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03 Fantasia OS ANJOS

ESPECIAIS/VE FILMES DE TERROR E FANTASIA PARA REVER

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data31/03/2022
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A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (It’s a Wonderful Life, 1946)

Direção de Frank Capra.

James Stewart e Donna Reed, com Carol Coombs, Karolyn Grimes, Jimmy Hawkins e Larry Simms (Liberty Films/ RKO Radio Pictures).

Um dos grandes filmes de um dos melhores diretores da história do cinema norte-americano, Frank Capra, considerado por alguns críticos como seu melhor momento.
James Stewart é George Bailey, o sujeito que, tendo sempre feito o bem em sua cidade, está prestes a cometer o suicídio, entendendo que sua vida não tem mais sentido. Henry Travers é o anjo, que atende pelo nome de Clarence, que desce à Terra para impedi-lo de se matar e mostrar-lhe que as coisas não são ruins como ele imagina. O anjo ainda lhe fornece uma visão do que poderia ter acontecido na pequena cidade onde mora caso George não tivesse feito as coisas que fez. O anjo Clarence é bem engraçado, uma vez que é um anjo de segunda classe, e ainda está trabalhando para merecer suas asas. E James Stewart, como sempre, é um espetáculo à parte.

                                                                                                              James Stewart e Henry Travers.

O crítico John Grant lembra que, apesar de o filme ter recebido três indicações para o Oscar, ele “(...) desapareceu na obscuridade, onde poderia ter permanecido não fosse um erro administrativo nos anos 1970 ter feito a produtora perder os direitos autorais; dessa forma, ele foi mostrado por inúmeras emissoras de TV e, agora, tornou-se um clássico estabelecido do cinema”. Segundo Grant, Capra colocou uma quantidade imensa de sentimentalismo no filme, mas com tamanha habilidade “(...) que apenas o coração mais duro não poderia corresponder”.
Existem duas versões: a original, em preto e branco, e outra colorizada.
No Brasil, lançado em DVD.

 


NESTE MUNDO E NO OUTRO (A Matter of Life and Death, 1946)

Direção de Michael Powell e Emeric Pressburger.

David Niven e Kim Hunter (The Archers).

Fantasia muito bem recebida pela crítica. David Niven é o piloto Peter Carter durante a Segunda Guerra Mundial que, com seu avião avariado, deveria morrer e ser levado ao Outro Mundo pelo Condutor 71 (Marius Goring), em anjo, que acaba falhando em sua missão, de modo que o aviador sobrevive e acaba se apaixonando por June (Kim Hunter), a operadora de rádio com quem ele se comunicou pouco antes do avião cair. O Condutor 71 tenta convencer Carter a acompanhá-lo para a vida após a morte, mas Carter exige que seu caso seja levado a julgamento em um tribunal celestial.

                                          A visão do "outro mundo".

O crítico Baird Searles destacou os valores de produção do filme, com os aspectos visuais das sequências celestiais sendo literalmente “do outro mundo”. Ao contrário das sequências na Terra, as cenas no Céu foram filmadas em preto e branco, com muita luminosidade, e “(...) o Paraíso é mostrado como um terminal imenso e eficiente (ainda que amigável) dirigido por anjos perfeitamente uniformizados”.
No Brasil, lançado em DVD.
 


ASAS DO DESEJO (Der Himmel Über Berlin, 1987)

Direção de Wim Wenders.

Bruno Ganz (Road Movies Filmproduktion/ Argos Films/ Westdeutscher Rundfunk/ Wim Wenders Stiftung).

Um dos filmes mais comentados e bem recebidos de Wenders e que teve uma sequência em 1993 (Tão Longe, Tão Perto).
Em Berlim, ainda dividida pelo muro, os anjos Damiel (Bruno Ganz) e Cassiel (Otto Sander), observam os habitantes da cidade, sem serem vistos, mas ajudando-os quando possível. Damiel começa a sentir-se atraído pela trapezista Marion (Solveig Dommartin).
Peter Falk interpreta um cineasta que chega a Berlim, e ele mesmo foi um anjo que abriu mão de sua imortalidade para poder viver na Terra. E é por meio dele que Damiel fica sobre as delícias da vida humana, e resolve também desistir da imortalidade.
John Grant disse que o filme é lento – e realmente é – com partes em preto e branco, uma vez que os anjos não veem as cores, e que “(...) a princípio, parece desencorajador, mas rapidamente torna-se atraente e muito convincente; a suspensão da descrença é obtida não com efeitos especiais, mas por hábeis nuanças de atuação (ou outros não andam através dos anjos, mas sempre conseguem por pouco evitar colidir com eles, e de forma muito natural), pelas alterações entre preto e branco e cor, e por uma amostragem rítmica dos pensamentos das pessoas (como ouvidos pelos anjos), que se eleva à altura de um coral abstrato aparentemente atemporal quando os anjos visitam uma biblioteca pública, onde as reflexões dos leitores são cobertas pelo sussurro de ideias presentes nos livros. Como em todas as melhores fantasias, leva-nos a uma mudança de percepção: o plano de existência dos anjos se torna natural para nós, enquanto nosso próprio mundo mortal de sensações se torna um local fantástico e infinitamente desejável”.
Um dos filmes grandes filmes fantásticos dos anos 1980, com fotografia impressionante e grandes atuações.
No Brasil, lançado em DVD.