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OS ROBÔS TAMBÉM AMAM

ESPECIAIS/VE ROBÔS

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data10/10/2016
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O relacionamento amoroso e/ou sexual entre humanos e robôs já existe na ficção científica desde seus primórdios.

Antecedendo a era moderna da ficção científica, quando o gênero realmente passou a utilizar essa designação, um exemplo clássico de relacionamento intenso entre humano e máquina pode ser visto no conto O Homem da Areia (Der Sandmann, 1816), de E.T.A. Hoffmann (no Brasil, publicado em O Castelo Mal-Assombrado e em O Homem da Areia).
Conta a história do jovem Natanael, que se apaixona por Olímpia, um ser mecânico, e é levado à loucura devido à sua obsessão por ela, apesar da frieza com que ela recebe seus avanços. A história originou algumas adaptações para o cinema, inclusive um curta-metragem dirigido por Georges Méliès, em 1900.
Não sei se foi a primeira vez que o tema foi abordado, mas na era moderna da ficção científica, uma das primeiras histórias foi Helen O’Loy, de Lester Del Rey, publicada na revista Astounding Science Fiction, em 1938. A robô, chamada Helen O’Loy, construída originalmente para cozinhar e limpar, é modificada por dois homens de modo que ela começa a desenvolver emoções. Ela se apaixona por um deles e, eventualmente, eles se casam e vivem como um casal humano. Com o passar do tempo, ela pede que sua aparência seja modificada, para poder envelhecer junto com o marido; e quando ele morre, ela pede que seu corpo mecânico seja dissolvido.



A seguir, alguns filmes que abordam o tema.



THE PERFECT WOMAN (1949)
Direção de Bernard Knowles.

 
Nigel Patrick, Patricia Roc, Pamela Devis e Miles Malleson, em The Perfect Woman (Two Cities Films).

 

Produção inglesa, uma comédia leve, com Miles Malleson como um cientista que constrói uma mulher robô (Pamela Devis), mas sua sobrinha (Patricia Roc) se faz passar pela robô. O cientista faz com que um jovem encontre-se com ela, querendo testar as capacidades da máquina, mas a sobrinha é que aparece.

 

 

 

 



KISS ME QUICK! (1964)
Direção de Russ Meyer.

"Mulher artificial" criada pelo cientista doidão, em Kiss Me Quick! (Fantasy Films).

 

O título poderia sugerir uma canção de Elvis Presley (que realmente existe), mas é um filme com créditos confusos. O site IMDB e a Wikipedia creditam a direção a Peter Perry Jr. (com o pseudônimo Seymour Tuchus), com o título alternativo de Dr Breedlove or How I Learned to Stop Worrying and Love, nitidamente chupado do filme de Stanley Kubrick, Doutor Fantástico (Doctor Strangelove, or How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb), lançado no mesmo ano. Os livros The Encyclopedia of Science Fiction Movies e The Psychotronic Encyclopedia of Film creditam a direção a Russ Meyer, um fotógrafo da Playboy que se tornou diretor em 1959, sempre com filmes na linha conhecida como “sexploitation”. Este fala sobre o alienígena Sterilox que vem à Terra procurando uma parceira, já que as mulheres de seu planeta são estéreis. Ele encontra o Doutor Breedlove, especialista em criar mulheres artificiais, que arranja uma parceira para ele. Michael Weldon (em Psychotronic Encyclopedia) diz que o alien acaba indo embora com uma máquina de venda automática.



THE PLEASURE MACHINES (1969)
Direção de Ron Garcia.


Filme pouco conhecido de um diretor que ficou mais famoso como responsável pela fotografia de seriados. Um inventor constrói uma androide para servi-lo. Ou melhor, para seu prazer. O safadinho. A esposa reclama, com toda a razão, e pede um robozão só para ela. Não demora muito para os vizinhos também pedirem androides machos e fêmeas para si, e o inventor enfrenta alguns problemas.

 

 

 



LA RAGAZZA DI LATA (1970)
Direção de Marcello Aliprandi.


A garota de lata, no caso, é Sydne Rome, uma androide por quem um executivo se apaixona, apesar de apenas tê-la visto uma vez. No entanto, quando fica sabendo que ela é uma androide, o babaca a destrói.

 

 

 



FÁBRICA DE ROBÔ (Heartbeeps, 1981)
Direção de Alan Arkush.


Apesar da presença do famoso comediante Andy Kaufman (da primeira temporada de Saturday Night Live e da série Taxi) e da consagrada atriz Bernadette Peters, o filme foi um fracasso. Os dois interpretam robôs domésticos, construídos para cumprirem as funções de criados, mas acabam se apaixonando e até mesmo tendo um filho robô. Até onde sei, no Brasil só foi apresentado na TV. As maquiagens de Stan Winston foram indicadas ao prêmio da Academia.

 

 



ANDROIDE: MAIS QUE HUMANO (Android, 1982)
Direção de Aaron Lipstadt.


O diretor Lipstadt, depois de um início de carreira muito bom com este Androide e com City Limits (1984, no Brasil lançado com o título original em inglês e também como Limites da Cidade), migrou para a televisão com uma longa lista de seriados que produziu ou trabalhou como diretor (incluindo os recentes Grimm, Elementary, NCIS, Law and Order e muitos mais).

O doutor Daniel (Klaus Kinski) verificando a textura e consistência de sua Cassandra (Kendra Kirchner) em Androide (New World Pictures).

O filme foi rodado em 20 dias, com um orçamento de 500 mil dólares, mas o resultado é excelente. Klaus Kinski é o dr. Daniel, e Don Opper é o androide Max 404. Eles vivem a bordo de uma estação espacial, e Max está muito interessado em tudo o que diga respeito aos humanos, sua sociedade e seus comportamentos, inclusive o sexo. O cientista procura conter seu entusiasmo porque, segundo explica, os robôs foram banidos da Terra após uma revolta causada exatamente por esse tipo de comportamento.
Por outro lado, o doutor está trabalhando na construção de uma robô, Cassandra (Kendra Kirchner), e a vida na estação complica-se quando um grupo de fugitivos da polícia chegam ao local. Ao final, vê-se que Cassandra é mesmo superior aos demais androides e consegue reprogramar Max, para que ambos passem por humanos e retornem à Terra.



CHERRY 2000 (Cherry 2000, 1986)
Direção de Steve De Jarnatt.

A Cherry 2000 do título é uma robô (Pamela Gidley) companheira de Sam Treadwell (David Andrews). Ela cuida de tudo na casa e, é claro, está pronta para transar sempre que ele quiser. Numa dessas transas, eles se agarram no chão da cozinha e a robô acaba estragando quando a máquina de lavar começa a vazar. Assim, Sam mantém seu chip de memória, mas quer encontrar a peça necessária para que ela volte a funcionar. O problema é que essa peça só pode ser encontrada num território perigoso desse mundo futuro, e ele contrata Edith Johnson (Melanie Griffith) para guiá-lo. No caminho, ele passa a se interessar mais pelo mulher de carne e osso. Um filme legalzinho.

 

 

Acima, Sam (David Andrews) com sua Cherry 2000 (Pamela Gidley), pouco antes de ela quebrar; e ao lado, com a humana Edith Johnson (Melanie Griffith), em Cherry 2000 (Orion Pictures).

 

 


CONSTRUINDO UM CARA CERTINHO (Making Mr. Right, 1986)
Direção de Susan Seidelman.

O androide cópia (John Malkovich) aproveitando a companhia da relações públicas (Ann Magnuson), em Construindo um Cara Certinho (Orion Pictures).

No Brasil, também apresentado na TV com o título O Homem Certo. E o homem em questão é o androide Ulysses, construído pelo cientista Jeff Peters (John Malkovich). E o robô tem o mesmo rosto do cientista. Frankie Stone (Ann Magnuson) é uma relações públicas contratada para vender a ideia ao público, mas também para tentar humanizá-lo. Claro que eles se apaixonam. Uma comédia bem superficial.

 

 

 

 

OPERAÇÃO ANDROIDE (The Android Affair, 1995)
Direção de Richard Kletter.

A história foi desenvolvida por Isaac Asimov, a partir de um curta-metragem, Teach 109, apresentado numa antologia de televisão. Aqui, num futuro próximo, cientistas e médicos usam androides para realizarem operações testando novas técnicas. Griffin Dunne é o androide Teach, que deverá ser operado pela médica (Harley Jane Kozak). Ele a convence a conceder-lhe 24 horas de licença para que possa conhecer o mundo fora do centro médico. Claro que ela o acompanha, e claro que acabam se apaixonando. Filme fraquíssimo.