EMPEROR OF THORNS

Chega ao fim a sensacional saga de Jorg Ancrath, iniciada com Prince of Thorns e que teve sequência com King of Thorns.
A história é situada numa Terra bastante modificada por eventos ocorridos milhares de anos antes e que, de certa forma, abriram caminho para uma sociedade em que a magia existe, ainda que limitada, e os mortos podem ser trazidos de volta. Mas também é um mundo em que os fantasmas da tecnologia que moldaram o planeta em outras épocas não apenas continuam a aparecer aqui e ali, mas têm força suficiente para influenciar acontecimentos fundamentais para a sobrevivência de todos os habitantes do mundo.
Pode-se dizer que, neste derradeiro volume, Jorg está mais suavizado. Porém, o “mais suavizado” dele faria o mais terrível criminoso de hoje rastejar para trás de uma pedra chorando. Ele é um personagem de ações imprevisíveis, empurrado em direção ao seu destino por uma vontade inabalável.
Num adendo ao final do livro, Mark Lawrence explica porque resolveu encerrar a história no terceiro volume, e não abrir possibilidade para outros mais; ele diz que prefere que os leitores terminem o livro III querendo mais do que se afastarem após o livro VI sentindo que já tiveram mais do que o bastante. E ele está certo. Como ele também afirmou, a história exigia que os eventos ocorressem da forma como foram descritos, e qualquer outra opção seria apenas uma tentativa de dar continuidade a um personagem que se tornaria uma caricatura de si mesmo.
Ao que tudo indica, Jorg faz uma pequena aparição na nova série de Mark Lawrence, The Red Queen’s War, no primeiro livro, Prince of Fools, publicado nos EUA em junho de 2014, com história situada no mesmo ambiente e época das andanças de Jorg, mas com outro viés. Na verdade, a Rainha Vermelha aparece ao final deste Emperor of Thorns, mas pouco é dito a respeito dela.
Seja como for, a trilogia foi um sucesso internacional, com alguns críticos comparando o autor a George R.R. Martin. E é um trabalho especialmente bom porque o personagem Jorg não é exatamente o mais fácil para os leitores se identificarem. Basicamente, ele é um sociopata, movido por uma angústia, um arrependimento e uma vergonha tão avassaladores que não deixam espaço para mais nada em sua vida. Ao mesmo tempo, Lawrence consegue mostrar que seus atos, por mais violentos que sejam, têm um objetivo definido e estão de acordo com o mundo violentíssimo em que os personagens vivem.

Emperor of Thorns
Mark Lawrence
Darkside Entretenimento
530 páginas