Livros

Castelo de Otranto, O (The Castle of Otranto) – 1764, Horace Walpole. Ed. Estampa (1978), 181 páginas.

Publicado também pelo Clube do Livro (1964) e Nova Alexandria (1994), este é geralmente considerado o livro que deu início à literatura gótica e, consequentemente, é o pai de toda a literatura de horror e fantástica. Apesar de hoje em dia ser considerado uma narrativa desinteressante, traz toda a estrutura em torno da qual se armou a literatura do gênero nos anos seguintes, e realmente não são poucos os críticos que afirmam categoricamente que HW inaugurou um novo gênero literário, e o fez conscientemente, como pode ser comprovado na introdução que ele mesmo escreveu à segunda edição do livro. Foi publicado originalmente sob um pseudônimo, como se fosse uma tradução de um original italiano escrito na época das Cruzadas. Foi chamada de gótica devido ao uso, às vezes abusivo, de ambientes tidos como opressivos, como o castelo repleto de passagens secretas, câmaras escondidas, ambientes escuros, corredores frios, etc., aproveitando a própria ambientação para criação de um clima fantástico. Nesse caso, a história é bastante simples e banal, segundo H.P. Lovecraft “cansativa, artificial e melodramática”, o que não deixa de ser verdade. O filho de um príncipe está prestes a se casar – o que irá cumprir o desejo do príncipe em unir duas famílias e solidificar sua ambição de poder –, mas morre pouco antes do casamento. Um elmo de tamanho descomunal cai sobre ele, amassando-o. O príncipe passa então a perseguir a ex-futura nora entendendo que poderá ter um herdeiro dela, e pensa em matar a atual esposa. Em meio às confusões que se seguem, um fantasma surge de um quadro na parede, outro fantasma gigantesco aparece num quarto, além dos acontecimentos já relacionados ao elmo gigante e o surgimento de uma espada igualmente gigante, um raio que destrói uma parte do palácio e um fantasma que sobe aos céus. Lovecraft estava certo, e o livro é, hoje em dia, totalmente ultrapassado, mas também abriu um caminho absolutamente novo para a literatura.