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OS INFECTADOS

ESPECIAIS/VE ALIENÍGENAS NA TERRA

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data15/06/2018
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É muito fácil infectar os malditos terráqueos com vírus de toda espécie.

(Universal Pictures).
O Enigma de Andrômeda.

Vírus from outer space também costumam causar problemas entre os terráqueos, esses fracotes. Às vezes, somos infectados como parte de planos diabólicos de invasão. Outras vezes, acontece por acaso. O resultado quase sempre é bem desfavorável aos humanos, mas como somos bravos combatentes, também quase sempre conseguimos superar os problemas, por mais que nossos corpos e/ou mentes tenham sido alterados pelas maldades do espaço sideral.
A seguir, vamos para mais uma listinha com obras nessa linha, sem qualquer ordem específica.


A PRAGA DO ESPAÇO (Plague From Space, 1965)
Harry Harrison.

(Capa: Tom Chibarro. Doubleday).

A nave Pericles retorna à Terra após uma viagem à Júpiter, da qual deveria ter regressado há anos. Chega desgovernada e consegue descer no aeroporto Kennedy, em Nova York, causando grande estrago. Apenas um tripulante sobreviveu, mas está infectado com uma doença desconhecida, e morre em seguida. Os terrestres logo percebem que se trata de um vírus que ataca também as aves, que só podem infectar outras aves. Ainda assim, a doença se alastra a ponto de as autoridades pensarem em detonar uma arma nuclear em Nova York.
A história segue mostrando as dificuldades em conter o vírus, mas também como os interesses políticos e pessoais das pessoas envolvidas podem piorar a situação. E o vírus sofre mutações, de forma que as pessoas começam a contaminar umas às outras.
Os cientistas que, finalmente, conseguem entrar na nave que estava em quarentena descobrem que um ser de Júpiter está à bordo, e que foram eles os responsáveis pela elaboração do vírus.
 

 

O ENIGMA DE ANDRÔMEDA (The Andromeda Strain, 1969)
Michael Crichton.

 

O ENIGMA DE ANDRÔMEDA (The Andromeda Strain, 1971)
Direção de Robert Wise.

(Universal Pictures).

Excelente adaptação do livro de Michael Crichton. Um satélite americano cai numa vila do Novo México e um micro-organismo alienígena mata toda a população local, com exceção de uma criança de colo e um velho. Inicia-se então um gigantesco esforço de pesquisa, com uma equipe de cientistas sendo levada a um laboratório subterrâneo de alta segurança para tentar isolar o vírus. Robert Wise centra-se bastante nos aspectos científicos da questão, como ocorre no livro, mas isso não prejudica em momento algum a construção do clima de suspense necessário, inclusive com os momentos finais em que James Olson tenta subir uma escada sendo atacado por um raio laser, para poder desligar o dispositivo de destruição do laboratório.

 

EU SOU O UMBRAL DA PORTA (I Am the Doorway, 1971)
Stephen King.

I Am the Doorway (2015. MJR Films).

Conto publicado originalmente na revista Cavalier e posteriormente na coletânea Sombras da Noite (Night Shift, 1978). No conto, um dos melhores do livro, um astronauta retorna de uma viagem espacial infectado por um organismo alienígena que inicialmente se manifesta em seu corpo pelo surgimento de pequenos olhos nas mãos, pelas quais observa o mundo em que se encontra, vendo os seres humanos como monstros terríveis e perigosos. Depois, começa a ter maior controle do corpo do humano, levando-o a cometer crimes terríveis.
A história teve duas adaptações para o cinema, em dois curtas-metragens. 
Em 2015, I Am the Doorway foi dirigido por Matthew J. Rowney e, em 2017, o diretor tcheco Robin Kasparik apresentou a sua adaptação, em curta com o mesmo título. O filme de Matthew J. Rowney foi produzido por meio da campanha Dollar Baby desenvolvida por Stephen King; por meio dela, ele dá permissão a estudantes ou cineastas iniciantes para produzirem obras não comerciais a partir de seus contos pelo custo de um dólar.

 

THE QUATERMASS EXPERIMENT (1953)

                                                                                                                                                                                            (BBC).

O primeiro seriado com o professor Quatermass, desenvolvido pela BBC com produção e direção de Rudolph Cartier e roteiro e história de Nigel Kneale. Uma nave espacial retorna à Terra e cai nas proximidades de Londres. O professor Quatermass (Reginald Tate), responsável pela missão, percebe que apenas um membro da tripulação está no interior, gravemente ferido. Dos outros só restam as roupas espaciais.
Quatermass acaba descobrindo que o astronauta ainda vivo foi infectado com uma forma de vida alienígena que toma conta de seu corpo, capaz de absorver os corpos dos outros dois astronautas. Quatermass ainda percebe que se trata de um organismo semelhante a uma planta que poderá exterminar a vida no planeta.

Toke Townley e Richard Wordsworth, em Terror Que Mata (Hammer).

A história foi adaptada para o cinema em Terror Que Mata (The Quatermass Xperiment, 1955. Também com o título The Creeping Unknown), produção inglesa da Hammer dirigida por Val Guest. O professor Quatermass é interpretado por Brian Donlevy. O filme foi um sucesso de público e iniciou a melhor e mais criativa fase de produções de terror e ficção científica da Hammer, que viria a se tornar a melhor produtora do gênero na Inglaterra e entre as melhores do mundo.
 

 

RASTROS DO ESPAÇO (The Monolith Monsters, 1957)
Direção de John Sherwood.

(Universal International Pictures).

Filme desenvolvido a partir de uma história do diretor Jack Arnold e de Robert M. Fresco. Apresenta Grant Williams – que foi dirigido por Arnold no clássico O Incrível Homem Que Encolheu – como um geólogo que percebe os efeitos causados por uma chuva de meteoros próxima a uma cidade beirando um deserto. Os fragmentos do meteoro desenvolvem-se, absorvendo não apenas água e silicone de tudo o que tocam, mas também o sangue de seres humanos, transformando qualquer um que entre em contato com eles em pedra. Os cristais crescem muito e começam a ameaçar a vida no planeta, até que se descobre que o sal pode detê-los.
Phil Hardy, em The Encyclopedia of Science Fiction Movies, diz que se trata de uma produção pequena, mas efetiva, com efeitos especiais extraordinários de Clifford Stine. Situa os eventos na locação favorita de Jack Arnold, uma pequena cidade à beira do deserto. Assim, segundo Hardy, o filme concentra-se de forma interessante em criar as características da vida na pequena cidade, mais do que nos personagens em si. “O resultado”, ele escreve, “com seu enredo forte, é um dos filmes mais interessantes da ficção científica realista norte-americana dos anos 1950”.
 

 

 

A MULHER DE QUINZE METROS (Attack of the Fifty Foot Woman, 1958)
Direção de Nathan Hertz (Nathan Juran).

(Woolner Brothers Pictures Inc.).

Um alienígena chega ao nosso planeta e altera a estrutura genética de uma mulher, o que faz com que ela cresça excepcionalmente. Ela já tinha uma certa instabilidade mental e vai atrás do marido que está com outra mulher. Os dois safadinhos não se dão bem, mas a polícia persegue a gigante e consegue matá-la. O filme não é grande coisa, mas acabou se tornando um cult.
Uma versão bem pior foi produzida para a TV em 1993, 15 Metros de Mulher (Attack of the Fifty-Foot Woman), com direção de Christopher Guest. Dessa vez escolheram Daryl Hannah para interpretar a mulher que tem sua estrutura genética alterada. Os efeitos não são grande coisa, a nave alien segue a linha das naves mal feitas dos anos 1950, assim como a cidade e a caracterização de alguns personagens, numa tentativa mal sucedida de reviver o clima da época do original. Um filme frouxo, onde até Hannah, apesar do tamanhão, desaparece.

 

 

MORTE PARA O MONSTRO (Die, Monster, Die!, 1965)
Direção de Daniel Haller.

                                                       (Alta Vista Productions/ MGM).

Também com os títulos: Monster of Terror; The House at the End of the World. Baseado no conto "A Cor Que Caiu do Céu", de H.P. Lovecraft. Não é um filme tão ruim como muitas vezes foi anunciado, mas não tão bom quanto mereceria uma adaptação do excepcional H.P. Lovecraft. Um meteoro radioativo cai na propriedade de Nahum Witley (Karloff) e causa modificações nas plantas, que crescem desproporcionalmente, e nos seres humanos, que se transformam em monstros horrendos antes de morrerem. O próprio Karloff tenta resolver o problema cortando o meteoro ao meio, mas sofre os efeitos e evapora. Alguns momentos bem interessantes, mas o sentido de terror cósmico presente nas histórias de Lovecraft desapareceu.

 

VÍRUS (Virus, 1999)
Direção de John Bruno.

(Mutual Film Company/ Universal Pictures/ Dark Horse Entertainment/ Valhalla Motion Pictures).

Baseado nos quadrinhos Virus (1992. Dark Horse Comics), escritos por Chuck Pfarrer e desenhados por Howard Cobb. Desde 1951, o filme O Monstro do Ártico vem sendo refeito de diversas maneiras, às vezes com maior capacidade, outras com menor. Essa é mais uma versão da mesma história. Um navio de pesquisas científicas russo está em contato com uma estação espacial. Um elemento alienígena, uma espécie de energia pura, infiltra-se na estação, liquida os ocupantes e transmite a si mesma para o navio, instalando-se nos computadores. Toma conta de tudo a bordo e faz as máquinas construírem novos seres, utilizando-se de parte dos corpos humanos. É a esse navio quase abandonado que chega um pequeno navio afetado por um ciclone, capitaneado por Donald Sutherland, encontrando tudo às moscas. Logo percebem que algo estranho está a bordo e começa a batalha pela sobrevivência, onde se destaca Jamie Lee Curtis, repetindo o que Sigourney Weaver fizera em Alien. Não há um momento sequer de criatividade, repetindo clichês em cima de clichês.

 

A INVASÃO (Invasion, 1997)
Robin Cook.

 

EPIDEMIA MORTAL (Invasion, 1997)
Direção de Armand Mastroianni.

(Hallmark Entertainment/ Von Zerneck Sertner Films).

Minissérie em dois episódios baseada no livro de Robin Cook, com Luke Perry e Kim Catrall. Três amigos encontram um dos vários objetos negros que caíram do céu, inoculando os humanos com um vírus.

 


 

 

 

MONSTROS (Monsters. 2010)
Direção de Gareth Edwards.

(Vertigo Films).

A todo momento estamos vendo exemplos de como é possível fazer bons ou excelentes filmes de ficção científica sem ter de gastar 200 milhões de dólares, geralmente despendidos nos efeitos especiais mirabolantes e na publicidade da obra. Monstros é mais um bom exemplo dessa situação, com produção inglesa. Realizado com um orçamento que girou em torno de 800 mil dólares, cumpre sua função com mais eficácia do que grande parte dos gigantescos orçamentos do cinema. E mais do que eficaz, é atraente, com ideias e atuações interessantes, e sem deixar de lado a crítica, sem procurar as soluções fáceis e estereotipadas. A começar pelo título, simples e direto, mas que, para quem assiste, deixa a dúvida sobre exatamente de que monstros o filme está falando.
Numa época indeterminada, uma sonda terrestre encontrou vida no sistema solar e, ao retornar para a Terra, perdeu o controle e caiu numa região do México. Tempos depois, algumas mutações começaram a surgir na região, e o governo do México e dos EUA movimentaram suas tropas e criaram uma zona de quarentena. Os EUA construíram um gigantesco muro na divisa para impedir que a infestação afetasse o país. Os monstros que surgem são criaturas imensas, semelhantes a polvos, mas que se movimentam por terra e pela água. A história segue a aventura de dois americanos, o fotógrafo Andrew Kaulder (Scoot McNairy) e Samantha Wynden (Whitney Able). Ambos se encontram ao sul da zona de quarentena, observando as contínuas batalhas das forças armadas contra os seres. Ela é filha do dono do jornal para o qual ele trabalha, e ele recebe a tarefa de fazer com que ela retorne aos EUA. Como perdem a possibilidade de ir de navio, precisam atravessar a zona de quarentena e o perigo de encontrar as criaturas.
A jornada é uma revelação; primeiro, no sentido da transformação pela qual passam os dois personagens, vendo o mundo, suas vidas e a sociedade em que vivem (a norte-americana) de uma forma nova, reveladora e dolorida; segundo, no sentido prático, ao perceberem as criaturas, os “monstros”, de uma forma diferente daquela que lhes vinha sendo apresentada.
Algumas críticas compararam o filme a Distrito 9, mas a semelhança fica no fato de haver uma quarentena; Monstros é melhor e mais interessante. É de se imaginar se um filme americano apresentaria a questão da mesma forma, ou seja, a NASA e o governo norte-americano sendo os responsáveis pelo problema que atinge em cheio o país vizinho e mais pobre, e para solucionar a questão partem para a violência pura e simples, afetando a população do México de forma arrasadora. Não há intenção de entender o que está acontecendo, mas apenas “conter”, impedir que o problema chegue até eles.
Numa cena muito bonita e que resume grande parte do que se diz no filme, os dois jovens estão no topo de uma pirâmide, observando a fronteira com os EUA e a inacreditável obra de engenharia que tenta isolar o país dos monstros, e ele diz que é diferente olhar para a América de fora. Claro, pois eles veem o que os “de fora” também veem, e isso os transforma profundamente. Um bonito filme.
Como já é costume nos dias atuais, resolveram fazer uma sequência, Monsters: Dark Continent (2014), com direção de Tom Green, imaginando a história dez anos após os eventos do filme original, com a ameaça alienígena espalhando-se pelo planeta. Desnecessário.

 

A MALDIÇÃO, RAÍZES DO TERROR (The Curse, 1987)
Direção de David Keith.

(Trans World Entertainment).

Mais uma adaptação do conto "A Cor Que Caiu do Céu", de H.P. Lovecraft, em produção conjunta EUA e Itália, inclusive com a presença do conhecido diretor italiano de terror Lucio Fulci na produção. Um objeto esférico vindo do espaço cai numa fazenda dos EUA. Primeiro são as frutas e vegetais, depois os animais, que ficam contaminados. O objeto desprende um líquido que, ao entrar em contato com a água da região, altera sua composição e transforma tudo. Quando as pessoas começam a ser afetadas, a violência aumenta. Ainda não é a versão que a excelente história de H.P. Lovecraft merecia, mas apesar de uma produção pequena, tem seus momentos interessantes. Mas o final foi mal elaborado.

 

PROVA FINAL (The Faculty, 1998)
Direção de Robert Rodriguez.

                                                                             (Dimension Films).

Um filme que foi bastante comentado na época do lançamento, especialmente por ser dirigido por Rodriguez, que se tornou um dos mais badalados de Hollywood depois de O Mariachi e Um Drink no Inferno. No entanto, aqui se trata de um filme absolutamente comum de FC, com um elenco jovem e história situada numa escola. Esporos extraterrestres caem no terreno da escola e contaminam um dos professores, que se transforma num alien, apesar de manter a aparência humana. Daí para que outros da escola sejam contaminados é um passo, enquanto um grupo de jovens percebe o que está ocorrendo e tenta lutar contra os invasores. O elenco tem grandes nomes como Famke Janssen, Salma Hayek e Elijah Wood, mas o filme não decola.

 

INVASORES (Threshold, 2003)
Direção de Chuck Bowman.

(Amber Light Films Inc.).

Feito para TV. Uma nave espacial volta à Terra e traz consigo sementes alienígenas que começam a crescer e se transformar em seres que precisam de hospedeiros para completar sua evolução. Lembra algo? Dois cientistas têm a missão de tentar deter o aumento da população desses seres antes que eles evoluam para formar uma colmeia impossível de ser contida.

 

 

O MONSTRO DE FERRO (Iron Invader, 2011)
Direção de Paul Ziller.

                                                                                                                                                                                   (Syfy/ Cinetel Films).

Feito para TV. História manjada de um satélite que cai na Terra após ser atingido por um meteorito. Ele vem contaminado por um organismo alienígena. Ele acaba impregnando uma escultura chamada O Golem de Ferro, que ganha vida. Daí para a frente, dá para imaginar, não é? Fraquíssimo.

 

CONTATO ALIENÍGENA (Alien Hunter, 2003)
Direção de Ron Krauss.

(Millennium Films/ Sandstorm Films).

Uma expedição com finalidades botânicas à Antártida encontra enterrado no gelo um casulo de um ser alienígena. Tarde demais, James Spader descobre que o casulo continha uma mensagem alertando para não abri-lo. Eles o abrem e libertam um ser alienígena. Até então, o filme parecia uma cópia descarada de O Monstro do Ártico. No entanto, esse alienígena não é um ser do mal que deseja destruir a todos. Ele está tentando se comunicar com Spader quando é morto por outros integrantes do grupo. Em seguida, vários deles morrem de maneira terrível, seus corpos se desintegrando. Ficamos sabendo que o alienígena carrega uma espécie de vírus que afetou alguns e não outros. No entanto, os que sobreviveram carregam o vírus em si mesmos, e se ele se espalhar pela Terra irá eliminar a vida no planeta, como já ocorreu no passado em Marte, quando os aliens chegaram lá, sem saber o mal que estavam causando. Uma produção pequena que não apresenta qualquer situação nova.


 

INVASORES (The Invasion, 2007)
Direção de Oliver Hirschbiegel (não creditado, James McTeigue).

                                                                                                   (Warner Bros./ Village Roadshow Pictures/ Silver Pictures/ Vertigo Entertainment).

Outra adaptação de Invasores de Corpos, com Nicole Kidman no papel central, dessa vez imaginando a situação já comum no gênero de uma nave, no caso o space shuttle Patriot, que cai na Terra impregnada com um fungo alienígena que rapidamente começa a se espalhar entre a população. Como no original, as pessoas passam a ser controladas pelo organismo quando dormem, acordando como alienígenas. Kidman está no centro de uma tentativa de reverter o quadro, o que consegue, é claro. É a mais fraca das versões da história.