O livro Gigantes Adormecidos, do estreante Sylvain Neuvel, seguiu por um caminho oposto ao da maioria dos livros de sucesso que chegam às telas de cinema.
Sem conseguir chamar a atenção de qualquer editora, o linguista da Universidade de Chicago resolveu publicar por conta própria. Uma resenha no site “Kirkus Reviews” chamou a atenção de Josh Bratman, produtor da Immersive Pictures. O resultado é que foi firmado um contrato com a Sony Pictures Entertainment para a realização de uma série, The Themis Files. Depois disso, a editora gigante Penguin Random House assinou com Neuvel e lançou uma edição com 50 mil cópias. Agora, diz-se que Neuvel já está escrevendo o terceiro volume da série.
O livro é realmente empolgante, com uma forma narrativa que mistura transcrições de entrevistas com notícias e trechos de diários pessoais.
A história começa quando uma cratera se abre embaixo de uma menina de onze anos, e ela cai em cima de uma mão gigantesca, um objeto de origem desconhecida.
Tempos depois, a menina é a doutora Rose Franklin, Ph.D. em física, e responsável por um projeto gigantesco, e secreto, que estuda o objeto em questão. Mais do que isso, descobrem que a mão imensa faz parte de um corpo, e que outras partes que o compõem estão enterradas em diversos locais desconhecidos do planeta.

As entrevistas que formam o texto principal do livro são conduzidas por um homem não identificado e que, aparentemente, tem poder para fazer o que bem entender, inclusive mandar prender ou matar quem atrapalhar seus planos. Ele tem acesso aos políticos mais influentes, não só dos Estados Unidos, mas de outros países também.
As entrevistas fornecem informações aos leitores, às vezes deixando lacunas que são preenchidas pelos acontecimentos posteriores, e vão elaborando a personalidade das pessoas envolvidas nas pesquisas, assim como a grandiosidade e os perigos envolvendo a reconstrução do que pode ser um robô gigantesco deixado na Terra há milhares de anos, por uma raça desconhecida, com propósitos desconhecidos.
O livro é, de fato, o que alguns críticos dos EUA chamam de “page-turner”, ou seja, um daqueles que você não consegue parar de ler. Os personagens são bem construídos e os diálogos são tensos, repletos de ironias e sarcasmos, ameaças, às vezes sutis, veladas, outras vezes escancaradas, em especial quando o entrevistador misterioso se manifesta.
Sem dúvida vale a pena ler, ainda que alguns leitores podem não gostar do fato de ser o “Livro 1 dos Arquivos Têmis”. Como disse, é uma série com, pelo menos, três histórias, e muito gente não aguenta mais esses livros e filmes que se estendem por sabe-se lá quantos volumes.

GIGANTES ADORMECIDOS (Sleeping Giants, 2016)
Sylvain Neuvel
Suma de Letras
310 páginas