindo a Terra e Marte. Segundo Darko Suvin e John Clute (em The Encyclopedia of Science Fiction), as primeiras histórias dos irmãos Strugatsky (ou, às vezes, Strugatski) começaram a construir o ciclo interplanetário do universo Noon, apresentando uma história futura otimista, situada próxima da Terra, ou na Terra, por um período de dois séculos, e “(...) sustenta o romance de exploração e o impulso à frente e utópico da humanidade contra as forças da natureza”.
O livro em questão foi traduzido para o inglês apenas em 1978, e traz várias histórias situadas no universo elaborado pelos autores. São elas: Night on Mars (1960), Almost the Same (1960); Old-timer (1962); The Conspirators (1962); Chronicle (1962); Two for the Taimyr (1961); The Moving Roads (1961); Cornucopia (1961); Homecoming (1961); Languor of the Spirit (1962); The Assaultmen (1961); Deep Search (1960); The Mystery of the Hind Leg (1961); Candles Before the Control Board (1961); Natural Science in the Spirit World (1962); Pilgrims and Wayfarers (1963); The Planet With All the Conveniences (1961); Defeat (1959); The Meeting (1961); What You Will Be Like (1961).
O livro Escape Attempt, publicado em inglês em 1982, traz as histórias: Escape Attempt (1962); The Kidd From Hell (1972) e O Miúdo (Space Mowgli, 1971. Também conhecido pelo título The Kid. Em português, publicado pela Caminho Ficção Científica).
E ainda: Far Rainbow (1964); Que Difícil É Ser Deus (Hard to be a God, 1964); Disquiet (1965); Prisioneiros do Poder (Prisoners of Power, 1969/ 1971); O Besouro no Formigueiro (Beetle in the Anthill, 1979); Os Viajantes (The Time Wanderers, 1985).

Abaixo: (Fredonia Books, 2004); capa de Peter Goodfellow (Eyre Methuen, 1975); capa de Richard Powers (Macmillan, 1980); capa de Richard Powers (Macmillan, 1977); (Richardson & Steirman, 1987); capa de Henrique Cayatte (1986).



SAGA VORKOSIGAN
Lois McMaster Bujold.
(Ver a matéria E Ainda Esses Governos e Desgovernos)


NIGHT’S DAWN TRILOGY e COMMONWEALTH SAGA
Peter F. Hamilton.
(Ver a matéria E Ainda Esses Governos e Desgovernos)


OS PLANETAS DE ISAAC ASIMOV

Capa de Chris Foss (Panther/ Granada, 1984); capa de Michael Whelan (Del Rey/ Ballantine, 1984).

Isaac Asimov nomeou inúmeros planetas em suas histórias, ainda que não tenha dado a eles a mesma importância na composição de seus ecossistemas como fizeram, por exemplo, Jack Vance e Frank Herbert. Geralmente, Asimov se preocupava mais com o tipo de sociedade que se formava em cada mundo. Foi assim com os chamados 50 Planetas Exteriores que surgem nas histórias dos robôs, habitados por humanos chamados Espaciais. Cada sociedade planetária tem sua própria característica e é habitado por poucas pessoas; a população total dos 50 mundos é menor do que a da Terra, mas eles têm um potencial militar muito superior, em parte porque vivem de um economia robótica e também porque comandam todo o comércio, uma vez que as naves fabricadas pela Terra não são capazes de atingir os Planetas Exteriores.
O planeta Aurora, que surge em Os Robôs do Amanhecer (The Robots of Dawn, 1983), é considerado o mais poderoso de todos e, enquanto a Terra mantém uma aversão à utilização de robôs, Aurora conta com a média de 50 robôs para cada habitante.

                                                               Capa de Dean Ellis (Fawcett Crest, 1972); capa de Chris Foss (Panther, 1973).

No livro Os Robôs (The Naked Sun, 1957. No Brasil também com o título O Sol Desvelado) é apresentado o planeta Solaria, com uma população de apenas 20 mil pessoas e 200 milhões de robôs. É o único planeta habitado em um sistema com três planetas, e semelhante à Terra quanto ao clima e atmosfera. O planeta não tem muitos minérios, mas tem as matérias-primas suficientes para se manter, e tornou-se o maior e melhor produtor de robôs.

Capa de Richard Powers (Panther, 1958).

No livro Poeira de Estrelas (The Stars, Like Dust, 1951) Asimov apresenta os planetas Ródia e Tirânia, respectivamente o 1088º e o 1099º planetas em que os humanos se estabeleceram, segundo o Almanaque Galáctico. Ródia conseguiu manter uma certa estabilidade em um período em que outros mundos estavam constantemente em guerra. Posteriormente, foi conquistado por Tirânia, planeta que formou um império transnebular, ainda que tenha sido apresentado como sendo um planeta em grande parte desértico, com pouca água e natureza estéril.
O livro faz parte da série que começa a formatar o império que seria o pano de fundo para Fundação. No livro As Correntes do Espaço (The Currents of Space, 1952), também ligado à série do Império, surgem os planetas Sark e Florina, além de Trantor, que seria o centro do império desenvolvido por Asimov.

                                    Capa de H. R. Van Dongen (1952); capa de Ed Valigursky (Doubleday & Company/SFBC, 1978).

Na série Fundação, além de Trantor, tem participação fundamental o planeta Terminus, localizado no extremo da espiral galáctica e que só é colonizado 500 anos após sua descoberta, com a chegada dos enciclopedistas que saíram de Trantor para dar continuidade à obra de Hari Seldon. O planeta tem poucos recursos, com nenhum sinal de ferro, cobre ou alumínio.
O livro também faz referência ao planeta Anacreon, localizado na parte exterior da galáxia, e que chegou a iniciar uma revolta contra o Império, eventualmente conquistado sua independência. Chegou a dominar 25 sistemas estelares, seis dos quais tinham pelo menos um planeta habitado. Anacreon, segundo Asimov, tinha uma população de cerca de 20 bilhões de pessoas.
No conto Homo Sol (Homo Sol, 1940), publicado originalmente em Astounding Science Fiction, e posteriormente na coletânea O Futuro Começou (The Early Asimov, 1972), surge o conceito de uma Federação Galáctica e seu contato com a Terra, citando o planeta Eon, um dos 288 mundos que compõem a federação. Eles desenvolveram a psicologia a níveis jamais vistos. Também refere-se ao planeta Beta Draconis IV, da Federação, que possui uma população não humana e inteligente O conto teve sequência com outros dois, também apresentados no mesmo livro: O Imaginário (The Imaginary, 1942), publicado originalmente em Super Science Stories; e O Trote (The Hazing, 1942), originalmente publicado em Thrilling Wonder Stories.

Capa de Tim White (Panther, 1983).

A coletânea também traz o conto Beco Sem Saída (Blind Alley, 1945), publicado originalmente em Astounding Science Fiction, e é uma das histórias que fazem parte da chamada Era Galáctica. Além de referir-se a Trantor, a história se passa no planeta Cefeus 18, no qual os humanos alocam uma raça de seres não humanos cujo planeta estava morrendo, recriando para eles as condições de vida apropriadas. Os seres tinham excelente desenvolvimento em química e psicologia e psiquiatria, além de uma forma de comunicação telepática, porém não procriavam mais.
Preocupados, os humanos perguntam a razão disso, e os aliens dizem que uma vez que não têm mais objetivos a serem alcançados, tudo o que desejam é sair do caminho dos humanos, em uma galáxia governada por eles.

                                                                                                                                         Capa de Hubert Rogers (1941).

Um dos mais famosos planetas elaborados por Asimov foi Lagash, do conto O Cair da Noite (Nightfall, 1941), no Brasil publicado na coletânea O Cair da Noite (Nightfall and Other Stories, 1969). O planeta encontra-se no centro de um gigantesco aglomerado globular e está constantemente iluminado por um dos seis sóis, de forma que não existe noite. Os cientistas descobrem evidências apontando para o fato de que a cada dois mil anos a civilização é destruída. Ao mesmo tempo, uma seita religiosa diz que, de tempos em tempos, o planeta passa por uma imensa caverna onde as misteriosas “estrelas” aparecem, despejando fogo dos céus e tomando a alma das pessoas. O desfecho da história é realmente excelente, com a noite chegando e 30 mil sóis poderosos surgindo no céu de Lagash.
Posteriormente, o conto foi transformado em livro por Robert Silverberg, com o nome do planeta sendo trocado para Kalgash.