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COLOCANDO AS SÉRIES EM DIA: WESTWORLD

Séries de TV

autorGilberto Schoereder
publicado porGilberto Schoereder
data18/06/2020
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A terceira temporada de Westworld apresenta a continuação da busca pela liberdade de escolher seu futuro, agora estendida aos humanos.
Evan Rachel Wood, em sua ação/sacrifício final pela humanidade (Bad Robot/ Jerry Weintraub Productions/ Kilter Films/ Warner Bros. Television).

Confesso que não estava muito animado para assistir à terceira temporada de Westworld, imaginando que iriam complicar demais uma história que poderia ter sido contada em uma temporada. Mas foi melhor do que imaginava.
A temporada – que eu esperava que fosse a final, mas não será, uma vez que a HBO já confirmou uma quarta temporada (pelo menos até antes da pandemia) – continua lidando e aprofunda duas questões básicas apresentadas desde o início da história. Uma é a do livre-arbítrio, a capacidade das pessoas (e máquinas) fazerem suas próprias escolhas de vida. A outra é a questão que inevitavelmente surge quando se apresenta uma história envolvendo robôs e/ou androides: em que momento uma máquina construída pelos humanos também pode ser considerada humana?
A literatura e, em menor escala, o cinema de ficção científica, estão repletos de histórias em que a humanidade dos androides é discutida, às vezes com considerações sobre aquela primeira questão citada, a do livre-arbítrio, outras vezes envolvendo conceitos religiosos sobre a existência da alma. Em Westworld, o conceito religioso é pouco ou nada considerado, mas as emoções dos androides estão no centro dos eventos, assim como suas escolhas de vida.

                                                                                                                       Thandie Newton.

A história também apresenta um possível desdobramento futuro de um tema discutido atualmente: o controle sobre os cidadãos. A ação passa do parque temático das primeiras temporadas para as cidades humanas, e ficamos sabendo que um supercomputador é o responsável não apenas pela vigilância de todos os atos dos humanos, como também por suas escolhas, determinando o rumo de suas vidas e, de certa forma, tornando-os tão dependentes de suas “programações” quanto os androides. Ou, na realidade, ainda mais dependentes, uma vez que a líder do movimento revolucionário androide, Dolores (Evan Rachel Wood), conseguiu superar sua programação e agir não apenas em benefício de seus iguais, mas também oferecer uma possibilidade de libertação para a humanidade. Mesmo que essa libertação signifique um momento inicial de caos.

Aaron Paul.

E esse caos é evidenciado ao final da temporada, com as imagens mostrando uma cidade em processo de destruição e, de fundo, a música Brain Damage, do álbum The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd. E a fala da androide Maeve (Thandie Newton) para Caleb (Aaron Paul), dizendo que, naquele mundo, ele pode escolher ser o que quiser.
A humanidade ganhou de presente sua liberdade de escolha, e quem conseguiu isso foi uma androide.